“Manuela”É claro que eu acreditava no Flávio e eu sabia bem que a Sabrina aprontaria muito para tentar seduzi-lo, mas eu estava preparada para as armadilhas dela e, para cada uma que ela aprontasse, eu a mostraria que mexer comigo ou com o meu namorado não era uma boa opção. Eu não era mais a Manu inocente e bobinha que eu era quando cheguei aqui.- Manu, você acreditou nele, né? – Lisandra perguntou preocupada.- Claro que acreditei, Lisa. Eu confio no seu irmão e a cara de desespero dele deixou bem claro que ele estava dizendo a verdade. – Respondi.- Coitado, Manu, e você deixou ele sair daqui sem saber disso? – Rick me reprovou.- É que eu vou ensinar uma coisinha ou duas pra ele hoje, pra ele ficar mais esperto com as armações dessazinha. – Respondi com um sorriso.- Ih, olha aí eu ficando sem dormir essa noite. – Lisa brincou.- Vai lá pra casa, já te falei, tem quarto vago, a gente pode jantar juntos, bater um papo. Vai ser bom pra mim ter companhia. – Rick a convidou, ele and
“Manuela”Entrei no quarto e vi o Flávio sentado na poltrona lendo um livro, ele estava usando uma calça leve e uma camisa de malha. Ele suspendeu os olhos e me viu passar direto por ele e ir para o banheiro sem dar uma palavra. Fechei a porta para que ele não entrasse atrás de mim, eu tinha um plano.Depois do banho vesti uma lingerie rosa, de renda transparente, peguei uma echarpe no closet e fui até o quarto, deixei a echarpe sobre o criado mudo, ciente dos seus olhos sobre mim, e me virei para ele. Ele havia deixado o livro de lado e estava me observando, quando me virei ele abriu um meio sorriso. Fui até ele e me abaixei, deixando meus olhos na altura dos dele.- Agora, me explica, delegado, você chegou no quarto daquela vaca e ela estava só de calcinha e sutiã. – Ele suspirou, desfazendo o sorriso e confirmou o que eu disse com um aceno de cabeça. – E o que aconteceu depois?- Manu... – Ele não queria voltar ao assunto, mas eu tinha um plano e ele não o estragaria.- O que acont
“Manuela”Bocejei mais uma vez, sentada em minha mesa no trabalho. Eu não havia dormido e cada parte do meu corpo estava cansada pelas atividades noturnas com meu namorado.- Minha nossa, desse jeito o meu irmão vai acabar com você! – Lisandra colocou uma caneca de café sobre a minha mesa.- A maquiagem mal consegue esconder suas olheiras, Chaveirinho. – Rick riu.Eu sorri para os dois, peguei a caneca de café, me recostei na cadeira e tomei um gole.- Igual a essa noite, seu irmão pode acabar comigo o quanto quiser. – Sorri pra Lisandra que arregalou os olhos e alargou o sorriso.- Acho que vou me mudar para a sua casa, Rick. – Lisandra e Rick riram de mim.- Você está roubando o meu amigo e ainda vai me abandonar? – Fingi que estava magoada e os dois riram.- Ah, Chaveirinho, você tem o delegado pra te consolar, já a Lisa e eu estamos sozinhos no mundo. – Rick estava fazendo piada comigo.- Só porque querem, com toda certeza. Como foi a noite de vocês? – Perguntei.- Dormi como um b
“Patrício”Eu estava tentando demais entender onde foi que as coisas deram errado entre a Virgínia e eu. Nos últimos tempos, o que eu fiz foi tentar consertar sei lá o quê que tinha se quebrado entre nós. E o problema era exatamente esse, eu nem sabia qual era o problema, a única coisa que eu sabia era que ela estava constantemente irritada e sem paciência. A todo instante algo a incomodava e estressava.Eu estava tão sobrecarregado com isso, que estava trabalhando no automático, tanto que eu nem me dei ao trabalho de me entrosar com a minha nova assessora. Vagamente me dei conta de que ela me lembrava alguém, mas talvez fosse só impressão, pois eu não conseguia me lembrar quem. Contudo, ela parecia bem eficiente, nos dois dias que estava aqui, foi como se nem estivesse, eu mal a vi, mas o trabalho estava sendo feito e eu sempre encontrava tudo muito organizado sobre a minha mesa.Talvez eu devesse convidá-la para almoçar e conhecê-la melhor, já que ela seria a minha mão direita aqui
“Ricardo”Eu já estava quase falando com a Lisandra e desistindo de ir nesse bar com ela e o amigo, mas depois de saber o que aconteceu com o Patrício eu decidi que era hora de por fim a minha auto piedade, pois meu amigo precisaria de mim quando voltasse de sei lá onde. Também não seria ruim sair um pouco e conhecer outras pessoas.Me arrumei e fui buscar a Lisa na casa do Flávio, combinamos que ela dormiria em minha casa de novo. Ela era uma ótima companhia, agradável, divertida e espirituosa. Era muito fácil lidar com ela e no trabalho estávamos nos tornando uma dupla bem afinada. Toquei a campainha e esperei.- Olha ele aí. – Flávio abriu a porta, mas o seu sorriso não chegou aos olhos. Ele me fez entrar e fechou a porta. – Me diz uma coisa, Rick, o que rola entre você e minha irmã?- Relaxa, Flávio, a Lisa e eu somos apenas amigos e pode ter certeza que não rola nenhum outro tipo de interesse. – Eu queria rir do meu amigo protegendo a irmã que era uma mulher linda, mas eu achei m
“Breno”Eu estava bem empolgado com essa investigação extra oficial que o Flávio havia me pedido. A coisa toda parecia estranha e foi tudo dado como natural e considerado apenas um acaso.Era manhã de sábado, cheguei bem cedo naquela cidadezinha e dei uma volta para ver melhor a região. Era uma área urbana pequena com uma área rural muito extensa, seria muito difícil um médico conseguir atender em domicílio em muitos lugares, mas a fazenda onde a grávida morreu no parto ficava só a vinte minutos da cidade e tinha uma boa estrada que levava até lá.Voltei para o centro da cidade, dei uma volta na praça, almocei em um restaurantezinho bem agradável, conversei com alguns moradores mais antigos, dizendo que estava pensando em me mudar para o local, mas ninguém disse nada de útil, parecia um lugar onde nada acontecia.Por fim, fui ao pequeno posto médico. Havia uma moça na recepção, com não mais do que uns vinte anos, certamente não era quem eu procurava. Mas me apresentei, não como polici
“Flávio”Olhei para a mulher deitada ao meu lado dormindo tão serenamente. Manu estava deitada de bruços, com as mãos debaixo do travesseiro e com o lençol fino a cobrindo apenas da cintura para baixo, deixando suas costas nuas expostas. Seus cabelos se esparramavam como raios de sol. Era impossível resistir a vontade de tocá-la. Passei o dedo no comprimento da sua coluna e depositei vários beijos em suas costas, até que ela acordou, os olhos sonolentos me olhando de soslaio e um sorriso preguiçoso se desenrolando em seus lábios.- Você está acordada? – Brinquei.- Não, eu estou sonhando. – Ela sorriu.- Sonhando com o quê? – Continuei passando levemente o meu nariz pela sua pele e deixando um beijo aqui e outro ali.- Não é com o quê, é com quem. – Ela me corrigiu fazendo uma cara travessa.- E com quem essa moça linda anda sonhando?- Com um deus grego gostoso. – Eu sorri com a forma como ela falava de mim.- E o que ele está fazendo no seu sonho?- Ele está me tentando, está beijan
“Manuela”Olhei para o pai do Flávio por sobre a xícara que eu tinha na boca. Baixei a xícara e o encarei.- Sr. Moreno, eu saí de casa para vir cursar a faculdade. Como eu lhe disse da outra vez, meu pai sempre me apoiou. Mas a minha mãe, assim como sua esposa, preferia que eu tivesse ficado em casa e me casado, o que não estava nos meus planos. – Respondi com um sorriso e de forma polida, ele estava me tratando bem, não tinha porque eu não ser educada.- Ah, sim. Você veio com um propósito. E você também trabalha com o Alessandro Mellendez, pelo que sei é secretária dele. Foi por meio do Flávio que conseguiu o emprego? – Da forma como ele perguntou, soou como se eu tivesse me aproveitado do Flávio.- Não, senhor. Eu conheci o Flávio no casamento do Alessandro, sou amiga dele e da esposa e fui madrinha no casamento, o Flávio foi o meu par. Eu trabalhava para o Heitor Martinez. – Não me deixei abalar, era só uma pergunta capciosa.- O Martinez é famoso pelas suas conquistas. Você foi