Após aquele maldito dia, seguido de uma noite tão mal dormida, ele só queria ficar com Miranda em algum lugar calmo. Saíram após o lanche da tarde. Hoje, excepcionalmente, ele não tinha nenhuma música pra compor, escolher, decorar ou ensaiar. Ela também, sendo um dia qualquer, não teria aulas com Matahun, nem exames, nem havia reservado hora na Biblioteca do Hotel. Tudo o que deveriam ter feito foi finalizado antes da última refeição daquele dia. Sim, aquele hotel tinha uma biblioteca, dentro da área reservada para Very Important People.
─ Pra onde estamos indo, Dylan? – Miranda disse, enquanto abraçava o namorado pelas costas. Os dois caminhavam na praia, descalços, e a areia fofa estava quente, relaxando ambos. O sol logo iria se pôr e Dylan queria assistir a tudo de cima de uma pedra, naquela Piscina Natural a que tantas vezes havia ido com ela.
E os dois subiram na van, que seguiu direto para Pequim, lugar onde ficariam por três semanas, quando finalmente tocariam em um evento de porte grande.A China estava estrategicamente posicionada entre os amantes de tecnologia e as legiões mais carismáticas do Inferno. Eles tocariam no festival Agrícola do país, e arrasariam. Para isso, Celine exigiu que todos se distanciassem o máximo possível de seus laços fora da banda. Inclusive os membros da equipe técnica não deviam manter contato com parentes. Sim, porque a maior parte da equipe era composta por humanos. Inclusive os membros da banda era meros mortais, sem nem um pingo de sangue sobrenatural (pelo menos conhecido) Apenas Dylan, Celine e o técnico de som, Amadeu, que tinham sangue sobrenatural.Além disso, ninguém na banda sabia da condição especial dos três, mas isso também nã
POV MIRANDA─ Emergência, emergência, saiam da frente. Gestante vítima de incêndio. Inalou muita fumaça.Aquelas vozes pareciam cada vez mais distantes. Algumas imagens de luzes, alternando o claro com o escuro, confundiam minha mente. Sentia que me levavam com pressa pra algum lugar…─ Estou aqui… vai ficar tudo bem… – alguém falou ao meu ouvido e senti que segurava minha mão.Seria Dylan? O que aconteceu? Não consigo me mexer, acho que me prenderam em alguma coisa.─ Desculpa senhor, daqui em diante você fica – Uma voz desconhecida falou e a mão que me segurava de repente se desprendeu da minha.─ Um, dois, três. – Me retiraram de onde eu estava, agora estava numa cama. Comecei a me dar conta do que estava acontecendo. Uma luz pequena foi focalizada nos meus olhos, e contraí minhas pálpebras. – Re
POV MIRANDAInspiro e expiro, inspiro e expiro. Minha cabeça dói com a claridade desse quarto, mas sei que, graças a Deus, é meu último dia nesse hospital. Tenho saudades de sentir o calor do sol e de caminhar na areia fofa com meu anjo. Ele tem andado tão estranho, e nossas conversas… Espera! Conversas não, nossos monólogos ensaiados, têm sido cada vez mais raros. Ele me disse que precisava falar comigo, mas que não voltaria até o final do mês, o que é daqui a quase duas semanas ainda!Isso é tão complicado!Penso que ele deve estar chateado comigo porque eu entrei naquele prédio em chamas, mesmo ele sendo contra. Sei que foi irresponsabilidade da minha parte, mas apenas não poderia ficar lá fora, esperando simplesmente dezenas de crianças inocentes serem queimadas.Ah! Não! Eu nunca
— Acorda bela adormecida… – Matahun entrou no quarto já escancarando a velha cortina marrom, expondo os raios de sol diretamente no rosto dela.Miranda se revirava na cama, e cobriu o rosto com o lençol. O feiticeiro, sem pedir licença, puxou-o do seu rosto.— Acorda ou não vamos conseguir chegar a tempo. Daqui a Pequim é longe e, bom, não iremos até lá por meios convencionais.— Ai! O que é isso? Por que não podemos simplesmente pegar um avião, um trem, um carro qualquer e ir? – Miranda disse, protestando contra a atitude dele.— Porque não. Agora levanta, antes que eu traga um balde de água fria e jogue em você. Estou com fome também, vamos tomar café no caminho.— Ui, o grande feiticeiro tem fome – ela disse, jogando o travesseiro nele.— Cinco minutos e tô saindo
POV DYLAN“Eu vou destruir o seu coração em mil pedaços, e o que farei com o meu? Que vive dentro do seu?” (Dylan)Como os dias passaram sem eu perceber! Ao mesmo tempo que estava feliz porque reveria minha Miranda, estava apavorado. Essa era a palavra certa. Terminaria com ela e isso para mim seria o fim do mundo.O pior é que durante todos esses dias, Miranda me enviou tantas fotos, tantos áudios do nosso bebê, e eu, me sentindo um covarde, não podia sequer comentar o quanto ficava feliz. Mas meus olhos se enchiam de lágrimas ao ouvir as batidas do coração de nosso filho.Ou filha.Todos esses dias fiquei pensando: Será que vou chegar a vê-lo? Carregá-lo no colo?A imagem do que me espera me aterroriza, mas não mais do que imaginar o que Celine poderá fazer com Miranda caso não ceda, temporar
POV MIRANDA"Você pensa que alguém te ama, e que pela primeira vez você foi importante. Depois descobre que isso nunca aconteceu de verdade." (Miranda)— Onde você está indo, Miranda – Matahun grita, enquanto corre desesperado atrás de mim. — O que aconteceu lá?Saí descontrolada pelo portão principal daquela casa de show, esbarrando em qualquer um que estivesse na minha frente. Eu já tinha percorrido toda a avenida principal, a mesma que, na ida, tinha me incomodado pela quantidade de imagens que mostravam Dylan feliz. Não, não era apenas marketing. Ele realmente estava feliz lá, estava em casa e, claro, eu não cabia mais no mundo dele! Não faço a menor ideia de onde estou indo, mas a raiva, o ódio e principalmente, a decepção que tive estão me guiando. Não sei pra
POV DYLANO barulho das águas do mar contra as pedras me fazia ter mais vontade de ficar dormindo ali, sem me importar em estar completamente encharcado. Aquele ritmo perfeito do som das ondas quebrando na areia só poderia ter sido criado em sincronia com toda a dor que meu coração sentia naquele momento. Eu não queria abrir meus olhos, porque sabia que teria que encarar a realidade. A cruel e implacável realidade da minha vida agora, sem Miranda.Optei por continuar naquela posição mais um pouco, revivendo os momentos mais felizes que passei na minha vida. Ainda de olhos fechados, lembrei daquela festa, na qual nem eu estava interessado, mas Benjamin estourou tanto com meus neurônios enchendo o saco que tive que ir. Não sei por que ele tem, ou tinha né, essa “coisa” de que todos nós estivéssemos juntos quando ele encontrasse Miranda.<
POV MIRANDAMinha cabeça girava pela confusão de sons estranhos que permeavam o ambiente. Era uma sinfonia de notas nunca antes ouvidas. Não conseguia abrir meus olhos, pois uma gama de tons inéditos me entorpecia e senti que ia cair novamente. Já era a terceira vez que tentava me levantar, mas toda vez que tentava, o fazia rápido demais. Matahun até quis me ajudar, mas eu o acertava, instintivamente, sempre com força suficiente para derrubá-lo. Ao olhar para ele, conseguia ver sua alma, assim como quando estava na festa de máscaras e encarei os meninos pela primeira vez. O que será que isso significava?Minha cabeça e minhas costas doem. Parece que eu estou novamente trabalhando em pé o dia todo, como em Scottsdale. Estou deitada, abraçando minhas próprias pernas há mais de meia hora e não tenho a menor ideia de como fazer para tudo isso