Capítulo 1

Que droga, quem é a essa hora da manhã?” — perguntei para mim mesma ao acordar, já que a campainha não parava de tocar. Até tentei ignorar cobrindo a cabeça com o travesseiro, porém alguém deveria mesmo querer falar muito comigo, visto que a insistência era muita. Me levantei da cama e apenas calcei meu chinelo de quarto, sem me importar com a camisola e atendi a porta Isis, minha melhor amiga, entrou feito um furacão.  “Que diabos ela faz aqui?” pensei.

— Diana pelo amor de Deus, o que pensa que está fazendo? —perguntou muito nervosa e gesticulando feito uma doida.

— Do que está falando? E por que está tão nervosa?  — questionei confusa.

    — Do que estou falando? Faz dois dias que estou te ligando e hoje recebo uma ligação do seu advogado e da sua faculdade, dizendo que não conseguem falar com você e que faz alguns dias que não aparece na faculdade. O que você está pensando? Tá ficando louca? — falava muito brava comigo e continuou... — Sei que seu marido te largou, você acabou de assinar os papeis do divórcio esses dias. Meu Deus Diana a vida continua. Você é linda tem apenas trinta e cinco anos e tem uma vida pela frente. Você precisa reagir. Quantos dias faz que não toma banho? Olha seu estado. Uma mulher tão linda como você, não deveria estar parecendo um trapo. E essa casa, olha isso. Meu Deus, há quantos dias não limpa essa casa? Não tem comida na geladeira e nem no armário, você tem se alimentado? — perguntou olhando tudo e continuou feito uma matraca — Vamos Diana, já para o banho. Vamos dar um jeito em você, depois te ajudo com a casa — ela falou, me puxando pelo braço.

— Não precisa Isis, eu sei me cuidar e estou muito bem. Deixa a casa como está. Esqueceu que esse fim de semana me mudo para casa que fica em cima do Coffee Lovers e o Samuel se muda para cá? Deixe que ele cuide dessa bagunça. Não atendi o telefone porque não estou a fim de falar com ninguém e também não tive vontade de ir para o curso de administração, na verdade não tenho vontade de nada, apenas de dormir. E sim eu tenho me alimentado com muito café, pois é o que faz eu me sentir bem.

— Diana minha amiga, você não pode ficar assim. Você e Samuel já se separaram fazem seis meses, você já deveria estar melhor. Não gosto de ficar te lembrando, já que isso te magoa muito. Samuel te traiu, por isso tem que esquecê-lo — argumentou ela preparando a banheira para mim, já que desde o dia em que assinei os papeis, há três dias, eu não tenho tomado banho de puro desânimo, tenho passado os últimos dias apenas deitada na minha cama, tomando café ou sorvete que eu amo e mais nada.

— Não é nada fácil para mim. Isis conheço Samuel desde a minha infância, estudamos juntos no maternal e crescemos juntos na mesma escola. Começamos a namorar, eu tinha quinze anos e ele dezesseis. Nunca nos separamos, Samuel foi meu primeiro namorado e meu melhor amigo. Namoramos quase toda nossa vida e só resolvemos nos casar, quando terminamos de construir essa casa. Tantos anos juntos e nosso casamento não deu certo. Durou apenas dez anos e estávamos juntos faziam vinte e oito anos. Não dá para esquecer todo esse tempo. Ele não era só meu marido, era meu melhor amigo, meu companheiro para todas as horas. Agora só existem lembranças e isso dói tanto — explico com o coração aos pedaços e não consigo conter as lagrimas que começaram a escorrer pelo meu rosto.

— Eu sei amiga, eu te entendo. Samuel foi seu único namorado. Sei como é difícil, mas você precisa reagir, ir à luta, continuar com sua vida. Talvez encontre alguém que preencha esse vazio que está sentindo. Entretanto, trancada aqui não poderá conhecer ninguém — ela falou enquanto eu entrava na banheira.

— Não quero conhecer ninguém — digo muito triste.

— Eu imagino que não, porém uma hora você vai conhecer alguém, já que é muito linda. No entanto, enquanto isso não acontece, você Diana tem um café para administrar, já que foi o que ficou para você com a separação. Você está quase se formando em administração, nem vai precisar procurar uma empresa para trabalhar, agora você tem seu próprio negócio. Foca nele e tenta esquecer tudo o que aconteceu. Diana, você sempre foi louca por esse Café, por você que Samuel comprou. Se aquele lugar te faz bem, faça o melhor por ele ao invés de ficar trancada e sofrendo dentro de casa. 

— Você tem razão Isis, preciso começar a encaixotar as coisas e levar aos poucos para a casa do Café. Aquele lugar é tão lindo, tenho certeza que vai me fazer bem — falei mais animada.

Isis sempre teve razão, ela é uma amiga muita atenciosa. Conheci Isis no seu último ano de faculdade, há cinco anos. Eu estava fazendo uma pesquisa para saber se o curso de administração era bom na faculdade Santa Maria e ela estava entregando alguns papeis na secretaria da faculdade e foi ali que conversamos pela primeira vez, desde então nos tornamos ótimas amigas, praticamente inseparáveis. Apesar dela ser quatro anos mais velha que eu, ela parece uma menininha toda delicada, magra, com seus cabelos longos e pretos e de pele muito clara.  E está sempre cuidando de mim.

— Bom, não posso ficar o dia todo aqui, porém enquanto estou aqui, podemos começar encaixotando alguma coisa. O que acha? — perguntou, me entregando a toalha e me tirando dos meus pensamentos.

— Acho uma ótima ideia! No entanto acho que temos muito tempo, já que ainda é cedo — falei me trocando, vestindo um vestido fresco e confortável, já que aqui no Rio de Janeiro está bastante quente.

— Cedo onde, se você dormiu quase a manhã inteira? — questionou Isis me olhando.

— Sério? Nossa eu pensei que você tivesse me acordado cedo.

— Não, cheguei aqui era umas dez e meia da manhã. Você precisa ligar para seu advogado e também para sua faculdade — lembrou-me descendo comigo para a cozinha.

— Antes de qualquer coisa, preciso tomar um café – falei preparando meu café expresso.

E foi o que fiz preparei o café para nós duas. Logo depois do delicioso café, liguei comunicando o motivo pelo qual eu não fui ao curso, apenas disse que eu estava com gripe e falei o mesmo ao meu advogado, que me avisou sobre assinar alguns papeis que estavam faltando. Depois pedi comida japonesa. Isis iria almoçar comigo.

Enquanto a comida não chegava, juntas demos uma organizada na casa e logo depois começamos a encaixotar algumas coisas que estavam na sala como meus livros e alguns enfeites, relógio de parede, vasos de cristais que ganhei de casamento.

E assim foi meu dia, almoçamos e continuamos a encaixotar. Eu não ia levar muita coisa da casa, visto que a casa do Café já estava mobiliada. A não ser minhas coisas pessoais, roupas e louças.

Isis ficou comigo até três horas da tarde, depois foi embora já que como eu, ela tinha uma casa para cuidar e também dava aula de artes plásticas à noite.

Logo depois que ela foi embora, me senti sozinha novamente, preparei meu café e fui direto para o meu quarto. Fiquei ali tomando a bebida quente e assistindo a um filme, “Esposa de mentirinha”.

Estava tão distraída ali na minha fossa assistindo ao filme, que nem vi a hora passar. Entretanto, senti uma vontade de sair um pouco. Talvez ver como estava as coisas no Café e jantar por lá mesmo.

Desliguei a TV e fui me arrumar, porém lembrei que estava sem carro, já que Samuel tinha ficado com o único carro que a gente comprou junto. Então pensei em caminhar, visto que o Café não era tão longe daqui. Depois de pronta, desci, peguei a chave da casa do Café, só para eu dar uma olhada e ao abrir a porta para caminhar levei um susto com o que vi, já que ao abrir dei de cara com Samuel, que ao me ver, também se assustou.

— Vai sair? — perguntou Samuel me olhando de cima em baixo.

— E por acaso te interessa se vou sair ou não? O que faz aqui?

— Desculpe eu aparecer sem avisar, não precisa ser grossa –—respondeu sem graça.

— Diz logo o quer, como vê eu estou saindo, tenho um encontro — meu Deus por que raios eu menti para ele? Nunca fiz isso.

— É rápido — ele falou sem graça e continuou — Trouxe isso para você – disse me entregando uma chave de carro.

— Para quê isso?

— Já que vou ter que viajar a trabalho com o carro que compramos juntos e como sei que precisa do carro para ir a faculdade, achei melhor comprar um para você — explicou mostrando o carro parado em frete à garagem.

                       — Eu não preciso de nada que venha de você.

          — Larga de ser criança e aceite esse carro. Vou viajar e não sei quanto tempo vou ficar fora, só quando eu chegar mudarei para essa casa, então pode ficar se quiser — comunicou se encaminhado em direção a um táxi que esperava por ele.

— Já estou com a mudança pronta, então vou sair esse fim de semana como combinamos.

— Você quem sabe, tenha um bom encontro — falou entrando no táxi, me deixando ali muito arrasada já que nem se incomodou com meu falso encontro.


Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo