Na manhã de terça-feira, eu estava em pé na frente da minha casa, uma mala de tamanho médio ao meu lado e uma bolsa nova a tiracolo — ambas presentes de Christian. Optei por um visual simples: calça jeans de grife que caía perfeitamente, blusa de seda azul-marinho e sapatilhas confortáveis. Nada muito chamativo, mas ainda assim mais caro que qualquer coisa que eu já tinha usado.Meu coração acelerou quando uma Lamborghini Urus preta reluzente estacionou na frente da minha casa. Christian saiu do carro, impecável em seu terno azul escuro, óculos escuros refletindo o sol da manhã. Ele sorriu ao me ver, e odiava admitir, mas meu estômago deu uma cambalhota.— Bom dia, noivinha — ele disse, se aproximando para depositar um beijo suave em minha bochecha.— Não me chama assim — murmurei, tentando ignorar o cheiro da colônia dele que invadiu meus sentidos.— Como preferir, amorzinho — ele respondeu, o sorriso irritantemente charmoso nunca deixando seu rosto.Christian pegou minha mala sem es
Christian imediatamente mudou de postura, voltando à sua fachada profissional. O breve momento de vulnerabilidade tinha passado.— Vamos passar por isso rapidamente — ele disse, afivelando o cinto. — A previsão do tempo para o Sul está excelente.Afivelei meu próprio cinto, percebendo que o momento havia se perdido. Ele não terminaria aquela história agora, eu podia sentir. A barreira tinha voltado a se erguer entre nós.Enquanto o avião sacudia, não conseguia parar de pensar. Descobri que ela estava... o quê? Traindo-o? Era isso? Christian Bellucci, o homem que parecia ter tudo, também conhecia a dor da traição?E mais importante: o que isso significava para mim, para nós, para esse acordo bizarro que havíamos feito?A turbulência durou apenas alguns minutos, mas o suficiente para que o clima entre nós mudasse completamente. Christian pegou o laptop e começou a trabalhar, respondendo e-mails com uma concentração que parecia calculada para evitar qualquer continuação da nossa conversa
O banheiro era tão luxuoso quanto o resto da suíte. Uma banheira enorme ocupava um canto, o chuveiro era grande o suficiente para abrigar uma família inteira, e os produtos de banho alinhados na bancada pareciam vir diretamente de um spa cinco estrelas.Tomei um banho rápido, deixando a água levar embora parte da tensão acumulada. Quando saí, vesti-me com cuidado: uma saia midi elegante e uma blusa leve, casual mas sofisticada o suficiente para um almoço em uma mansão.Christian me esperava sentado em uma das poltronas, mexendo no celular. Ergueu os olhos quando saí do banheiro, e algo em seu olhar me fez sentir como se ele estivesse realmente me vendo.— Pronta para o almoço? — perguntou, levantando-se.Assenti, tentando controlar o nervosismo que crescia em meu estômago.Descemos para um terraço coberto com vista para os jardins. A mesa estava posta para dois, com louça fina e taças de cristal. Um homem de uniforme permanecia discretamente a um canto, pronto para servir.— Achei que
O silêncio de Christian foi como um tapa.— Não tenho certeza se ela estará lá pessoalmente, mas...— É claro que ela vai estar lá — interrompi, levantando-me bruscamente. — Ela disse que mandaria a "melhor equipe". É claro que se incluiria nisso. Elise nunca perderia a chance de estar no centro das atenções em um evento assim.Christian suspirou, afastando a taça de vinho meio vazia.— Zoey, mesmo que ela esteja, isso importa? Você é minha noiva agora. Você está comigo.— Fácil falar quando não foi você quem encontrou seu noivo com sua melhor amiga.Algo suavizou no olhar dele.— Eu entendo que é difícil. Mas não permita que eles ainda tenham esse poder sobre você.Cravei as unhas nas palmas das mãos, tentando não desmoronar.— Preciso de ar.— Venha comigo. — Christian se levantou, estendendo a mão. — Quero te mostrar algo.Hesitei por um momento, mas acabei aceitando sua mão. Precisava me distrair, pensar em qualquer coisa que não fosse Elise aparecendo amanhã.Ele me conduziu pelo
Até na escuridão, pude sentir a hesitação dele.— Tem certeza?— Sim. — Engoli em seco. — Por favor.Ouvi-o se levantar, seus passos suaves no carpete. O colchão afundou levemente quando ele se deitou ao meu lado, mantendo uma distância respeitosa.O calor do seu corpo era perceptível mesmo sem nos tocarmos. Senti meu coração acalmar, apesar de outro relâmpago iluminar brevemente o quarto. O trovão que se seguiu não pareceu tão assustador agora.— Melhor? — ele perguntou, a voz mais suave do que eu jamais tinha ouvido.— Sim — admiti, agradecida pela escuridão que ocultava meu rosto corado.Ficamos em silêncio por um momento, apenas o som da chuva forte contra as janelas preenchendo o ambiente.— Então... tempestades? — Christian perguntou finalmente, sua voz um pouco divertida. — Nunca imaginei que algo te assustaria.— Todo mundo tem medo de alguma coisa.— E o seu é de tempestades. Por quê?Suspirei, virando-me de lado para encará-lo na penumbra.— É uma história ridícula.— Agora
Mas antes que pudesse continuar, meu celular vibrou na mesinha de cabeceira. O brilho da tela iluminou brevemente o quarto. Esticando-me para alcançar meu celular, quebrei o momento, o espaço entre nós subitamente aumentando. Era apenas uma mensagem de Annelise:"E aí, já dormiu com ele? Aposto que já!”Suspirei, colocando o celular de volta. Quando olhei para Christian novamente, algo havia mudado. Ele se afastou ligeiramente, como se a interrupção tivesse quebrado um feitiço.— A chuva está diminuindo — ele comentou, os trovões agora distantes, quase inaudíveis.— É... está.— Acho que vou voltar para o sofá.Quis pedir que ficasse, mas as palavras não saíram. O momento havia passado. Com um movimento suave, ele se levantou e voltou para sua cama improvisada.— Boa noite, Zoey.— Boa noite — respondi, um estranho vazio se instalando no meu peito.Apesar do cansaço, o sono demorou a chegar. Quando finalmente adormeci, sonhei com vinhedos intermináveis e segredos sussurrados na escuri
Elise se aproximou com aquele andar perfeitamente calculado, cada passo um lembrete do quão à vontade ela se sentia em ambientes como este. Usava um elegante conjunto off-white que provavelmente custava mais que três meses do meu salário, cabelos impecavelmente arrumados, maquiagem que parecia profissional.E então, como se o universo decidisse que meu dia não estava suficientemente complicado, vi Alex surgindo logo atrás dela.Minha mão encontrou a de Christian instintivamente, agarrando-a com força. Ele me lançou um olhar rápido, compreendendo a situação imediatamente.— Christian Bellucci — Elise cumprimentou quando se aproximou, seu sorriso profissional não combinando com o olhar calculista. — Que surpresa encontrá-lo aqui. Que bom ter a Vinícola Bellucci como nossa cliente.— Senhorita Costa — ele respondeu com uma educação fria. — Marco cuida dessa parte dos negócios.O olhar dela deslizou para mim, e algo brilhou em seus olhos. Não era exatamente hostilidade, mas uma mistura de
O avô de Christian era exatamente como eu havia imaginado: alto, imponente, com cabelos grisalhos perfeitamente aparados e um olhar penetrante que parecia enxergar através de qualquer fachada. Giuseppe Bellucci tinha aquela presença que comandava respeito imediato, o tipo de homem que não precisava levantar a voz para ser ouvido.Ao nos aproximarmos dele, notei como vários convidados se afastavam ligeiramente, como se cedessem espaço a uma força da natureza. Ele estava cercado por um pequeno grupo de homens de negócios, mas assim que viu Christian, dispensou-os com um simples gesto.— Vovô, esta é Zoey Aguilar, minha noiva — Christian me apresentou, sua voz calma, mas pude notar uma tensão sutil em seus ombros.— Finalmente nos conhecemos, senhorita Aguilar — disse Giuseppe, estendendo a mão para mim. Seu sotaque italiano era suave, mas perceptível.— É um prazer, senhor Bellucci — respondi, sentindo minha própria mão tremer levemente ao apertar a dele.Seus olhos, de um azul-gelo imp