Voltei para minha mesa já quase no fim do expediente. Terminei meus afazeres do dia e ouvi o Rick entrar contando “Oh! Pretty woman”.- Rick, você se daria bem como cantor. – sorri pra ele.- Talvez, talvez, mas eu gosto do clima desse escritório. Celeste me contou tudo, eu estava no terceiro andar fazendo umas cópias, você está bem? – me encarou esperando a resposta.- Estou sim. Obrigada.- Bom, então minha amiga, eu vou indo. Minha esposa ligou, chegou mais cedo em casa e disse que tem uma surpresa me esperando. Eu adoro as surpresas dela, estou ansioso!- Olha só, que sortudo você é. Tenha uma ótima noite!- Obrigado. Amanhã no almoço te conto o que ela aprontou. Ah, vamos marcar alguma coisa no fim de semana? Falei com ela sobre você e ela está animada para te conhecer.- Vai ser ótimo! Posso chamar a minha amiga?- Claro que pode. Até amanhã, pretty woman!Sorri com o apelido que ele me deu e escutei logo atrás de mim, bem no meu ouvido:- Ah, Srta. Catarina, o que eu faço com v
Entrei em casa com as últimas palavras do meu chefe ecoando em minha mente. Ele continuaria me provocando. Afinal, o que ele queria de mim? O dia hoje foi uma montanha russa. Será que as coisas naquele escritório iriam se acalmar e os dias seriam normais em algum momento?Eu fui ver meu filho que já estava dormindo como um anjinho, agarrado ao seu ursinho de pelúcia. Pensei em falar com a Mel pra gente passar o domingo no parque com ele, seria bom. Passei pelo quarto da minha amiga que já estava dormindo também e peguei a babá eletrônica.Tomei um banho e tirei todo o estresse do dia do meu corpo, caí na cama e dormi pensando no meu chefe. Eu estava mesmo louca.Acordei e fui arrumar meu pimpolho para deixá-lo na creche antes de sair. Ele acordava tão bem humorado, sorriu pra mim e começou a falar que gostava muito da escolinha e enquanto eu o arrumava contou mil coisas sobre tudo o que estava descobrindo. Eu sorria como uma boba, era muito bom ver meu filho crescendo feliz.Me arrume
Todos chegaram e meu chefe me disse para trancar a porta da minha sala e fechar a porta da sala dele quando entrasse. Nos sentamos nos sofás e Alessandro começou.- É o seguinte, vocês quatro são as únicas pessoas em quem confio nesse momento, então o tema dessa reunião é sigiloso e ninguém deve saber. Há seis meses eu notei algumas pequenas incongruências entre os relatórios financeiros, a contabilidade e os relatórios comerciais. Então, eu e Patrício começamos a olhar com mais cuidado. Com o último relatório financeiro nós tivemos certeza, tem alguma coisa errada quando cruzamos os dados. Acho que alguém está roubando a empresa.Eu fiquei apreensiva, isso era muito grave. Olhei para o Rick que estava como eu muito atento. Então o Patrício falou:- É gente, mas não é só que estejam desviando dinheiro, estão desviando outros recursos também, além de alguns clientes estarem diminuindo a freqüência de negócios conosco e alguns simplesmente encerraram seus contratos.- Então rapazes isso
Ouvi meu chefe chamar e me virei pensando que ele fosse me passar mais algum trabalho.- Pois não, Sr. Mellendez.- Feche a porta, por favor, e venha até aqui.Fechei a porta, voltei e me postei em frente a ele que estava sentado naquele mesmo sofá que me lembrava coisas insanas.Alessandro tinha uma postura meio desolada, com os cotovelos apoiados nos joelhos e a cabeça baixa. Tive vontade de correr as mãos em seu cabelo e lhe dizer que ficaria tudo bem, mas não fiz isso.Todas as vezes que ele me tocava ele me tirava completamente da razão. O simples toque dele, por mais superficial que fosse, fazia minha pele queimar e meu corpo implorar por ele. Era inexplicável o que esse homem causava em mim.Ele se ergueu a minha frente e me puxou pela cintura para o seu abraço. Era calmo, gentil e afetuoso. Era diferente de todas as interações que tivemos até agora, mas ao mesmo tempo era uma sensação familiar e que aqueceu meu coração.Senti que ele depositou um beijo cálido em meu ombro dire
“Alessandro”Percebi durante o percurso que a Catarina estava muito tensa e preocupada, fosse o que fossetinha mudado o estado de ânimo da minha assessora.Quando chegamos ela desceu do carro correndo e eu segui em seu encalço. Ela me olhou como se quisesse perguntar o que eu estava fazendo e me apressei em responder:- Vou te acompanhar, não sei qual é a emergência, mas você pode precisar de ajuda.Ela não disse nada, apenas concordou. Quando entramos em seu apartamento, uma senhora veio ao nosso encontro.- Catarina, que bom que você chegou, eu ia te ligar. – a mulher falou preocupada.- Onde ele está, Lygia? – Catarina perguntou aflita.- Está no quarto e a febre aumentou. Eu vim buscar aguar pra ele. – A mulher respondeu enquanto eu pensava quem diabos é ele?Catarina irrompeu corredor adentro e eu não me contive, fui atrás. Quando entrei no quarto a vi pegar uma criança no colo e cheia de doçura dizer:- Calma, meu amor. A mamãe chegou.Mamãe? Ela é a mamãe? Minha cabeça girava e
“Alessandro”Eu não consegui dormir, passei a noite andando pelo meu apartamento. Às cinco da manhã desci para a academia que tinha no prédio, precisava me libertar de tanta tensão. Passei a hora seguinte chutando e esmurrando um saco de areia. Às sete eu já estava na empresa.Aproveitei para ligar para o Alberto Alencar. Eu o conhecia e sabia que era o tipo de homem que madrugava e começava a trabalhar muito cedo, então não me importei com a hora. Conversamos por um bom tempo, expliquei por alto o que estava acontecendo e que procurá-lo foi sugestão da Catarina. Ele ficou muito feliz ao ouvir o nome dela, disse que ela foi um recurso valioso para ele e sua perspicácia foi fundamental para encontrar provas.Após falar com o Alencar, recebi uma mensagem da minha assessora perguntando se poderia se atrasar, pois teria que esperar a babá chegar, já que o filho não poderia ir para a creche. Respondi de imediato:“Catarina, fiquem em casa com seu filho hoje.”Rapidamente a tela do celular
“Alessandro”Depois que todos saíram da minha sala, aproveitei para fazer mais algumas ligações e despachar alguns documentos. A manhã passou bem rápido e logo o Patrício apareceu me arrastando para almoçar.Quando voltamos eu decidi ir até a confeitaria, pensei em alegrar um pouco o dia da minha assessora. Eu estava sendo corroído pela curiosidade em saber sobre o pai do filho dela, mas eu poderia esperar ela estar menos tensa para me contar.Quando voltei para o escritório ela já estava em sua mesa trabalhando. Perguntei por seu filho e com um grande sorriso ela disse que ele estava bem e já estava falante como sempre. Sorri e fui para o meu escritório.Quase no fim do dia fui até a porta e chamei minha assessora. Quando ela entrou eu tranquei a porta. Ele arregalou os olhos pra mim e eu a mandei sentar no sofá. Eu tinha muitas perguntas pra ela, mas tinha decidido deixar para fazer amanhã, em casa, seria menos formal, ela já estava bastante sobrecarregada, minha idéia era aliviar a
“Alessandro”Me sentei em minha cadeira, atendi no viva voz e ouvi a voz estridente:- Alessandro, que merda é essa de reformar o andar do financeiro sem minha autorização?- Abaixe o tom de voz, Junqueira, eu não sou sua putinha pra você ficar gritando comigo eu sou o seu chefe. E eu não preciso da sua autorização para fazer o que eu quiser na minha empresa!- Isso é um desrespeito, eu tinha acabado de sair do prédio quando recebi uma mensagem da Mariana informando que à partir de segunda o financeiro irá operar no décimo sexto, no mesmo andar do marketing. É um absurdo completo o financeiro dividir o andar com outro departamento, ainda mais o marketing! Tentei voltar mas o elevador não está parando no andar. Que porra está acontecendo?- Está acontecendo exatamente o que diz a mensagem, o andar do financeiro entrará em reforma, siga as orientações enviadas no e-mail, à partir de segunda vocês trabalham no décimo sexto. O financeiro e o marketing dividirão o andar temporariamente, nã