“Flávio”Consegui despachar a Sabrina, mas eu continuava inquieto. Pensei bem e decidi ir a Campanário falar com meu pai e tirar essa história da Sabrina reaparecendo do nada a limpo. Eu iria no domingo, um bate e volta. Ia a Campanário, conversaria com meus pais e voltaria correndo para a minha baixinha. Era preciso enfrentar as feras.Só que eu não queria que a baixinha soubesse, não queria jogar essa história toda em cima dela. Então falei que estava de plantão. Eu odiava mentir pra ela, mas se contasse da Sabrina e que ainda estava casado a baixinha com certeza ia me deixar. Com todas as convicções dela, seria difícil convencê-la de que eu não tinha idéia de que a Sabrina conseguiu anular a sentença do divórcio e que de toda forma eu ia me livrar dela.Quando cheguei a Campanário, meu irmão estava me esperando, como combinamos.- Raul, meu irmão, obrigado por vir me buscar. Como você está? – Abracei meu irmão, que me abraçou de volta.- Cara, ser o filho mimado que não atende as e
“Flávio”Fomos para a casa dos meus pais e quando chegamos eles realmente se surpreenderam. Minha mãe abriu os braços e veio me receber.- Filho, você voltou, finalmente! – Ela me abraçou.- Não se engane, mãe. Vim só para conversar com vocês, volto hoje mesmo para Porto Paraíso. – Falei logo e ela colocou a mão em meu rosto.- Quando você vai entender que seu lugar é aqui? – Ela perguntou.- Não mais, mãe. – Respondi e cumprimentei o meu pai.- Pois eu acho que você vai mudar de idéia em breve. – Meu pai falou com um sorriso no rosto.- Você diz isso por causa da Sabrina, pai? – Dei um sorriso cínico pra ele. – Eu estou tentando entender como foi que ela conseguiu anular a sentença de divórcio.- Pelo que eu sei, você desistiu do divórcio porque ela estava grávida. E assinou todos os documentos pra ela. Mas aquela inconsequente viajou e perdeu o meu neto num aborto espontâneo. – Do jeito que o meu pai falou, parecia que ele realmente acreditava no tal aborto espontâneo.- É o que voc
“Flávio”Aquela situação tinha sido o estopim da minha indignação. Minha irmã estava em apuros e eu precisava ajudá-la de algum modo. Eu estava completamente irritado e comecei a falar alto, quem sabe eles acordariam daquele devaneio de casamento forçado.- Vocês dois não se dão conta do que estão fazendo? – Falei indignado assim que o irritante do Guilherme saiu. – Ele vai fazer a Lisa sofrer. Ele nunca vai largar essa vidinha de filhinho de papai inconsequente. Ele nunca vai tratá-la com respeito. Sabem quantas mulheres ele já agrediu? Querem que minha irmã seja uma delas?- Abaixa a voz, Flávio. Isso aqui não é aquela delegacia imunda! – Meu pai falou tão alto quanto eu. – Já disse, o casamento da sua irmã não é da sua conta. Mas o seu sim. E é bom que você volte para Campanário e assuma a sua esposa.- Mas nem que o inferno congele! – Respondi. – Não sei como a sentença de divórcio foi anulada, mas eu me divorcio de novo!- Pra quê, Flávio? Para continuar sua aventurazinha com aqu
“Flávio”A viagem de volta pareceu interminável. Eu tinha certeza que o meu pai estava tramando alguma coisa e que ele ia tentar interferir entre a Manu e eu. Eu precisava de um plano de contenção de danos urgente. No fim das contas, ir até os meus pais não tinha adiantado de nada. Eu estava com saudade da minha baixinha e agora sentia um medo absurdo de perdê-la.Cheguei em casa e estava tenso, nervoso até. Ela estava me esperando, já com a mesa posta para o jantar. A peguei pela cintura, sem dizer um a palavra, a tirei do chão e a beijei com urgência, um pouco de desespero e com o coração apertado. Ela me retribuiu com a mesma intensidade e passou as pernas ao redor da minha cintura.Não pensei em mais nada, eu só precisava estar dentro dela e senti-la minha. Eu a havia prendido contra a parede e tinha urgência dela.- Ah, baixinha, eu só quero me afundar no seu corpinho agora, só quero me sentir dentro de você. – Falei de olhos fechados com a testa grudada na dela, seus braços em m
“Flávio”Saí do apartamento o mais rápido possível, não queria que a minha baixinha fosse perturbada. Eu estava enfurecido, quem aquela louca pensava que era para me confrontar assim. Minha vontade de dar um tiro no meio da cara dela e sumir com o corpo era quase incontrolável.Saí pela portaria do prédio e a encontrei no meio da calçada. A peguei pelo cotovelo e saí puxando até a esquina. Eu estava cego de fúria, talvez a jogasse debaixo do primeiro carro que passasse na rua. Essa mulher já estava me tirando do sério.- Que porra você está fazendo aqui, Sabrina? – Eu reuni todo o pouco controle que ainda tinha para não matá-la e não gritar ali no meio da rua.- O que você acha? – Ela me olhou cinicamente e eu precisei contar até dez para não apertar o seu pescoço.- Sabrina, nós fizemos um acordo. – A lembrei, eu mal conseguia falar de tanta raiva.- É, fizemos, mas eu mudei de idéia. Não vou te dar um mês para que você me arme alguma cilada. – Ela falava calmamente, como se não soub
“Flávio”Eu tinha quase certeza de que foi o meu pai quem convenceu a Sabrina a voltar para me infernizar, mas eu queria confirmar, eu precisava chegar ao ponto, saber o que ele estava oferecendo a ela. Obviamente ele, assim como ela, sabiam que eu jamais voltaria com ela, então por que insistir nesse assunto de casamento? Era só eu me divorciar de novo, ainda que demorasse, uma hora ou outra eu conseguiria o divórcio outra vez. Mas porque eles estavam insistindo nisso?- Sabrina, o próprio Bonfim te disse que eu não sabia que a viatura estava infectada. – Tentei argumentar, vendo que ela estava uma fera por causa da história dos piolhos.- Você poderia ter usado o seu carro, Flávio. – Ela esbravejou.- Não podia. Ele estava com os dois pneus furados e eu estava esperando o borracheiro ir lá na delegacia arrumar pra mim. – Falei a primeira coisa em que pensei.- De todo jeito, Flávio, eu mudei de idéia e estou aqui. Coloca a ninfeta pra fora porque quero me mudar logo para o nosso apa
“Flávio”Eu estava na delegacia, depois de encontrar a Sabrina não voltei pra casa, o dia já estava quase amanhecendo e eu teria que sair para o trabalho mesmo, achei melhor não perturbar minha baixinha. Mas eu ia perturbar outra pessoa. Peguei o telefone e disquei para o meu pai.- Flávio, bom dia! Já recobrou o juízo? – Meu pai atendeu tranquilamente. Eu sabia que ele acordava sempre muito cedo e a essa hora já estava sentado na biblioteca de casa lendo as notícias.- Pai, eu nunca o perdi! Mas eu liguei só para te dizer uma coisa que eu acho que você não entendeu. – Falei tão calmo quanto ele. – A Sabrina é um tiro no pé. Eu nunca vou voltar pra ela e se ela perturbar a Manu eu rompo em definitivo com a família. Então, pare de usá-la, não vai funcionar e só está me irritando.- Pelo menos está te irritando. – Meu pai riu. É claro que ele queria mais do que me irritar.- Pensei que nós daríamos uma trégua? – Perguntei vendo que meu esforço do dia anterior foi em vão.- Ah, filho, ma
Cheguei em casa depois de um dia puxado e meus pais estavam me esperando na sala. - Catarina, senta aí que precisamos conversar. – Meu pai falou e parecia bem nervoso. - Pode falar, pai, o que aconteceu? – Perguntei ao meu pai cansada, eu tinha trabalhado o dia todo, ido pra faculdade à noite e, ao chegar em casa, a única coisa que eu queria era tomar um banho e cair na cama. Mas não foi possível. - Catarina, chegou o convite de casamento da sua prima. – Minha mãe falou. - Aquela mulherzinha não é minha prima! – Falei já ficando nervosa. - Catarina, ela é a sua prima. – Minha mãe falou. – É melhor você parar com esse ataque de infantilidade. A Melissa já bateu nela e fez um escândalo aqui em casa. Agora chega! Ela é filha da minha irmã, portanto é sua prima. - Me desculpa, mãe, mas ela não é nada pra mim. – Tentei manter a calma. – Ela ficou com o meu namorado na minha cama, isso não é coisa que se faça. Eu namorava o Cláudio há quatro anos, ele foi meu primeiro namorado, e o en