“Flávio”Bati na porta da sala do Bonfim e entrei. Ele estava sentado atrás da mesa lendo um inquérito e levantou os olhos logo que entrei, me recebendo bem humorado.- Bom dia, Flávio. O que temos pra hoje? – Bonfim perguntou animado. Ele, assim como eu, adorava o trabalho.- Meu delegado, preciso de um favor. – Falei sabendo que só ele poderia me ajudar. Bonfim se levantou, foi até a cafeteira e serviu dois cafés, colocando um em minha frente.- Sente-se e me conte, se eu puder ajudar o farei com prazer. – Era tudo o que ele fez desde que nos conhecemos, estava sempre me ajudando.- Meu pai está vindo aí com a missão de conseguir a minha expulsão da polícia e parece que já até falou com o secretário de segurança. – Falei de uma vez.- E por que o seu pai quer isso? – Bonfim era detalhista e sempre queria saber o porque das coisas.- Porque ele quer que eu trabalhe na empresa dele.- Hum. Pelo que sei sua família é bem poderosa, meu amigo.- Fez o dever de casa, Bonfim? – Eu nunca ha
“Flávio”Meu pai estava sentado em uma cadeira próxima a porta da minha sala. Vestindo seu terno caro de três peças, ele destoava do ambiente. Mas estava ali com aquela expressão estóica. Eu sabia que era um homem com uma missão. Ela não desistia das coisas facilmente.- Pai! Está me esperando há muito tempo? Devia ter me ligado. – Falei tentando ser cordial.- Não tem cinco minutos que eu cheguei, Flávio. Quero falar com você e com certeza você já sabe o assunto. – Meu pai era um homem com seus de sessenta e seis anos, mas muito imponente e extremamente ativo, o que o fazia parecer mais jovem até. Mas ele também era direto e objetivo.- Vamos até a minha sala. – Apontei a direção e precisei me segurar para não sair bufando e resmungando como um moleque.Meu pai olhava em volta da minha sala com desdém, como se avaliasse cada objeto ali com desprezo.- Como estão as coisas em Campanário? – Tentei ser cordial, mas quando o meu pai ficava mal humorado ele esquecia as boas maneiras.- Nã
“Flávio”Depois da visita do meu pai eu passei o resto da semana tenso, sem ter idéia do que ele estava aprontando. Até liguei para o meu irmão, mas ela não sabia de nada, porém prometeu tentar descobrir. No sábado eu fui ajudar a Manu com a mudança.- Baixinha, isso é tudo? – Perguntei colocando a última caixa da mudança da Manu no carro.- Sim, grandão, aluguei o apartamento mobiliado, então não tenho muita coisa para levar para a sua casa.- A nossa casa. – A puxei pela cintura e a corrigi. – Agora é a nossa casa. Na verdade sempre foi.Manu e eu passamos o sábado no apartamento dela arrumando a mudança, no final da noite minha baixinha já ocupava o meu apartamento e a minha vida inteira. Eu estava feliz demais com isso.Mas eu ainda estava preocupado com a visita do meu pai no início da semana. Depois dessa visita ele estava quieto. Eu não havia falado sobre nada disso com a Manu, ela já estava lidando com a própria mãe louca e eu não queria que ela se preocupasse com a minha famí
“Flávio”Entrei no bar do hotel e vi, numa mesa ao fundo, na varanda do bar, a imagem inconfundível daquela mulher alta, esguia, com cabelos castanhos ondulados e brilhantes, usando um vestido preto com um decote profundo e segurando um daiquiri de morango em uma mão e um cigarro na outra, como sempre. Aquela mulher que já havia sido minha esposa, que decidiu me fazer escolher entre ela e a minha profissão e depois simplesmente foi embora.Caminhei até ela analisando a cena. Sabrina pouco tinha mudado, ainda era uma mulher linda e provocante. Nós tínhamos a mesma idade, nossos pais eram amigos, estudamos juntos e eu nem percebi que éramos empurrados um para o outro desde sempre pelos nossos pais. Quando me dei conta, já estava casado e achava que ela era a mulher certa pra mim. Até que ela me colocou contra a parede e não aceitei deixar a polícia e voltar para a empresa do meu pai como um cachorrinho adestrado. E eu fiz a escolha certa!- Por que diabos um morto sai do túmulo para inf
“Flávio”Eu estava pirando! Passei a noite em claro e resolvi ligar para o Bonfim e pedir ajuda, ele com certeza poderia me ajudar. A Manu ainda estava dormindo quando saí, então deixei um bilhete pra ela dizendo que precisei voltar para a delegacia. Eu me sentia mal por não dizer a verdade, mas eu não queria que ela se preocupasse com isso ou que isso fosse motivo para ela pensar em ir embora.- Bonfim, obrigado por vir me encontrar. – Falei ao encontrar o Bonfim na porta da delegacia.- Amigos são pra essas coisas. – Ele bateu a mão no meu ombro. – Tenho certeza que vamos resolver isso.Fomos para a minha sala e eu contei para o Bonfim tudo o que aconteceu e mostrei a ele os documentos.- Bonfim, eu não assinei nada disso, tenho certeza. – Arrematei.- Então, o que vamos fazer é falar com um advogado da minha confiança que vai entrar com um recurso. E também vamos falar com a delegada da especializada em investigação de fraudes, ela é uma amiga e vai nos ajudar, vamos fazer a queixa
“Flávio”Parece que os meus dias de tranquilidade ficaram pra trás. O Heitor voltou finalmente de viagem e reuniu os caras para um jantar, ele queria era notícias da Samantha, mas acabou contando que o ex namorado dela andava a ameaçando e que havia feito ameaças a Manu também e isso me deixou louco.Quando cheguei em casa fui conversar com a Manu que me disse simplesmente que nem se lembrava disso. Como a pessoa é ameaçada e nem se lembra? A baixinha acabou me distraindo com aquele corpo gostoso e eu deixei a conversa de lado.Mas no dia seguinte eu estava nervoso e preocupado. E não ajudou muito a ligação que recebi da Sabrina.- Oi, maridinho! Já confirmou que nós continuamos casados? – Sabrina estava adorando me deixar nessa situação.- Sabrina, volta para o buraco de onde você saiu e me esquece! – Esbravejei e desliguei o telefone, mas não adiantou, ele voltou a tocar.- Você já foi mais educado. – Sabrina reclamou. – Flávio, você é meu marido, então deveria me levar para almoçar
“Manuela”Eu fiquei muito aborrecida com o Flávio pela forma como ele falou com a Sam, mas no fim das contas eu até entendia ele estar preocupado com a minha segurança. Eu também não conseguiria ficar muito tempo brava com ele. Eu estava com saudade, dormi uma noite longe dele e já estava com saudade.Abri a porta do apartamento decidida a resolver esse situação, não ficaria brigada com ele. Ele já tinha até se desculpado com a Sam. Quando olhei em volta o apartamento estava todo escuro, achei estranho, pois já era para o Flávio estar em casa. Olhei ao redor e não vi nada, fui até a cozinha e estava tudo escuro. Fui até o quarto e o Flávio não estava lá.- Que estranho! Será que ele ainda não chegou? – Perguntei pra mim mesma.Deixei a bolsa no closet e tirei os sapatos os deixando por lá. Fui até o banheiro, tomei um banho e vesti uma das camisas dele, eu estava com tanta saudade que queria sentir o cheiro dele, então vesti a camisa. Já tinha passado da hora dele chegar. Eu ia ligar
“Manuela”Cheguei ao escritório cantando e sorrindo, achando que todas as cores estavam mais bonitas, o dia mais brilhante e que a vida era boa demais. Mas não seria de outra forma, depois da noite de amor que tive com o meu grandão que, finalmente, se declarou para mim.- Gente, mas esse delegado é mesmo um espetáculo! – Rick apareceu em frente a minha mesa sorrindo.- O amor é um espetáculo, Rick! – Sorri pra ele.- Explica, lindinha! – Ele sorriu e se sentou.- Ele me ama, Rick, ele me ama! – Falei toda empolgada.- E qual a novidade, Chaveirinho? – Patrício apareceu nesse momento. – Todo mundo já sabe disso.- Como assim, gente? – Olhei intrigada.- Só você e o Flávio que estavam com essa dúvida, porque todos nós já sabíamos que vocês se amam. – Patrício falou e eu olhei para o Rick.- Eu não disse nada. – Rick colocou as mãos abertas na frente do corpo como que para enfatizar que realmente não havia dito.- E precisava? É só ver como esses dois andam. – Patrício se sentou na outr