56 A SOGRA

DANIEL ALENCAR

Terminamos a refeição com mais algumas conversas sobre a chegada de sua família, Clara aceitou subir até meu quarto e entrou com passos inseguros observando o ambiente:

_ Qual é o seu problema com vidro? É sério? Um aquário? _ perguntou aterrorizada apontado para o banheiro que ficava no centro do aposento formando uma redoma translucida coberta por persianas chinesas.

_ Gosto de coisas transparentes... _ dei de ombros.

Na verdade, gostava de observar as coisas e me acostumei a ver o mundo por detrás de uma grossa camada de vidro desde a infância. Clara caminhou até a parede, também de vidro, e esboçou um "uau" em direção a vista para o jardim com o centro da cidade ao fundo:

_ Acha que consegue dormir aqui por alguns dias? _ aproveitei seu deslumbre para convence-la a ficar.

Ela virou-se, parando com as pernas cruzadas e as mãos para trás em um movimento quase infantil:

_ Bom... talvez seja melhor pra não t

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