Desde tudo o que tinha visto ontem, eu não conseguia parar de pensar na minha mãe. Ali sentada naquele sofá, tudo o que vinha na minha cabeça eram perguntas sem respostas, se ela tinha melhorado, se ficaria bem, o que aconteceria... e o pior. O que eu faria? Eu mesma não conseguia pensar naquilo e com certeza não aguentaria, como eu iria ser um apoio para Nai, sendo fraca desse jeito?
Fui até a cozinha e tomei um copo d'água, despois da visita a minha mãe nada estava bem, tudo parecia estranho, o dia estava estranho. Eu não tinha animação para nada, não consegui dormir a noite e agora estava agoniada e desesperada por uma notícia qualquer dela.
- Você não tá nada bem... - escutei a voz de Henry atrás de mim, não me dei o trabalho de virar, tomei de beber a água e guardei o copo, e elese esgotou na pia ao meu lado.
- Realmente não - respondi dando de ombros. Ele olhou pra frente depois soltou um suspiro alto e me puxou fa
Ver o rosto de Karina tão pálido com aquelas flores em volta, me trouxe muita angústia, era a mesma coisa que ver minha mãe no caixão a anos atrás. Tomás, Lucy e Nai não paravam de chorar, Lucy estava abraçada a mim enquanto Nai estava agarrada a Tomas, era impressionante ver o quanto essas duas tentavam disfarçar suas próprias dores para conseguir apoiar alguém.Algumas pessoas apareceram no velório, deviam ser amigos de Tomas e Karina. Eu só conseguia olhar o rosto de Karina nquanto outras pessoas ofereciam suas condolências para Lucy ou Nai e Tomas. Nunca pensei que sóbria tanto ver mais alguém em um caixão.Já passávamos das três quando um homem apareceu do lado dizendo que teriam que enterrar o corpo e que eles tinham dez minutos para se despedir. Mas o que falar nesse pouco tempo? Não dava pra dizer quase nada em tão poucos minutos. Não dava Para dize
Henry...A semana passava lentamente e Lucy não dava qualquer sinal de vida, seu olhar estava sempre distante e sem emoção... A cada dia ela parecia mais distante de mim e isso era algo que eu não queria que acontecesse nunca!Já tinha se passado mais de uma semana desde tudo que aconteceu. Lucy já não comia direito e também quase não dormia. Nai tinha vindo passar a semana inteira aqui, e por um momento aquilo a deixou um pouco mais viva do que está agora, mas depois que Nai teve que voltar para casa, ela voltou a ficar triste e longe.- Desculpe... - Lucy disse se levantando do banco ao lado. - Mas não consigo comer.Eu a olhei preocupado, mas não consegui dizer nada... O que consegui foi apenas um dar de ombros e um olhar gelado.- Tudo bem querida - Luiza respondeu em meu lugar. - se sentir fome mais tarde, estarei aqui.- Obrigada! - ela respondeu
Acordei sentindo beijos suaves em meu rosto e em meu ombro. Não pude evitar um sorriso bobo ao lembrar da noite passada, tudo tinha acontecido tão rápido e fora tão intenso... O pedido, nossa jantar e principalmente nossa noite juntos. Senti seus lábios tocarem os meus suavemente e retribui seu carinho permitindo que ele me beijasse com todo o fervor.— Bom dia minha querida noiva! — ele sussurrou em meu ouvido dando uma leve mordiscada no lóbulo da minha orelha.— Bom dia meu querido noivo! — respondi com um sorriso, ele se afastou e acariciou meu rosto.Abri os olhos e pisquei algumas vezes até acostumar com a claridade, seus olhos azuis me encaravam com paixão e o que parecia ser admiração. Toquei seu rosto e o acariciei até chegar em seu cabelo fazendo ele se abaixar para mim.— Eu não resisto a você. — ele disse sussurrando.— Muito menos eu. — respondi fechando de vez o
As semanas passaram voando, Nai estava ainda mais ansiosa do que eu, quem acabou decidindo a data do casamento foi ela. Até Luiza já estava contagiada com a animação de Nai.E eu estava alí, na frente daquele espelho enorme de corpo inteiro com um vestido perfeito. Estilo "tomara que caía" com renda e a cintura justa. As maquiadoras que vieram aqui fizeram uma maquiagem leve que não deixasse meu rosto sobrecarregado, uma trança grossa e frouxa foi feita em meu cabelo e o véu foi colocado com uma pequena tiara de flores.— Você está tão linda. — Nai disse com uma voz manhosa.— Obrigada meu anjo. — respondi dando um beijo em seu rosto.— Não tá nervosa? — ela perguntou dando um pulinho. — eu tô super...— Eu tô tentando esconder isso, não atrapalhe meu disfarce. — ela soltou uma risada. Ela seria a dama de honra apesar de já estar bem grandinha, mas ela quer
— Como ela está? — Henry perguntou preocupado. Já fazia dois anos que tinham se casado e Lucy tinha ficado grávida, a sala do parto estava cheia de médicos, e Henry só conseguia deixar que ela arranhasse sua mão enquanto tentava lhe dar apoio.— Está quase nascendo! — o médico anunciou. — Força! — ele pediu, Lucy fez o que pode e logo um choro estridente foi ouvido.O médico entregou a recém nascida para uma enfermeira e logo voltou sua atenção para Lucy novamente.— Tem mais um — o médico falou e Lucy fez outra careta de dor, e com o que ainda lhe restava de suas forças, ela fez o que pôde e o outro bebê logo nasceu e depois dos procedimentos foi entregue a outra enfermeira.Lucy se desmanchou na cama do hospital, Henry sentiu sua mão escorregar da sua então a olhou preocupado, mas recebeu um sorriso forçado indicando que ainda estava bem.— Espero ter te dado al
A chuva caia forte e incessante junto com o vento forte e gélido. Podia se ouvir o barulho do vento passando entre as árvores.Henry estava sozinho em casa — como sempre, aliás nunca tivera alguém que se importasse muito com ele. — e sem a mínima vontade de dormir.Ele morava sozinho desde seus 16 anos. foi um tempo difícil para ele, mas a fortuna que seus pais haviam deixado foi de grande e importante ajuda. Apesar de não ter lhe dado nenhuma felicidade até o momento.Ouviu fortes batidas na porta, — "quem viria aqui a essa hora e com essa chuva?" — ele pensou consigo mesmo, mas já desconfiava de quem poderia ser.Abriu a porta confirmando sua suspeita e dando passagem para Thomas Gray, um senhor de 40 anos, com duas filhas e uma esposa doente para cuidar, e cheio de dívidas devido ao tratamento de sua esposa e dividas antigas de jogos — mas essas já estavam todas pagas. — Por sorte ou talvez não,
Era sábado à noite, eu acabava de chegar da casa de minha avó. A noite estava muito fria, meu cabelo esvoaçava com o vento forte e gelado. Corri para dentro da minha pequena casa, queria muito ver minha mãe e irmã de novo, eu já estava a três semanas longe e isso era muito tempo. Minha avó estava doente e minha mãe à beira da morte, eu precisava urgentemente saber como ela estava.Entrei e fechei a porta logo em seguida, minha mãe vivia com febre e esse frio não iria fazer bem a ela. Deixei minha mala no chão e fui até seu quarto. Ela estava do mesmo jeito que a deixei há três semanas atrás, deitada na cama sem ânimo e nenhuma expressão no rosto.Era um rosto sem vida e emoção, ela fitava o teto como alguém que só espera a morte vir buscar e aquilo me fazia querer ir junto.- Mãe? - chamei fazendo Naiara se virar também.- Oi filha! - ela respondeu com a voz fraca. - Como você está? E sua avó melhorou?
— Eu não tive outra escolha, não podia ser a Nai, então tive que ser você...— O que o senhor quer dizer com isso? — perguntei confusa.— Te ofereci pro Henry, pra você ir ficar com ele. — Sentir uma lágrima descer pelo meu rosto, ele não podia estar falando sério. E quem pelo amor de Deus é Henry?!— O senhor me vendeu???? — gritei pra ele, agora não importava se tinha alguém escutando ou não. Aquilo passou dos limites ele não podia ter me trocado por dinheiro.— Eu não te vendi...— Vendeu sim! O senhor me trocou por dinheiro!!! — respondi irritada.— Eu não tive escolha, sua mãe piorou muito nas três semanas em que você ficou fora. — ele falou quase gritando também.Não consegui segurar minhas lágrimas, tudo culpa de uma maldita doença! E como se não bastasse, meu pai me vendeu!— Em que o senhor usou o dinheiro? — per