Era estranho estar dentro daquela casa enorme, com aquele homem imponente com aqueles olhos intensos cor de mel sobre mim, enquanto continuava a falar sobre a oferta mais insana que alguém poderia fazer.
— Está me dizendo que não fará nada comigo que eu não queira? — perguntei, precisando ter certeza de que ele não teria outras intenções ali.
— Eu jamais tocaria em você sem o seu consentimento. — ele respondeu com a voz tão baixa quanto a minha. — Tudo o que quero é que sejamos amigos e que você carregue o futuro dos Donavan. É isso o que também quer?
Não tinha ideia de como responder aquilo, mas meus olhos desceram pelo rosto impecável, contornando a barba fina que envolvia seus lábios carnudos e que parecia sempre ostentar um leve sorriso.
William era a mistura de poder, dinheiro e beleza, homens assim eram perigosos. Mas eu não sabia o porquê ele me passava uma confiança, talvez fosse por ter me impedido de cair do prédio, ou apenas por ter me tirado rapidamente da rua. O fato é que eu não costumava confiar em ninguém, meus instintos eram afiados, mas algo dentro de mim me empurrava para ele.
Seu corpo se aproximou mais do meu e seus dedos subiram até meu rosto, traçando o contorno da minha bochecha e me arrepiando. Um calor se espalhou por meu corpo e meu coração disparou no peito, deixando minha respiração descompassada.
— Acho que posso fazer isso. — sussurrei quando seus olhos focaram em meus lábios.
Eu não podia deixar que algo assim acontecesse, ele havia acabado de dizer que seríamos amigos e era assim que devíamos agir.
— Acha?
Era um filho que ele estava me pedindo e não meu corpo, eu poderia ajudá-lo a ter um herdeiro e me livraria daquele monstro doente, assim como teria bem mais do que precisava. Só havia uma coisa que precisava me certificar.
— Mas eu jamais vou abrir mão desse bebê, tem que colocar isso por escrito que em hipótese nenhuma vai tirá-lo de mim!
— Jamais faria isso. Meu filho vai precisar de uma mãe, especialmente depois que eu me for e como disse antes, uma pessoa que não esteja interessada apenas em dinheiro vai ser perfeita para lhe ensinar tudo o que precisa. — ele sorriu dando um passo para trás sem tirar os olhos de mim. — Vou deixar você tomar um banho e trocar de roupa. Só não demore, o almoço já está na mesa.
Era estranho pensar que um homem como ele, que tinha tudo estava morrendo. William parecia alguém cheio de vida e sem dúvida tinha mais dinheiro do que eu jamais veria em toda minha vida, uma fortuna que ele não conseguiria gastar e um legado que não tinha ninguém para repassar.
Por mais incerto que fosse tudo o que ele havia me dito eu não consegui evitar de me sentir triste por ele, o homem tinha acabado de salvar a vida de uma garçonete desconhecida que dormia no banco de um parque. Como eu pensaria mal dele?
— Pensando em se jogar daí? — a pergunta me fez dar um pulo antes mesmo de me virar para ver quem tinha entrado ali. O motorista me encarava com os olhos semicerrados, como se não estivesse gostando da minha presença na mansão. — William me pediu para trazer sua mochila.
Ele estendeu a bolsa azul um tanto suja e mais remendada do que eu gostaria, não pensei duas vezes antes de dar um passo para frente e me agarrar a tudo o que eu tinha naquela vida. Mas o homem não a soltou, me mantendo perto dele.
— O que…
— Não sei o que está aprontando e o que quer do senhor Donavan, mas não vou deixar que se aproveite dele em um momento vulnerável. — ele falou baixou, me encarando de perto e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, suas mãos soltaram a bolsa me deixando cambalear para trás enquanto ele deixava o quarto.
O que tinha acabado de acontecer ali? Como eu poderia querer me aproveitar do chefe dele se foi o próprio William que me arrastou para fora da lanchonete e me trouxe para sua casa?
Sacudi minha cabeça indo tomar um banho rápido e sentindo uma vergonha imensa eu coloquei o único vestido que eu tinha, era isso ou continuar com o jeans que ele havia me visto quando cheguei ali.
— Já estava indo procurá-la. — William apareceu no pé da escada quando eu alcancei o penúltimo degrau e seus olhos varreram meu corpo dos pés a cabeça.
Com toda certeza ele deveria estar se arrependendo de ter trazido uma pobretona para casa, já que o vestido de verão lilás repleto de cupcakes que eu tinha desde os meus quinze anos estava gasto, as alças estavam tão finas que mal sustentavam meus seios e a saia dele chegava apenas ao meio das minhas coxas.
— Tem algo errado? — ele não respondeu e eu me senti ainda pior, por estar com uma roupa tão velha quando ele estava usando uma camisa social impecável assim como as calças e o sapato perfeitamente lustrado. — Eu posso trocar se quiser…
Me virei pronta para subir as escadas novamente, mas enrolei meus pés caindo para a frente. Tudo aconteceu em uma fração de segundos e eu fechei os olhos pronta para encontrar o chão. Mas mãos fortes e firmes se apoderaram de minhas cintura, me segurando com firmeza de frente para ele.
— Te peguei. — William murmurou me erguendo, mas ao invés de me deixar ir ele me manteve colada ao seu corpo. — Não vou te deixar ir, cupcake.
Engoli em seco sentindo seu corpo colado ao meu da mesma forma que senti naquele terraço. Podia sentir seu peitoral se apertando contra meu corpo enquanto seu braço forte permanecia em volta da minha cintura. Respirei fundo querendo me recompor, mas seu perfume me invadiu os pulmões causando o total oposto, me fazendo desejar poder deslizar o nariz em seu pescoço e sentir cada pedacinho de sua pele.
— Senhor, a senhorita Megan está aqui para vê-lo. — o motorista dele falou nos fazendo se afastar no mesmo segundo.
— Obrigado, Brian. — William alisou a própria camisa e deu outro passo para longe de mim. — Mostre a ela onde o almoço está servido, eu já volto.
Rapidamente ele saiu da sala, me deixando para trás com aquele brutamontes que me encarava de forma desconfiada, enquanto eu me perguntava quem poderia ser Megan e o que diabos havia acontecido naquela escada.
Por um instante eu a tive perto demais de mim, tão perto que eu consegui ver os pontinhos verdes espalhados nas íris azuis. Estávamos tão próximos um do outro que eu podia tê-la beijado, aquela ideia passou por minha cabeça e eu tratei de esquecer. Sophia tinha concordado com o bebê e eu deveria me manter como seu amigo, eu tinha que segui-lo por mais difícil que fosse, especialmente depois de vê-la usando aquele vestido que a fez parecer ainda mais doce.— Ela é proibida pra você, William. Se controle!— Quem é proibida para você? — A voz de Megan me trouxe de volta para o presente. — É tão bom te ver depois de tanto tempo, Will.— É bom te ver também, Megan. — me aproximei a cumprimentando com um beijo no rosto.— Confesso que fiquei surpresa com a sua chamada, especialmente com Amber fora do país. — Megan disse deslizando as unhas por minha camisa, de uma forma irritante. — Nós só nos encontramos quando é com ela.— Bem, hoje é uma ocasião diferente. — falei me afastando para fugir
William não aceitou meus protestos em ganhar aquelas roupas novas, ele já estava fazendo muito por mim e eu não queria abusar, mas minha negação foi engolida pela conversa dele durante o café da manhã e então ele desapareceu no escritório, me deixando sozinha com aquela mulher.— Bem, eu estava esperando algo diferente de você. — Megan falou dando uma olhada em uma das três araras expostas no quarto. — Mas acho que posso encontrar algo aqui.Eu nunca tive contato com alguém desse nível antes, para ser realista William foi o primeiro rico com quem tive contato, mas eu sabia bem quando alguém não simpatizava comigo e podia dizer com toda a certeza que isso tinha acontecido com Megan.O olhar que ela havia me lançado desde que entrou na sala de jantar ainda queimava em minha mente, seus olhos desceram por meu corpo com desprezo e qualquer pensamento feliz que William me fez ter sobre aquele vestido tinha ido embora.— Todas essas roupas são lindas. — murmurei passando minhas mãos nos ves
Fui arrastado para o escritório a contragosto, o trabalho me forçou a deixar as duas mulheres a sós quando, na verdade, os meus planos eram ver como Sophia se saia escolhendo as roupas, eu queria entender mais do gosto dela, poder conhecê-la melhor antes que ela estivesse carregando meu filho.— O que mais tem para mim, Dylan? — questionei meu assistente que tagarela a do outro lado da chamada de vídeo.— Vou enviar o último contrato por email, o senhor pode ler e assinar amanhã. — ele respondeu revirando os olhos por trás dos óculos.— Eu ainda posso te ver.— Não tenho culpa que decidiu tirar o dia de folga hoje, deixando todas as reuniões em aberto. Se eu soubesse que não viria hoje teria reagendado e tudo estaria em paz, mas não...— Dylan, se acalme. Não é o fim do mundo e sim apenas mais um dia. — O silenciei antes que ele tivesse um infarto com a papelada que estava lidando. — Me envie esse e-mail e vá para casa, resolvemos o resto amanhã.— Com todo respeito, mas ficou maluco
Pela primeira vez eu não me importei com a repercussão que poderia trazer na mídia se me vissem entrando em meu prédio com uma garota. Apenas corri com Sophia no colo em direção ao elevador assim que Kevin parou, eu podia ouvir os murmúrios questionamentos quando passei pelo lobby, com a garota inconsciente nos braços.— Acorde Sophia, não faça isso comigo agora que te encontrei. — murmurei enquanto o elevador subia até a cobertura, mas além dos sons das engrenagens eu só conseguia ouvir nossas roupas gotejando no chão.Ela estava pálida e pela hora que fugiu não havia comido desde o nosso almoço, sabe Deus que refeições teria feito pela manhã. Eu não tinha dúvidas de que ela estava fraca e mal nutrida, vivendo nas ruas era de se esperar, mas não esperava vê-la daquele jeito.Quando finalmente entrei no apartamento corri a colocando na cama e tentando livrá-la daquela roupa molhada. Se tirasse a jaqueta e o vestido eu tinha certeza que seu frio diminuiria.Eu arranquei o tecido molhad
Senti braços em volta de mim e um corpo quente contra o meu enquanto alguém gritava do lado de fora. Mas parecia que eu estava imersa em um sonho, minha cabeça estava aérea e meus ouvidos pareciam tapados, e cada pedacinho de mim estava dolorido. Tive a certeza de que era apenas um sonho estranho quando o perfume de William invadiu meu nariz.— Vá para o inferno. — foram as palavras que me fizeram despertar completamente e abrir os olhos, pois eu a reconheceria em qualquer lugar.— AHHHHHHHH! — gritei me dando conta de que eu não estava sonhando, eu estava mesmo na cama abraçada com um homem.Eu afastei minhas mãos estapeando o corpo do safado, bati contra seu rosto, peito, braços. Não prestei atenção em onde estava acertando ele, só queria me livrar dos seus braços.— Droga. — William resmungou quando caiu de bunda no chão e ergueu o olhar me encarando como se eu fosse uma maluca. E eu finalmente olhei para baixo, me dando conta que estava usando uma camisa branca e fina que definiti
— Noiva? Amber é minha noiva? — ele perguntou rindo como se eu tivesse acabado de contar uma piada. — Quem te disse uma insanidade dessas?— Ela não é sua noiva? Você pareceu reconhecer o nome quando eu falei.— Sim, eu reconheço. Conheço Amber a minha vida toda, crescemos juntos já que nossas famílias sempre foram próximas. — ele confessou, mostrando que Megan não havia mentido sobre isso. — Nós já nos envolvemos antes, tentamos namorar na adolescência e nossos caminhos se distanciaram na faculdade.— Megan me disse que suas famílias prometeram um ao outro, ou algo do tipo, desde crianças.— Prometeram. — ele riu com escárnio. — Em que século nós estamos, Sophia? Acha mesmo que eu me sujeitaria a algo assim?Eu dei de ombros realmente não tendo uma resposta para ele naquele momento. Não nos conhecíamos bem o suficiente para que eu dissesse o que o caráter dele e sua personalidade o levariam a fazer.— Não sei o que faria, mas eu tenho a certeza de que várias famílias ricas tentavam u
Sophia saiu do banheiro usando minha camisa que chegava apenas ao meio de suas coxas, com os pés descalços e os cabelos bagunçados, era algo simples mas ao mesmo tempo sexy como eu nunca tinha imaginado antes. Eu não tive esse pensamento na noite passada, o estado em que ela estava não deixou espaço para mais nada além da minha preocupação, mas vê-la bem e usando minha roupa despertou um sentimento de possessividade completamente novo.— Graças a você William está sendo alvo de sites de fofoca e tabloides sensacionalistas. — Brian a acusou me trazendo de volta a realidade. — “Quem é a nova garota do senhor Donavan?” “O magnata do petróleo está sequestrando mulheres agora?” “Para esquentar o coração do solteiro mais cobiçado basta ser a bela adormecida!” “William Donavan e a necrofilia”...— A culpa não é dela. — Eu interrompi a repetição de todas as manchetes que estavam rodando o mundo nesse exato momento. — Fui eu quem saiu do carro com ela em meus braços e entrei no prédio daquele
Eu me senti tola por ficar chorando no peito de William, mas desde que minha partiu eu nunca senti aquela segurança nos braços de ninguém, até aquele momento. Por isso me permiti chorar por um longo tempo antes de me afastar.Depois que minhas roupas chegaram, finalmente nós dois saímos do apartamento, indo direto para a garagem e entrando no carro apressados antes que qualquer paparazzi pudesse nos ver. William não queria revelar minha identidade ainda e todo o pessoal de relações-públicas que trabalhava para ele estava trabalhando em uma história para liberar a imprensa.Não demorou para chegarmos ao hospital que ele havia dito, eu nunca tinha um lugar como aquele, tudo ali gritava dinheiro, desde os móveis, aos funcionários e pacientes, todos com certeza estavam vestidos muito melhor do que eu e não conseguimos evitar me sentir pequena naquele vestido outra vez.— Bom dia, senhorita Davis. — um homem alto e loiro, usando uma camisa social cinza que se apertava aos seus músculos, en