Samanta
Não pode ser real. Com certeza devo ter adormecido em algum momento e estou vivendo dentro de um pesadelo. Penso transtornada assim que adentramos o hospital e após receber a informação de ele está em atendimento, seguimos para a sala de espera onde a família D’angelo já está reunida. Logo que me aproximo recebo o doce abraço de Isadora que não me parece bem. Heitor com a sua aparência firme, com certeza deve estar abalado, mas é a Lisa quem me preocupa. A garota parece paralisada em cima de um banco e olhando fixamente para o nado. Do outro lado da sala estão Marie e David, e surpreendemente eles estão distantes um do outro e parecem bem chateados algo.
— Alguma notícia? — pergunto assim que me afasto dos braços da minha sogra. Um menear de cabeça entre poucas lágrimas me diz que não. — Alguém sabe o
Ainda sobre o baile...— Você está maravilhosamente linda! — A voz inesperada de Hugo me faz sobressaltar, fazendo-me baixar os meus olhos e consequentemente desviá-los dos convidados animados e felizes do baile. Não me dou o trabalho de me virar e nem mesmo de respondê-lo. Portanto, volto a erguer a minha cabeça e me concentro na minha garotinha extremamente sorridente nos braços do seu marido. Deus sabe como esperei por esse momento. Assistir a sua tristeza me destruía pouco a pouco por dentro e mantê-la longe de mim por tantos meses era a minha maior amargura. Por todos esses anos eu vive a sombra da sua alegria e vê-la feliz me deixava feliz também, mesmo sabendo que a sua presença me distanciava a todo momento do meu único e grande amor. Coisas de mãe. Minha consciência repetia para mim sempre que o via tão perto e ao mesmo tempo t&atil
SamantaDois dias depois...— Querida, trouxe algo para você comer. — Itália diz cautelosa, adentrando o meu quarto. Contudo, não tenho fome. Não desse café da manhã normal, ainda mais com tudo tão natural. Pego o meu perfume preferido em cima da penteadeira e penso em borrifá-lo, mas o leve aroma que exala só de tirar a sua tampa me faz enjoar, então resolvo usar o perfume dele. Contudo, aspiro sem pressa o seu cheiro e enfim, passo uma pequena quantidade na minha pele.— Pode levar, Itália — digo por fim, olhando-a através do espelho.— Mas, Samanta, você precisa comer algo! — Hum, como se eu não soubesse disso, não é pequeno? Resmungo mentalmente.— Eu como algo a caminho do hospital, tudo bem? — ralho e pego a minha bolsa, deixando um beijo rápido na sua bochecha.
— Ora vamos, meu caro Luigi. um cineminha não vai arrancar pedaços seus — resmungo ao telefone, tentando convencer um certo italiano a aceitar o meu convite. Ok, eu sou muito jovem e vinte aninhos para homens mais velhos como ele, eu sou praticamente considerada uma criança. Contudo, o meu cérebro é do tempo da brilhantina, sabe? Romance, beijos românticos, flores, chocolates e claro, beijos roubados no cinema. Contudo, todos esses meus sonhos foram literalmente assassinados pela palavra contrato... contratos, na verdade. No plural mesmo. Após o incidente de ouvir uma certa conversa entre a minha mãe, a Samanta e a Marie eu não tive dúvidas, estou sonhando à toa. Portanto, decidi partir para o ataque. Ou seja, me tornarei uma predadora e o Luigi que me segure! Um sorriso travesso desponta nos meus lábios, eu ponho os brincos nas orelhas e tenho o vislumbre do meu mais novo visual. Adeus, a
EthanQuinze dias depois...De volta a ativa. Não pensei que desejaria tanto que esse dia chegasse, mas ele chegou e porra, como estou feliz de voltar a trabalhar! Entrar na D’angelo e ser cumprimentado pelos meus funcionários após alguns dias confinado em uma cama e preso no meu quarto, é mais do que gratificante. Sério, senti falta desse lugar, do cheiro dos documentos, da pressão dos clientes, dos números, mas principalmente da minha cadeira na presidência. Portanto, respiro profundamente com a inevitável sensação de liberdade e um tanto radiante, caminho direto para o meu escritório a fim de começar o meu dia.— Bom dia, Senhor D’angelo! — Uma senhora sorridente diz para mim assim que entro no hall da pequena, porém, elegante recepção, que antecede a minha sala. Confuso, olho de um lado para o outro
SamantaMorissette LTDA. Pela primeira vez na vida não sinto animo de estar naquele lugar. sabe, todo aquele fervor e toda aquela empolgação não existe mais, e agora não tenho um príncipe encantado para adoçar os meus dias quando me afasto de lá. Portanto, me sentar na cadeira da presidência perdeu todo sentido para mim e hoje é o meu segundo dia trancada no quarto de artes, perdida entre linhas, traços e decorações minimalistas, que fazem toda a diferença nos desenhos. Na mesinha ao lado está a minha bolsa com as chaves, pois em poucas horas farei o meu primeiro ultrassom. Em algum momento a porta do ateliê se abre e Emily passa por ela. Devo dizer que ela esconde um sorriso em um rosto tão lindo quanto brilhante. Boas novas vem por aí. Penso largando o lápis em cima do papel e vou ao seu encontro, recebendo o seu abraço conf
Ethan— O que você está fazendo aqui? — inquiro assim que saio de dentro do elevador, encontrando Marie em pé no corredor do meu prédio.— Eu estava te esperando. — Por algum motivo a minha irmã parece um pouco irritada e eu apenas abro a porta do meu apartamento, lhe dando passagem.— Aconteceu alguma coisa com o David? Vocês brigaram?— Sim, mas não é sobre que quero falar com você, Ethan. — Eu a observo um por um instante e enquanto largo a pequena mala em cima de um sofá, aponto o outro para ela se acomodar.— O que está pegando, Marie?— Eu preciso entender essa história de contrato, Ethan. — Uno as sobrancelhas.— Do que você está falando? Que contrato? — Ela respira fundo e finalmente se senta.— Antes do acidente você e o David falavam sobre um
SamantaAh, parece um sonho que ele está aqui bem do meu lado. Penso abrindo um sorriso languido e estendo o meu braço para o lado da cama, a sua procura. O fato de encontrá-lo vazio me faz abrir os olhos e atordoada, me sento no colchão chamando o seu nome, porém, ele não responde. Esfrego os olhos para despertar melhor e saio a procura das minhas roupas.— Ethan? — Torno a chamá-lo, mas não obtenho resposta. Então fito a única porta fechada e sorrio. Provavelmente está no banho. Portanto, aproximo-me da madeira, dou duas batidinhas e o chamo, abrindo a porta em seguida. Respiro fundo, sentindo o leve rastro de felicidade se apagar. Desiludida, volto para o quarto, sento-me na beirada da cama e encaro a parede. — Droga! — resmungo e começo a me vestir. Antes de sair do quarto verifico o meu telefone e anseio encontrar uma mensagem sua. Algo que exp
Samanta— Que estou desistindo de você, Ethan. — Ele apenas me olha. — E que vou te esperar, não importa o tempo. Eu estarei esperando por você. — Ethan continua parado e eu decido encerrar essa conversa tão absurda com um beijo demorado. E quando me afasto, encontro os seus olhos e percebo o quanto é difícil deixá-lo para trás. Mas a verdade é que eu me cansei. Cansei de viver pelos outros e de me esquecer de mim. Cansei de me sacrificar por amor, quando o amor insiste em me maltratar. Portanto, dou-lhe as costas para sair do seu quarto, mas paro abruptamente na entrada, tiro a foto de dentro da bolsa e a fito com um mísero fio de esperança, me perguntando se devo contar-lhe ou não.Não. É melhor deixar como está. Penso e saio apressada da mansão D’angelo. E enquanto dirijo decido que chorar não é uma op&cce