“Flávio”Minha mãe me encarava, nem sequer olhou para a Lisandra quando deu o seu ultimato. Lisandra estava parada no meio da escada para o segundo andar, com a expressão chocada.- Lisa, vai arrumar as suas coisas. Depois, quando nossa mãe estiver mais calma, nós resolvemos com ela. – Falei sem tirar os olhos da minha mãe.Uma hora depois eu saí da casa dos meus pais com meus irmãos. Minha mãe nem se despediu da filha, mas eu sabia que ela só estava pressionando a minha irmã. Minha mãe era especialista em chantagem emocional e sempre conseguia manipular a minha irmã.- Flávio, agora ela me odeia! O que eu vou fazer? – Lisandra estava chorosa no carro enquanto nos direcionávamos para o aeroporto.- Lisa, a mamãe não te odeia. Parece que você não a conhece. Ela é como uma criança birrenta e fala essas coisas para que todo mundo faça o que ela quer. Não vê como ela faz com o papai? – Tentei consolar a minha irmã.- Eu não entendo porque ela quer que eu case com aquele traste. – Lisandra
“Manuela”Mas olha a novidade, o Flávio apareceu na minha frente com uma mulher dependurada nele, mas ao invés de apresentar logo e me explicar que era a sua irmã, ficou me olhando com aquele sorrisinho debochado. Eu já estava pronta pra botar a moça pra correr, mas felizmente ela se adiantou e se apresentou.Lisandra era linda, alta, magra, com a cintura fina, cabelos pretos bem compridos e lisos e os olhos escuros como os do Flávio. Ela tinha cílios de boneca, o que realçava seu rosto. Tinha lábios grossos e a pele clara. Mas ela também era muito simpática e só tirou o sorriso do rosto quando o Flávio mencionou o Patrício, o que me fez pensar que os dois não deveriam se dar muito bem.- E onde estão os poderosos, Rick? – Flávio perguntou se referindo ao Patrício e ao Alessandro.- Patrício já foi, chegou aqui bem cedo hoje e saiu apressado mais cedo ainda. Mas o Alessandro... – Rick olhou para frente e vi o Alessandro saindo pela porta.- Estou aqui! Como vai, Flávio? Catarina anda
“Manuela”Saí da faculdade com o PH ao meu lado, ele não me deixou sozinha nem um momento mesmo. Quando chegamos ao lado de fora, o Flávio já estava me esperando fora do carro.- Oi, Baixinha! Senti sua falta. – Ele me puxou para um abraço. – Boa noite, Paulo Henrique.- Boa noite, delegado. – O PH respondeu meio sem jeito.- Cara, me chama de Flávio. Desculpe por aquele dia, mas acho que você pode me entender. – Flávio estava se desculpando com o meu amigo pela forma rude que o tratou quando se conheceram e eu achei isso fofo.- Não se preocupe, Flávio, eu entendo. E você está certo em ficar com ciúmes, a Manu é linda mesmo e muito especial. – PH sorriu pra mim. – Manu, te espero aqui na porta amanhã. – Nos despedimos do meu amigo e entramos no carro.- Baixinha, o que aconteceu? – Flávio perguntou tão logo ligou o carro.- O Sr. Cândido apareceu aqui. – Falei ainda processando aquela visita.- Quem? – Flávio ficou confuso.- O Sr. Cândido, pai do noivo que a minha mãe me arranjou. –
“Camilo”Depois da visita que fiz a minha irmã fiquei pensando em como conseguir a amostra da Rita para fazer o exame de DNA. O Flávio havia me explicado as formas de conseguir, por um fio de cabelo ou um copo que ela usasse. Então fiquei pensando em como conseguir.Cheguei a conclusão de o melhor seria ir ao covil do leão. Acordei cedo e fui para a casa da Rita, no horário que eu sabia que ela estaria na igreja, Eu nunca entendi porque ela vivia na igreja, se era uma pessoa tão má. Talvez ela só quisesse manter a pose de pessoa de bem para o resto da cidade.- Seu Camilo, bom dia. – A empregada me recebeu e estranhou a minha presença, depois que saí dessa casa, as poucas vezes que vim foi por causa da Manu, que não estava mais aqui felizmente.- Oi, Cida, sua patroa está? Quero falar com ela.- Ela foi à igreja. E o menino Juliano está dormindo.- Claro que está, aquele inútil. Vou esperar pela Rita, preciso falar com ela. – Falei e fui entrando e me sentei na sala.- Ela vai demorar
“Rita”O dia estava tão quente e eu cheguei da igreja exausta, precisando de um banho e um refresco. Era cansativo posar de esposa abandonada e ter que aceitar todos os conselhos e lamentos pelo meu marido ingrato que saiu de casa. Na verdade, quando cheguei e percebi que o Orlando havia saído de casa eu fiquei bem contente, já estava cansada dele, mas eu precisava manter o meu papel de esposa amorosa abandonada.- Cidaa! Cida! – Chamei a empregada, mas era uma lesa, sempre demorava a dar as caras.- Pois não, patroa. – Cida apareceu enxugando as mãos no avental.- Onde está o Juliano?- Dormindo, patroa.- Traz um refresco pra mim, eu estou com muito calor. – A empregada saiu da sala e voltou com a bandeja com o refresco. Ela estava me olhando desconfiada. – O que foi, Cida?- Patroa, o Seu Camilo esteve aqui mais cedo.- O que aquele infeliz veio fazer na minha casa? Você o deixou entrar, sua imprestável? – Eu já tinha proibido a entrada daquele insuportável na minha casa, e mesmo d
“Lisandra”Já tinha três dias que eu tinha enviado o meu currículo para o Rick e eu não tive nenhuma resposta, talvez fosse hora de ir até uma agência de empregos e ver se eu conseguia alguma coisa. A Manu é muito fofa, deixou o carro dela comigo, já que o Flávio está a levando e buscando em todos os lugares por causa do rolo dela com a mãe, então seria bem mais fácil me deslocar.Imprimi alguns currículos, pesquisei algumas agências de emprego na internet, me arrumei e fui para a luta, como dizem. Eu tinha um plano e eu iria realizá-lo, eu conseguiria um emprego, teria o meu próprio apartamento e meus pais não me obrigariam a fazer nada que eu não quisesse nunca mais. Não pode ser tão difícil assim. Mas eu estava enganada.Na primeira agência de empregos que fui, fiz uma entrevista, um teste desses de psicologia, uma coisa chata, aliás, e no final disseram que entrariam em contato se aparecesse algo para o meu perfil, mas que seria difícil. Essa mania que esse pessoal de recursos hum
“Flávio”Minha irmã me ligou para contar que ia trabalhar como assessora do Patrício, achei isso ótimo, pois sabia que o Patrício seria gentil com ela. Ela também disse que levaria a Manu para a faculdade, pois estava no escritório. As duas estavam se dando muito bem e isso me deixou feliz, afinal a Lisa precisava de uma amiga e a Manu também, já que as coisas no grupo estavam diferentes agora.A Catarina estava às voltas com os cinco filhos que já corriam por todo lado e a Sam também estava bem ocupada com o bebê, a Taís foi embora e a Virgínia nunca tinha tempo, de modo que as garotas quase não estavam se encontrando. Só a Melissa que passava sempre no apartamento para ver a Manu, mas ela estava de férias e viajou com o Nando.Nesse espaço de tempo, quem se aproximou muito da Manu foi o Rick, que andava sentindo falta da esposa que já tinha ido embora há muito tempo, mas ninguém sabia como estava a situação dos dois, embora eu desconfiasse que a Manu sabia.O celular chamando me tir
“Manuela”Lisandra saiu da sala do Rick com um sorriso fraco no rosto e eu sabia que era porque ela e o Patrício não se davam bem.- Chaveirinho, vamos levar a Lisa pra tomar um café. Eu pensei que essa mulher estaria dando pulos de alegria com o emprego... – Rick saiu rindo atrás dela.- Eu estou feliz, Rick, mas eu estou preocupada. – Lisa ficou calada até chegarmos a copa, mas ela não parecia mesmo ter acabado de conseguir um excelente emprego.- Pois não se preocupe. Você e o Patrício não se vêem há muito tempo, ele também mudou e se tornou uma pessoa melhor, eu te garanto. E se ele for um babaca com você, é só me falar que eu chuto a bunda dele. – Rick nos serviu café e bolinhos.- Rick, como foi sua viagem? – Me lembrei que ele foi ver a Taís na casa dos pais dela para resolverem a situação, ele não queria o divórcio, mas pela cara que fez, imaginei que não tinha sido bem sucedido na tentativa de convencer a esposa.- Ela não falou comigo. Simplesmente se escondeu e mandou o pai