Henry

Era um homem alto e forte, ele era loiro dos olhos azuis. Fiquei parada na porta sem saber direito o que fazer, eu nunca tinha visto esse cara na minha vida e não fazia ideia do que ele queria aqui, ainda mais com um buquê de flores na mão!

Ele me olhou com uma cara de preocupado e deu um sorriso, um sorriso lindo por se dizer! Eu sei que deveria dizer algo, qualquer coisa mas não consegui. Ele devia estar pensando que estava louca, mas na verdade eu me sentia um pouco perturbada. Era como se eu tivesse olhando pra alguém que já fazia parte da minha vida, era como se o conhecesse...

Ele deu um passo pra frente me fazendo ficar mais nervosa do que já estava, depois ergueu a mão devagar até meu rosto e limpou uma lágrima, me fazendo perceber só agora que eu estava chorando. 

— E... precisa de algo? — perguntei achando que ele tinha errado de casa.

— Vim ver Karina. — ele respondeu. 

— Você conhece minha mãe?! — perguntei entrando mais ele.

— Sim. Ela está melhor? — ele perguntou. 

— Como você sabe dela? — perguntei confusamente, eu nunca tinha visto ela e ele conhecia minha mãe e sabia sobre ela?

Ele fez uma careta — nem fazendo careta ele ficava feio! — passou a mão no cabelo e soltou um suspiro. Devia ser difícil explicar...

— Henry? — escutei a voz de meu pai, e senti um baque no peito. — Entre! — meu pai apareceu atrás de mim abrindo mais a porta.

Será que eu tinha mesmo escutado direito? Olhei pra ele, e minhas lágrimas aumentaram, então era ele que iria me levar embora? Ele que me tiraria de quem eu mais amava? Ele me olhou com atenção e percebeu o porquê de eu estar chorando de novo.

— Eii... — ele chamou, mas não escutei. Sai correndo pro meu quarto e fechei a porta, eu não queria escutar ele. Eu até começara a gostar dele, mas eu pedia aos céus que ele não viesse me buscar.

Me joguei na cama e chorei. Como alguém tão lindo como ele podia concordar com tudo aquilo? Será que ele não pensou nem um pouco que iria me fazer sofrer? Que eu não gostaria de ir? Ou que eu queria ficar com a minha mãe quando ela mais precisava?!

Nai entrou no quarto vindo deitar do meu lado na cama, ela me olhou já entendendo tudo. Eu não precisava e nem queria falar nada, ela simplesmente me abraçou e ficou passando a mão no meu cabelo enquanto me deixava chorar sem perguntar nada. A gente ficou assim por um tempo, depois ela me soltou e sentou ainda me olhando. 

— Papai mandou levar suas coisas pro carro do Henry... — ela falou baixinho.

— Está bem. — respondi no mesmo tom.

— Tem certeza? — ela perguntou. 

— Sim, leva a mala que eu levo o resto.

-— Tá. — ela respondeu. 

Ela saiu arrastando a mala e eu peguei as outras poucas coisas que eu tinha, me doía ter que ir mas eu não facilitaria a vida dele nem um pouco, ele estava muito errado se achava que eu seria sua amiguinha, ele iria saber o que é ser odiado por alguém. Nai saiu e eu deixei minha caixa na mesa perto da porta e fui até o quarto da minha mãe e abri a porta, fazendo todos me olharem. Ela estava sentada na cama, com o buquê de Henry na mão. 

Passei por eles e fui até minha mãe, ela deixou o buquê de lado e abriu os braços, me ajoelhei no chão e a abracei, ela deixou sua cabeça em cima da minha e passou a mão no meu cabelo.

— Sinto muito, filha... — ela sussurrou em meu ouvido.

— Não é culpa sua mãe! — falei.

— Mesmo assim...

— Eu disse que não precisava disso, Thomas. — Henry disse pro meu pai. 

Me levantei e dei um beijo no rosto da minha mãe, e me virei encarando ele.

— Não adianta querer tirar sua culpa! — eu quase gritei. — Tchau pai! — Minha mãe me olhava com lágrimas no rosto. — Te amo mãe. 

— Também te amo, filha... — ela falou limpando o rosto.

Sai do quarto, Nai me esperava na porta. Ela já tinha deixado minhas coisas todas no carro, dei um abraço forte nele.

— Eu volto pra te ver, tá bom?

— Uhum. — ela respondeu chorando e me abraçou de novo. — Eu te amo Lucy...

— Também te amo, meu anjo!

Sai deixando ela para trás, abri a porta do carro e entrei, tirei a sandália e coloquei os pés no banco abraçando meus joelhos. 

Pouco tempo depois Henry saiu pela porta, e entrou no carro.

— Você não precisa ir... — ele falou baixo.

— Meu pai não vai me deixar ficar. — Falei a primeira coisa que me veio à cabeça. 

— Mas... — ele começou de novo, mas eu neguei com a cabeça e ele não disse mais nada. Olhei pela janela, meu pai estava na porta me olhando, eu não queria encará-lo, então simplesmente abaixei a cabeça e abracei mais meus joelhos.

Henry deu partida no carro e saiu. Agora era definitivo, tudo ficaria para trás e eu não poderia mais voltar... maldita dívida que meu pai foi fazer! Não poderia mais ver minha família tão cedo. Eu queria ter conhecido Henry em outra ocasião. Porque pra mim, agora ele parecia um monstro. Que não pensava em ninguém além de si mesmo. Continuei chorando, era muito ruim ter que sair e deixar o lugar em que cresci e toda minha vida para trás. Henry continuou dirigindo e não disse mais nada, era melhor assim, eu precisava de silêncio pra tentar achar algum consolo na solidão. Porque eu não iria ser amiga dele, não . Quase meia hora depois, ele entrou com o carro na garagem de uma casa enorme. Desci do carro e naquele momento minha ficha caiu, não tinha mais volta e tudo ficou pra trás.

Henry pegou minha mala no carro e eu peguei minha caixa, ele abriu a porta da casa e me deu espaço pra entrar e depois fechou a porta. Era uma casa enorme, mas eu não estava com a mínima vontade de conhecer, esperei ele passar na minha frente pra me mostrar o caminho até o quarto em que eu ficaria. Mas ele não seguiu, parecia querer falar algo, só que eu não queria ouvir nada vindo dele.

— Você... Não quer conhecer a casa? — ele perguntou com receio, já devia saber a resposta.

— Será que dá pra você me dizer onde vou ficar? — perguntei seca.

— Claro. — ele respondeu sem graça. 

Ele passou na minha frente e foi até as escadas, fui atrás dele, subimos as escadas que eram meio encurvadas e largas, havia vários quartos naquele corredor, ele foi até o penúltimo quarto do corredor e abriu a porta entrando primeiro. Entrei logo depois dele, o quarto era muito grande, as paredes eram pintadas de branco, o chão era quase todo forrado com um tapete macio, a porta para varanda era de vidro e tinha uma grade branca. Fui até a varanda ver como era a vista, e era linda, dava para ver campos ao longe e um grande lago bem perto.

— Bom... — ele fez chamando minha atenção. — Esse é o banheiro, — ele abriu uma porta dentro do quarto. — Quanto ao resto, você pode organizar como quiser.

— Tá.

— Até mais! 

Não respondi, apenas balancei a cabeça. Ele deixou minha mala perto do guarda roupa e eu coloquei minha caixa em cima da mesa, era pouca coisa pra arrumar, mas eu precisava de um banho primeiro. Eu já estava quase tirando a blusa quando ele entrou de novo no quarto.

— Me desculpe, só vim trazer isso. — ele me entregou um pequeno envelope.

— O que é isso? — perguntei.

— Sua mãe mandou entregar. — ele respondeu. Abri o envelope e estava cheio de fotos nossas juntas. 

— Obrigada! — falei.

— Não há de que... com licença. 

Ele saiu e fechou a porta, me deixando sozinha de vez. Deixei as fotos com as outras e fui pro banheiro... tomei o banho mais demorado que pude, eu precisava me controlar um pouco porque a vontade de fugir dali era grande e a vontade de quebrar tudo então...

Terminei meu banho e fui arrumar minhas coisas, eram poucas então terminei rápido e como eu não estava com mínima fome então fui deitar, e que cama enorme! Era uma cama de casal, grande e macia, fitei o teto por um instante e acabei pegando no sono.

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