— Michelle. Michelle, Acorde!
Eu não estava nem um pouco afim de acordar, então grunhi.
— Gui, me deixe dormir mais – resmunguei com a cara enfiada na almofada – Estou cansada.
Em resposta, fui apenas sacudida com mais força. Senti uma pontada nas costas e parei por alguns segundos, achando que tinha algo errado comigo.
E tinha.
— Não sou Gui – abri os olhos e encarei os olhos verdes de Kieran, enquanto ele se preparava pra subir em minha cama e me sacudir ainda mais. – Quem é esse?
— Quem é Gui? – uma voz desconhecida me perguntou.
Sentei-me em um pulo, tentando ajeitar meu cabelo, provocando risadas em Kieran. Tudo provocava risadas nele.
Por alguns segundos, estive sem entender o que era todo aquele lugar, então o dia anterior veio a mim e fiquei com v
Capitulo SeisO novo mundoNão era exatamente difícil me acostumar com a ideia de morar naquele lugar mágico. Tudo era mais acessível para mim, já que eu a princesa. Tinha um quarto imenso com uma minicozinha onde minhas refeições apareciam magicamente, um banheiro bem espaçoso e a vista da janela atrás da minha cama dava para os jardins de Castelo Alado, que estonteante e completamente diferente de qualquer outro que já tivesse visto. Se pudesse, jamais sairia do meu quarto, mas, infelizmente, tinha um mão cheia de compromissos idiotas.Aí estava grande parte do problema. Precisava estudar feito uma louca desvairada para que não me matassem. Tinha que frequentar todas as aulas, cinco aulas por dia, todos os dias, exceto na sexta, que me davam uma folga com apenas três matérias no dia. Todas as outras garotas em treinamento tinham apenas tr&e
Capitulo SeteA conversa— Seu horário mudou — Kieran disse.E essa foi a minha recepção na primeira aula do dia, na qual estava milagrosamente adiantada porque minha fadinha tinha pulado na minha testa até que eu acordasse e cortasse pedacinhos de maçã para ela comer.— Mas o quê? — perguntei. Odiava meu horário louco e estava a cada dia mais difícil lidar. E, para piorar, os Você vai se adaptar! de todos só me deixavam com mais raiva.Kieran me guiou até o lugar que costumávamos sentar. Estava me acompanhando em quase todas as aulas, embora evitasse a biblioteca e as aulas rosas. Três semanas haviam se passado desde nossa conversa na floresta e ele havia me contado algumas histórias da infância com nosso pai. Mas, sobre nossa mãe, nada mudara.Nos sentamos e ele me passou um p
Capítulo OitoO segredo— Mas o que houve com você? – Siena abriu a porta de seu quarto com essa pergunta.Acredito que estivesse um pouco desarrumada, mas isso não foi problema no caminho até ali, já que as pessoas imaginavam que eu estava na floresta.Kieran me enchera de perguntas, mas o ignorara dizendo não queria conversar. Ele olhou-me magoado, mas não estava me sentindo muito do tipo que se importa com a chateação dele por uma frase dita de forma errada. Eu tinha coisas maiores pra pensar.Então entrei no quarto de Siena sem cerimônias, mesmo nunca tendo estado ali. Ela fechou a porta, balançando a cabeça e olhou-me estranhamente. Sentei-me na cama, sem ser convidada e enfiei minhas mãos no cabelo.— Oh-ou – Siena estalou os lábios e abaixou-se à minha frente. – O que está
Capítulo NoveA decisãoPodendo ver Guilherme, me acomodei. Mesmo que a distância, isso era o suficiente para acalmar os meus nervos o suficiente para conseguir ser uma pessoa mais sociável, que era o que deveria ser. Infelizmente, minha mãe achou que era sua terapia com a harpa e se gabou disso umas ou duas vezes.Siena e eu concordamos que vê-lo uma vez por semana, na sexta feira a noite, era o suficiente. Eu, é claro, queria mais, mas esse era o ponto seguro e agradável. Funcionou por um mês e meio e fez meu humor ficar nas alturas.Algumas coisas ainda estavam fora do lugar.Eu e Lorena deixamos de nos falar. Era extremamente constrangedor. Ainda tentávamos manter algumas conversas, ela se esforçava em voltar a falar comigo, mas eu estava sendo escorregadia. Não tinha conseguido conversar com Kieran sobre o assunto e a afastava com medo de que aqu
Capítulo DezO livroDemorou cinco minutos, parada à porta do quarto de Siena, chamando-a para me ajudar, até que me recordasse que ela tinha saído escondida para encontrar com Eric. Se tivesse sorte, ela estaria de volta no dia seguinte ao almoço. Então, frustrada e sem saber o que fazer, tranquei-me em meu próprio quarto para segurança geral.Apesar de fazer pouco caso na maioria das vezes, entendia que poderia ser perigosa com minhas emoções instáveis e a declaração de Kieran sobre jamais ter visto tanto poder antes corroborava. E mesmo que gostasse de viver perigosamente, brincando com meus dotes com o vento ou fazendo pequenas magias de curiosidade só para passar o tempo, tinha a consciência que era um passo em falso e eu transformaria tudo em um grande incêndio.Saber que Guilherme estava conhecendo outra pessoa enquanto me
Capítulo OnzeA planta carnívoraSiena não estava feliz em me deixar ir àquela noite, mas desistiu de contestar quando comecei a guardar as coisas dentro de uma bolsa que eu furtara de seu quarto. Ela ainda me falou sobre os prós se planejar decentemente para uma fuga e sobre eu não conhecer direito o caminho e ainda tentou me convencer de que poderia me acompanhar, se planejássemos direito.— Você tem que ficar, Siena – pontuei. – Preciso que você abra o portal pra mim.Ela andou atrás de mim enquanto escolhia uma muda de roupa das mais desajeitadas para colocar na mochila. Fingi não vê-la fazendo careta. As luzes do castelo estavam começando a se apagar, conforme as fadas iam de deitar, e eu pretendia me utilizar daquele momento de troca da guarda para fugir.— E como eu vou saber quando abrir o portal para você?
Capítulo DozeO ardilEncarei a mulher, tentando entender exatamente o que acontecera. Ela era bem mais alta que eu, bem mais magra e seus dreds ficavam bem em seu rosto angular. Sua pele era marrom e ela parecia ter um apreço mais acentuado pela cor preta, já que suas roupas eram todas dessa cor. Um único adereço, uma bolsinha de couro amarrada na cintura, tinha tom marrom. Ao ver meu olhar se demorar naquela peça, segurou-a. Voltei a encarar seus olhos negros e vi que ela esperava que eu desse uma resposta.— O-o-obrigada – murmurei.Riu, parecendo achar algo realmente bem divertido.— Esperava um pouco mais de eloquência de uma princesa das fadas – brincou. Ainda abri a boca, tentada a perguntar como ela sabia que era uma princesa quando me lembrei de minhas estúpidas e inúteis asas. Ela se aproximou e estendeu a mão para mim. &nd
Capítulo TrezeA escuridãoMinha cabeça estava explodindo.Tinha algo errado acontecendo, mas não conseguia me lembrar. Não conseguia nem abrir meus olhos porque sabia que estava claro demais e que isso iria piorar a minha dor.Mas, ei, sabia fazer aquilo melhorar!Concentrei-me no ponto da minha cabeça que doía e ativei o fogo. Ele queimou por minhas veias, por dentro de mim, e concentrou-se no ponto machucado. Não demorou muito até que se aquietasse e o deixasse voltar a dormir dentro de mim, sentindo-me totalmente nova.Suspirei, achando que podia voltar a tirar um cochilo agora que estava melhor. Remexi-me e percebi que não estava confortável. Por onde andava o meu macio colchão?Apalpei ao meu lado e encontrei algo duro e gelado. Franzi a testa e tentei me lembrar o que estava acontecendo antes de voltar a pegar no sono.O