O dia estava meio abafado mais não muito quente, Henry estava tentando aos poucos voltar a sua rotina depois de ter finalmente tirado a faixa dos olhos. E eu estava ali, fitando o teto e morrendo de tédio, Luiza já tinha ido embora a mais de uma hora. Soltei um suspiro alto, o que fez Henry soltar uma risada baixa. Ele estava sentado na cama enquanto eu estava ali esparramada e morrendo de preguiça.
- O que foi agora? - ele perguntou rindo.
- Seria bom se eu também soubesse - respondi revirando os olhos.
Ele fechou o Nootbook e o deixou em cima da mesa, de repente já estava na minha frente apoiando os braços no colchão ao meu lado, ficando ainda mais perto. Um sorriso travesso apareceu em seu rosto.
- Posso tentar resolver seu problema... - ele diminuiu a distância entre nós e me beijou. Uma onda de arrepios subiu pelo meu corpo, abracei ele o puxando ainda mais pra mim. Senti seu sorriso vitorioso
Desde tudo o que tinha visto ontem, eu não conseguia parar de pensar na minha mãe. Ali sentada naquele sofá, tudo o que vinha na minha cabeça eram perguntas sem respostas, se ela tinha melhorado, se ficaria bem, o que aconteceria... e o pior. O que eu faria? Eu mesma não conseguia pensar naquilo e com certeza não aguentaria, como eu iria ser um apoio para Nai, sendo fraca desse jeito?Fui até a cozinha e tomei um copo d'água, despois da visita a minha mãe nada estava bem, tudo parecia estranho, o dia estava estranho. Eu não tinha animação para nada, não consegui dormir a noite e agora estava agoniada e desesperada por uma notícia qualquer dela.- Você não tá nada bem... - escutei a voz de Henry atrás de mim, não me dei o trabalho de virar, tomei de beber a água e guardei o copo, e elese esgotou na pia ao meu lado.- Realmente não - respondi dando de ombros. Ele olhou pra frente depois soltou um suspiro alto e me puxou fa
Ver o rosto de Karina tão pálido com aquelas flores em volta, me trouxe muita angústia, era a mesma coisa que ver minha mãe no caixão a anos atrás. Tomás, Lucy e Nai não paravam de chorar, Lucy estava abraçada a mim enquanto Nai estava agarrada a Tomas, era impressionante ver o quanto essas duas tentavam disfarçar suas próprias dores para conseguir apoiar alguém.Algumas pessoas apareceram no velório, deviam ser amigos de Tomas e Karina. Eu só conseguia olhar o rosto de Karina nquanto outras pessoas ofereciam suas condolências para Lucy ou Nai e Tomas. Nunca pensei que sóbria tanto ver mais alguém em um caixão.Já passávamos das três quando um homem apareceu do lado dizendo que teriam que enterrar o corpo e que eles tinham dez minutos para se despedir. Mas o que falar nesse pouco tempo? Não dava pra dizer quase nada em tão poucos minutos. Não dava Para dize
Henry...A semana passava lentamente e Lucy não dava qualquer sinal de vida, seu olhar estava sempre distante e sem emoção... A cada dia ela parecia mais distante de mim e isso era algo que eu não queria que acontecesse nunca!Já tinha se passado mais de uma semana desde tudo que aconteceu. Lucy já não comia direito e também quase não dormia. Nai tinha vindo passar a semana inteira aqui, e por um momento aquilo a deixou um pouco mais viva do que está agora, mas depois que Nai teve que voltar para casa, ela voltou a ficar triste e longe.- Desculpe... - Lucy disse se levantando do banco ao lado. - Mas não consigo comer.Eu a olhei preocupado, mas não consegui dizer nada... O que consegui foi apenas um dar de ombros e um olhar gelado.- Tudo bem querida - Luiza respondeu em meu lugar. - se sentir fome mais tarde, estarei aqui.- Obrigada! - ela respondeu
Acordei sentindo beijos suaves em meu rosto e em meu ombro. Não pude evitar um sorriso bobo ao lembrar da noite passada, tudo tinha acontecido tão rápido e fora tão intenso... O pedido, nossa jantar e principalmente nossa noite juntos. Senti seus lábios tocarem os meus suavemente e retribui seu carinho permitindo que ele me beijasse com todo o fervor.— Bom dia minha querida noiva! — ele sussurrou em meu ouvido dando uma leve mordiscada no lóbulo da minha orelha.— Bom dia meu querido noivo! — respondi com um sorriso, ele se afastou e acariciou meu rosto.Abri os olhos e pisquei algumas vezes até acostumar com a claridade, seus olhos azuis me encaravam com paixão e o que parecia ser admiração. Toquei seu rosto e o acariciei até chegar em seu cabelo fazendo ele se abaixar para mim.— Eu não resisto a você. — ele disse sussurrando.— Muito menos eu. — respondi fechando de vez o
As semanas passaram voando, Nai estava ainda mais ansiosa do que eu, quem acabou decidindo a data do casamento foi ela. Até Luiza já estava contagiada com a animação de Nai.E eu estava alí, na frente daquele espelho enorme de corpo inteiro com um vestido perfeito. Estilo "tomara que caía" com renda e a cintura justa. As maquiadoras que vieram aqui fizeram uma maquiagem leve que não deixasse meu rosto sobrecarregado, uma trança grossa e frouxa foi feita em meu cabelo e o véu foi colocado com uma pequena tiara de flores.— Você está tão linda. — Nai disse com uma voz manhosa.— Obrigada meu anjo. — respondi dando um beijo em seu rosto.— Não tá nervosa? — ela perguntou dando um pulinho. — eu tô super...— Eu tô tentando esconder isso, não atrapalhe meu disfarce. — ela soltou uma risada. Ela seria a dama de honra apesar de já estar bem grandinha, mas ela quer
— Como ela está? — Henry perguntou preocupado. Já fazia dois anos que tinham se casado e Lucy tinha ficado grávida, a sala do parto estava cheia de médicos, e Henry só conseguia deixar que ela arranhasse sua mão enquanto tentava lhe dar apoio.— Está quase nascendo! — o médico anunciou. — Força! — ele pediu, Lucy fez o que pode e logo um choro estridente foi ouvido.O médico entregou a recém nascida para uma enfermeira e logo voltou sua atenção para Lucy novamente.— Tem mais um — o médico falou e Lucy fez outra careta de dor, e com o que ainda lhe restava de suas forças, ela fez o que pôde e o outro bebê logo nasceu e depois dos procedimentos foi entregue a outra enfermeira.Lucy se desmanchou na cama do hospital, Henry sentiu sua mão escorregar da sua então a olhou preocupado, mas recebeu um sorriso forçado indicando que ainda estava bem.— Espero ter te dado al
A chuva caia forte e incessante junto com o vento forte e gélido. Podia se ouvir o barulho do vento passando entre as árvores.Henry estava sozinho em casa — como sempre, aliás nunca tivera alguém que se importasse muito com ele. — e sem a mínima vontade de dormir.Ele morava sozinho desde seus 16 anos. foi um tempo difícil para ele, mas a fortuna que seus pais haviam deixado foi de grande e importante ajuda. Apesar de não ter lhe dado nenhuma felicidade até o momento.Ouviu fortes batidas na porta, — "quem viria aqui a essa hora e com essa chuva?" — ele pensou consigo mesmo, mas já desconfiava de quem poderia ser.Abriu a porta confirmando sua suspeita e dando passagem para Thomas Gray, um senhor de 40 anos, com duas filhas e uma esposa doente para cuidar, e cheio de dívidas devido ao tratamento de sua esposa e dividas antigas de jogos — mas essas já estavam todas pagas. — Por sorte ou talvez não,
Era sábado à noite, eu acabava de chegar da casa de minha avó. A noite estava muito fria, meu cabelo esvoaçava com o vento forte e gelado. Corri para dentro da minha pequena casa, queria muito ver minha mãe e irmã de novo, eu já estava a três semanas longe e isso era muito tempo. Minha avó estava doente e minha mãe à beira da morte, eu precisava urgentemente saber como ela estava.Entrei e fechei a porta logo em seguida, minha mãe vivia com febre e esse frio não iria fazer bem a ela. Deixei minha mala no chão e fui até seu quarto. Ela estava do mesmo jeito que a deixei há três semanas atrás, deitada na cama sem ânimo e nenhuma expressão no rosto.Era um rosto sem vida e emoção, ela fitava o teto como alguém que só espera a morte vir buscar e aquilo me fazia querer ir junto.- Mãe? - chamei fazendo Naiara se virar também.- Oi filha! - ela respondeu com a voz fraca. - Como você está? E sua avó melhorou?