Henry...
Eu tinha ido buscar Lucy, assim como ficou combinado com Thomas, era para mim ter saído a duas horas atrás, mas não tive coragem. Na verdade estou até agora levantando os prós e contras de ir. Thomas disse que eu deveria ir hoje, mas eu não achava uma boa idéia, com certeza Lucy não gostaria!
Sai de casa e parei o carro em frente a uma floricultura, Karina gostava muito de flores então resolvi levar umas pra ela. Cheguei lá mais rápido do que eu pretendia, desci do carro pegando as flores e fui até a porta. Mesmo já estando lá eu não tinha coragem pra bater na porta, olhei por um tempo o sol poente, tentando criar alguma coragem.
Quando finalmente decide bater na porta alguém a abriu, era Lucy, ela estava mais linda do que na foto de Thomas.
Sai de casa e parei o carro em frente a uma floricultura, Karina gostava muito de flores então resolvi levar umas pra ela. Cheguei lá mais rápido do que eu pretendia, desci do carro pegando as flores e fui até a porta. Mesmo já estando lá eu não tinha coragem pra bater na porta, olhei por um tempo o sol poente, tentando criar alguma coragem.
Quando finalmente decide bater na porta alguém a abriu, era Lucy, ela estava mais linda do que na foto de Thomas.
Ela ergueu o olhar, parecia tão perdida quanto eu, seu rosto estava vermelho devido ao choro. Ela ficou ali parada com a mão na porta, eu devia me apresentar, mas ela já devia saber e o mínimo que ela faria seria bater a porta na minha cara ou pior, então só olhei pra ela que parecia estar travando uma batalha na própria cabeça. Eu estava pronto pra ir embora quando ela finalmente falou.
— E... precisa de algo?
— Vim ver Karina. — Falei a primeira coisa que me veio à cabeça, o que só aumentou sua desconfiança.
— Você conhece minha mãe?
— Sim. Ela está melhor?
— Como você sabe dela?
Será que ela não iria parar de fazer perguntas?! Eu não sabia bem o que dizer, aquilo com certeza seria bem difícil de explicar...
— Henry? Entre! — Thomas apareceu na porta. Eu não sabia se ficava aliviado ou preocupado, porque com certeza Lucy não me conhecia. Olhei pra ela e ela me encarava com os olhos marejados.
— Eii... — chamei em vão, ela virou as costas e saiu correndo. — Droga!
— Muito obrigado Thomas! — Falei com ironia.
— Não se preocupe com isso, ela já disse que vai. — ele falou me dando espaço para entrar.
— São para Karina. — falei mostrando as flores.
— Vem, vou te levar até lá. — segui ele até entrarmos em um quarto no fim do corredor , Karina estava deitada na cama, com sua filha mais nova abraçada a ela.
— Henry, quanto tempo! — ela me cumprimentou.
— Oi Karina, aqui é pra você.
— Obrigada Henry, sempre tão gentil não é mesmo?!
— Então esse é o Henry que vai levar a Lucy? — a menina perguntou se levantando.
— É sim! — Thomas respondeu.
Ela levantou e veio até mim, puxou um pouco meu braço e colocou a mão em concha perto da boca, com certeza ela queria falar algo então me abaixei um pouco, ela chegou mais perto e cochichou no meu ouvido.
— Lucy ama muito todos aqui, ela vai morrer de saudades, e quando isso acontecer, ela vai se fechar pra você e pra tudo... promete que vai trazer ela aqui pra me ver?!
Ergui a cabeça, e vi que ela ainda esperava uma resposta, lágrimas escorriam pelo seu pequeno rostinho, então confirmei com a cabeça.
— Obrigada! — ela deu um sorriso. Saiu do quarto e nos deixou sozinhos.
— Eu ainda acho que é uma má idéia Thomas...
— Ela já aceitou ir...
— Não foi bem o que pareceu agora .
— Vou falar com Nai pra levar as coisas pro carro.
— Tá bem! — ele saiu do quarto, sentei do lado de Karina e peguei sua mão, tão fria quanto o ar lá fora.
— Você é como uma mãe pra mim, — começou — Você é quem pode dizer o que devo fazer, sei que ela não quer ir, e que já sente raiva de mim.
— Não se preocupe com isso Henry, ela é assim, mas ela também é curiosa, vai querer saber mais sobre você...
— Eu vi muito bem os olhos dela pra concordar com isso.
— Enquanto ela estiver com raiva vai ser bem difícil, mas tenha paciência.
— Mesmo que eu tente, não acho que ela vá gostar de mim...
— É o que você quer não é?! — ela sorriu.
— Bom... Não quero que ela vá morar comigo, me odiando.
— Isso é passageiro, faça o que Nai te pediu, se quiser ter alguma chance com ela. Ela não costuma nutrir ódio pelas pessoas, ela simplesmente deixa pra lá. Mas não desiste daqueles que ama nunca, ela vai até o fim por eles.
— Prometo que vou trazê-lo para te ver.
— Tente conversar com ela depois.
Tudo ficou silencioso por um tempo, Karina apertou minha mão fazendo-a olhar de novo.
— Você deve ir agora, se a conheço bem, ela puxou a avó, e não gosta de prolongar um momento ruim, bem... pra ela é ruim, já que tem medo de nos deixar pra trás.
— Por que ela aceitou ir? — perguntei confuso.
— Ela é diferente, na verdade é como você... vai até o fim e faz tudo o que puder por alguém que ama.
— Não sei bem se sou assim, nunca fiz tanto por alguém, e não acho que sei direito o que é amar alguém de verdade.
— Na verdade fez sim, você fez muito por mim Henry, você não cobrou nada, meu marido que é muito orgulhoso.
— Mas vocês salvaram minha vida! — E aquilo era a pura verdade, eles apareceram na minha vida em um momento crucial, quando eu mais precisei.
— Vai Henry, ela deve estar esperando.
— Tchau Kari, fique bem!
— Pode deixar!
Me despedi dela, de Thomas e de Naiara que estava na porta.
— Você prometeu! — ela disse enxugando as lágrimas.
— É claro flor, eu vou cumprir com minha promessa, pode deixar!
Sai dali, e entrei no carro, eu queria que ela fosse comigo, talvez fosse bom ter companhia depois de tanto tempo sozinho naquela casa enorme. Mas ainda achava ridículo tudo isso, e não queria que ela ficasse com raiva de mim.
— Você não precisa ir...
— Meu pai não vai me deixar ficar. — ela me interrompeu.
— Mas... — ela negou com a cabeça, então decidi não falar nada. Só liguei o carro e sai dali, pouco tempo depois cheguei em casa e guardei o carro na garagem, descemos ainda sem falar nada, abri o porta-malas , peguei a mala dela e ela pegou sua caixa. Fui na frente abrindo a porta pra ela que entrou e parou perto das escadas, com certeza esperando que eu mostrasse seu quarto.
— Você não quer conhecer a casa? — perguntei já sabendo a resposta.
— Será que dá pra você me dizer onde vou ficar? — ela perguntou ignorando minha pergunta.
— Claro... — eu não queria irritá-lo então fiz o que ela pediu, segui em frente, subi as escadas com sua mala na mão. Eu teria que pedir para Luiza comprar umas roupas pra ela. Ela vinha atrás sem a mínima animação, abri a porta do quarto ao lado do meu e entrei e ela fez o mesmo, olhando o quarto todo, depois foi até a varanda e ficou ali olhando por um tempo.
— Bom...esse é o banheiro. '' abriu a porta do lado direito. — quanto ao resto você pode organizar como quiser.
— Tá.
— Até mais. — falei saindo logo dali.
Desci as escadas e me lembrei que ainda tinha algo para entregar, fui até o carro e peguei um envelope que Karina deixou comigo e subi de novo as escadas. Entrei no quarto e Lucy estava tirando a blusa, mas a abaixou assim que me viu.
— Me desculpe, só vim entregar isso. — falei meio envergonhado.
— O que é isso? '' ela perguntou.
— Sua mãe pediu pra entregar.
Ela tirou as fotos pra fora, olhou e depois colocou tudo dentro de novo.
— Obrigada!
— Não há de que... com licença.
Eu disse e saí logo dali ela não queria falar muito comigo então era melhor deixar pra depois.
O tempo passou rápido, já eram quase oito horas da noite e Lucy não tinha dado as caras. O jantar já estava pronto então resolvi ir lá.
Subi as escadas e logo cheguei na porta, bati duas vezes e nada de ela abrir ou responder, abri a porta e entrei, ela dormia encolhida em um canto da cama. Fiquei na frente dela, ergui a mão para tocá-la, e percebi que ela devia estar tendo algum sonho ruim, pois ela estava chorando.
— Lucy? — chamei e sacudi um pouco. — Lucy acorda!
Ela acordou e sentou enxugando as lágrimas com as costas das mãos, ela me olhou e se afastou um pouco, eu não entendi muito bem aquilo já que eu só acordei ela.
— Você está bem? — perguntei.
— Bem? — ela perguntou irônica. — E tem como eu estar bem?
— Eu estava preocupado!
— Ah, e você se preocupa com alguém? Achei que só se preocupasse com seu umbigo.
— Mas é claro que eu me preocupo. — respondi irritado.
— Ah mas é claro que sim! Você não se preocupou comigo em nenhum momento. Você simplesmente aceitou a oferta que meu pai fez...
— Eu não queria isso, seu pai insistiu.
— Agora você quer jogar toda a culpa nele não é?
— Eu não fiz isso em momento algum. — respondi tentando acalmar- me acalmar.
— Se quer saber, eu te odeio. Odeio com todas minhas forças. Pra mim você é um monstro! — ela gritou.
— Eu não queria que isso acontecesse, isso não é motivo pra me odiar tanto!
— Pra mim é sim.
Aquilo estava me deixando tenso, aquela garota era realmente muito difícil quando estava com raiva.
— Olha... — Comecei devagar pra ver se ela iria me deixar falar. — Só vim te chamar pra jantar.
— Não quero!
— Não acho que seja uma boa ideia ficar sem comer, e eu não posso comer tudo sozinho...
— Mas que droga... Por que não chama seus pais então, por acaso eles te largaram por ser tão irritante?
Não era pra ter acontecido, mas com aquelas poucas palavras ela conseguiu abrir uma ferida que eu pensei estar curada a muito tempo. Me afastei e serei mais os punhos. Por que ela era tão cruel? Se ela queria me irritar, já tinha conseguido e de primeira, mas eu não deixaria ela ver me fraqueza ali, não mesmo! Sai do quarto pisando forte e batendo a porta.
Eu tinha perdido a fome, entrei direto pro quarto e bati a porta. Uma raiva enorme tomou conta de mim, ela não podia ter feito isso comigo!
Comecei a quebrar tudo dentro do quarto, derrubei a mesa com tudo que estava em cima, vasos que estavam espalhados pelo quarto foram todos pro chão ou pra parede. Naquela hora nada me importava eu só queria tirar minha raiva pra fora, então quebrei tudo que eu podia. Quando já não tinha mais o que quebrar, olhei pra foto deles e comecei a chorar. Chorar de raiva, frustração e principalmente dor, muita dor, aquela sensação de estar perdido no escuro tinha voltado. Eu chorei porque a saudade e a raiva eram grandes demais...
Lucy...Nunca pensei que veria ele nervoso, e como isso assusta! Henry saiu do quarto muito nervoso, ele bateu a porta com força, depois escutei ele fechar outra porta — devia ser a do próprio quarto — com bem mais força. Era no quarto ao lado, fiquei parada escutando — eu não entendi bem o motivo, não sei se era pura raiva ou se eu tinha dito algo errado, apesar de que eu não estava com a mínima paciência. — ele não fez barulho algum por um tempo, mas de repente algo grande caiu no chão, fazendo barulho de coisas se quebrando. Ele jogava coisas na parede, deviam ser vasos de vidro pelo barulho.Tentei tapar os ouvidos, aquilo estava me assustando e eu não queria escutar mais nada, mas não adiantou... Mas do nada a barulheira parar, tirei as mãos dos ouvidos e não escutei mais nada.Levantei-me e fui até a parede, agora eu precisava escutar algo, qualquer coisa, porque aquilo estava me deixando preocupada. Ele estav
Henry...Desde de ontem eu não tinha ânimo pra nada, Lucy mesmo sem saber conseguiu tocar no meu ponto fraco e abalar minha vida. Falar sobre meus pais era algo que eu não conseguia fazer, - pelo menos não sem ter uma grande recaída. - e Lucy ter falado aquilo realmente me deixou irritado.Ela tinha raiva de mim por eu ter aceitado a proposta do pai dela, e eu estava com raiva por ela ser tão arrogante. Karina havia avisado que ela era difícil mas não que era cruel.Passei o dia todo no escritório que era do meu pai, arrumando não sei o que. Na verdade era só mais uma desculpa pra não ter que enfrentar aquela fera!Luiza me trouxe o almoço, mas eu não estava com a mínima fome, então pedi para ela levar de volta, ela quase me mata com o olhar. Aquela ali não me engana, apesar de parecer uma senhorinha simpática, é muito brava. Continuei ali por um bom tempo sem fazer nada, apesar de agora ter companh
Lucy...Acordei sentindo o sol no rosto, me espreguicei sentido a cama macia, mas eu não fazia ideia de como fui parar ali. Me lembro de ter falado pra Luiza que não iria dormir, mas acabei pegando no sono e não me lembro de ter me levantado ou como vim parar aqui. Me levantei e fui escovar meus dentes, depois desci pra cozinha.— Bom dia! — eu disse dando um beijo no rosto de Luiza.— Bom dia, querida! — ela respondeu sorrindo. — Você não parece uma fera... — ela disse pensativa.— Mas quem disse que eu sou uma fera?— Amnh... — Ela abriu a boca sem dizer nada.— Ah claro, foi ele não foi?— Bom, ele disse que eu não achava isso porque não te vi com raiva.— É que eu tratei ele muito mal no primeiro dia que vim.— Sim... mas e você, dormiu bem?— Igual uma pedra! — ela riu. — Por falar
O relógio já marcava quase nove horas da manhã e eu ainda não tinha a mínima vontade de descer e esbarrar com Henry. Eu ainda estava meio chateada com tudo o que aconteceu ontem, mas eu não tinha pra onde correr e teria que descer, teria que enfrentar alguém que não me suporta.Levantei-me e fui até o banheiro, escovei meus dentes e lavei meu rosto, depois amarrei meu cabelo. É só mais um dia! Talvez eu consiga.Dei de ombros e desci as escadas indo direto pra cozinha, como sempre Luiza já estava lá limpando tudo.— Bom dia! — falei dando um beijo no rosto dela.— Bom dia! — ela respondeu sorrindo. — Melhorou o humor? — ela perguntou.— É acho que sim. — falei dando de ombros, e indo me sentar no banco do outro lado do balcão.— Você estava muito nervosa ontem... — ela me deu bolo e suco.— Não sei bem o que deu em mim ontem.
Henry... Não sei porque agi daquele jeito com Lucy, eu não queria ter brigado com ela, não devia! E agora eu estava me sentindo um idiota arrogante por ter inventado uma mentira tão descabida, e me sentia pior ainda por saber que ela acreditou. Ver a cara dela e os olhos cheios de lágrimas fez eu me sentir um monstro.Entrei na porta da cozinha já decidido a ir atrás dela, pedir desculpas e dizer que tudo era mentira. Mas não sai da cozinha, Luiza já me fuzilava com os olhos, ela devia estar uma fera comigo. Soltei um suspiro e me virei pra ela, eu sabia que ela queria falar comigo, então fiquei por lá.— O que você fez? — ela perguntou com um olhar ameaçador.— Com certeza não foi só uma briga! — ela falou mais irritada ainda.— A gente só discutiu. - falei dando de ombros. — Talvez eu tenha falado algo demais...<
Lucy...Eu não tinha entendido nada do que aconteceu, Henry parecia tão assustado e preocupado... nunca pensei que veria ele assim e ainda mais vindo me abraçar depois de tudo que aconteceu e depois de todas as brigas que a gente teve. Ele não quis me dizer o que era, mais ficou agarrado em mim por quase meia hora, demorou um tempo até ele ir deitar. Me levantei da cama e fui até o banheiro lavar meu rosto e escovar meus dentes. Depois desci as escadas e fui até a cozinha, como sempre lá estava Luiza preparando o café da manhã.— Bom dia! — falei dando um beijo no rosto dela e fui me sentar depois.— Bom dia querida! — ela respondeu com um sorriso no rosto. — Dormiu bem? — ela perguntou.— Sim, dormi. — respondi, ela colocou um prato com panqueca pra mim e me deu um copo de suco.— Henry te pediu desculpas?— Ele não chegou a me pedir desculpas...
Pegamos as sacolas e saimos, Henry pagou tudo e pediu para alguém por as sacolas no carro dele, com certeza deve ter ficado cheio. Depois fomos ver o filme que já estava quase começando, sentamos na última fila, e não sei porque, Nai fez o favor de colocar Henry no meio de nós duas. Mas não pensei muito nisso o filme logo começou... Duas horas depois o filme havia terminado, alguns reclamavam do final, por ser muito sem graça,— palavras deles, não minha porque eu adorei. — Nai não parava de comentar sobre o filme, ela era uma romancista de primeira, já da pra saber o que ela achava né?! Como esperado dela, ela disse que devia ter mais romance, que a garota tinha que ter ficado com o garoto, e por ai vai...Henry escutava ela com a maior paciência do mundo, e ele não deixava ela falando sozinha, sempre estava dando sua opinião seja concordando ou discordando.— Estão com fome? — Henry, per
Acordei com o quarto todo claro, olhei pela janela e dava pra ver que o sol já estava bem alto, olhei o relógio perto da porta e ele já marcava 09:30, fui escovar os dentes e Nai ainda dormia.— Nai? — chamei. — Nai, acorda! Tá na hora de levantar.— Eu não quero levantar... — ela resmungou. — Me deixa dormir mais...— Não! — falei puxando a coberta dela.— Lucy... por favor, vai?! — ela disse puxando a corbeta de volta pra esconder o rosto.— Você já dormiu demais!— Sua chata! — ela disse brava.— Anda logo!— Estou indo...Ela levantou da cama cheia de preguiça, e foi escovar os dentes enquanto eu arrumava a cama. Quando ela terminou descemos as escadas e fomos pra cozinha, e como sempre Luiza já estava lá nos esperando, servindo o café.— Achei que vocês não iri