— Seu horário mudou — Kieran disse.
E essa foi a minha recepção na primeira aula do dia, na qual estava milagrosamente adiantada porque minha fadinha tinha pulado na minha testa até que eu acordasse e cortasse pedacinhos de maçã para ela comer.
— Mas o quê? — perguntei. Odiava meu horário louco e estava a cada dia mais difícil lidar. E, para piorar, os Você vai se adaptar! de todos só me deixavam com mais raiva.
Kieran me guiou até o lugar que costumávamos sentar. Estava me acompanhando em quase todas as aulas, embora evitasse a biblioteca e as aulas rosas. Três semanas haviam se passado desde nossa conversa na floresta e ele havia me contado algumas histórias da infância com nosso pai. Mas, sobre nossa mãe, nada mudara.
Nos sentamos e ele me passou um p
Capítulo OitoO segredo— Mas o que houve com você? – Siena abriu a porta de seu quarto com essa pergunta.Acredito que estivesse um pouco desarrumada, mas isso não foi problema no caminho até ali, já que as pessoas imaginavam que eu estava na floresta.Kieran me enchera de perguntas, mas o ignorara dizendo não queria conversar. Ele olhou-me magoado, mas não estava me sentindo muito do tipo que se importa com a chateação dele por uma frase dita de forma errada. Eu tinha coisas maiores pra pensar.Então entrei no quarto de Siena sem cerimônias, mesmo nunca tendo estado ali. Ela fechou a porta, balançando a cabeça e olhou-me estranhamente. Sentei-me na cama, sem ser convidada e enfiei minhas mãos no cabelo.— Oh-ou – Siena estalou os lábios e abaixou-se à minha frente. – O que está
Capítulo NoveA decisãoPodendo ver Guilherme, me acomodei. Mesmo que a distância, isso era o suficiente para acalmar os meus nervos o suficiente para conseguir ser uma pessoa mais sociável, que era o que deveria ser. Infelizmente, minha mãe achou que era sua terapia com a harpa e se gabou disso umas ou duas vezes.Siena e eu concordamos que vê-lo uma vez por semana, na sexta feira a noite, era o suficiente. Eu, é claro, queria mais, mas esse era o ponto seguro e agradável. Funcionou por um mês e meio e fez meu humor ficar nas alturas.Algumas coisas ainda estavam fora do lugar.Eu e Lorena deixamos de nos falar. Era extremamente constrangedor. Ainda tentávamos manter algumas conversas, ela se esforçava em voltar a falar comigo, mas eu estava sendo escorregadia. Não tinha conseguido conversar com Kieran sobre o assunto e a afastava com medo de que aqu
Capítulo DezO livroDemorou cinco minutos, parada à porta do quarto de Siena, chamando-a para me ajudar, até que me recordasse que ela tinha saído escondida para encontrar com Eric. Se tivesse sorte, ela estaria de volta no dia seguinte ao almoço. Então, frustrada e sem saber o que fazer, tranquei-me em meu próprio quarto para segurança geral.Apesar de fazer pouco caso na maioria das vezes, entendia que poderia ser perigosa com minhas emoções instáveis e a declaração de Kieran sobre jamais ter visto tanto poder antes corroborava. E mesmo que gostasse de viver perigosamente, brincando com meus dotes com o vento ou fazendo pequenas magias de curiosidade só para passar o tempo, tinha a consciência que era um passo em falso e eu transformaria tudo em um grande incêndio.Saber que Guilherme estava conhecendo outra pessoa enquanto me
Capítulo OnzeA planta carnívoraSiena não estava feliz em me deixar ir àquela noite, mas desistiu de contestar quando comecei a guardar as coisas dentro de uma bolsa que eu furtara de seu quarto. Ela ainda me falou sobre os prós se planejar decentemente para uma fuga e sobre eu não conhecer direito o caminho e ainda tentou me convencer de que poderia me acompanhar, se planejássemos direito.— Você tem que ficar, Siena – pontuei. – Preciso que você abra o portal pra mim.Ela andou atrás de mim enquanto escolhia uma muda de roupa das mais desajeitadas para colocar na mochila. Fingi não vê-la fazendo careta. As luzes do castelo estavam começando a se apagar, conforme as fadas iam de deitar, e eu pretendia me utilizar daquele momento de troca da guarda para fugir.— E como eu vou saber quando abrir o portal para você?
Capítulo DozeO ardilEncarei a mulher, tentando entender exatamente o que acontecera. Ela era bem mais alta que eu, bem mais magra e seus dreds ficavam bem em seu rosto angular. Sua pele era marrom e ela parecia ter um apreço mais acentuado pela cor preta, já que suas roupas eram todas dessa cor. Um único adereço, uma bolsinha de couro amarrada na cintura, tinha tom marrom. Ao ver meu olhar se demorar naquela peça, segurou-a. Voltei a encarar seus olhos negros e vi que ela esperava que eu desse uma resposta.— O-o-obrigada – murmurei.Riu, parecendo achar algo realmente bem divertido.— Esperava um pouco mais de eloquência de uma princesa das fadas – brincou. Ainda abri a boca, tentada a perguntar como ela sabia que era uma princesa quando me lembrei de minhas estúpidas e inúteis asas. Ela se aproximou e estendeu a mão para mim. &nd
Capítulo TrezeA escuridãoMinha cabeça estava explodindo.Tinha algo errado acontecendo, mas não conseguia me lembrar. Não conseguia nem abrir meus olhos porque sabia que estava claro demais e que isso iria piorar a minha dor.Mas, ei, sabia fazer aquilo melhorar!Concentrei-me no ponto da minha cabeça que doía e ativei o fogo. Ele queimou por minhas veias, por dentro de mim, e concentrou-se no ponto machucado. Não demorou muito até que se aquietasse e o deixasse voltar a dormir dentro de mim, sentindo-me totalmente nova.Suspirei, achando que podia voltar a tirar um cochilo agora que estava melhor. Remexi-me e percebi que não estava confortável. Por onde andava o meu macio colchão?Apalpei ao meu lado e encontrei algo duro e gelado. Franzi a testa e tentei me lembrar o que estava acontecendo antes de voltar a pegar no sono.O
Capítulo CatorzeO último suspiro— Me soltem! – berrei. – Eu vou queimar todos vocês!Meus apelos foram negados. Os dois rapazes continuavam o aperto firme em meus braços, me arrastando pela casa de pedra. Tentei convocar o fogo novamente, mas ele havia se escondido. O vento respondeu em meio ao vendaval do mar revolto e não consegui controlá-lo. Pensei em fazer algo com a água, mas acabaria por me descontrolar e afogar a todos.O que restava para mim?— Você é indigna de ser da mesma espécie da rainha – Ed sentenciou.As mulheres tinham sumido para cuidar das queimaduras que causara na etorn que me agarrara. Os homens, por outro lado, estavam muito ocupados em me carregar para algum lugar onde, provavelmente, tomariam banho com meu sangue.Descemos um lance de escadas e, ao final, havia uma porta. Assim que abriram-na,
Capítulo QuinzeA ajudaRecuperei a consciência assim que alcançamos a superfície. Puxei todo o ar que conseguia e passei o braço pelo pescoço da iara mais próxima, que riu da minha reação. Minhas asas, molhadas, estavam pesadas demais e caídas nas minhas costas, só fazendo com que sentisse ainda mais dificuldade na água.— Está tudo bem aí, princesa? – a iara que eu estava enforcando me perguntou.Eu ainda estava tentando respirar decentemente, mas percebi que ela estava planejando começar a nadar para a costa, então apertei ainda mais o abraço nela, rezando para não morrer afogada.— Não – respondi, fazendo as iaras rirem. – Mas vai ficar. Eu acho.Elas riram novamente e achei que estava andando com um bando de Sienas alegrinhas. Desejei chegar o mais rápi