Os noivos Marcos e Ana Clara Vasquez, ás vésperas de se casarem, iniciam a busca por uma casa que esteja á venda, o fato de ambos serem biólogos os leva em comum acordo a pesquisarem valores e condições de residências na área rural, sítios afastados da cidade grande. Em um sábado de outono, eles seguem para uma região no interior do Paraná, mais precisamente á 66 kms de Londrina, buscavam por uma casa de campo anunciada em um classificado local, após 30 kms na rodovia entraram em uma estradinha de terra com grandes Pinheiros e Araucárias, preocupados com a distância e sem sinal de internet, resolveram parar no único local que aparentava ter vida por ali, um pequeno comercio, uma mercearia bem simples onde pretendiam comprar algo para beber e conseguir alguma informação sobre a localização da casa. O local era escuro e pouco amistoso, muita poeira e prateleiras velhas, o cheiro no local não era nada bom e parecia estar abandonado, além da brisa forte esvoaçando os cabelos de Ana o único som audível era o de uma placa luminosa velha e enferrujada de uma marca de bebida que balançava sobre a porta da loja. Quando já iam deixando o estabelecimento uma voz feminina, velha e rouca os chamou:
_Posso ajudar?
Em um pulo o casal parou na porta e voltaram-se para trás, lá estava uma velhinha com roupas esfarrapadas e um grande lenço na cabeça sorrindo.
_Sim senhora. – Marcos se apresentou. _Eu e minha noiva procuramos pelo sítio Nova Esperança. – Ana completou a pergunta. _Sabe nos dizer se estamos no caminho certo? Se estamos próximos?
A velhinha sorrindo os orientou:
_Continuem em frente, no enorme Carvalho sigam pela direita, após a ponte de madeira chegarão ao sitio que fica uns 2 kms à frente.
Sem graça o casal agradece e retornam para a pick-up, porém, antes que arranquem com o veículo subitamente a velhinha surge na porta e lhes dá um aviso.
_Procurem outro lugar, vocês não vão querer morar ali.
Marcos acenou positivamente para a sinistra senhora, arrancou com a marcha a ré em seguida engatou a primeira e saiu quase cantando pneu pelo terrão vermelho. O casal estava chocado com o ar sinistro daquela senhora, mas seguiram com os planos, porém em silêncio, ambos refletiam sobre o aviso dado pela velhinha.
Exatamente como indicado pela sinistra moradora local, eles passaram pelo enorme Carvalho, seguindo pela direita, em pouco tempo chegaram à ponte de madeira, antes de atravessar para o outro lado Marcos parou o carro para observar, era uma ponte assustadora, parecia estar prestes a desabar, e o rio corria forte embaixo da ponte, ele respirou fundo com as mãos na cintura analisando os prós e os contras, retornou ao veículo e engatou a primeira marcha, lentamente foi vencendo a deteriorada ponte de madeira. Assim que as rodas dianteiras tocaram as primeiras vigas o casal pôde ouvir estalos que os deixaram arrepiados, o veículo seguiu sob o comando tenso de Marcos, Ana fechou os olhos e apenas ouvia o ranger da ponte com o som das corredeiras do rio ao fundo. Já haviam vencido a metade da ponte quando Marcos percebeu um forte nevoeiro avançando pelo lado oposto, tenso, ele chegou a pensar em voltar, contudo, algo o fez manter-se firme, quando aquele nevoeiro já estava quase no capô da pick-up um estalo muito forte e alto assustou o casal, eles tiveram a certeza de que a ponte desabaria com eles dentro do carro, em um reflexo Marcos pisou forte no acelerador entrando pelo denso nevoeiro, puderam apenas ouvir um estrondo muito forte enquanto passavam pela escuridão da névoa, momentos depois a claridade voltou, o nevoeiro ficou para trás e Marcos parou o veículo uns 10 metros após a ponte, o casal ficou ali, parado por alguns minutos enquanto se recuperavam do susto.
Seguiram em frente por mais alguns quilômetros e passaram por um trecho de uns 200 metros da estrada cercado por eucaliptos, até que viram uma porteira entre duas colunas decoradas com cerâmicas e uma placa, informando o nome do local, Sítio Nova Esperança. Da porteira até a casinha rústica de madeira havia por volta de uns 50 metros, um caminho de pedriscos cercado por margaridas, o casal observava a casa de longe e ficaram encantados, aparentemente estava em perfeitas condições. Marcos buzinou várias vezes, chamaram por alguém para serem atendidos, mas ninguém lhes atendeu nem viram nenhum movimento no local. Impulsiva, Ana abriu a porteira que tinha apenas uma corrente sem cadeados, Marcos não gostou da ideia de invadir a propriedade, porém no impulso acabou por entrar, eles seguiram com o veículo até próximo da casa, onde desceram e continuaram a chamar por alguém. Andando em volta da moradia, observaram que o local estava muito bem cuidado, flores diversas, jardineiras nas janelas com margaridas e rosas, muitos pássaros, um pouco mais ao fundo havia um pomar onde eles conseguiram ver de longe os pés de laranja, mamão, Jabuticabas. Ana estava encantada com o que via, Marcos ainda desconfiado tocou a maçaneta da porta de entrada e levou um susto, houve um estalo e a porta se abriu, rangendo lentamente ficou entreaberta. O casal se entre olhou e com cautela foram entrando, aparentemente em seu interior a casa estava em perfeitas condições também, toda mobiliada, com móveis do século XIX, tudo muito chique. No meio da sala havia uma mesinha de centro com estrutura de madeira e apoio de vidro, em cima havia um prato com bolinhos de chuva e uma jarra com Mate, Ana experimentou um dos bolinhos e um sorriso tomou-lhe a feição:
_Hum! Está delicioso.
Marcos encorajado pela esposa acabou por comer um dos bolinhos também confirmando a análise de Ana.
Aquela guloseima fez o casal perceber que a casa não estava vazia, ao lado da mesa havia uma lareira e acima dela um quadro com fundo escuro e a figura do busto de um homem que aparentava ser idoso, com barba e cabelos brancos e uma feição de poucos amigos, na verdade era uma imagem assustadora, o casal ficou hipnotizado com aquele quadro e saltaram com um susto quando um forte estrondo ecoou pela sala, uma forte batida da porta de entrada, eles arregalaram os olhos assustados porque não havia vento para ocasionar aquele fato e o pior aconteceu, repentinamente a casa passou a tremer, dar estalos altos seguidos de batidas e as portas e janelas passaram a bater sistematicamente, o casal entrou em pânico, Ana aterrorizada colocou as mãos na cabeça tapando os ouvidos, Marcos tentava mesmo que em desespero e sem entender o que estava acontecendo, alcançar a saída, entretanto, estava impossível passar pela porta que parecia estar emperrada, então ele abraçou Ana e o horror se manifestou, uma voz grossa e rouca gritou ecoando por toda a casa:
_Esta casa é minha !
Ana passou a gritar aterrorizada e em pânico, Marcos a apertou nos braços em um gesto de proteção, abaixando a cabeça da mulher em seu peito e olhou para o quadro, ele viu nitidamente a imagem do quadro se mover como uma névoa, o velho da imagem se mexia sutilmente e sua cabeça voltou-se para a direção do casal, e a voz novamente ecoou pelo ambiente:
_A casa não está à venda! – Aquelas palavras ditas pela voz rouca e grave pareciam cortar a alma do casal. _Querem minha casa? – Agora eles ouviram um sorriso sinistro. _Pois ficarão aqui para sempre como meus escravos. – Em seguida aquela manifestação soltou uma longa gargalhada.
Desesperados o casal se levantou e Ana ficou hipnotizada olhando para uma das janelas que estava entreaberta, Marcos olhou e viu pontos flutuando do lado de fora da casa como se fossem neve, mas eram pontos vermelhos cintilantes, a porta inexplicavelmente abriu-se sozinha o casal rapidamente saiu da casa e veio outra surpresa aterrorizante. Conforme iam saindo para a varanda de entrada, a casa ia se transformando, toda aquela beleza ia se desmanchando tornando um local cinza, abandonado e destruído pelo tempo, Ana olhou rapidamente para traz e na mesa os bolinhos estavam podres, ao lado a jarra de mate estava com um liquido esverdeado fazendo a mulher sentir náuseas. Marcos a puxou pelo braço e chegaram do lado de fora, os pontos vermelhos cintilantes eram brasas de um enorme incêndio que circundava a casa, uma parede de chamas que deixava uma única opção, retornar pelo caminho que os levara até ali. O casal observou a casa se transformar em ruínas, parecia estar abandonada por dezenas de anos. Rapidamente eles entraram na pick-up e saíram a toda velocidade, cruzaram a porteira que também estava em ruinas, destruída, coberta por um matagal denso e partiram pela estrada, voltando sentido á ponte, Ana estava em choque chorando e Marcos igualmente desesperado tentava se concentrar na condução do veículo. Logo, á frente avistaram a ponte, para alívio deles havia viaturas da polícia no local e uma ambulância, os sinalizadores acesos em meio à névoa densa, Marcos parou abruptamente o veículo e correu para pedir ajuda Ana o acompanhou até que o rapaz parou a sua frente e ficou imóvel, ela percebeu que algo estava errado e seu desespero voltou com força total, ele virou-se e olhou por cima do ombro dela, a pick-up já não estava mais lá, olhou para os olhos de Ana e abriu os braços, ela o abraçou em desespero ao mesmo tempo que olhou para ponte onde viu policiais e bombeiros tirando seus corpos de dentro da pick-up que estava caída entre as pedras e a correnteza do rio. O casal se olhou e seus rostos se transformaram em aberrações fantasmagóricas, embranqueceram com algumas manchas de hematomas.
Assim como o espírito da casa lhes amaldiçoara, as almas do casal ficariam presas naquele lugar, para sempre.
Em uma pequena cidade do nordeste brasileiro havia uma família recém-chegada no município, eram quatro, o Pai Joelinton Guimarães, a mãe Maria José Guimarães, o filho mais velho Roberson Guimarães de 15 anos, e o mais novo Timóteo Guimarães de 10 anos. Uma família carente de lavradores que chegara tentando se reerguer diante das dificuldades financeiras. Na mudança trouxeram pouca coisa, apenas o básico e ainda assim faltavam algumas coisas, entre elas uma cama, fazendo com que os garotos revezassem as noites em uma rede.Algumas semanas após se instalarem na nova casa, a família estava saindo da missa quando o padre local caridosamente orientou o Sr. Joelinton a buscar uma cama que estava sendo doada e se encontrava no salão paroquial, o homem muito agradecido foi rapidamente buscar o móvel e quando chegou ao salão da paroquia a beata responsáv
Rubens Sanches foi abandonado pelos pais quando pequeno por ter nascido com uma deformidade congênita que tornava sua fisionomia facial grotesca. Esteve em vários orfanatos até que aos 12 anos de idade passou a residir na Santa Casa do Menino Jesus, um lugar bem administrado com ótimas condições estruturais e acadêmicas ás crianças órfãs, localizado no interior de Minas Gerais.Era meados de Dezembro e o clima Natalino tomava conta do ambiente, as crianças ajudavam as Madres e Noviças do orfanato na decoração tradicional da época, porém Rubens, mantinha-se isolado o quarto coletivo, sentado em sua cama, cansado da zombaria de seus colegas internos que por vezes caçoavam lhe chamando de monstro, esquisito, retardado ou até mesmo de “cara de meleca”. O terror do bullyng causava-lhe dores estomacais, ânsia de vômito e muita re
Em Jupari, uma pequena cidade do interior de São Paulo, quatro velhos amigos costumam se encontrar toda a última sexta feira de cada mês, é a oportunidade de colocar a conversa em dia e relembrarem a turbulenta fase da adolescência. Inevitavelmente ocorria algumas vezes deste encontro ter a lua cheia como cenário. No último encontro realizado em outubro de um ano qualquer, a sexta feira além de ser o 13º dia do mês teve o luar da lua cheia para tornar tudo mais interessante entre os amigos. Robson Castro, André Valença, Mateus Bosco e Joel Alves como de costume se encontraram em um botequim na Praça da Matriz, o bar do Chileno, um local simples que mantinha as mesmas características de quando havia sido inaugurado há 40 anos
O Opala ano 71, zero km, preto, corta uma estreita estrada vicinal de terra no interior de Santa Catarina, no volante Abreu Scuber está com os olhos estatelados, a adrenalina corre por suas veias seu bigode avantajado não disfarça a preocupação em seu rosto, ao seu lado Jair Malaquias, igualmente tenso e agitado com os olhos fixos na estrada tortuosa, vez ou outra escutam batidas na lataria do possante veículo, porém ambos sabem que aquele barulho não se trata de pedras da estrada e sim do “volume extra” que transportam no porta-malas. Quarenta minutos depois eles chegam á uma porteira deteriorada pelo tempo, visivelmente sem manutenção, passam por ela sem diminuir a velocidade entrando em um lugar nitidamente abandonado, quinhentos metros depois avistam uma casa igualmente deteriorada, Abreu freia o Opala derrapando nos p
O pequeno garoto do interior de São Paulo chega á capital para um fim de semana especial, passará um tempo com seus avós que não vê desde muito pequeno, a última vez, o encontro ocorrera há dez anos, no aniversário de 1 ano do jovem Luiz Abranchez. Sua mãe, Melissa, o levara de carro, a mulher não tinha um bom convívio com seus pais, portanto deixou o garoto e combinou de ir busca-lo na próxima segunda feira pela manhã. Luiz, após receber muito afagos de seus avós, é acompanhado pelos cômodos da casa, onde lhe foi apresentando seu quarto, durante as apresentações algo lhe chamou a atenção, seu avô, Augusto, foi enfático ao proibi-lo de ir ao porão que não era utilizado pelo casal e estava constantemente trancado, a chave da porta fica
Antony Braxton de 35 anos chega ao escritório de contabilidade onde já faz parte do quadro de funcionários há mais de seis anos, solitário e solteiro nos últimos dias tem sentindo muita revolta e estresse pelo trabalho sem reconhecimento, no local de pouca iluminação há oito mesas separadas por divisórias de madeira todas ocupadas por profissionais saturados e preguiçosos e no fundo da sala fica o escritório do seu chefe, o Sr. Gordon, um homem obeso de longa barba e careca, com uma personalidade grosseira e de poucos amigos. Assim que se assentou em sua cadeira giratória, Antony ouviu de seu chefe um grito que estremeceu toda a sala e fez toda a equipe de funcionários se encolherem em suas mesas. _Antony! Venha imediatamente em minha sala.<
Manhã de sábado e as crianças correm pelo quintal da casa em busca de diversão, Melissa Lins de 9 anos sua irmã Meire Lins de 12 anos, seu irmão Marcos Lins de 15 e seu primo Rafael Marques de 9 anos. Já era costume os quatro se unirem nas diversões de fim de semana, eles eram empolgados, divertidos, criativos e com muita disposição. Na casa dos três irmãos a família separara um quartinho da edícula, no fundo do terreno, que ficou para uso exclusivo dos brinquedos das crianças, lá ficavam guardados as bolas, bicicletas, carrinhos, bonecas e jogos de tabuleiro, era uma forma de manter tudo organizado e de fácil acesso aos pequenos, deixando espaço em seus quartos na casa principal. A coleção de brinquedos ainda continuava aumentando e certo dia, Melissa, ao chegar da escola no horário do almoço foi recebida por sua mãe, a Sra.
O Sábado chega com um clima ameno e agradável na pequenina cidade de Jurupiri na região norte do estado do Maranhão. Quase todos os jovens se conhecem, e não há muitas opções de diversão para eles na cidade, sendo assim, a rotina juvenil no fim de semana é a praça central no inicio da noite e depois, por volta das 23:00hs eles seguem para o Clube Bauhaus onde irão dançar e se divertir. Valdir acorda e preguiçosamente alcança a cozinha onde sua mãe, Sra. Neide Sartori, está preparando o café com torradas. _Bom dia querido. – A mulher cuida sozinha de seu filho desde que ele tinha 5 anos, foi quando seu marido os deixou, seu carinho pelo rapaz era enorme, ele era o bem mais precioso dela. _Oi mãe! – Valdir Sartori, era tímido