“Flávio”A noite foi divertida, mas eu estava com a cabeça cheia com tudo o que aconteceu na última semana e isso não passou despercebido pela baixinha.- O que está incomodando tanto o meu delegado? – Manu perguntou depois de fechar a porta do quarto e me empurrar para a poltrona.- Lisandra e Ricardo. – Suspirei dando a desculpa mais esfarrapada do mundo.- Eles são só amigos. E não é possível que você realmente esteja preocupado com isso. – Manu sentou em meu colo e me olhou nos olhos.- Eles não se desgrudam, baixinha, o Rick está se divorciando, não quero a Lisandra chorando pelos cantos por causa de uma desilusão. – Expliquei.- Flávio, deixa a sua irmã viver a vida dela. Ou você pretende continuar a controlando como sua mãe estava fazendo? – Manu era certeira, via a situação de forma muito objetiva.- É, você tem razão. – Passei a mão pelo seu rosto delicado e ela fechou os olhos. – Está cansada?- Não, ainda tenho uma coisa para fazer hoje. – Olhei curioso para ela.- E o que
“Flávio”Manu estava dormindo tão tranquila que achei melhor não acordá-la. O dia já estava clareando quando fomos dormir. Mas eu tinha muita coisa na cabeça e não consegui pregar os olhos. Cheguei na cozinha e encontrei o Camilo e a Olívia falando baixinho.- Olha, Oli, as olheiras desse homem. – Camilo riu ao me ver.- É, cunhado, sua irmã acaba comigo. – Brinquei e o sorriso morreu na boca dele.- Me poupe dos detalhes sórdidos! – Camilo reclamou fingindo irritação. – Pelo menos vocês não fizeram muito barulho essa noite. – Eu não pude deixar de rir, lembrando do esforço da baixinha em manter a boca fechada.- Cadê a Manu? – Olívia me estendeu uma caneca de café.- Dormindo. Ela está meio cansada. – Sorri para o Camilo que bufou.- Ótimo, porque nós temos que conversar. – Olívia parecia preocupada.- O que foi? – Perguntei.- Minha mãe me ligou. A mulher que trabalha na casa dela é a amiga da mulher que trabalha na casa do Cândido, o pai do tal noivo que a Rita insiste em empurrar
“Camilo”Já tinha três dias que Olívia e eu havíamos voltado para a nossa cidade e eu ainda não havia tido tempo de ir ao tal depósito ver o que a fulana que morreu havia guardado lá. Eu precisa encontrar um tempo pra isso, mas estava difícil, principalmente porque meu pai estava com a cabeça no divórcio, já que a audiência foi marcada e a Rita apareceu aqui e fez um escândalo, pois não a deixaram entrar, seguindo minhas ordens. E o meu pai estava temporariamente morando comigo, o convenci a não ir para a fazenda e a se mudar só depois de se livrar da Rita.Contudo, eu tampouco estava me concentrando no trabalho, pois estava com a cabeça em toda essa história de investigação e estava muito preocupado com a minha irmã.- Quer saber, como diz a Oli, vamos fazer acontecer. – Falei para mim mesmo eu iria atrás do tal “A Caixa”.Chamei a secretária e pedi para remarcar todos os meus compromissos, o que ela fez bem rápido. Liberei todas as pendências da minha mesa e avisei a Oli para me esp
“Camilo”Quando nos aproximamos da nossa casa vi umas poucas pessoas ao redor, vi meu pai do lado de fora do portão e a Rita armando um escândalo. Eu olhei aquilo com desgosto. Ao meu lado a Olívia bateu palmas e deu pulinhos no banco.- Mas é hoje! – Oli falou alegremente, enrolou e prendeu os longos cabelos em um coque. Eu olhei para ela intrigado.- É hoje o quê, Oli? – Perguntei, mas ela já estava descendo do carro decidida e só me restou fazer o mesmo.- Anda, Orlando, fala pra mim, quem é a messalina com quem você está metido? Para pedir o divórcio assim com tanta pressa, só pode ser porque está enrabichado por outra mulher. – A Rita gritava chorava, fazendo uma cena de esposa traída. Ela estava adorando ter público. Ela estava posando de esposa ofendida na frente da cidade.- Rita, por favor, para com isso! – Meu pai parecia furioso.- Eu queria conversar com você, Orlando, no refúgio do nosso lar, mas você saiu de casa enquanto eu fui visitar a nossa filha. Você saiu sorrateir
“Flávio”A semana já estava acabando e eu ainda não tinha tido notícias do Camilo. Eu já estava inquieto. O Breno me disse que iria até a tal Gisele na semana seguinte ainda e eu estava mais do que aflito por notícias.- Camilo! – Atendi o telefone assim que a tela brilhou. – Eu estava aqui me perguntando quando você me daria notícias.- Flávio, a semana foi uma loucura. E no meio de tudo ainda tive que separar uma briga. – Camilo riu.- Briga? – Eu achei que tinha entendido errado.- Ah, vou te mandar o vídeo. Minhas câmeras de segurança gravaram tudo, não sei se a Manu vai gostar, mas você vai adorar. Eu deveria ter ficado com muita raiva, mas foi até engraçado. – Camilo riu. – Mas, preciso de um favor.- E o que seria? – Perguntei, mas ainda estava curioso com a tal briga.- A Olívia está a caminho, ela vai te procurar na delegacia, vai te entregar as caixas com o que encontramos no depósito da falecida empregada e está com a amostra para o DNA. Você pode acompanhá-la até o laborat
“Manuela”A sexta feira no escritório estava tão tranquila que eu estava olhando o tempo passar devagar. Acabei me lembrando dos alfajores da confeitaria em frente ao escritório, tinha tanto tempo que eu não os comia e eram deliciosos.- Hum, acho que vou lá comprar alguns pra um lanchinho à tarde. – Falei comigo mesma.- Falando sozinha, Manu? – Lisa apareceu na porta da sua sala com uma caneca na mão.- É uma mania, Lisa, eu converso comigo mesma. Mas já que você está aqui, se importa de atender o telefone pra mim por uns minutinhos? – Perguntei a minha cunhada.- Claro que não, eu atendo. – Ela sorriu e olhou para o celular em sua mão.- Não demoro. – Peguei a minha bolsa e caminhei para o elevador.- Ei, Manu, onde você vai? Não vai sair do prédio, né? O Flávio disse para você não sair... – Lisa percebeu que eu pretendia sair e ficou preocupada.- É rapidinho, Lisa, vou na confeitaria em frente. Não se preocupe, meu pai está de olho na minha mãe, ele colocou uma pessoa para vigiá-
“Manuela”Chegamos em casa e eu fui tomar um banho. Quando voltei para a sala, minha cunhada estava acabando de colocar a mesa e o Flávio estava ao telefone.- Como você está, Manu? – Olívia perguntou.- Péssima, Olívia. Como ela é capaz de fazer essas coisas comigo? – Eu estava com lágrimas nos olhos de novo.- Ela é má, Manu! Infelizmente eu preciso te dizer isso. – Olívia suspirou. – Agora enxuga esses olhinhos, porque seu delegado pediu aquela comida chinesa que você adora pra gente almoçar.- Baixinha, tomou os remédios? – Flávio me abraçou por trás e eu confirmei. – Sua mãe já está a caminho de casa. Mas eu vou insistir que você deveria denunciá-la.- É minha mãe, Flávio... – Ele me abraçou e se deu por vencido com um suspiro resignado.- Já avisei ao Camilo e ao seu pai, Manu. Parece que a sua mãe armou para confundir o funcionário que o seu pai deixou atrás dela. Ela foi pra casa da mulher do delegado da cidade e depois o carro dela saiu e voltou pra casa. O funcionário seguiu
“Rita”Aquela ratinha está muito bem protegida, eu achei que estivesse com sorte quando a vi sair do prédio, mas quem tem sorte é ela, até agora não sei de onde saíram aqueles policiais. Agora eu estou voltando pra casa de mãos abanando. O pior é que o prazo que o Cândido me deu está acabando. Mas algum jeito eu tenho que dar.Cheguei em casa e a Magda estava me esperando. Ela é uma amiga muito útil, mulher do delegado, ele faz tudo o que ela quer e ela faz tudo o que eu quero. É uma carola, vive enfurnada na igreja, mas é uma pecadora, uma pecadora útil, fofoca da vida de todo mundo nessa cidade, sabe dos podres de todo mundo. Bem, de quase todo mundo, pois ela me acha uma santa, todos nessa cidade acham que eu sou uma beata, às vezes tenho até vontade de rir.- Rita, onde está a sua filha? Você não a encontrou? – Magda me olhou curiosa, era melhor me fazer de coitada.- Acredita que aquela ingrata não quis vir comigo, Magda. E ainda fez um escândalo na rua, chamando a atenção de tod