Kayra e Bianca eram grandes amigas na época da faculdade. As duas dividiram o mesmo dormitório e, inclusive, dormiam em beliches, uma em cima e outra embaixo. Mesmo depois de tantos anos de amizade, elas nunca tinham brigado. Kayra, apesar de ser um pouco egoísta às vezes, sempre tratava Bianca com carinho, se lembrando dela em todas as boas oportunidades que surgiam. Foi, inclusive, Kayra quem apresentou Bianca a Rodrigo naquela época, sendo o elo que os uniu. Quem poderia imaginar que, anos depois, as duas amigas estariam brigando dessa forma por causa dos filhos? Bianca sempre teve um temperamento gentil e calmo, nunca levantava a voz para ninguém. Quando Kayra ouviu a voz de Bianca cheia de raiva, ficou atônita por muito tempo. Depois de gritar, Bianca abaixou a mão e ficou parada no lugar, os olhos vermelhos enquanto olhava para Kayra. Seu peito subia e descia descontroladamente, tamanho o nervosismo. Kayra permaneceu ali, encarando Bianca, atordoada, enquanto os pensa
— Hoje, Sabi e eu nem deveríamos ter vindo ao hospital. Só viemos por consideração aos meus sogros. Quanto às acusações injustas da Sra. Kayra, podemos relevá-las, considerando que você está em um momento de dor. No entanto, espero que, daqui em diante, controlem melhor o comportamento do seu filho para que algo parecido não volte a acontecer. Sabrina abaixou a cabeça enquanto ouvia Emerson defendê-la. Uma onda de calor invadiu seu coração. Era como se ele sempre soubesse exatamente onde ela era mais vulnerável, encontrando uma maneira sutil e discreta de atingir o ponto exato que a confortava. Diante do aviso de Emerson, Vasco não ousou dizer nada. A família Carmo era alguém com quem ele preferia manter distância. Confrontá-los diretamente estava fora de questão. — Além disso... — Emerson disse, com o rosto sério. — Nós sabemos muito bem quem está por trás do que aconteceu no Restaurante Real Privado. Presidente Vasco, parece que está mais do que na hora de você disciplinar
Meia hora depois, o Carro do Vento prateado estacionou em frente à Mansão dos Amorim. Assim que Emerson viu Rodrigo e Bianca saírem do carro, ele também estacionou o seu veículo e entrou na casa acompanhado por Sabrina. A primeira coisa que Bianca fez ao chegar foi instruir os empregados a prepararem o almoço. Além disso, pediu que servissem algumas frutas para que Sabrina pudesse comer algo enquanto aguardavam. Todos estavam sentados no sofá, conversando, quando o telefone de Álvaro tocou. A chamada era diretamente para Sabrina. Ao ver o nome de Álvaro na tela, um arrepio inexplicável percorreu o corpo de Sabrina.Embora soubesse que Álvaro a adorava, tinha plena consciência de que ele certamente a repreenderia severamente se descobrisse que ela havia participado de um racha na noite anterior,e ainda levado Emerson junto. O nome de Álvaro piscava insistentemente na tela do celular, e o coração de Sabrina parecia ter subido até a garganta. Ela olhou para os pais, que estavam
Sabrina desligou o telefone com raiva. Vendo o biquinho que ela fazia, Emerson não resistiu e fez um carinho na cabeça dela. Bianca aproveitou para dar uma lição: — Eu já tinha te avisado para não dirigir em alta velocidade, não tinha? Mas você não quis ouvir! E agora foi repreendida, né? Me diga, menina, uma mocinha como você, o que está fazendo correndo desse jeito? E ainda arrasta o Emerson junto! Ainda bem que ontem à noite não aconteceu nada com você. Imagine se tivesse acontecido algo! O que seria de mim e do seu pai? Sabrina olhou para ela com o rosto cheio de culpa. — Eu sei, mãe. Foi erro meu. Não vou mais fazer isso, prometo. Bianca, satisfeita, a observou com um olhar sério. Sabrina aproveitou o momento e fez um pedido com um tom de voz manhoso: — Mamãe, quando meu irmão voltar, você pode interceder por mim, por favor? Ele quer confiscar minha carteira de motorista, e eu não quero dar para ele. Bianca lançou um olhar para ela, mas não disse nada. Sabrina
Sabrina disse: — Isso é diferente. Eu compro suas pinturas para apoiar sua carreira, assim como você e o papai apoiaram a minha quando fui abrir o bar. Se você me der de graça, não tem o mesmo significado. Bianca tocou a ponta do nariz dela com o dedo. — Você e sua irmã, hein? Não dá para negar que são irmãs mesmo, falam as mesmas coisas. Sabrina riu baixinho. Nesse momento, uma empregada se aproximou para avisar que o almoço estava pronto. Rodrigo e Emerson encerraram rapidamente a partida de xadrez e seguiram em direção à sala de jantar. Álvaro aproveitou o momento e segurou Sabrina pela gola da camisa, puxando ela para perto de si. — E a carteira de motorista? Não pense que só porque fala umas coisas bonitas eu vou te perdoar. Sabrina lançou um olhar irritado para o pai. Rodrigo pigarreou discretamente. — Álvaro, vamos deixar isso para lá desta vez. A Sabi já reconheceu o erro. Além disso, ela agora é casada. Não confisque a carteira dela, vai que ela precise p
[Faltam apenas dois dias para eu e o Fabiano irmos ao cartório.]Sabrina digitou essa frase com cuidado no bloco de notas do celular, depois colocou o aparelho virado para baixo na mesa e continuou a limpar o quarto, sorrindo. A casa era um presente dos pais de Fabiano para eles como lar de casados, onde Fabiano morava sozinho. Como ele estava ocupado e não tinha tempo para limpar, Sabrina passou esses dias ajudando por lá.As famílias de ambos eram muito próximas, e, após dois anos sendo unidos pelos pais, finalmente estavam prestes a se casar. Todos pensavam que ela estava sendo forçada a ficar com Fabiano, mas só alguns sabiam que ela secretamente o amava há anos. Quando ele concordou em namorá-la diante de ambos os pais, ela ficou tão feliz que não conseguiu dormir aquela noite.Sabrina estava no escritório, com um doce sorriso nos lábios enquanto limpava a mesa, imaginando a vida feliz que teriam ali. Porém, ao se virar, acidentalmente esbarrou em um vaso de gardênia na mesa.O
O tempo em junho mudava rapidamente. Quando Sabrina chegou, o céu estava limpo, mas agora estava coberto de nuvens escuras e chovia torrencialmente.Sabrina saiu correndo da casa de Fabiano, chorando, tão apressada que esqueceu as chaves do carro. Ela correu para a chuva e pegou um táxi na porta para voltar para casa.Quando o táxi parou no destino, Sabrina pagou a corrida com um QR code e correu para o prédio sob a chuva.No elevador, após apertar o botão do décimo terceiro andar, ficou num canto, enxugando as lágrimas incessantemente.O elevador parou, e ela, de cabeça baixa, caminhou até o apartamento e começou a digitar a senha.Estranhamente, a porta, que normalmente se abria de imediato, continuava mostrando erro na senha.Será que ela estava tão perturbada que se esqueceu da senha?Sabrina enxugou as lágrimas e decidiu tentar novamente.Ela tinha acabado de pressionar o primeiro número quando a porta se abriu subitamente de dentro.Eles se encararam, e Sabrina ficou paralisada.
Sabrina havia acabado de abrir a porta quando a voz de sua mãe, Bianca Pires, chegou carregada de soluços:— Sabrina! Por que você não atende o telefone? Término é término, mas por que não atende? Quer me matar de preocupação?"O quê?" "Como isso é diferente do que eu imaginei?"Sabrina piscou, confusa.— Ah... Meu celular estava no silencioso, eu não ouvi.O rosto de seu pai, Rodrigo Amorim, estava tenso como água parada. Ele e Bianca entraram, trocaram os sapatos e se sentaram no sofá.Sabrina trouxe água morna da cozinha e os serviu.— Mamãe, papai, bebam um pouco de água.— Sabrina, o que aconteceu com sua testa e seu braço? — Indagou Rodrigo ao notar o braço dela envolto em várias camadas de ataduras e um grande hematoma roxo na testa, onde até a pele parecia ter sido rompida.Sabrina baixou a cabeça, em silêncio.Bianca examinou mais de perto e percebeu que ela estava gravemente ferida, no braço enfaixado parecia que ficaria uma cicatriz permanente, a testa brutalmente agredida.