“Flávio”Depois da visita do meu pai eu passei o resto da semana tenso, sem ter idéia do que ele estava aprontando. Até liguei para o meu irmão, mas ela não sabia de nada, porém prometeu tentar descobrir. No sábado eu fui ajudar a Manu com a mudança.- Baixinha, isso é tudo? – Perguntei colocando a última caixa da mudança da Manu no carro.- Sim, grandão, aluguei o apartamento mobiliado, então não tenho muita coisa para levar para a sua casa.- A nossa casa. – A puxei pela cintura e a corrigi. – Agora é a nossa casa. Na verdade sempre foi.Manu e eu passamos o sábado no apartamento dela arrumando a mudança, no final da noite minha baixinha já ocupava o meu apartamento e a minha vida inteira. Eu estava feliz demais com isso.Mas eu ainda estava preocupado com a visita do meu pai no início da semana. Depois dessa visita ele estava quieto. Eu não havia falado sobre nada disso com a Manu, ela já estava lidando com a própria mãe louca e eu não queria que ela se preocupasse com a minha famí
“Flávio”Entrei no bar do hotel e vi, numa mesa ao fundo, na varanda do bar, a imagem inconfundível daquela mulher alta, esguia, com cabelos castanhos ondulados e brilhantes, usando um vestido preto com um decote profundo e segurando um daiquiri de morango em uma mão e um cigarro na outra, como sempre. Aquela mulher que já havia sido minha esposa, que decidiu me fazer escolher entre ela e a minha profissão e depois simplesmente foi embora.Caminhei até ela analisando a cena. Sabrina pouco tinha mudado, ainda era uma mulher linda e provocante. Nós tínhamos a mesma idade, nossos pais eram amigos, estudamos juntos e eu nem percebi que éramos empurrados um para o outro desde sempre pelos nossos pais. Quando me dei conta, já estava casado e achava que ela era a mulher certa pra mim. Até que ela me colocou contra a parede e não aceitei deixar a polícia e voltar para a empresa do meu pai como um cachorrinho adestrado. E eu fiz a escolha certa!- Por que diabos um morto sai do túmulo para inf
“Flávio”Eu estava pirando! Passei a noite em claro e resolvi ligar para o Bonfim e pedir ajuda, ele com certeza poderia me ajudar. A Manu ainda estava dormindo quando saí, então deixei um bilhete pra ela dizendo que precisei voltar para a delegacia. Eu me sentia mal por não dizer a verdade, mas eu não queria que ela se preocupasse com isso ou que isso fosse motivo para ela pensar em ir embora.- Bonfim, obrigado por vir me encontrar. – Falei ao encontrar o Bonfim na porta da delegacia.- Amigos são pra essas coisas. – Ele bateu a mão no meu ombro. – Tenho certeza que vamos resolver isso.Fomos para a minha sala e eu contei para o Bonfim tudo o que aconteceu e mostrei a ele os documentos.- Bonfim, eu não assinei nada disso, tenho certeza. – Arrematei.- Então, o que vamos fazer é falar com um advogado da minha confiança que vai entrar com um recurso. E também vamos falar com a delegada da especializada em investigação de fraudes, ela é uma amiga e vai nos ajudar, vamos fazer a queixa
“Flávio”Parece que os meus dias de tranquilidade ficaram pra trás. O Heitor voltou finalmente de viagem e reuniu os caras para um jantar, ele queria era notícias da Samantha, mas acabou contando que o ex namorado dela andava a ameaçando e que havia feito ameaças a Manu também e isso me deixou louco.Quando cheguei em casa fui conversar com a Manu que me disse simplesmente que nem se lembrava disso. Como a pessoa é ameaçada e nem se lembra? A baixinha acabou me distraindo com aquele corpo gostoso e eu deixei a conversa de lado.Mas no dia seguinte eu estava nervoso e preocupado. E não ajudou muito a ligação que recebi da Sabrina.- Oi, maridinho! Já confirmou que nós continuamos casados? – Sabrina estava adorando me deixar nessa situação.- Sabrina, volta para o buraco de onde você saiu e me esquece! – Esbravejei e desliguei o telefone, mas não adiantou, ele voltou a tocar.- Você já foi mais educado. – Sabrina reclamou. – Flávio, você é meu marido, então deveria me levar para almoçar
“Manuela”Eu fiquei muito aborrecida com o Flávio pela forma como ele falou com a Sam, mas no fim das contas eu até entendia ele estar preocupado com a minha segurança. Eu também não conseguiria ficar muito tempo brava com ele. Eu estava com saudade, dormi uma noite longe dele e já estava com saudade.Abri a porta do apartamento decidida a resolver esse situação, não ficaria brigada com ele. Ele já tinha até se desculpado com a Sam. Quando olhei em volta o apartamento estava todo escuro, achei estranho, pois já era para o Flávio estar em casa. Olhei ao redor e não vi nada, fui até a cozinha e estava tudo escuro. Fui até o quarto e o Flávio não estava lá.- Que estranho! Será que ele ainda não chegou? – Perguntei pra mim mesma.Deixei a bolsa no closet e tirei os sapatos os deixando por lá. Fui até o banheiro, tomei um banho e vesti uma das camisas dele, eu estava com tanta saudade que queria sentir o cheiro dele, então vesti a camisa. Já tinha passado da hora dele chegar. Eu ia ligar
“Manuela”Cheguei ao escritório cantando e sorrindo, achando que todas as cores estavam mais bonitas, o dia mais brilhante e que a vida era boa demais. Mas não seria de outra forma, depois da noite de amor que tive com o meu grandão que, finalmente, se declarou para mim.- Gente, mas esse delegado é mesmo um espetáculo! – Rick apareceu em frente a minha mesa sorrindo.- O amor é um espetáculo, Rick! – Sorri pra ele.- Explica, lindinha! – Ele sorriu e se sentou.- Ele me ama, Rick, ele me ama! – Falei toda empolgada.- E qual a novidade, Chaveirinho? – Patrício apareceu nesse momento. – Todo mundo já sabe disso.- Como assim, gente? – Olhei intrigada.- Só você e o Flávio que estavam com essa dúvida, porque todos nós já sabíamos que vocês se amam. – Patrício falou e eu olhei para o Rick.- Eu não disse nada. – Rick colocou as mãos abertas na frente do corpo como que para enfatizar que realmente não havia dito.- E precisava? É só ver como esses dois andam. – Patrício se sentou na outr
“Flávio”Minha vida com a Manu estaria perfeita se não fosse o fantasma da Sabrina assombrando meus pensamentos. Eu estava receoso de que a qualquer momento a Sabrina fosse procurar a Manu. A Manu me amava, mas eu não sei se ela suportaria isso, descobrir que eu fui casado e que de alguma forma eu ainda estava casado.Falei com o advogado e com a delegada essa semana, mas eles disseram que ainda demorará uns dias para terem alguma novidade pra mim. Só que eu estava muito nervoso e ansioso, preocupado demais e me sentindo acuado. E só piorou depois que a porta da minha sala foi aberta.- O que você está fazendo aqui? – Perguntei furioso.- Hoje é sexta feira, Flávio. Vim saber se você já despachou a ninfetinha. – Sabrina me olhou com o maior cinismo e passou a mão na cadeira antes de se sentar, como se verificasse se estava limpa. – Mas que lugarzinho horroroso essa delegacia, hein?!- Cai fora, Sabrina! Não enche o meu saco!- Ah, maridinho, não fala assim comigo não, se eu ficar estr
“Flávio”Bati a porta, acabei de colocar as malas na viatura e saí dali rumo ao aeroporto. Bonfim ao meu lado achava graça de tudo. Eu estava a beira de colapso nervoso. Sabrina atrás bufava e resmungava.- Flávio, isso é um ultraje. – Sabrina não parava de reclamar, se mexendo de um lado para o outro no banco, era irritante.- Moça, não fica se esfregando muito nesse banco não. Ontem a noite essa viatura transportou um bandido que estava foragido escondido no mato e ainda não deu tempo de lavar. Ele estava numa situação desagradável. – Bonfim falou e eu o olhei sabendo que ele estava inventando história para provocar a Sabrina.- Ah, foi nessa viatura que transportaram o Remela? – Perguntei inventando um nome qualquer e entrando na onda do Bonfim. Isso seria divertido.- Foi sim. E ele estava sem tomar banho há um mês, se escondendo no mato, revirando lixeiras. Soube que tiveram que raspar a cabeça dele e obrigá-lo a raspas todos os pêlos do corpo. – Bonfim falou e eu vi pelo Retrovi