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Capítulo 6 - Sophia

William não aceitou meus protestos em ganhar aquelas roupas novas, ele já estava fazendo muito por mim e eu não queria abusar, mas minha negação foi engolida pela conversa dele durante o café da manhã e então ele desapareceu no escritório, me deixando sozinha com aquela mulher.

— Bem, eu estava esperando algo diferente de você. — Megan falou dando uma olhada em uma das três araras expostas no quarto. — Mas acho que posso encontrar algo aqui.

Eu nunca tive contato com alguém desse nível antes, para ser realista William foi o primeiro rico com quem tive contato, mas eu sabia bem quando alguém não simpatizava comigo e podia dizer com toda a certeza que isso tinha acontecido com Megan.

O olhar que ela havia me lançado desde que entrou na sala de jantar ainda queimava em minha mente, seus olhos desceram por meu corpo com desprezo e qualquer pensamento feliz que William me fez ter sobre aquele vestido tinha ido embora.

— Todas essas roupas são lindas. — murmurei passando minhas mãos nos vestidos na arara mais afastada dela, já que seu olhar de nojo continuava sobre mim.

— Sim, são perfeitas e de alta costura, muito diferente de tudo o que já usou em sua vida. — ela alfinetou e eu apenas ignorei, não queria parecer uma criança com medo, mas meus instintos gritavam e eu sabia bem que podia confiar neles. — Esses foram feitos para uma mulher mais alta que você.

Meus dedos pararam em um vestido longo prata, a amarração do pescoço lembrava diamantes e eu não resisti em tirá-lo da arara para colocar na frente do meu corpo enquanto me encarava no espelho.

Era sem duvida o vestido mais lindo que já tinha visto em toda minha vida, parecia feito para uma princesa. As costas ficavam abertas e o caimento dele era perfeito, acinturado e então se soltava em uma saia longa que ia até os pés, com uma única fenda na coxa direita.

Meus olhos pareciam ainda mais azuis diante da cor do vestido, ficando impossível de não olhá-los. Eu nunca tinha visto ou usado algo assim, me sentia ainda mais linda mesmo sem estar usando-o.

— Acho que vou provar esse. — me virei pronta para ir até o banheiro, mas dei de cara com Megan me encarando.

Os lábios dela se entortaram e a sobrancelha esquerda se ergueu quando ela voltou a me olhar de cima a baixo.

— Não vai ficar bem em você, ele foi feito para Amber e só por isso eu o trouxe hoje. — suas mãos se estenderam para pegar o vestido e instintivamente eu dei um passo para trás. — Amber é a namorada de William e não vai gostar nada de saber que tem uma garota rondando seu homem.

Eu engoli em seco, olhando em volta em busca de qualquer pessoa que pudesse me ajudar. Como ele podia ter uma namorada e me propor ter seu filho? Isso só podia ser um truque para conseguir algo de mim, mas o que? Como eu podia ter sido tão estúpida, nada na minha vida era fácil e tudo aqui estava bom demais para ser verdade.

— O senhor Donavan não me disse nada sobre uma namorada, mas ela pode ficar tranquila que nada está acontecendo entre nós, ele só estava me ajudando…

— Claro que estava, Will gosta ajudar qualquer animalzinho abandonado nas ruas. — ela jogou as palavras me atingindo. Como ele podia querer que eu fosse mãe do seu filho e contava a todos que eu morava nas ruas? — Ele não consegue se conter quando o assunto é caridade. Ficaria surpresa com quantos bichinhos ele trouxe para casa ao longo dos anos, sujos, com pulgas e carrapatos, sem saber se portar.

— Desculpe, eu… — engasguei sem saber como responder aquilo, pois ele tinha feito exatamente isso, me resgatado da rua trazendo para sua casa. Meus olhos baixaram para o vestido em minhas mãos, aquilo definitivamente não tinha sido feito para mim. — Vou deixar isso aqui.

Uma lágrima solitária escorreu por meu rosto e eu me odiei por isso. Não tinha que chorar e sim sair dali, nada naquele lugar havia sido feito para alguém como eu e ter acreditado nisso desde o começo foi meu primeiro erro.

— Oh, coitadinha. Não me entenda mal, mas Amber e Will foram prometidos desde criança já que as famílias sempre foram amigas, eles são perfeitos um para o outro. — ela falou e eu apertei o tecido do vestido com força antes de deixá-lo na arara. — Amber não gostaria nenhum pouco de ver uma garota enfiada na casa dele como uma hóspede.

Ergui meu queixo respirando fundo, não precisava ficar ali ouvindo aquelas ofensas caladas apenas esperando a noiva dele chegar e me chutar para fora, ou até pior, que ele me usasse para algo doentio e nojento.

— Não se preocupe, ela não vai me encontrar aqui quando chegar. — falei já me apressando em pegar minha bolsa e colocar minha blusa e calça de volta

— Querida, não precisa sair correndo assim. — Megan disse de forma condescendente com uma falsa preocupação nos olhos. — Eu só estava sendo sincera sobre onde está se metendo, não queria assustá-la.

Mas eu não fiquei ali para ouvir as desculpas esfarrapadas dela, eu sabia bem quando estavam tentando me colocar para fora de um lugar, e mesmo que Megan não fosse a dona para me mandar embora, ela tinha conseguido me fazer duvidar de tudo que saiu da boca de William.

Era claro que eu estava sendo enganada ali, não fazia o menor sentido um homem como ele, morando em uma casa como aquela, querer uma moradora de rua como sua barriga de aluguel.

Eu sai de lá o mais rápido possível, apenas com a minha mochila nas costas e aquele incômodo na garganta, queria poder chorar mais meu instinto de sobrevivência gritou mais alto quando corri pelas escadas de madeira.

Abri a porta da frente sem pensar duas vezes e corri pela entrada de cascalho ladeada pela grama perfeita. Não parei, nem mesmo quando avistei os portões enormes com as iniciais da família, eu aproveitei o portão aberto para fugir dali antes que qualquer um tentasse me impedir.

Nunca achei que meus instintos errariam assim, eu sempre confiei nele mesmo quando a razão dizia o contrário. E depois de ser salva por William eu acreditei que ele quisesse mesmo o meu bem, que pudéssemos ser amigos e criar um bebê juntos naquela mansão até que ele se fosse.

— Sua burra, burra, burra! — gritei comigo mesma estapeando meu rosto por ter sido tão tola.

“Tudo o que quero é que sejamos amigos e que você carregue o futuro dos Donavan”, as palavras dele voltaram a minha mente me fazendo sentir ainda mais estúpida. Quase podia sentir seus dedos tocando minha mão com cuidado e carinho, me incentivando a acreditar em tudo. Eu que sempre me achei esperta e rápida para me livrar de situações tinha sido encurralada por um riquinho em cima de um prédio e me deixei levar por cada uma de suas palavras.

Uma sensação ruim encheu meu peito conforme eu me afastava da propriedade de William, do bairro, das casas imponentes e grandiosas, dando lugar para o centro da cidade e mesmo com os pés doendo dentro daqueles tênis eu não parei. Precisava encontrar um lugar para passar a noite que chegava e com sorte na manhã seguinte eu conseguiria um outro emprego, não poderia voltar a lanchonete, se não bastasse o desgraçado que me perseguia, eu desconfiava que William poderia voltar até lá para me encontrar.

Eu ia conseguir, só precisava fugir dos olhares e me manter afastada de qualquer pessoa. Se andasse abaixo do radar eu conseguiria de mais um pouco de dinheiro para uma casa e então a maior parte dessa dor de cabeça passaria.

— Só pode confiar em você mesma, Sophia. Aprenda! — lembrei a mim mesma olhando a vizinhança onde estava. Sem dúvida não um lugar onde WIlliam viria me procurar e estava longe da lanchonete onde aquele verme me encontrou.

Comecei a procurar por um banco para dormir e meus olhos pararam em um playground para crianças, com um escorregador de madeira perfeito para que eu me abrigasse durante a noite sem ser vista ou incomodada. Era ainda melhor que o banco onde estava dormindo há algumas semanas, ao menos ali eu estaria protegida da chuva.

                                                                                                                                                

Mas enquanto a noite caía e eu esperava as ruas em volta ficarem silenciosas e desertas, eu não consegui evitar de pensar em Will. Aquelas mãos firmes me puxando do precipício e me segurando com firmeza nas escadas.

Ele era lindo e eu não reparava nisso em um homem há muito tempo, tinha estado fugindo e na defensiva a todos instante desde que minha mãe morreu. Mas não conseguia negar que William era lindo, seria difícil tirar aquele rosto da minha mente, especialmente os olhos que pareciam me devorar ao mesmo tempo que demonstravam cuidado, algo que eu nunca vi antes. Como ele podia parecer tão lindo e bom, mas ser na verdade um completo mentiroso?

— Pare de pensar nesse… — minhas palavras foram interrompidas quando um trovão ecoou dos seus, estremecendo meu corpo dos pés a cabeça. — Era só o que me faltava!

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