CINDERELAComo sempre nos últimos dias, Henry está por ai tentando encontrar o irmão. E como ele ainda não recebeu retorno do outro irmão permitindo uma visita a Bela, decido dar uma volta. Estou me sentindo sufocada com essa espera para ver minha amiga.— Onde a senhora deseja ir? — o motorista pergunta enquanto abre a porta do carro.Será que seria muito invasivo se eu visitasse a avô ou a mãe da Carmine? Eu queria conhecer um pouco mais sobre a garota do Raoul.Não. Melhor eu falar com ele antes e combinar alguma coisa com a garota. Nada invadir seu espaço.— Me leva para o museu mais próximo, por favor.— Sim senhora. — Ele fecha a porta e vai para o seu lugar, onde o segurança está no banco do carona.Decidi. Vou ficar olhando obras de arte sem entender nada do significado, depois vou dar uma volta pela praia, sentindo os pés na areia. Se eu tiver sorte consigo almoçar com meu marido em algum lugar aconchegante. Espero que ele encontre o irmão, anda muito preocupado que algo poss
CINDERELALucas não estava blefando. Ele me deixou de molho dois dias, e agora vejo o mesmo número que usou antes me ligando. O infeliz nem se preocupa em esconder o número.Olho na direção do banheiro, onde Henry está no banho, depois de eu me recusar a entrar com ele, e ter trancado quando me banhei primeiro.— Alô! — atendo na segunda vez que liga. A primeira chamou até cair.— Pensei que a princesinha ia dar uma de esperta. Pega a visão[1], Cindy, o papo é reto, quero um milhão na minha conta todo dia primeiro.Um milhão todo mês? Só pode estar louco.— E os seus irmãos? Eles sabem disso? — Aposto que sim, e que também vão querer dinheiro se eu entrar nessa de ser chantageada.— Cuido das minhas coisas, eles cuidam das deles. O papo é entre nós.— E se eu não fizer isso?— É bom que se esconda bem, querida Cindy, porque o titio vai te pegar. O titio vai te pegar daquele jeito, lembra? Saudades de brincar com a pequena Cindy e de foder essa boceta magra.Fecho os olhos com força co
ANASTÁCIA Mais um dia que acordo e nada mudou. Não apagaram a parte em que a ninguém da Cinderela tirou a melhor coisa que eu tinha: Henry Seven. Eu achei que o convite para aquele baile seria o início de uma chance para entrar na família. Quando eu imaginaria aquela desgraça?!Aquela sonsa enganou a todos nós. Me pergunto há quanto tempo ela vem dando para ele.— Levanta, Anastácia e Drizella. Seus tios estão aqui. — Mamãe diz depois de bater na porta.— Espero que eles façam alguma coisa — reclamo alto e em bom som enquanto saio da cama e cubro minha camisola cor de rosa com um penhoar da mesma cor.Drizella está deitada na cama ao lado ouvindo música com seus ridículos fones de panda. Diz que não vai se meter nesse assunto. Aposto que está fingindo que não ouviu a mamãe.Se precisarmos, ela vai se meter sim.— Bom dia, tios! — os cumprimento. — Descobriram alguma coisa sobre o casamento?Eles estão sentados no sofá, segurando xicaras de café.— Absolutamente nada. A conclusão a qu
HENRYCaralho!Arremesso a porra de um notebook na parede. A sala está uma bagunça.Eu segurei demais meu ódio, simplesmente porque não queria assustar Cinderela ontem. Fui o marido perfeito antes, durante e depois da ópera... mas estou a ponto de explodir. Eu quero colocar as mãos naquele Lucas. Quero colocar as mãos em cada um dos Tedesco. Por isso vim para o escritório da família. Obviamente que não concentramos nosso trabalho no castelo, temos nosso prédio de “operações”. Onde lidamos com tudo que os Seven estão metidos, principalmente o tráfico de drogas. O nosso produto é mais procurado que a metanfetamina do Walter White.— Dá pra ouvir a quebradeira lá da minha sala. — Felipe abre a porta sem bater, ou talvez tenha batido e não ouvi, ao lado dele está nosso pai.Deixo a cadeira que estava prestes a voar pela sala de volta em seu lugar.Olho para eles, e simplesmente digo:— Vou matar alguém.Essa é a frase chave para que entrem e fechem a porta.— O que houve, filho?— O maldi
HENRIEstou descendo as escadas quando meu celular vibra novamente, indicando uma notificação. Dá vontade de rir quando leio a mensagem.ANA: Oi, sumido. Uma dúvida, ainda fode as amigas?Parece que Anastácia não entendeu o fora no baile. Não devo ter sido claro.Mas foi bom ela mandar essa mensagem. Eu me esqueci completamente dela. Se Cinderela encontrasse nossas conversas seria difícil explicar que não quebrei nosso acordo de fidelidade, mesmo que sejam conversas antigas.Entro no carro com motorista e fico pensando em uma forma de fazer ela entender de uma vez por todas que nunca mais vai brincar nesse parquinho.Sorrio com a ideia que surge e digito:H.S: Hotel Trovador às 20hs. Quarto 225.ANA: Estarei esperando.Ela responde automaticamente. Ligo para o hotel e aviso para reservar o quarto em nome de Anastácia Tedesco.Guardo o celular no bolso da jaqueta e encosto a cabeça no encosto do banco.Quando chego na cabana, Lucas e Daniel estão amarrados em cadeiras de madeira e amor
CINDERELAHenry sai do quarto e eu coloco um jeans e uma blusa leve. Um dos pontos positivos em se ter seios pequenos; sutiã é opcional. E eu não gosto de usar.Pego um dos livros da mãe dele para ler, mas é impossível me concentrar. O tempo todo fico imaginando o que ele pode estar fazendo com os Tedesco. Não gosto deles, mas também não gosto de sequer imaginar alguém sendo morto.Preciso fazer alguma coisa para me distrair.Desço as escadas e abro um sorriso quando vejo Raoul no sofá da sala, mexendo no celular. Está com o uniforme da escola. A camisa branca destaca seus músculos naturais.Coitada de quem entregar o coração a esse garoto. Ciúme vem no pacote. Henry é lindo, sua beleza me deixa até zonza, mas Raoul é praticamente covardia. Eu babaria por ele se não tivesse só dezessete anos e se eu já não estivesse apaixonada por seu irmão.Paro na sua frente e ele levanta o olhar. Não demora para um sorriso torto nascer em seu rosto lindo.— Me leva para passear, amigo. — Minha vez
HENRYAntes de voltar para casa, liguei para Cinderela para saber o que ela estava fazendo.— Alô? Telefone de uma certa loira. — Uma voz masculina atende.— Raoul? — questiono.— O único.— Onde está Cinderela?— Ocupada. Estamos nos divertindo. Se puder não atrapalhar.— Estão jogando?— Não. Levei minha cunhada para passear.— Ok. Tome conta dela — digo. E ele encerra a ligação.Aposto que respondeu com um gesto. Ele tem mania de fazer isso mesmo por telefone. Se esquece que não posso ver.Já que a minha mulher está se divertindo, não vou atrapalhar. Decido ajudar meu pai em uma negociação com bolivianos. Eles são nossos melhores clientes. Compram regularmente nossas drogas, que não são baratas, e vendem a preços ainda mais exorbitantes pelos países de mais difícil acesso.Durante a negociação, reclamaram das últimas, que negociaram com nossos homens sem a presença de um de nós. Se não fossem nossos melhores clientes eu faria um pequeno furo na cabeça de cada um deles enquanto riam
CINDERELADois meses desde o momento em que coloquei meus pés em um baile como penetra e sai noiva. Aliás, nem sai.Ainda não consegui ver minha amiga, desde a sua única visita. Henry insiste que ela está bem, mas eu quero ver para crer.Como eu já estou entediada como madame, Henry conseguiu um trabalho voluntário em um hospital infantil onde eu fico por algumas horas de segunda a sexta, brincando com as crianças e lendo histórias. Eles amam contos de fadas. Passo meu tempo com todos, desde aqueles que são apenas passageiros até aqueles que talvez nunca saiam do hospital. Machuca demais ver pequenos tão cheios de vida e ao mesmo tempo tão perto da morte. Estar com eles se tornou essencial para mim em poucos dias.Qualquer dia desses vou fazer Raoul e o Henry se fantasiarem para alegrar os pequenos. Talvez até convença o Felipe também, apesar de que ele é mais fechado e quase não o vejo.— Cindy, já está indo? — Odete, uma das médicas da ala de câncer, pergunta quando estou passando p