Retornar à rotina estudantil e acadêmica para alguns universitários podia ser bem estressante, mas para outros significava grande alívio. Há quem ainda prefira viver em prol da semana corrida, com livros pesados em mãos, trabalhos extensos a ser entregues em prazos curtos só para desfrutar das noites de gandaia, irmandade com outros estudantes, um longo período de tempo afastados dos pais e a sensação de liberdade que isso lhes proporcionava.
O último final de semana de férias havia chegado ao fim e com isso o período oficial de aulas retornara. Comum nas primeiras semanas é encontrar jovens ainda perdidos pelo campus, alunos relevantemente atrasados, veteranos metidos dando o ar de sua graça querendo mostrar "quem é que manda" e alguns novos integrantes de repúblicas cumprindo trotes por conseguirem fazer parte de tal comunidade em pleno jardim da UCLA a céu aberto.
- Quando é que vão fazer o ritual de introdução dos novos integrantes da Kativeiro? – Perguntou Jenna sentando-se junto aos colegas no gramado verde em frente à Universidade depois de um período longo de aulas entediantes, observando calouros participarem do tradicional elefantinho[1] – Quero me preparar psicologicamente antes de ver bundas desfilando por aí.
- Recrutaram novos integrantes? – Perguntou Candece, enquanto inutilmente tentava secar seu traseiro molhado pelo resquício de água que o orvalho da manhã havia derramado sobre o gramado em que estavam sentados.
- Apenas dois, eram as vagas que sobraram do Roger e o Rick. – Will explicou dando pouca atenção ao que os amigos conversavam por estar lendo por cima seu recém-adquirido livro.
- Rick vai fazer uma falta – Jenna disse maliciosamente enquanto relembrava momentos íntimos dos dois.
Ele se formara no final do último semestre acadêmico em Odontologia e com ele fora levada toda a sanidade de Jenna, ela precisava arrumar um substituto rápido para seus sexos casuais para não permitir que Josh seja o seu único. Ela simplesmente não podia deixar aquilo acontecer.
- Quem são os garotos? – Makayla perguntou despertando Jenna de seus pensamentos.
- Arthur e Derek. Acho que não trombaram com eles ainda.
- São interessantes? – Jenna perguntou, com suas segundas intenções.
- Não são carne nova pra você – disse Josh com a boca amarga, já contrariado com o rumo que aquela conversa ia tomando.
- E por que não seriam? São seus novos protegidos? – Jenna respondeu igualmente incomodada com a intromissão de Josh em seus casos. O rapaz queria poder interromper os casinhos superficiais da morena com quaisquer caras duvidosos que ela se envolvia, ele queria ser uma certeza.
- Eles são crianças, Jenna. – Kyle interviu rindo da cena que estava presenciando. Mais um dos episódios de demonstração de ciúmes dos dois. – Não duvido nada que os garotos ainda são virgens.
- Estes são os melhores para se ensinar truques – a morena tornou a provocar.
- Ok, já chega, né?! – Makayla soltou evitando que o amigo ao seu lado explodisse, caso continuassem com essas farpas. – Jenna, pode ficar sem falar de sexo ao menos por uma hora? Pelo bem da comunidade que não tem a vida sexual tão ativa e depravação que você tem.
- Tudo bem, gatinha – e encarando Josh diretamente nos olhos, e um belo sorriso debochado no rosto, soltou: - pelo bem daqueles que não tem a vida sexual tão ativa quanto a minha.
A semana seguiu sem nenhum acontecimento inusitado além dos mais humilhantes trotes que os calouros cumpriam surpreendentemente honrosamente. Makayla não gostava de trotes, na verdade abominava-os. A morena achava totalmente desnecessário pessoas obrigarem outras pessoas a se submeterem a situações tão cruéis, na Theta Pi isso não se fazia por necessário. A população feminina não era o público alvo dos trotes.
Cansados e desgastados pela volta da rotina puxada à única coisa que animaram os estudantes era o fato do final de semana estar próximo. Porém, como nem tudo que reluz é ouro, o final de semana trazia junto consigo o evento de boas vindas oficial da UCLA.
Este não era o tipo de evento preferido dos estudantes em geral, pelo menos não por aqueles que já haviam presenciado um. Não era permitido encher a cara, consequência da proibição de bebidas alcóolicas no evento, já começava por aí.
Eles eram obrigados a ir, ouvir a mesma ladainha de como todos da instituição estavam felizes por recebe-los e regras de uma boa convivência na comunidade estudantil, promover a lealdade a universidade e a se comportarem em uma noite agradável e respeitosa.
Claro que isso não acontecia dentre os padrões sociais que a universidade impunha. Alguns colegas sempre batizavam as bebidas, e apenas iam porque era um momento de descontração em que ninguém precisava estar com a cara socada em algum livro, existiam as possibilidades de conhecer gente nova e... bom, uma noite aturando a energia estudantil do time oficial da UCLA não chegava a ser uma tortura.
Eles sobreviveriam àquela noite assim como haviam sobrevivido as dos anos anteriores.
-Eles exageraram na dose este ano. - Makayla disse fazendo careta quase não identificando o pouco de ponche dentro do whisky, quando na realidade deveria ser ao contrário.
-Não foram só eles que exageraram esse ano. - Candece soltou encarando as lideres de torcida nos seus novos micro uniformes. - Eu tô vendo os lábios da Melanie, e infelizmente não são só os da boca.
- Que nojo. - Makayla e Jenna murmuraram ao mesmo tempo.
-Não sei como consegue ficar aqui sem bebida, Candy. Eu tô praticamente bêbada e completamente entediada. Esses jogadores são uns metidos nojentos e as líderes não ficam atrás, praticamente chupando eles na frente de todo mundo. - Jenna resmungou logo em seguida.
-Algumas pessoas não são motivadas pelo álcool Jeny, você sabe que o Sr. Davis indiscretamente dá ponto pra quem não falta nesses eventos universitários.
-E ele só faz esse lance do ponto pra isso daqui não ficar vazio, porque convenhamos, essa merda é um saco. E ainda sim tem gente que não vem. - Jenna exclamou – Esse Reitor é uma piada, ele simplesmente se faz de idiota ou realmente é um. Impossível não perceber que metade dos que estão aqui estão completamente chapados ou bêbados.
-Ele percebe sim, mas ignora para dar ênfase ao grande "espírito estudantil". - Makayla disse representando as aspas no ar. - Só usa o time de futebol como símbolo. Desconfio até que ele mesmo seja o Joe Bruin[2].
- Se for levar em conta o tanto de "espírito estudantil" que esse cara tem, ele poderia ser o Joe e a Josephine4 ao mesmo tempo. - Jenna disse provocando risos nas amigas.
- Vocês viram os meninos por aí?
- Will não veio porque ia aproveitar o tempo para fazer um trabalho, Josh tá perdido por aí e a última vez que eu vi o Kyle ele estava por ali. – Makayla indicou com a cabeça o lugar e se deparou com um Kyle tentando se fundir fisicamente com uma garota que não reconhecia do ponto de vista que estava.
- Pelo menos a noite de alguém vai render hoje. – comentou Jenna encarando Kyle praticamente despindo a garota no meio do povo.
- E por qual razão sua noite não vai render hoje? Se desapontou com as prováveis vítimas que viu? – perguntou Candece.
- Não. – Jenna respondeu desviando dos olhos das amigas, os prendendo no copo em mãos.
- É verdade, a Jeny que eu conheço já estaria beijando o terceiro cara diferente da noite. – e, tirando o sorriso do rosto, Makayla se aproximou da amiga para perguntar levemente preocupada – Aconteceu alguma coisa?
- Nada com o que se preocupar, vocês sabem. – Jenna logo se reconstituiu, voltando a encarar as amigas nos olhos e disse: - Só não tô disposta o suficiente pra ir a caça hoje.
- Essa disposição tem um nome e sobrenome. – Murmurou Candece com uma sobrancelha arqueada.
- Não começa, pelo amor de Deus. – Jenna prontamente vociferou.
- Eu não falei o nome de ninguém, mas é que tem um certo alguém que você não tem conversado ultimamente e eu tenho uma leve suspeita que seja por isso que você esteja indisposta há alguns dias. – Candece insistiu. Ela adora deixar a amiga constrangida com esse assunto, eram raras às vezes porque na maioria delas levava uma bela patada, mas não perdia a oportunidade de tentar.
- Você e o Josh brigaram. – Makayla concluiu.
- Não exatamente. – Jenna revirou os olhos – Eu só tô incomodada com fato dele querer cuidar da minha vida. Ele não é meu pai, muito menos meu namorado, não tem que decidir nada por mim. Com quem eu saia ou deixe de sair é problema somente e unicamente meu! Ele tá ultrapassando os limites da amizade. E não é por este motivo que estou assim. - E finalizou acrescentando a última frase encarando Candece.
- Você sabe o porque ele tem esse comportamento com você, e se realmente quer que ele pare não continue transando com ele dia sim, dia não – disse Makayla cuidadosamente, pois qualquer palavra dita de forma e no tom errado era uma possível explosão. E ela não queria ver nada explodir hoje. – Ele se apegou e, ouso dizer, pode estar até apaixonado por você.
- É. Por que você não para de transar com ele? – Candece perguntou, ainda com a sobrancelha arqueada, em um clima provocador. Se a garota soubesse realmente quão nervosa Jenna ficava quando ela fazia isso, nem pensaria na possibilidade de o fazer. – Se não significa nada para você, como você deixa tão claro quando acontece, por que simplesmente não para e evita que ele pense que possa ter essa autoridade sobre você?
Candece sabia que a amiga gostava do garoto, queria que ela admitisse ter se quer um pouco de amor naquele coração sombrio. Porque, afinal, a loira era uma romântica compulsiva e gostaria muito de ver os amigos juntos como casal e parassem com essa palhaçada de ficantes não exclusivos. Simplesmente não entendia o porquê de duas pessoas que se gostam não ficarem juntas.
Makayla encarou a loira repreendendo-a, mas já era tarde demais.
Então Jenna explodiu.
- Porque não é da sua conta! Ok, Candece? Ao contrário de você não preciso de um príncipe para ficar ao meu lado o tempo todo me bajulando para que eu me sinta confiante comigo mesma. Não preciso de príncipe nenhum! Preciso de distrações, que esvaziem a minha cabeça com um sexo bem selvagem. Não preciso de julgamento seu. Então, não me julgue! Existem infinitos problemas nesse mundo que não giram ao redor do amor e relacionamentos, são problemas reais para pessoas reais. Nem todo mundo vive em um conto de fadas que nem você vive! Acorda, esse é o mundo real, princesa.
E dito isso Jenna deu as costas e saiu enquanto virava seu copo jogando cruelmente aquela bebida garganta à dentro.
Candece ficou em choque, a loira ficou olhando o lugar por onde Jenna saíra por minutos sem nem piscar.
- Dessa vez ela pegou pesado. - Murmurou ainda sem tirar os olhos da onde Jenna estava minutos atrás.
-As duas pegaram pesado. – Macky corrigiu-a. - Você sabe o quanto ela não gosta de que falam do relacionamento dela com o Josh.
Candece finalmente saiu do transe e encarou a amiga com olhos marejados.
- Sei que ela tem problemas, Macky. Mas eu também tenho, não vivo em um mundo perfeito. E, ainda assim, não é por isso que saio descontando minha raiva nos outros.
-Até parece que você não conhece nossa amiga. Você sabe que provocou, honey. - Makayla disse pondo-se a secar a primeira lágrima que desceu pela face da amiga instantaneamente. - Se ela está confusa sobre ele e a maneira que encontra de solucionar isso é transando com outros caras, deixa ela. Mas não tente achar a solução do mau humor dela no Josh, às vezes simplesmente não é para dar certo. E às vezes eles combinem até demais, mas ela não parou para analisar a situação ainda com clareza. Eles são confusos e imperfeitos do jeito deles, mas afinal, todos somos. Daqui a pouco eles voltam a se falar e tudo fica normal de novo.
Candece refletiu. Aquela mesma situação se igualava muito com o emblema que outro certo casal de amigos seus viviam, estes mais discretos. Mas ela não iria cutucar ainda mais no assunto para brigar com mais uma amiga nesta noite. Então apenas concordou e limpou as lágrimas que insistiam em descer.
-Tá tudo bem por aqui? - Kyle surgiu de repente, olhando de Makayla à Candece preocupado.
-Tá sim, foi só uma coisa boba. - disse Candece pensando na ironia do destino e não evitou sorrir.
-Vi a Jenna sair daqui puta - Kyle apontando na direção por onde a morena desaparecera – Achei que tinham tretado ou algo do tipo.
-Agora não, Kyle. - Disse Makayla apontando Candece disfarçadamente com os olhos.
-Ah tá, entendi. Enfim, deixa eu avisar vocês sobre uma coisa. - Assim que as meninas indicaram que ele podia prosseguir, o fez: - O pessoal tá comentando de uns boatos sobre uns idiotas do time de futebol ter alugado um urso de verdade para dar um susto no pessoal. Se acontecer vai ser de repente e pode ser que tenha uma correria. Então, cuidado! Pelo amor de Deus, não quero ver ninguém sendo pisoteado hoje. De preferencia, aconselharia as duas mocinhas irem para sua casa porque a coisa pode ficar bem feia.
- Um urso de verdade? - Candece exclamou – Eles são animais selvagens, como eles conseguiram licença pra trazer um desses pra cá?
-Pobre e inocente Candy. - Kyle riu da pureza da amiga. - Só quero que tenham cuidado porque eles realmente exageraram com os trotes esse ano.
-E os trotes do Kativeiro, desistiram? - Makayla lembrou-se de repente.
-Não. Pelo visto vocês não chegaram a ver dois caras pelados por aí né?! - Kyle olhou ao redor para se certificar de que os tais não estavam mais rondando o evento. - O Davis deve ter expulsado os dois daqui.
-Andar pelado em público. Sério, Kyle? Pensei que fossem mais criativos que isso. - Makayla cutucou-o rindo.
-Não queremos pegar pesados com os dois, afinal, são crianças. Não me perdoaria se alguma coisa grave acontecesse com eles.
-É, pegou pesado não. - Candece soltou em ironia à ação do amigo.
-Perto do que tem acontecido aqui ultimamente, isso não foi nada.
E então foi quando tudo aconteceu. Fora tudo tão rápido.
Um barulho alto de rugido de um animal de cordas vocais potentes dominou o lugar. A música parou e um segundo de silêncio pausado foi dado como largada para a gritaria começar logo em seguida. Makayla olhou na direção que o rugido tinha vindo e tudo o que conseguiu ver foi um mundaréu de gente correndo defronte a ela. Ficou momentaneamente paralisada.
Sentiu uma mão puxar seu braço com violência e arrastá-la para sabe-se lá onde. Notou Candece ao longe fugir rapidamente, desviando-se das pessoas com agilidade e maestria antes de perdê-la completamente de vista no meio da multidão apavorada.
Continuou a ser arrastada, não sabia definir se seus pés se moviam ou estavam aos tropeços seguindo os passos do alguém que nem se preocupou em checar quem era. Só queria sair dali.
Depois de alguns minutos de correria a tal pessoa puxou-a para de trás do grande muro da universidade, e prensou-a entre o corpo e o muro. Já estavam longe do concentrado de gente desesperada e correndo em várias direções diferentes. Kyle, conseguiu definir ao inalar o perfume tão conhecido no pescoço do mais alto, continuava com o corpo colado ao dela, inconsciente da situação em que os dois se encontravam, concentrado em checar através da quina do muro se o animal estava longe o suficiente para ficarem tranquilos.
Assim que concluiu que estavam totalmente fora da área de perigo o rapaz suspirou aliviado e, ao descer os olhos para a direção da morena os dois desataram a gargalhar. Gargalharam alto e por longos minutos até darem início a dores na barriga por conta do esforço, tanto da correria quanto pelas gargalhadas que seguiram.
Foram aos poucos se acalmando, procurando recuperar o fôlego quando finalmente se deram conta da proximidade íntima em que se apresentavam. Corpos suados quase ocupando o mesmo espaço, de tão juntos que estavam.
À vista disso os olhares se hipnotizaram, ambos não conseguiam desvia-los para qualquer outro ponto. Os sorrisos foram sumindo lentamente e nada coerente passava pela cabeça dos dois. Nem mesmo as pessoas que podiam estar sendo pisoteadas naquele momento, ou se os outros amigos estavam seguros longe do tal urso, em que consequência aquela brincadeira acarretaria... Nada, os corpos iam falando por si só.
Foi só quando suas bocas se aproximavam que passou um pensamento rápido e automático pela cabeça de Kyle. O desejo ardente que tinha de provar aqueles lábios tão convidativos.
GLOSSÁRIO
[1] Elefantinho: No 'elefantinho', um clássico dos trotes por todo o mundo, os calouros são convidados a andar como uma manada afetuosa: por entre as pernas, seus braços se entrelaçam, fazendo a vez das trombas e rabos.
[2] Joe e Josephine Bruin: São mascotes oficiais da Universidade da UCLA. Um casal de ursos.
Kyle e Makayla se beijavam.O desespero demonstrado por mãos que desciam do pescoço aos ombros, dos ombros aos braços e assim seguiam a diante; A necessidade nítida de conhecer o corpo do outro de uma maneira diferente da que já estavam acostumados, de uma maneira mais íntima; A batalha que disputavam pela posse da língua dentro da boca do outro era incontrolável. Se nada era o que antes pensavam, agora mil coisas corriam por ambas mentes.O desejo reprimido, a sensação desconhecida, o prazer promovido, a satisfação dos toques exatos em pontos estratégicos, a certeza e a dúvida, além de muitos outros pensamentos inapropriados.Foi quanto tudo se interrompeu. Excesso de pensamentos fizeram Makayla afastar Kyle empurrando levemente seu peitoral, assustada.-O que estamos fazendo? - Um sopro sem voz saiu da garganta da moça.Ofegante, Kyle a
- Vai me falar o porquê dessa cara de merda, ou vou ter que adivinhar? – Soltou Will com sua delicadeza tocante enquanto abria uma garrafa da cerveja e se sentava na poltrona ao lado de um Kyle surpreendentemente quieto. Os colegas assistiam a final da Champions e enquanto os demais debatiam e discutiam jogadas e passes errados o outro parecia ter a cabeça bem longe dali. Talvez onde estivera nos últimos dias.- Só tô concentrado no jogo. – Murmurou sem tirar os olhos da tela.- Conta outra Kyle, toda final de futebol você vira um galo de briga e sai no soco com pelo menos dois dos caras. – Will riu antes de dar uma grande golada na cerveja gelada. – Já estamos nos vinte e cinco do segundo tempo e você ainda está aqui sentado parecendo uma ameba.- Isso se chama amadurecimento.- Não, com certeza não é isso. – A
- Eu não tenho nada para falar com ele.Jason respirou fundo, contou mentalmente até dez e soltou, controlado:- Qual é, Kyle? Estamos nessa há anos. Vamos mudar um pouco o nosso diálogo, porque eu sinceramente já estou entediado com todo esse script que se repete anualmente.- Então vê se não me enche mais. Eu já disse dezenas de vezes que não quero ter nada ligado a você, muito menos a ele. - Kyle soltou exasperado - Ele deu a palavra, concordou em não me procurar mais se eu ficasse de bico fechado e até agora eu não dedurei ninguém.- Will sabe.- Não. - Negou imediatamente - Ele acha que Charles quer contato porque quer se redimir por ter me "abandonado". Felizmente ele não sabe da verdade, e felizmente ele não sabe sobre você.- Isso quebra meu coração, irmãozinho<
Makayla sentia ao longe uma voz chamar seu nome.Ela resmungou duas vezes antes de mudar de posição.A voz tornou a chamar, porém, desta vez, sentiu o interior de seu braço ser levemente pressionado. Então ela cedeu, infelizmente a hora da soneca estava dada por encerrada.A claridade tomava conta do lugar, sentia isso mesmo de olhos fechados. Ela respirou fundo três vezes antes de se espreguiçar e alongando os braços percebeu-se limitada ao espaço onde estava.Ao sentir o frio do vidro em uma extensão e uma textura macia na outra, abriu os olhos imediatamente, constatando que estava dentro de um carro, especificamente no banco do passageiro, e ao seu lado encontrava-se um sorridente Kyle.Rapidamente recolheu as mãos, uma delas constrangedoramente estava no rosto do rapaz, e coçou os olhos sentindo-se envergonhada.- Desde quando tô capotad
- Napa Valley, com a degustação de vinho e piquenique na vinícola; Santa Cruz e o famoso Vale do Silício, que, aliás, é repleto de pessoas incríveis; Monterey, com aquele aquário cheio de peixes que eu nunca tinha visto na minha vida; San Simeon, que tem aquele castelo em estilo europeu magnifíco; Santa Barbara, ainda sinto a dor da picada daquele avestruz que eu gentilmente tentei alimentar; San Diego e o Sea World; As trilhas no Grand Canyon ... Tô esquecendo de algum?- Não Makayla, mas fique à vontade em nos matar de inveja com as próximas viagens que o Kyle planejou para vocês. - Respondeu uma Jenna emburrada, revirando os olhos.- Eu sempre convido, são vocês quem recusam todas as vezes. - a amiga retrucou em bom humor enquanto amarrava os cadarços de seu tênis de corrida.- E você acha que iríamos para segurar vel
- PUTA QUE O PARIU, MOLEQUE! - O homem bateu com a mão sob a mesa, espelhando um som agudo.- Você não me intimida, Charles. Já devia saber disso - Kyle retrucou pacificamente, revirando as órbitas teatralmente quando os olhos de seu pai se esbugalharam ainda mais, por conta de sua resposta grosseira.- Vai com calma, Kyle - Jason aconselhou rindo nasaladamente, jogado sob a cadeira confortável ao seu lado.Kyle deu de ombros, porém Charles não percebeu. Este havia fechado os olhos e pousado os dedos sob as têmporas, massageando-as lentamente. Os garotos assistiram o pai respirar fundo cinco vezes seguidas, para quando abrisse os olhos estivesse parcialmente mais calmo.- Você quer me dizer que durante esses quatro meses ela não mencionou nada sobre o pai? NADA? - Os truques de meditação usados a meio minuto atrá
- Então ela disse que não vai passar o Natal em casa com a família, - relatou tristonho - não podia deixá-la assim... Desamparada. Ainda mais sabendo o real motivo.- E por isso a convidou para passar o Natal com a mamãe? - Jason indagou contendo o sorriso. - Só por isso mesmo?- O que quer dizer, Jason? - Kyle estreitou os olhos, desafiando-o.- Que, talvez, você realmente quer que a mamãe conheça a sua namorada.- Não é minha namorada de verdade, você sabe. - ele deu de ombros, mentindo.- Kyle. - Aclamando por sua atenção, Jason permaneceu sério mesmo quando o outro lhe mirou, também sério. - Eu sei.- Sabe o que? - Disse desviando-se do olhar acusatório do irmão, numa tentativa falha de dar por desentendido.- Eu sei e não vou falar para o Charles, se &ea
- Admito, têm sido bem melhor do que pensei que seria. Quando minha mãe me disse que não poderíamos passar o Natal juntos, confesso que fiquei decepcionada, pensando no que seria de mim sem minha família nesta data. Mas olhando por esse lado de começar novas tradições e conhecer novas culturas, tem sido tudo maravilhoso. Além do fato de que Kyle tem sido muito atencioso comigo e as pessoas aqui são extremamente hospitaleiras, me sinto como se fosse de casa. - relatou sorrindo - Ah, e aqui é tão grande, você ficaria impressionada com o tamanho desse lugar. Têm de tudo, desde quadra de tênis à sala de cinema. Helena já convidou todos nós para fazer uma visita em algum feriado, e você está inclusa."Só se fizerem uma limpeza geral nesse lugar, aposto que já batizaram todos os cômodos."Makayla gargalhou.