Ainda bem que não tenho o controle sobre os desafios que enfrento porque, se tivesse, tenho certeza que já teria me desligado de todo esse conflito familiar que tanto me esgota e chateia. Eu estou bem, Poxa! Já tem ótimos dias que estou me sentindo plena e radiante. Não poderia aceitar perder tudo isso por conta de uma dificuldade do outro de me aceitar, mas nesse ponto eu acabo sempre sendo abalável.
A verdade é que a gente sempre quer se privar dos obstáculos que nos levarão aos aprendizados necessários. Foi assim que aprendi a não me limitar a pedir milagres, mas enxergar que a realidade que vivo é proporcional às exigências e necessidades do momento e que, certamente, existirão lá na frente.
O meu lema de 2020 é seriedade e serenidade. Acho que define bem a direção em que procuro seguir, esta que relaciona responsabilidade com sensatez, uma hora que dispor-me a certo esforço ainda exige que eu saiba discernir meus limi
E acho que é por essa analogia que eu quero me guiar ano que vem até onde for conveniente.Eu nunca gostei de desafios, mas tenho tido que encarar o que a "vida" tem me proposto, como aquilo que diz que "Deus dá o frio conforme o cobertor". Não adianta fugir. Meu potencial não é para ser jogado fora. Todos dizem da minha força e eu só queria não ter que ser tão forte e conseguir continuar com mais leveza. Mas nem sempre as coisas vão ter gosto de mel (na verdade eu nem gosto de mel). E vai ser nesses momentos, em que o caminho à frente não for o plano, que eu terei que me lembrar do porquê de ter escolhido essa direção. Porque eu posso, eu consigo, eu quero(?). É estranho falar, no momento em que eu não sei o que farei da vida e tenho apenas acatado as opções que me são dadas. Mas não vou me cobrar antes do momento. Se a certeza foi dar uma volta, eu aprendo a curtir a incerteza. Conhecer, enquanto isso, as outras possibilidades
Ela é o tipo de pessoa que não vale a pena deixar esperando. E hoje eu não ousei faze-lo. Eu fui ao shopping. Uai, grande coisa! Bem, na minha família é. Por algum motivo que eu desconheço, nós nunca fomos frequentadores assíduos de shopping. Com o passar dos anos, nós, filhos, passamos a pressionar nossos pais a nos permitir mais saídas do gênero.Fora a parte do programa, a maioria do tempo eu passei sozinha simplesmente passeando. Isso me fez pensar muito em toda a construção ou desconstrução que existe nisso. Eu me senti estranha, como se estivesse burlando alguma tradição, aquela que diz que devemos sempre estar acompanhados para aproveitar algo. Bem, eu considero minha companhia muito agradável, acho que vale a pena encarar essa aventura mais vezes.Ultimamente, tem-se falado muito a respeito. A geração que cresce comigo tem se tornado mais autônoma, autossuficiente e independente num sentido muito além do material e financeiro. Isso é algo que eu considero revoluc
Da mesma forma como fomos ensinados a depender do outro, podemos aprender a amar a própria companhia e nada mais que isso.Quando mais nova, eu tinha uma relação muito ruim com o silêncio. Ele me trazia à tona as coisas ruins que eu tinha feito e que me assombravam. No fim das contas, eu nunca fiz algo ruim, mas essa consciência demandou muito aprendizado e desconstrução pra eu conseguir me libertar daquilo que me fazia me sentir suja. Hoje eu me sinto alguém tão pura e reluzente que me encho de orgulho e vontade que as outras pessoas possam conhecer esse sentimento também. Que vem de dentro. E é sobre isso que se trata a caminhada. Encontrar em você o suficiente.Quero falar sobre automutilação. Eu já não me lembro em qual contexto eu estava inserida no momento em que me automutilei pela primeira vez. Lembro que eu não sentia ter um argumento plausível pra isso, na realidad
Na verdade, uma pessoa chegou a perceber da primeira vez que eu o fiz. Foi uma amiga que percebeu no colégio e ela ficou extremamente chateada comigo por ter feito aquilo.O que eu quero dizer hoje é sobre a gravidade e a seriedade da automutilação. Sempre me partiu o coração, desde antes de ser parte disso, ouvir pessoas dizendo que isso é frescura e é algo ridículo e sem noção. Eu sinto falta de pessoas que estejam mais dispostas a ajudar do que a julgar. Sim, é um grito silencioso. Existe muita coisa pior, que é o que leva à automutilação.Eu não vou dizer a sensação que tive, eu não estou aqui pra incentivar ninguém a passar por isso. Eu nunca fiquei com marcas definitivas, e eu fico feliz por isso. As pessoas são muito cruéis com a dor alheia, e eu não gostaria de ter que dar satisfação pra quem quer que presenciasse as marcas da minha dor. A automutilação, assim como muitos outros agravantes dos transtornos mentais, é algo muito difícil de ser superado. Nos piores
A realidade dos transtornos psicossomáticos é muito delicada e exige um tratamento especial. Por isso, insisto em apontar a importância do estudo e conhecimento para aprender a lidar com as pessoas que sofrem desse tipo de enfermidade. A ignorância é o que cria possibilidades para o preconceito e o ódio. E não é disso que ninguém precisa.Numa conversa comigo mesma, eu preciso pedir que eu seja compreensiva com meus próprios limites. Dessa vez não estou falando sobre limitações físicas e psicológicas, mas na minha personalidade cabeça dura. Eu, definitivamente, sou uma pessoa difícil de lidar, pelo fato de não ser esse alguém que vai se calar diante de situações que não concorda e acha significante demais para ser passivo. Nunca fui e acredito que nunca serei, só preciso aprender a lidar com isso. Mas sobre expressar preconceito abertamente, eu dificilmente serei a pessoa que vai ouvir, sorrir e acenar. Uma parte de mim queria ser, mas a outra ainda acha que isso é totalmente
Agora já posso perceber pela personalidade da minha mãe que eu não poderia ser diferente. Então, mãe, você não tem o direito de reclamar. Não tenho culpa.Eu quero ser melhor. Eu quero ser tolerante. E consigo reconhecer as diversas superações e progressos que tenho realizado. Mas quando chega alguém que não esteve caminhando no mesmo sentido que eu que demonstra a carência dessa tal tolerância que eu tanto tenho ralado pra construir, eu encontro meu limite. Me incomoda e eu quase penso que meus limites sejam defeitos, mas minha posição nessa situação não é de imobilização e desistência. Sinto que é hora de parar, valorizar o quanto já progredi e ir com calma, mas seguir me esforçando pra aprender a lidar.Acaba sendo muito fácil pra mim ser compreensiva e respeitosa com as minorias em direitos e privilégios. Mas aqueles que desrespeitam essas pessoas também exigem a minha tolerância. Afinal, o foco muda, mas eu permaneço
Acontece que eu tenho essa tendência de cuidar daquilo que é meu (minha realidade, minhas ideias e minha forma de ver as coisas) de forma a querer, além do respeito do outro à tudo isso, que o outro reconheça que há beleza na minha particularidade. Mas talvez (ou com certeza) seja pedir demais. Poesia é sobre despertar sentimento, e sentimento é uma dessas coisas selvagens da vida que a gente realmente vai deixar pendente no aspecto controle.Mas sobre a minha forma de ver, eu procuro ampliá-la sempre em busca de encontrar beleza além desse um palmo do meu nariz. Querendo ou não, a gente acaba criando uma panelinha com as nossas preferências. Eu procuro destruir as minhas. Mas aí acabo voltando ao ponto do capítulo anterior sobre procurar no outro a mesma conclusão que eu cheguei, a mesma forma de ver a minha forma de ver: com todo o respeito, admiração e reverência. Quantas vezes nessa vida eu ainda terei que conversar com a re
Acabo querendo que as pessoas experimentem essa mesma sensação. Mas assim como cada um possui uma forma diferente de ver as coisas, possui também necessidade de uma resposta específica que cada um há de encontrar. Talvez ver as coisas tão good vibes como eu agora não seja tão libertador para o outro e tudo bem. Vou repetindo isso, que vai tornando os olhares uniformes mais bonitos aos meus olhos (quando não pelo próprio olhar, por sua singularidade e efeito no outro) - tudo bem o diferente.É muito triste ter que ser esperta o suficiente para se preparar com os mínimos detalhes pra conseguir conservar o mínimo de vida. Isso nunca me fez bem. Pensar demais em tudo o que poderia me acontecer nunca me fez bem, mas eu sempre senti que precisava ter uma resposta em mente antes de qualquer coisa. E como eu resolvi essa questão? Eu simplesmente desisti de procurar respostas pra essas perguntas que ainda não haviam sido feitas. Não deixei de me sentir insegura pelo silêncio em que eu