HENRYCaralho!Arremesso a porra de um notebook na parede. A sala está uma bagunça.Eu segurei demais meu ódio, simplesmente porque não queria assustar Cinderela ontem. Fui o marido perfeito antes, durante e depois da ópera... mas estou a ponto de explodir. Eu quero colocar as mãos naquele Lucas. Quero colocar as mãos em cada um dos Tedesco. Por isso vim para o escritório da família. Obviamente que não concentramos nosso trabalho no castelo, temos nosso prédio de “operações”. Onde lidamos com tudo que os Seven estão metidos, principalmente o tráfico de drogas. O nosso produto é mais procurado que a metanfetamina do Walter White.— Dá pra ouvir a quebradeira lá da minha sala. — Felipe abre a porta sem bater, ou talvez tenha batido e não ouvi, ao lado dele está nosso pai.Deixo a cadeira que estava prestes a voar pela sala de volta em seu lugar.Olho para eles, e simplesmente digo:— Vou matar alguém.Essa é a frase chave para que entrem e fechem a porta.— O que houve, filho?— O maldi
HENRIEstou descendo as escadas quando meu celular vibra novamente, indicando uma notificação. Dá vontade de rir quando leio a mensagem.ANA: Oi, sumido. Uma dúvida, ainda fode as amigas?Parece que Anastácia não entendeu o fora no baile. Não devo ter sido claro.Mas foi bom ela mandar essa mensagem. Eu me esqueci completamente dela. Se Cinderela encontrasse nossas conversas seria difícil explicar que não quebrei nosso acordo de fidelidade, mesmo que sejam conversas antigas.Entro no carro com motorista e fico pensando em uma forma de fazer ela entender de uma vez por todas que nunca mais vai brincar nesse parquinho.Sorrio com a ideia que surge e digito:H.S: Hotel Trovador às 20hs. Quarto 225.ANA: Estarei esperando.Ela responde automaticamente. Ligo para o hotel e aviso para reservar o quarto em nome de Anastácia Tedesco.Guardo o celular no bolso da jaqueta e encosto a cabeça no encosto do banco.Quando chego na cabana, Lucas e Daniel estão amarrados em cadeiras de madeira e amor
CINDERELAHenry sai do quarto e eu coloco um jeans e uma blusa leve. Um dos pontos positivos em se ter seios pequenos; sutiã é opcional. E eu não gosto de usar.Pego um dos livros da mãe dele para ler, mas é impossível me concentrar. O tempo todo fico imaginando o que ele pode estar fazendo com os Tedesco. Não gosto deles, mas também não gosto de sequer imaginar alguém sendo morto.Preciso fazer alguma coisa para me distrair.Desço as escadas e abro um sorriso quando vejo Raoul no sofá da sala, mexendo no celular. Está com o uniforme da escola. A camisa branca destaca seus músculos naturais.Coitada de quem entregar o coração a esse garoto. Ciúme vem no pacote. Henry é lindo, sua beleza me deixa até zonza, mas Raoul é praticamente covardia. Eu babaria por ele se não tivesse só dezessete anos e se eu já não estivesse apaixonada por seu irmão.Paro na sua frente e ele levanta o olhar. Não demora para um sorriso torto nascer em seu rosto lindo.— Me leva para passear, amigo. — Minha vez
HENRYAntes de voltar para casa, liguei para Cinderela para saber o que ela estava fazendo.— Alô? Telefone de uma certa loira. — Uma voz masculina atende.— Raoul? — questiono.— O único.— Onde está Cinderela?— Ocupada. Estamos nos divertindo. Se puder não atrapalhar.— Estão jogando?— Não. Levei minha cunhada para passear.— Ok. Tome conta dela — digo. E ele encerra a ligação.Aposto que respondeu com um gesto. Ele tem mania de fazer isso mesmo por telefone. Se esquece que não posso ver.Já que a minha mulher está se divertindo, não vou atrapalhar. Decido ajudar meu pai em uma negociação com bolivianos. Eles são nossos melhores clientes. Compram regularmente nossas drogas, que não são baratas, e vendem a preços ainda mais exorbitantes pelos países de mais difícil acesso.Durante a negociação, reclamaram das últimas, que negociaram com nossos homens sem a presença de um de nós. Se não fossem nossos melhores clientes eu faria um pequeno furo na cabeça de cada um deles enquanto riam
CINDERELADois meses desde o momento em que coloquei meus pés em um baile como penetra e sai noiva. Aliás, nem sai.Ainda não consegui ver minha amiga, desde a sua única visita. Henry insiste que ela está bem, mas eu quero ver para crer.Como eu já estou entediada como madame, Henry conseguiu um trabalho voluntário em um hospital infantil onde eu fico por algumas horas de segunda a sexta, brincando com as crianças e lendo histórias. Eles amam contos de fadas. Passo meu tempo com todos, desde aqueles que são apenas passageiros até aqueles que talvez nunca saiam do hospital. Machuca demais ver pequenos tão cheios de vida e ao mesmo tempo tão perto da morte. Estar com eles se tornou essencial para mim em poucos dias.Qualquer dia desses vou fazer Raoul e o Henry se fantasiarem para alegrar os pequenos. Talvez até convença o Felipe também, apesar de que ele é mais fechado e quase não o vejo.— Cindy, já está indo? — Odete, uma das médicas da ala de câncer, pergunta quando estou passando p
HENRYDepois de dar fim aqueles malditos irmãos Tedesco, as coisas voltam ao seu comum no castelo dos Seven. Tudo segue normalmente, em uma rotina que se tornou bem mais interessante com a presença da Minha Ilha.O que é ser um Seven? Qual a nossa rotina?Sei lá, acho que igual a de todos.As pessoas nos chamam de mafiosos pelo que pensam que fazemos, digo “pensam” porque não tem provas. Temos uma rede de investimentos fachada, é mais simples que montar uma empresa e ter dois negócios. Investimos em boates de milionários, projetos de políticos, até mesmo pequenos negócios. Em troca recebemos comprovação de participação nos lucros no montante necessário para a receita. O que? Vivemos no Brasil, se tem uma coisa que pega aqui é receita federal. Não deixamos pontas soltas para não expor nossa família. Temos aliados em toda parte. Afinal, quem não quer um investimento sem custos?Nossas obrigações? Sim, comercializamos drogas. Nada simples, apenas do mais caro e de melhor qualidade. E sim
HENRYInferno! Inferno!Tiro para todo lado e não conseguimos alcançar o objetivo. Nada de encontrar Florian ou Jafar.Vamos acabar sem balas. Não quero ter que envolver os homens do Aladim. Enquanto estamos aqui, ele está garantindo a segurança de cada família e amigo que possa sofrer as consequências. Temos uma casa para refugiar aliados. Todos vão ficar lá até o corpo de Jafar cair. Confiamos em nosso poder, mas não brincamos com a vida de aliados.De onde estou, vejo Aladim descendo o morro correndo de mãos dadas com uma morena de longos cabelos negros. Ela olha para trás e confirmo que é Jasmine, o pivô da traição do garoto. O mais interessante é que ninguém, de nenhum dos lados, atira nele. Esse rapaz tem o respeito desse povo. Voto nele para próximo dono desse morro.Pelo menos um problema a menos.— Pai, estou quase sem munição.— Precisamos de reforços. — Felipe grita, por estar um pouco longe. Escondido atrás de uma pilastra e atirando.— Vamos resolver isso hoje. — Nosso pa
CINDERELAÉ noite. Nenhum sinal de Henry.Se antes eu não tinha unhas, agora meus dedos estão sangrando.Demora tanto assim um resgate? Ele está bem?Sinto um aperto no peito. Eu não sei detalhes do que está acontecendo, mas só ouvir o nome Morro da Morte já me deixa com os nervos à flor da pele. O lugar é tão perigoso que nem entra veículos de entrega ou de aplicativo. Tudo só entra com autorização do dono do morro.— Vai abrir um buraco no chão, cunhada.Olho para Raoul despreocupado no sofá, com um livro da história do Brasil na mão.— Você não está preocupado? Anoiteceu e não deram notícias.— Não. Eles sabem o que fazem. Os Seven são os Seven desde antes de eu nascer.— Ainda assim... — Passo a mão nos cabelos, desfazendo e refazendo o rabo de cavalo. Ainda estou com o jeans e a camiseta que uso desde a manhã. Meu plano era esperar Henry para tomarmos banho juntos, de banheira, enquanto fazemos planos para nossa sementinha.— Calma, cunhada. Se tiver um treco, meu irmão vai ficar