“Manuela”Parecia que as coisas estavam se acalmando finalmente. Cheguei em casa ontem depois da faculdade e o Flávio estava me esperando, com a sentença nas mãos, ele estava divorciado finalmente. Sabrina ficou pra trás, não era nada mais que uma lembrança ruim agora.Mas ele estava de plantão no sábado e eu passaria o dia sozinha. Eu aproveitaria para me preparar para a semana de provas na faculdade que estava se aproximando. Já era meio da tarde quando o porteiro me ligou avisando que tinha uma visita, alguém que eu não esperava e nem sabia se queria receber, mas não poderia recusar. Autorizei a entrada, troquei de roupa rapidamente para receber o meu visitante minimamente arrumada e enviei uma mensagem ao Flávio avisando da visita.Ao abrir a porta me deparei com um homem tão alto quanto o Flávio e que, apesar dos cabelos grisalhos, tinha muitas semelhanças com o meu namorado. O senhor César Moreno era um homem imponente, daquele tipo que exala poder, dinheiro e confiança. Ao me v
“Manuela”Eu praticamente tinha acabado de fechar a porta, ainda nem tinha me recuperado da visita do pai do Flávio, quando a campainha do apartamento tocou novamente. O que esse homem ainda queria? Respirei fundo e abri a porta. Senti como se todo o sangue do meu corpo fosse drenado. Ali, parada em minha frente, com um sorriso frio e que me pareceu até cruel, estava a minha mãe e logo atrás dela estava o Juliano.- Mãe?! – Minhas pernas tremeram e eu achei que fosse desabar no chão.- Sentiu minha falta, Manuela? Achou que eu me esqueceria de você? – Ela riu, mas um riso sem humor. – Uma mãe nunca esquece um filho, principalmente um tão rebelde quanto você!- Mãe, claro que eu senti sua falta! – Tentei abraçá-la, mas ela se esquivou, o que fez o meu coração doer.- Não me convida para entrar, filha ingrata? – Minha mãe falou com a voz fria e cortante. Eu apenas fiz um gesto e ela entrou, seguida do meu irmão que esfregou a mão sobre a minha cabeça, bagunçando os meus cabelos e puxou
“César Moreno”Eu fui atrás da Sabrina em Londres para ela finalmente cumprir sua parte no acordo que fizemos, eu achei mesmo que ela pudesse me ajudar, mas ela é tão incompetente que não conseguiu a única coisa que eu pedi pra ela, reconquistar o Flávio e trazê-lo de volta. Começo a pensar que ela só conseguiu se casar com ele porque, na época, a mãe dele e eu ainda tínhamos alguma influência sobre esse garoto. Mas agora, ele nem suporta a Sabrina.Só pra ficar um pouquinho mais difícil, aquela idiota fez um servicinho de quinta quando eu mandei resolver o problema do divórcio e o Flávio descobriu logo que as assinaturas não eram dele, ela nem tinha inventado uma história pra justificar as assinaturas, podia ter feito ele ficar bêbado e depois dito que ele assinou, era simples, mas nem isso ela fez.E ainda por cima, meu filho contratou justamente aquele cretino do Romeu Castelo para advogar pra ele. Aquele advogado era uma pedra no meu sapato e o Flávio sabia muito bem, era o único
“Flávio”Eu estava no meio de um flagrante na delegacia quando recebi a mensagem da Manu avisando que o meu pai estava no apartamento. Meu pai sozinho com ela não era algo que eu queria, ele poderia ser muito cruel quando queria. Mas eu tinha que terminar aquele flagrante antes de sair e demorou mais do que eu queria. Assim que terminou, chamei o escrivão que estava no plantão e pedi que me desse cobertura, pois eu precisava sair em razão de uma emergência pessoal, mas voltaria o quanto antes. Era só o tempo de colocar o meu pai pra fora e me assegurar de que a Manu estava bem.Porém, quando cheguei em casa, a cena que eu vi não era o que eu esperava. Um rapaz em cima da Manuela a puxando pelos cabelos. Mas quem era aquele delinquente? Eu queria esmurrar a cara daquele moleque até ela virar do avesso. Como ele se atreveu a encostar na Manu?Assim que eu vi a mulher se aproximar para defender o filho, eu entendi a situação. Reconheci imediatamente a tal de Rita, mãe da Manu, tinha só u
“Camilo”- Camilô, Camilo... – Olívia nem tinha entrado em casa e já estava me chamando como se o mundo estivesse acabando.- Aqui na cozinha, Oli! – Respondi e continuei montando meu sanduíche.- Camilo, larga isso, nós temos um problema. – Olívia falou quando chegou a cozinha.- Ah, não vou largar não, eu estou com fome! – Terminei de montar o sanduíche e dei uma mordida. Estava muito bom! – Hum, essa mostarda nova que você comprou é boa demais.- Camilo, esquece a mostarda. Sua madrasta querida viajou com o seu meio irmão cretino. – Olívia parecia aflita com isso e eu até ri.- E daí, Oli? Quanto mais longe aqueles dois estiverem, melhor pra mim. – Dei mais uma mordida no meu sanduíche.- Acontece, meu amor, que eles foram para Porto Paraíso. O que você acha que eles foram fazer lá? – Agora eu entendi o nervosismo da Olívia.- Droga! Vou avisar a Manu. – Deixei o sanduíche no prato e peguei o celular no mesmo instante em que ele tocou. – Flávio? Que coincidência, eu ia ligar pra Ma
“Flávio”Assim que a Manu dormiu eu voltei para a sala, eu tinha uma conversa pendente com o irmão da Manu.- Olha, eu já vi muita coisa ruim, mas o que essa mulher faz com a Manu é demais até pra mim. – Comentei assim que me sentei.- Já foi pior. Manu levava surras horríveis, por qualquer coisa. Um dia a Rita batei nela com um cinto, Manu ficou com o corpo cheio de marcas da fivela, tudo porque a Manu entrou em casa correndo e esbarrou em um enfeite qualquer que se quebrou. A Manu tinha só dez anos. A Rita sempre a ameaçou que se ela contasse para o nosso pai das surras ela apanharia mais. Nessa época eu já tinha saído de casa, só descobri porque desconfiei que a Manu estava usando blusa de frio no verão e eu fiz ela me contar. Cara, eu quase bati na Rita, mas meu pai chegou e nós brigamos, a Manu me implorou pra não contar pra ele. – Os olhos do Camilo lacrimejaram.- E essa não foi a primeira, não foi a última e nem foi a pior. – Olívia completou. – Me admira muito que a Manu não
“Rita”Depois que me livrei do Juliano, olhei para aquele homem que queria falar comigo. Era um homem muito bonito e estava na cara que era muito rico, o que me surpreendeu, pois o namorado da Manuela disse que era só um delegado. O acompanhei até o bar do hotel e nos sentamos em uma mesa aos fundos.- Então, senhor César, o que o senhor quer? – Perguntei sem rodeios, se ele achava que ia me intimidar, estava muito enganado.- Senhora... – Ele me olhava e então percebi que não tinha dito o meu nome.- Rita! – Falei e esperei o que ele tinha a dizer.- Senhora Rita, eu tenho planos para o meu filho e acredito que a senhora também tenha planos para a sua filha. Por isso, eu preciso levar o meu filho pra casa, mas enquanto ele estiver namorando a sua filha, não irá. Acredito que juntos possamos resolver isso. – Ele explicou e eu entendi, ele não queria o filho dele com a Manuela, assim como eu não estava satisfeita com esse relacionamento.- Esse namoro está me causando muitos problemas
“Manuela”- Vocês têm mesmo que ir? – Perguntei ao meu irmão que havia acabado de colocar a mala no carro.- Temos, Manu, mas nós vamos vir mais vezes te ver. – Meu irmão me abraçou muito apertado.- Diz para o papai que eu estou bem, para ele não se preocupar. – Me despedi do meu irmão e da minha cunhada e fiquei olhando o carro se afastar.- Baixinha, eu estou preocupado, aquela mulher não vai desistir. Ela não pode entrar no prédio, mas na faculdade não tem como impedir. – Flávio estava com o braço em minha cintura, desde sábado ele repetia a mesma coisa e eu sabia que ele tinha razão, mas eu não via como evitar.- Eu sei que ela não vai desistir, mas eu não sei o que fazer. – Falei enquanto caminhávamos para o carro, voltamos a rotina de ele me levar e me buscar em todos os lugares.- Você deveria fazer uma queixa contra ela e o Juliano. – Flávio estava insistindo que eu fosse à delegacia e denunciasse as agressões.- Flávio, ela é minha mãe. Não é nem pelo Juliano, ele é meu irmã