Então, novamente desanimada, voltei para dentro da casa e com muita raiva de mim mesma, por me sentir assim arrasada, peguei uma mala e coloquei todas as minhas roupas dentro dela. Na verdade, fui socando de qualquer jeito, pois eu estava com muita raiva. Não quero ficar mais nem um minuto nessa casa, visto que tudo aqui me lembra e tem o cheiro do Samuel. E eu não aguento mais isso, vou para casa do Café e amanhã busco o resto das coisas.
O estabelecimento estava lotado de estudantes, já que ficava perto de uma faculdade, porém essa não tem o curso que eu faço, por esse motivo que fica tão longe. Enzo ao me ver entrar puxando uma mala enorme, veio ao meu encontro. Ele é o melhor amigo do meu ex-marido e o gerente do Café.
Quando nos separamos, Enzo veio falar comigo. Disse que entenderia se eu dispensasse os serviços dele, por ele ser melhor amigo do Samuel. Entretanto não achei certo dispensá-lo, já que ele não tem nada a ver com o que aconteceu conosco. Então Enzo continua sendo o gerente desse estabelecimento.
— Diana que carro é esse? — perguntou Enzo, ao me ver ligar o alarme do carro e continuou... — E para que essa mala? Você vai viajar? — questionou curioso.
— Não vou viajar, vou morar aqui. E esse carro ganhei do Samuel.
— Mas não iria se mudar no sábado? Quando ganhou esse carro? — perguntou de imediato. — É que não terminei de tirar as coisas da casa. Samuel tinha mania de guardar muitas coisas do Café lá, como enfeite de Natal.
— Tudo bem, assim que o lugar estiver vazio, depois de fechar, eu ajudo você a desocupar a casa. Quanto ao carro Samuel apareceu na minha casa antes de eu vir para cá e me entregou a chave do carro, sem muita conversa foi embora. Vou deixar minha mala e volto para te ajudar — Enzo apenas acena concordando enquanto se encaminha para atender outra mesa e só me observava subir as escadas carregando aquela enorme mala.
Fui direto para a casa e deixei minha mala na cozinha, pois era o único lugar desocupado e desci para o Café.
— Diana em meia hora estaremos fechando, aí te ajudo a tirar aquelas coisas — comunicou Enzo ao me ver servindo café em uma outra mesa cheia de estudantes.
— Vou te ajudar Enzo, já que agora esse Café é meu, preciso aprender e me acostumar com o lugar — falei colocando um avental xadrez igual ao do Enzo, na cor amarelo e marrom.
O Café era um lugar muito bonito, por fora era de tijolinhos pintados de amarelo, com alguns detalhes brancos e marrons. Na entrada tinha uma escada que ficava de lado. Tinha três janelas enormes de vidro por onde se via todo o movimento na rua. Na parte de cima havia minha casa, onde iria morar a partir de agora, com uma sacada não muito grande e que se localiza acima do letreiro.
Por dentro o Café era encantador, com mesinhas redondas e quadradas, todas de madeira. O ambiente tinha pouca luz e era pintado de amarelo e marrom também, com uma enorme escada do lado direito do Café, que dá acesso à minha casa.
— Alguém quer mais café? — pergunto ao terminar de fazer um coque no meu cabelo.
Um rapaz sentado em um canto lendo um livro, levanta a mão. Pego a jarra do café expresso e me encaminho até ele, levando o chantilly e o creme junto.
— Com chantilly ou com creme? — pergunto ao me aproximar.
— Chantilly, por favor! — coloco o café na enorme caneca amarela e por cima o chantilly em formato espiral. Sorrio, pois como ele, adoro café assim.
— Obrigado. É seu primeiro dia aqui? — pergunta o rapaz, mas como eu estava prestando atenção no nome do livro que ele estava lendo, “Ciclos Eterno Submundo” da Caroline Factum, não entendi o que me disse.
— Desculpe, o que me perguntou?
— Se é o seu primeiro dia aqui? Pelo visto gosta de ler. Esse é um ótimo livro, eu indicaria para você, já que a autora escreve muito bem e sabe como descrever a história de uma maneira que te fascina.
— Não, não é meu primeiro dia aqui, eu sou a nova dona desse lugar. Mas você acertou, eu adoro ler e vou procurar esse livro para comprar. Eu agradeço por me indicar — digo, virando para me encaminhar para o balcão.
— Hei moça espere, não precisa comprar esse livro, eu terminei de ler e te empresto. Meu nome é Caio e estou sempre aqui, já que estudo Psicologia nessa faculdade que fica em frente, então não aceito não como resposta e depois me diga o que achou ok? — Caio falou me entregando o livro.
Fiquei sem graça em não aceitar, já que ele deixou bem claro que não aceita não como resposta.
— Obrigada Caio, me chamo Diana e assim que eu ler devolverei o mais rápido possível e direi o que achei.
— Não precisa ter pressa, eu estou sempre aqui. Você por favor poderia trazer minha conta? — ele perguntou tomando seu último gole de café.
— Claro, vou buscar — falo me encaminhando para o balcão, enquanto ele escreve em um papel.
Pego a conta da mesa quatro, que é a mesa em que ele está e volto, entregando a conta para ele. Caio abriu a caderneta onde estava sua conta, colocou o dinheiro dentro e me entregou a mesma, se levantando da mesa dizendo boa noite antes de ir embora. E pelo o que percebi, Caio era o último cliente da noite.
Voltei para o caixa, onde Enzo estava e entreguei a caderneta a ele, enquanto um rapaz trancava as portas e janelas e uma garota limpava as mesas.
— Diana isso é para você — falou Enzo, me entregando o que parecia um bilhete. Quando olhei fiquei surpresa com o que estava escrito.
Como não percebi que Caio colocou junto com o dinheiro um bilhete, onde ele me convidava para sair no sábado? Eu devo ter o dobro da idade dele, nunca imaginei que isso poderia acontecer! Na verdade, nunca estive com outro homem que não fosse o Samuel. Entretanto, as coisas tinham mudado e eu estava sozinha e não faço ideia do que fazer. Mas sair com um rapaz não era exatamente o que eu queria. Acho que no momento não quero sair com ninguém.— Acho que alguém se interessou por você, Diana! Pois ninguém aqui recebe uma gorjeta de cinquenta reais — falou Enzo, em tom de zombaria e olhando para mim.— Divide com eles, já que sou dona do Café não preciso de gorjeta.— É justo — Falou olhando para mim, enquanto eu guardava o avental e Enzo continuou — Sandrinha e Vitor, deem um chego aqui – falou fazendo sinal para eles, que juntos terminavam de colocar as cadeiras em cima das mesas.&nb
Guardei a caixa de chocolate e o cartão na minha bolsa, liguei o carro e fui direto para a casa da Isis. Eu tinha que conversar com alguém e tinha que ser minha amiga.Estacionei o carro e em seguida desci com minha bolsa. Sem tocar a campainha, entrei chamando por ela em tom baixo, já que ainda eram nove horas da manhã. Eu não queria acordar ninguém.— Isis... − Isis... Cadê você? — entrei procurando por ela.— Aconteceu alguma coisa? — perguntou Isis com o mesmo tom de voz que eu, aparecendo na cozinha. Acho que ela deveria estar no quintal.— Sim aconteceu uma coisa estranha –—falei abrindo minha bolsa — Olha isso — entreguei a caixinha para ela. — Nossa que lindo, chocolate personalizado com seu rosto. Esse tipo de chocolate é muito caro. Quem te deu isso? — perguntou se sentado à mesa e eu fiz o mesm
— Diana, estou entrando.— Isis, parece até que leu meus pensamentos, visto que eu estava aqui pensando em te mostrar isso que acabei de receber — falei me levantado do sofá, para abraçá-la e já mostrei o que recebi.— O que faz aqui no sofá só de roupão? – perguntou ao me abraçar — Essa caixa de coração foi o mesmo rapaz que mandou? — perguntou olhando a caixa e aproveitando, roubou um bombom — Que delicia de bombom!!— Olha, foi sim o mesmo rapaz, só que nesse cartão assinou com a letra “V’’ — falei entregando o cartão para ela, que leu atentamente e me olhando falou:— Com certeza é o mesmo. No entanto estou achando que ele está brincando com você. Tentando te confundir com essas iniciais. Mas ele tem muito bom gosto nas escolhas dos bombons. Não me respondeu porque está só de roupão? — perguntou novamente, se sentando no sofá.— Eu estava no banho quando Enzo me trouxe esse presente, já que deixaram com ele e para não deixá-lo esperando, apena
Acordei com o celular tocando e sem abrir os olhos, me sentei na cama me espreguiçando, porém, ao abrir os olhos levei um susto tão grande, que gritei ao notar Enzo parado na porta do meu quarto me olhando e assustado com meu grito novamente, saiu pedindo desculpa. Fiquei tão nervosa com o susto que levei, que dei um pulo da cama xingando e do jeito que eu estava, só de camisola, fui atrás dele.— Enzo pelo amor de Deus, você parece assombração. Porque fica sempre me assustando? Qualquer hora vou ter um treco — falei gritando, procurando por ele que se encontrava na cozinha.— Desculpe Diana, não era minha intenção. Assim que entrei no quarto você me pegou olhando, foi tudo muito rápido. Eu só vim, porque percebi que deixou literalmente a porta da sala aberta e estranhei. Então vim ver como você estava, já que esqueceu até de trancar a porta, não deveria estar bem. No entanto, acho que deveria se trocar, pois olha como você está — disse Enzo sem graça, me olhando de cima
— Senhor, só pode ser o Caio, já que é com ele que vou sair essa noite — falei em voz alta, ainda andando de um lado para o outro.— Diana, está tudo bem com você aí? — gritou meu tio da porta. Então guardei tudo, me troquei correndo e saí do quarto.— Oi tio, me desculpe! Demorei porque tinha umas coisas para eu guardar e nem vi a hora passar.— Que isso querida, não precisa se desculpar, só fiquei preocupado, pensei que não estivesse bem. Só por isso perguntei — falou, se sentando no sofá.Estava assistido um filme e pelo visto já tinha tomado banho, pois estava perfumado, dava para sentir de longe e seus cabelos ainda estavam molhados.— Estou bem sim, não precisa se preocupar. Tio eu tenho um compromisso marcado para essa noite e já estava combinado faz alguns dias, estou sem graça de desmarcar, pois é tipo um encontro com um amigo. O senhor se importa se eu for? — perguntei, me sentando do lado dele.— Claro que não Diana. Você é jovem e prec
Fiquei ali no meio da pista parada, enquanto todos dançavam ao meu redor. Não foi um sonho, pois ainda sinto seu gosto em meus lábios e acho que o responsável por me deixar nas nuvens, gosta de bala de canela já que é esse o gosto que sinto em minha boca. Como pode um beijo mexer tanto comigo? Meu corpo todo reagiu a esse beijo. “Mas quem é esse homem?” pergunto para mim mesma, olhando para todos os lados na pista, porém há tanta gente aqui que nunca vou descobrir quem é. A não ser, que ele se manifeste.— ME DESCULPE, DEMOREI PORQUE O BANHEIRO TINHA ATÉ FILA — Caio grita ao chegar, me assustando, já que eu estava bem concentrada observando as pessoas à minha volta.— EU IMAGINEI MESMO QUE DEVERIA ESTAR LOTADO.— ENCONTREI SEU AMIGO SAINDO DO BANHEIRO, ELE ESTAVA SEM MÁSCARA, POR ISSO O RECONHECI.— O ENZO? — pergunto gritando, já que foi o único que veio na minha cabeça e se for ele mesmo, minhas desconfianças estão certas. Enzo pode ter me beijado.
— Meu Deus, quem é esse homem? — falei em voz alta, admirando as fotos que tinha dentro da caixinha.Em uma das fotos eu estava com um copo na mão conversando com Caio, porém o Caio estava de costas, mal dava para ver ele. Em outra foto, eu estava de olhos fechados com os braços para cima, foi antes de eu girar na pista sozinha e na última foto, eu estava beijando alguém, de quem só dava para ver as costas. Não dava para ver a cor de seus cabelos, que estavam encobertos por um capuz. Mal dava para ver quem era.Procurei por um cartão, mas não encontrei. Deduzi então que ele poderia ter escrito atrás de uma das fotos e comecei a olhar em todas. Foi na do beijo que ele me deixou um recado que dizia: ‘’Você era a mulher mais linda do clube e tem os lábios mais macio que um algodão... Que beijo foi aquele... Só confirmou o que eu sentia por você e tudo o que mais quero é ter você em meus braços. Princesa acredite, ainda vamos ficar juntos. Com amor S.’’Essas
— Diana...— Sai daqui seu filho da mãe!!! Some, vai embora.!!! — gritei, fechando a porta do banheiro na cara do Samuel.— A gente precisa conversar!!! — gritou ele da porta.— Não precisamos conversar, já nos separamos esqueceu? Só acho que você deveria sumir daqui e nunca mais voltar. Vai embora!!! — gritei, dando um murro na porta do banheiro e toda molhada, eu desci escorregando pela parede e me sentei no chão, em sinal de desânimo total.— Samuel, melhor você embora. Diana não estava preparada para te ver aqui. Vai por favor e não volte mais — ouvi do banheiro, Enzo falando com Samuel.— Enzo, eu preciso falar com ela. Desde o dia que ela me pegou naquela festa na cama com outra, nunca mais conversamos — ouço Samuel se explicando para o Enzo.— O tempo cura as feridas, então dê um tempo para ela. Agora por favor, vai embora. — Enzo continuava insistindo que ele fosse embora.— Você tem razão, eu darei o tempo que ela precisar. Vou indo