Dias antes...A ex-agente secreta Mia Zhang encontrava-se eufórica e ansiosa naquele dia, o que era um fato incomum, pois durante toda a sua vida ela aprendeu a lidar com suas emoções e controlar a sua psiquê. Ela havia passado a trabalhar para a Organização Ômega em segredo. Sua função consistia justamente em espionar as empresas concorrentes e garantir que nenhuma outra organização estivesse desenvolvendo armas virais sem que ninguém descobrisse. Mas no fundo ela sabia que o seu trabalho não iria se limitar a isso por muito tempo. Ela era uma funcionária cara demais para desempenhar uma tarefa tão simples. Qualquer outra pessoa poderia fazer aquele trabalho ridículo. Mia estava ficando cada vez mais aborrecida e entediada. Até aquele fatídico dia. Ela nunca havia visto aquele prédio tão agitado. O sobe e desce de homens e mulheres usando jalecos brancos parecia não ter fim. Mia ouviu algo sobre alguém ter sido assassinado no oitavo andar. Aquele ambiente tinha o acesso restrito, es
Naquele instante, toda a sina do mundo parecia ter desaparecido para Annchi Zhang. A noite estava silenciosa e os olhos da virologista estavam fechados enquanto sua mãe lhe contava sobre os eventos que envolviam a sua ausência de quase vinte anos. Annchi só conseguiu olhar Mia nos olhos depois que ela terminou de falar. - Então acha que pode vir aqui, no meio de toda essa loucura, se justificar dizendo que tudo não passou de um plano para me manter perto e protegida?- Annchi, não se trata somente disso. Eu...- Você sabe por quanto sofrimento passei naquele inferno de laboratório e também na minha vida pessoal? Eu simplesmente não sei como ainda estou aqui! E agora o fim do mundo chegou e pelo visto o planeta inteiro está pensando que eu causei toda essa merda! E onde você esteve esse tempo todo?- Eu também não me orgulho por ter... vivido nas sombras! Posso parecer egoísta, Annchi, mas se você conseguiu sobreviver até aqui, é uma prova do quão forte você é eu sempre tive certeza d
Annchi Zhang esperava realmente encontrar sua mãe. Dizer o que sentia, como foram tortuosos os anos em que passou sem sei apoio, sem o seu conselho. Esperava dizer que não precisou dela para crescer e aprender sobre o mundo cruel onde vivia. O rancor não mais a castigava tanto quanto antes, mas havia ainda a mágoa, o sentimento de abandono que, infelizmente, ela ainda não havia superado. Contudo, Annchi jamais imaginou que, literalmente da noite para o dia, estaria lutando ao lado de sua mãe, dando cobertura a ela, travando uma guerra contra os mortos-vivos. Naquele momento, não havia espaço para conflitos ou acerto de contas pessoais. As criaturas dilacerariam suas carnes na menor hesitação. Estavam de costas uma para a outra, abatendo as criaturas que vinham uma após a outra. Mia Zhang entregou à Annchi uma pistola automática que havia trazido escondido em seu tornozelo, sob a calça de couro preta que, convenientemente, era da mesma cor da arma. Mia não se surpreendeu com a rapidez
No interior do hospital de Westfield, o grupo de sobreviventes permanecia aflito e ansioso, especialmente Beatrice Murray, que aguardava o resultado do exame de sangue realizado por Solomon Locke, por orientação do doutor Bill Hurley. De acordo com as expectativas do misterioso cientista do walkie-talkie, Beatrice possui uma condição rara que faz com que ela seja imune ao vírus Orpheu, o que permitiria ao grupo uma grande vantagem na travessia para a biblioteca de Westfield. Solomon trazia a pequena ampola em suas mãos e um mapa contendo esboços de fluxo sanguíneo. Tracey foi a primeira a quebrar o silêncio. — Senhor Solomon... por favor, responda! Já temos o resultado? Minha irmã realmente é imune a essa coisa?Solomon viu que as expressões de todos estavam focadas nele e que quase ninguém parecia aguentar esperar mais. — Bem, eu tomei a liberdade de fazer o exame e repetí-lo por duas vezes. E o resultado que obtive nos diz que Beatrice realmente é imune ao vírus Orpheu. Todos for
Alex, Solomon, Kai, Sahyd, Beatrice, Tracey e Lancelot avançaram pelo corredor recém aberto pela combinação das estátuas. Tanto o grupo como Bill no comunicador permaneciam em silêncio. O corredor estava escuro e quase não havia ventilação, motivo esse pelo qual era necessário economizar o fôlego. O caminho era extenso e a umidade do local parecia não ter limites. Não era possível garantir que não haveria mortos-vivos no local, uma vez que eles poderiam perambular por alguma rede de esgoto ou até mesmo cavar incansavelmente pelos túneis até uma saída ser encontrada, o que poderia levar semanas, visto que os Carnívoros nunca se cansavam. Após um tempo incalculável, o grupo encontrou uma espécie de abertura no final do corredor. Ainda estava escuro, mas em compensação, havia um pouco mais de oxigênio, pois o cômodo era bem mais amplo. Tracey comentou:— Nem parece que ainda estamos no hospital. Esse túnel é enorme. O auto falante do comunicador emitiu um clique. Bill apertou o botão d
A Organização Ômega ostenta uma reputação de trinta e dois anos de importantes e extremamente relevantes descobertas científicas, o que inclui desde cosméticos milagrosos para senhoras com mais de sessenta anos até vacinas para as mais variadas enfermidades. Não havia um profissional da saúde na cidade de Westfield que não sonhasse trabalhar com a equipe da Ômega. A remuneração dos profissionais era altamente generosa, sem contar os inúmeros benefícios e as constantes oportunidades de reconhecimento nos maiores laboratórios do Planeta. Nos últimos dias, porém, uma grande agitação podia ser percebida por todos os colaboradores. Diversos cientistas de alta patente subiam eufóricos para o enigmático oitavo andar. Por algum motivo, ninguém, nem mesmo o pessoal da limpeza, tinha acesso àquele andar. O acesso era permitido somente com cartões especiais de identificação que os cientistas guardavam como se estivessem protegendo seus próprios filhos. Todos, sem exceção, mantinham expressões s
O Doutor Brandon Davis jamais se sentira acuado em toda a sua vida como se sentira naquele momento. Desde sua juventude, estava habituado a ficar no topo, no domínio de qualquer situação. Até aquele instante, ninguém ousou enfrentá-lo como a criatura que antes era o Dr. Josh Smithers. O ser de olhos fundos e boca permanentemente escancarada avançava obstinadamente em sua direção e não demonstrava nenhuma intenção de recuar ou mudar de atitude. Nenhum dos golpes antes desferidos pareceu surtir efeito no monstro. — Maldição... será que esse vírus.. não, isso não é possível!O Dr. Davis analisava piamente a situação na qual se encontrava e mesmo em meio ao turbilhão de sensações que experimentava começou a estabelecer uma sinistra teoria. Definitivamente, o resultado que estava presenciando não era esperado nem por ele e nem por nenhum colaborador da Ômega. Entretanto, se seu raciocínio estivesse certo, essa situação ainda poderia se tornar favorável às suas ambições. Sua mente diabólic
Nenhum dos cientistas presentes na sala 407 acreditava no que via, com exceção do Dr. Brendon Davis. As criaturas que acabavam de adentrar à sala ostentavam uma aparência medonha, bizarra e quase inacreditável. Seus olhos não possuíam mais vida, sua pele parecia descascar a cada passo que davam, suas bocas e línguas estavam negras e de seus corpos exalava um odor insuportável, um cheiro de... morte.O Dr. Ash Simons foi o primeiro a conseguir pronunciar algo em meio à inimaginável situação:— Dr. Davis... O que aconteceu com esses homens? São nossos colegas, nós os vimos há poucos minutos. Quem fez isso com eles?O Dr. Brandon Davis tinha um sorriso tenebroso estampado em seu rosto. Sua expressão era de total satisfação. Os outros cientistas podiam jurar que viram uma lágrima de emoção brotar em seus olhos.— Por que está tão perturbado, Dr. Simons? Olhe para esses homens. Eles não têm mais medo de coisa alguma, não possuem insegurança e nem mesmo fraquezas. Não percebe o que nós cria