O retiro élfico realmente existia, acabei por descobrir. Era um castelo à beira mar ao norte de Entarde, sem nenhuma vila populosa próxima e foi meu presente de união. Haviam pouquíssimos elfos trabalhando no castelo para garantir nossa privacidade, pouca segurança e alguns cozinheiros e só.
Um mês se passou em nossa lua de mel, sem interrupções, sem outros problemas. Comecei a ver os benefícios de se ter uma vida extensa; tempo não era algo com que meu povo se preocupava, um mês poderia parecer apenas um dia e comecei a achar que nossa lua de mel poderia parecer quase eterna.
Tive tempo para explicar para Guilherme sobre tudo o que tinha acontecido desde que cheguei a Lammertia, ao que ele ouviu com atenção e perguntas pontuais. Desde minha chegada, no conselho que decidira sobre minha vida, at&eac
Capítulo DozeA PartidaNão tínhamos muito tempo para nos preparar para partir, um dia inteiro já teria se passado desde que Melissa deixara Castelo Alado e Estamina estava muito mais próxima dela que de nós, então Guilherme e eu deixamos nossos pertences para trás. Tínhamos ido para o castelo do entardecer de carruagem, puxada por Princesa e retornamos para Alvorada dividindo a montaria.— Não seja rabugenta — ralhei com Princesa, que estava demorando mais para confiar em Guilherme do que eu gostaria, mas a maior parte do seu charme era por ciúmes do meu marido — Guilherme não te deu um montão de maçãs ontem? Seja boazinha com ele.Infelizmente, minha égua tinha personalidade forte e não era facilmente manipulada, mas aceitou o convite para passear, mesmo que tivesse que carregar Guilherme junto comigo
Capítulo TrezeA GuerraPartimos de Alvorada durante à noite, apesar dos resmungos de Lorena e das recomendações de meu pai, que não se lembrava das palavras que havia me dito em sua despedida. Kamark nos acompanhou para nos aconselhar após perceber que meu pai estava prestes a criar uma guerra diplomática com as fadas ao acompanhar seus filhos rebeldes para uma batalha não autorizada pela rainha. Foi a maneira mais fácil de reverter o problema, mas isso tinha aumentado o número de elfos guerreiros ao nosso lado, já que Kamark não era um guerreiro e Guilherme tampouco.Era Ília, a única elfa no grupo de elite, que liderava o pelotão que nos acompanhava. Ao ver a maneira que Lorena ficava na dúvida se me acompanhava ou acompanhava Ília, percebi que seu interesse em estudar as táticas de luta dos elfos ia um pouco mais al&
O tempo de Michelle na Terra chegou ao fim.Novamente, ela deve permitir-se deixar a vida humana, seus amigos e seu amado, Guilherme. Dessa vez, ela sabe o que está deixando e para onde está indo e seu coração se sente leve por ter feito tudo o que podia.Voltar para casa não parece tão complicado, exceto por sua magia, que parece cada dia mais forte, exceto pelo reino que exige cada vez mais de sua princesa, exceto pela guerra que está para estourar no leste de Lammertia por disputas de poder e território.Desde sempre, antes que eu retornasse e deixasse os braços dele me envolverem, sabia que teria que partir.Deixei-me acomodar. O tempo passou e, o que foi designado para mim, parecia não se esgotar. Achei que talvez a ironia do destino de ser híbrida estivesse sorrindo para mim e que nunca teria que
Capítulo UmO Renascimento— Está tudo bem? — Guilherme me perguntou pela milésima vez naquela manhã.Queria dizer-lhe a verdade. Levantei meus olhos do lenço que meu pai me dera e que estava tentando enfiar na pequena mala que comecei a preparar naquela manhã. Sabia que ele podia entender o que estava acontecendo.Sentei-me na cama ao lado da mala e enfiei minhas mãos no meu cabelo, desesperada, sentindo a dor latejando em minhas costas, em áreas já conhecidas. Não queria me deixar chorar porque não me sentia triste. Sempre soube que aquela partida teria que acontecer, embora estivesse começando a duvidar depois de passar quase um ano e meio na Terra. Tal como sentira saudades de Guilherme em Lammertia, sentia falta do meu mundo, das minhas amigas e da minha família enquanto estive Terra, mas cada momento, cada milésimo de segun
Capítulo DoisA Negação— Hm — gemi ao despertar.Dormir e não ter consciência do quanto estava doendo era infinitamente melhor do que acordar com minhas costas em brasas. O balanço do barco diminuiu imediatamente e senti as mãos molhadas de Kieran em meus cabelos, percebendo que ainda estava em seu colo.— Oi — murmurou para mim, parecendo preocupado.— Oi, Kie — deixei-me falar, a voz falhada e fraca por causa da dor. Ele tinha conseguido me ajeitar no barco ao ponto da conforto e servira de travesseiro para mim.Forcei-me a me sentar, contendo um grito ao trincar os dentes. Kieran me observava com cuidado, parecendo saber o que estava se passando, mesmo que eu tentasse não demonstrar. Sentia cada pedaço da base das minhas asas queimando e latejando.— Eu tentei te curar enquanto você dormia — confess
Capítulo TrêsA LuzTudo o que me foi permitido ter em Alvorada foi um dia. Ao chegar, Tharlion nos levou para seus aposentos privados, onde a mesa estava posta. Lorena não se juntou a nós porque preferia ficar de guarda e, apesar dos meus pedidos, ela apenas sorriu e disse que era sua função e que haveria tempo para conversarmos depois, deixando-me sozinha com meu pai e meu irmão. Me pai me ajudou a sentar com o mínimo de dano possível e ele e Kieran me ajudaram a tirar a comida para que eu me locomovesse o mínimo possível.Então Tharlion quis saber de Guilherme. Não tivemos muito tempo para conversarmos da minha vida na Terra antes, mas, ao retornar, meu pai queria saber todos os detalhes. Comecei falando que Guilherme tinha perdido o pai há pouco tempo quando retornei e falei um pouco de Seu Silvério e como ele tinha sido bom para mim. Tha
Capítulo QuatroA FestaKieran foi escoltado para seu quarto contra sua vontade, enquanto Lorena e um grupo de azuis me deixou à porta da escada que levava até os aposentos privados de minha mãe, na torre da quebra. Não muito contente em subir toda aquela escadaria, forcei-me a ignorar a dor nas costas e segui adiante, com uma pequena pausa para admirar a sacada que eu tanto gostava. Alcancei os aposentos de minha mãe e bati na porta.Fiquei esperando que ela me pedisse para entrar e deixei meu queixo cair quando a porta se abriu de supetão e ela abriu o maior dos sorrisos ao me ver.— Filha — soprou, parecendo feliz em me ver. Antes que eu pudesse pará-la, ela me puxou para um abraço e se afastou em um pulo quando não aguentei a dor e gritei. — Oh! Eu sinto muito. Está muito ruim?Ela deu a volta em mim para avaliar minhas asas. Ouvi su
Capítulo CincoA DiplomaciaEu tinha me esquecido como era ter ressaca; nunca fora uma adolescente propensa a bebedeiras, mas tinha me divertido um pouco demais algumas vezes, incentivada por Mariana e, de todas, a manhã do dia seguinte ao meu retorno à Castelo Alado foi uma das piores. Não sabia dizer se eu exagerara ou a bebida que nós tomáramos era mais forte, mas minha cabeça parecia que iria explodir enquanto minhas costas começaram a coçar, demonstrando o início da cicatrização.O fogo minimizou a dor de cabeça e Ellen me visitou logo cedo com seu tratamento alternativo, aplicando cremes naturais frescos, sem nenhum vestígio da noite anterior — e ela tinha bebido mais que todas nós juntas.— Pode arder — alertou-me.— Ah. Vai fundo, já estou acostumada — resmunguei.Ardeu, mas n