O carro deslizava silenciosamente pela estrada sinuosa que levava à mansão. Através da janela, observei os vinhedos banhados pela luz prateada da lua, sombrios e quase melancólicos. O motorista mantinha os olhos fixos na estrada, discretamente ignorando a tensão palpável entre nós no banco traseiro.Christian estava sentado com a cabeça recostada, os olhos fechados, mas não dormia. A exaustão física e emocional estava evidente em cada linha de seu rosto. Quando finalmente quebrou o silêncio, sua voz saiu rouca, baixa:— Você não precisava ter feito isso.Mantive meus olhos na paisagem que passava, como se os contornos escuros das vinhas pudessem oferecer algum conforto.— Não fiz por você — respondi, uma amargura que não consegui esconder colorindo minhas palavras. — Fiz pelo seu avô.— Mesmo assim — insistiu ele, e pelo canto do olho, percebi que havia aberto os olhos para me olhar. — Obrigado.Senti seu olhar sobre mim, mas recusei-me a encará-lo. Temia que se o fizesse, ele veria d
Fechei a porta do quarto de hóspedes e me joguei na cama, exausta física e emocionalmente. Precisava falar com alguém que entendesse minha situação, alguém que me conhecesse melhor do que eu mesma. Peguei o celular e disquei o número tão familiar.— Zoey! — A voz de Annelise explodiu do outro lado da linha após apenas dois toques. — O que significa essa mensagem maluca sobre casamento? Está bêbada? Drogada? Sequestrada?Não pude evitar um sorriso cansado, mesmo em meio ao turbilhão de emoções.— Nenhuma das alternativas. Estou perfeitamente sóbria e agindo por vontade própria.— Então você vai se casar com um homem que, segundo você mesma, não ama? — A voz incrédula de minha irmã me fez fechar os olhos por um momento.— Exatamente.— E você diz que eu sou a irmã confusa da família. — Pude praticamente visualizar Annelise revirando os olhos do outro lado da linha. — Zoey, você precisa se decidir. Ou você o ama e se casa, ou não o ama e segue sua vida. Pessoas normais não se casam com q
Os corredores de pedra pareciam infinitos enquanto Christian me guiava através de uma parte da propriedade que eu não conhecia. A cada passo, o ar ficava mais fresco, o silêncio mais denso. Minha respiração havia voltado ao normal, embora as lágrimas secas ainda deixassem marcas em meu rosto.— Onde estamos indo? — perguntei finalmente, minha voz ecoando levemente nas paredes de pedra.— Para o meu lugar favorito em toda a propriedade — respondeu ele, sem soltar minha mão.Descemos por uma escadaria circular de pedra até chegarmos a uma pesada porta de madeira. Christian digitou um código em um painel discreto e a porta se abriu com um suave clique.— Bem-vinda à adega principal da Bellucci.Entrei, e meu fôlego imediatamente se perdeu. O espaço era imenso, muito maior do que parecia possível, iluminado por luzes suaves que criavam sombras dançantes contra as paredes de pedra antiga. Fileiras e mais fileiras de barris de carvalho se estendiam pelo ambiente, alguns tão grandes que eu p
Eu estava mesmo fazendo isso.Andava de um lado para o outro na antessala do salão de festas do Hotel Milani, um dos lugares mais luxuosos da cidade, tentando convencer a mim mesma de que aquilo era uma boa ideia. Contratar um gigolô para fingir ser meu noivo? Deus me perdoe, mas eu não tinha escolha.Meu ex-noivo estava prestes a se casar. E não com qualquer pessoa, mas com a minha ex-melhor amiga. Sim, eu fui duplamente traída, num pacote "compre um, leve outro" que eu nem sabia que estava assinando. Se existisse um programa de fidelidade para otárias, eu já teria acumulado pontos suficientes para resgatar um tapa na cara e uma passagem só de ida para o fundo do poço.Ignorar o casamento? Era o que eu queria. Mas Elise fez questão de me ligar pessoalmente! Claramente ela estava querendo rir de mim, me humilhar. Mas eu não podia perder aquela briga. Então disse que iria. Mas pior: eu disse que iria acompanhada pelo meu noivo incrivelmente gato e rico!— Rico? — Ela riu, parecendo não
Meu coração congelou, ao ver Elise novamente, olhando diretamente para mim como se estivesse pronta para me desvendar, me desmascarar, me humilhar. Mas para meu alívio, ela logo foi puxada para os preparativos finais. A cerimônia estava prestes a começar.Eu já esperava que assistir à cerimônia fosse um pesadelo, mas, sinceramente? Nada poderia ter me preparado para aquilo. Sentada no banco, segurando firme a mão de Christian, eu tentava manter minha expressão neutra enquanto Elise e Alex trocavam votos de amor eterno. A cada "você é o amor da minha vida", minha vontade era de me levantar e gritar "TRAIDORES".Cada frase me atingia como um tapa. E se eu fechasse os olhos por um segundo, conseguia me lembrar do dia em que Alex me disse exatamente as mesmas palavras.Minha mão apertou a de Christian com tanta força que meus próprios dedos doeram.— Se continuar apertando assim, vou acabar sem circulação, amorzinho — ele sussurrou.— Desculpa. Estou tendo um leve surto interno.— Perceb
Se eu achava que a festa de casamento era luxuosa, então o que dizer do lugar para onde Christian me levou depois?Uma penthouse absurda, no topo do Hotel Milani, com uma vista panorâmica da cidade, piscina privativa e uma decoração que gritava "eu sou rico e não preciso nem olhar os preços no cardápio".E eu… bem, eu estava completamente deslumbrada. Mas também atordoada, como se a noite inteira tivesse sido um filme em que eu não pertencia ao elenco principal.— Céus… — soltei, girando no meio da sala, absorvendo cada detalhe do ambiente. Um minibar gigantesco, um sofá maior do que meu quarto inteiro, um lustre que provavelmente valia mais que meu carro. Bem, eu não tinha um carro. Mas valeria menos que aquele lustre, se eu tivesse.E, claro, uma piscina iluminada de borda infinita que parecia ter saído de um filme.— Isso aqui é insano! Como você pode bancar uma coisa dessas? Se você gasta essa grana toda com cada cliente, tá saindo é no prejuízo, viu?Christian riu, aquele riso gr
Meu coração bateu mais forte.Ele soltou o cinto, abriu a calça e a deixou cair, revelando a cueca preta colada ao corpo. E eu juro que quase esqueci de respirar. Cada músculo, cada linha do corpo dele parecia esculpida para o pecado. Ele sabia disso.Ele nadou até mim com calma, como se tivesse todo o tempo do mundo. Mas seus olhos diziam outra coisa. Ele estava com fome. De mim.Por um instante, hesitei. Um estranho que fingia ser rico durante o dia e que agora me olhava como se eu fosse especial. O que eu estava fazendo? Mas então lembrei de Alex, da forma como ele olhou para mim na festa, do jeito como Elise sorriu com pena, como se eu fosse patética demais para encontrar alguém como Christian por conta própria. Precisava disso. Precisava me sentir desejada novamente, mesmo que fosse por um homem que eu estava pagando.Quando ele chegou perto o suficiente, suas mãos deslizaram pela minha cintura sob a água, os dedos traçando um caminho lento pela minha pele arrepiada.— Você está
Acordei devagar, me espreguiçando como um gato preguiçoso depois de uma noite absurdamente bem aproveitada.O lençol macio acariciava minha pele, e meu corpo inteiro estava deliciosamente dolorido. Uma dor boa. Uma dor que só vem depois de uma noite muito, muito bem aproveitada.Soltei um suspiro satisfeito antes de abrir os olhos.E então virei para o lado, pronta para me enroscar novamente no corpo quente e musculoso que deveria estar ali.Mas o que encontrei?Nada.O outro lado da cama estava vazio. Nenhum sinal de Christian. Nenhuma respiração profunda. Nenhuma mão puxando meu corpo para mais uma rodada matinal de sexo.Ah, maravilhoso. O gigolô me largou.Fechei os olhos por um instante e respirei fundo.Nem um café da manhã? Nem uma despedida fofa? Um bilhete de "adorei a noite, vamos repetir"?Merda de sedutorzinho barato.Aliás, barato não. Muito caro.Eu sabia que seria assim.Então por que aquela sensação de desapontamento irritante estava crescendo no meu peito?Talvez… tal