O que acontece é que crescer não vem só com aquilo que a gente quer abraçar e viver. Vem também com responsabilidades e obrigações desgostosas e que vão exigir muito mais do que a gente se sente disposto a dar. E é o que me dói. A disposição que a ansiedade roubou de mim no momento em que eu mais precisava de coragem e ousadia.
Despedida que é despedida tem que incluir uma decepçãozinha, não é mesmo? Mas a pior delas, é quando você se decepciona consigo mesmo. Reconhecer minhas faltas é algo muito difícil, elas parecem monstros enormes que vão me devorar uma hora ou outra. No momento em que eu menos esperar e estiver boiando em toda uma vibe de amor próprio e autoaceitação e perceber que isso envolve, também, perceber que não se é só qualidades. E agora, o que fazer com o que eu não gosto em mim?
Com o passar dos anos, eu fui ficando um pouco mais imune às críticas alheias,
Afinal, chega um momento em que pular aquele pedaço de chão não é o suficiente. Você não pode deixar ele ficar maior que você.Sabe uma coisa que também incomoda demais? Nunca ser o suficiente. Ou melhor, nunca fazer o suficiente. Me esforçar trás um sentimento de missão cumprida incrível. Eu me sinto bem ao ajudar, de alguma forma. Mas no fim das contas, as pessoas não vão notar. É fato. Eu posso estar certa de toda a minha participação e de tudo o que dei de mim, e o outro vai achar pouco ou nada. Vai reparar na louça que eu não lavei. Justo na louça. Todo mundo sabe que eu não gosto de lavar louça!Foi bom passar esses dias com essa parte da família pra qual eu tinha me fechado um pouco com o passar das decepções. Mas parece que o ciclo continua o mesmo. Passar uns dias pode ser bom, mas passar muitos dias pode ser desgostoso. Tudo bem, eu posso relevar a parte negativa desses dias, não posso? Afinal, tudo o que estive sentindo estando longe de casa é o máximo. Mas o
Se encontrar sempre inclui ter que se esconder dos outros? Porque eu acho injusto com o resto do mundo não dar-lhe a oportunidade de me conhecer, incrível como sou. Mas, pelo jeito, só eu vivencio essa vibe de orgulho e autoaceitação, enquanto sou mais julgada e rejeitada que nunca. É algo difícil, principalmente pra mim que me tornei tão sensível à opinião alheia, mas sei que isso vai exigir uma adaptação minha, muito mais do que dos outros, já que eu não posso depender da mudança de pensamento que não a minha. Mas não é exatamente esse o desafio que tenho vivido? Encontrar em mim e na minha pessoa todo o necessário para me sentir suficiente. Pra quem pensou que os conflitos em casa haviam acabado, acabei me decepcionando. Tenho que encarar o fato de que, na minha realidade, os conflitos pelas diferenças serão sempre uma realidade. Mas queria que a solução pra isso tudo não dependesse além da minha maturidade, mas requer também a do outro. No entanto, eu acredito que todos somos sá
A vida é feita de escolhas, processos eliminatórios que definem nossa direção. Você pode escolher ser uma pessoa de sucesso e eu ainda assim te perguntarei no quê. Afinal, o tempo que você passa semeando sua carreira, outra pessoa passa semeando sua espiritualidade, e ambos alcançarão conquistas diferentes, e de importância proporcional ao que você sente. Querendo ou não, é por nós e pra nós. Assim é como tem que ser. Mesmo se lavar uma louça pra agradar alguém, a sensação de trabalho cumprido e gratificação voltará pra você, antes mesmo do sorriso do outro perante sua atitude.Eu não penso como Sócrates, mas também não chego a discordar. Eu reconheço que sei algumas coisas, mas isso é totalmente individual e limita-se ao meu ponto de vista. Eu acredito que alguém é ingênuo quando julga pelo seu próprio ponto de vista a realidade do outro, o conhecimento do outro. Porque vivências diferentes levam a conclusões diferentes, isso n
Ainda bem que não tenho o controle sobre os desafios que enfrento porque, se tivesse, tenho certeza que já teria me desligado de todo esse conflito familiar que tanto me esgota e chateia. Eu estou bem, Poxa! Já tem ótimos dias que estou me sentindo plena e radiante. Não poderia aceitar perder tudo isso por conta de uma dificuldade do outro de me aceitar, mas nesse ponto eu acabo sempre sendo abalável.A verdade é que a gente sempre quer se privar dos obstáculos que nos levarão aos aprendizados necessários. Foi assim que aprendi a não me limitar a pedir milagres, mas enxergar que a realidade que vivo é proporcional às exigências e necessidades do momento e que, certamente, existirão lá na frente.O meu lema de 2020 é seriedade e serenidade. Acho que define bem a direção em que procuro seguir, esta que relaciona responsabilidade com sensatez, uma hora que dispor-me a certo esforço ainda exige que eu saiba discernir meus limi
E acho que é por essa analogia que eu quero me guiar ano que vem até onde for conveniente.Eu nunca gostei de desafios, mas tenho tido que encarar o que a "vida" tem me proposto, como aquilo que diz que "Deus dá o frio conforme o cobertor". Não adianta fugir. Meu potencial não é para ser jogado fora. Todos dizem da minha força e eu só queria não ter que ser tão forte e conseguir continuar com mais leveza. Mas nem sempre as coisas vão ter gosto de mel (na verdade eu nem gosto de mel). E vai ser nesses momentos, em que o caminho à frente não for o plano, que eu terei que me lembrar do porquê de ter escolhido essa direção. Porque eu posso, eu consigo, eu quero(?). É estranho falar, no momento em que eu não sei o que farei da vida e tenho apenas acatado as opções que me são dadas. Mas não vou me cobrar antes do momento. Se a certeza foi dar uma volta, eu aprendo a curtir a incerteza. Conhecer, enquanto isso, as outras possibilidades
Ela é o tipo de pessoa que não vale a pena deixar esperando. E hoje eu não ousei faze-lo. Eu fui ao shopping. Uai, grande coisa! Bem, na minha família é. Por algum motivo que eu desconheço, nós nunca fomos frequentadores assíduos de shopping. Com o passar dos anos, nós, filhos, passamos a pressionar nossos pais a nos permitir mais saídas do gênero.Fora a parte do programa, a maioria do tempo eu passei sozinha simplesmente passeando. Isso me fez pensar muito em toda a construção ou desconstrução que existe nisso. Eu me senti estranha, como se estivesse burlando alguma tradição, aquela que diz que devemos sempre estar acompanhados para aproveitar algo. Bem, eu considero minha companhia muito agradável, acho que vale a pena encarar essa aventura mais vezes.Ultimamente, tem-se falado muito a respeito. A geração que cresce comigo tem se tornado mais autônoma, autossuficiente e independente num sentido muito além do material e financeiro. Isso é algo que eu considero revoluc
Da mesma forma como fomos ensinados a depender do outro, podemos aprender a amar a própria companhia e nada mais que isso.Quando mais nova, eu tinha uma relação muito ruim com o silêncio. Ele me trazia à tona as coisas ruins que eu tinha feito e que me assombravam. No fim das contas, eu nunca fiz algo ruim, mas essa consciência demandou muito aprendizado e desconstrução pra eu conseguir me libertar daquilo que me fazia me sentir suja. Hoje eu me sinto alguém tão pura e reluzente que me encho de orgulho e vontade que as outras pessoas possam conhecer esse sentimento também. Que vem de dentro. E é sobre isso que se trata a caminhada. Encontrar em você o suficiente.Quero falar sobre automutilação. Eu já não me lembro em qual contexto eu estava inserida no momento em que me automutilei pela primeira vez. Lembro que eu não sentia ter um argumento plausível pra isso, na realidad
Na verdade, uma pessoa chegou a perceber da primeira vez que eu o fiz. Foi uma amiga que percebeu no colégio e ela ficou extremamente chateada comigo por ter feito aquilo.O que eu quero dizer hoje é sobre a gravidade e a seriedade da automutilação. Sempre me partiu o coração, desde antes de ser parte disso, ouvir pessoas dizendo que isso é frescura e é algo ridículo e sem noção. Eu sinto falta de pessoas que estejam mais dispostas a ajudar do que a julgar. Sim, é um grito silencioso. Existe muita coisa pior, que é o que leva à automutilação.Eu não vou dizer a sensação que tive, eu não estou aqui pra incentivar ninguém a passar por isso. Eu nunca fiquei com marcas definitivas, e eu fico feliz por isso. As pessoas são muito cruéis com a dor alheia, e eu não gostaria de ter que dar satisfação pra quem quer que presenciasse as marcas da minha dor. A automutilação, assim como muitos outros agravantes dos transtornos mentais, é algo muito difícil de ser superado. Nos piores