“Ricardo”Eu já estava quase falando com a Lisandra e desistindo de ir nesse bar com ela e o amigo, mas depois de saber o que aconteceu com o Patrício eu decidi que era hora de por fim a minha auto piedade, pois meu amigo precisaria de mim quando voltasse de sei lá onde. Também não seria ruim sair um pouco e conhecer outras pessoas.Me arrumei e fui buscar a Lisa na casa do Flávio, combinamos que ela dormiria em minha casa de novo. Ela era uma ótima companhia, agradável, divertida e espirituosa. Era muito fácil lidar com ela e no trabalho estávamos nos tornando uma dupla bem afinada. Toquei a campainha e esperei.- Olha ele aí. – Flávio abriu a porta, mas o seu sorriso não chegou aos olhos. Ele me fez entrar e fechou a porta. – Me diz uma coisa, Rick, o que rola entre você e minha irmã?- Relaxa, Flávio, a Lisa e eu somos apenas amigos e pode ter certeza que não rola nenhum outro tipo de interesse. – Eu queria rir do meu amigo protegendo a irmã que era uma mulher linda, mas eu achei m
“Breno”Eu estava bem empolgado com essa investigação extra oficial que o Flávio havia me pedido. A coisa toda parecia estranha e foi tudo dado como natural e considerado apenas um acaso.Era manhã de sábado, cheguei bem cedo naquela cidadezinha e dei uma volta para ver melhor a região. Era uma área urbana pequena com uma área rural muito extensa, seria muito difícil um médico conseguir atender em domicílio em muitos lugares, mas a fazenda onde a grávida morreu no parto ficava só a vinte minutos da cidade e tinha uma boa estrada que levava até lá.Voltei para o centro da cidade, dei uma volta na praça, almocei em um restaurantezinho bem agradável, conversei com alguns moradores mais antigos, dizendo que estava pensando em me mudar para o local, mas ninguém disse nada de útil, parecia um lugar onde nada acontecia.Por fim, fui ao pequeno posto médico. Havia uma moça na recepção, com não mais do que uns vinte anos, certamente não era quem eu procurava. Mas me apresentei, não como polici
“Flávio”Olhei para a mulher deitada ao meu lado dormindo tão serenamente. Manu estava deitada de bruços, com as mãos debaixo do travesseiro e com o lençol fino a cobrindo apenas da cintura para baixo, deixando suas costas nuas expostas. Seus cabelos se esparramavam como raios de sol. Era impossível resistir a vontade de tocá-la. Passei o dedo no comprimento da sua coluna e depositei vários beijos em suas costas, até que ela acordou, os olhos sonolentos me olhando de soslaio e um sorriso preguiçoso se desenrolando em seus lábios.- Você está acordada? – Brinquei.- Não, eu estou sonhando. – Ela sorriu.- Sonhando com o quê? – Continuei passando levemente o meu nariz pela sua pele e deixando um beijo aqui e outro ali.- Não é com o quê, é com quem. – Ela me corrigiu fazendo uma cara travessa.- E com quem essa moça linda anda sonhando?- Com um deus grego gostoso. – Eu sorri com a forma como ela falava de mim.- E o que ele está fazendo no seu sonho?- Ele está me tentando, está beijan
“Manuela”Olhei para o pai do Flávio por sobre a xícara que eu tinha na boca. Baixei a xícara e o encarei.- Sr. Moreno, eu saí de casa para vir cursar a faculdade. Como eu lhe disse da outra vez, meu pai sempre me apoiou. Mas a minha mãe, assim como sua esposa, preferia que eu tivesse ficado em casa e me casado, o que não estava nos meus planos. – Respondi com um sorriso e de forma polida, ele estava me tratando bem, não tinha porque eu não ser educada.- Ah, sim. Você veio com um propósito. E você também trabalha com o Alessandro Mellendez, pelo que sei é secretária dele. Foi por meio do Flávio que conseguiu o emprego? – Da forma como ele perguntou, soou como se eu tivesse me aproveitado do Flávio.- Não, senhor. Eu conheci o Flávio no casamento do Alessandro, sou amiga dele e da esposa e fui madrinha no casamento, o Flávio foi o meu par. Eu trabalhava para o Heitor Martinez. – Não me deixei abalar, era só uma pergunta capciosa.- O Martinez é famoso pelas suas conquistas. Você foi
“Flávio”Peguei o celular e liguei para o meu irmão, mas não esperava pelo que o Raul me contou. Desliguei o telefone e vi três pares de olhos me olhando ansiosos do sofá da sala.- O que ele disse, maninho? – Lisa logo quis saber.- Manu, você tem noção do tamanho dos negócios da sua família? – Perguntei e olhei para a Manu que parecia não ter idéia do que eu falava.- É um laticínio especializado em produtos de leite de cabra. Foi começado pelo meu avô e eu sei que o negócio cresceu com o meu pai e o meu irmão. Mas é um negócio pequeno, familiar. – Manu explicou. – Mas eu já te falei isso, Flávio.- Manu, você já conversou com seu irmão sobre isso? – Eu insisti.- Não! Meu avô deixou o meu irmão Camilo como o responsável por administrar a herança que ele me deixou, quando ele morreu eu era menor de idade. Assim que fiz dezoito anos o meu irmão quis me entregar tudo, mas eu nem quis saber o que era, antes que a minha mãe tivesse tempo de fazer qualquer coisa eu assinei uma procuração
“Manuela”Eu passei o dia remoendo tudo o que o Flávio disse que o pai dele descobriu sobre a empresa da minha família. Eu nunca soube de nada porque nunca quis saber, muitas vezes o meu irmão quis me explicar e me entregar o que ele dizia que era meu, mas isso não me interessava. A única coisa que eu sempre quis na vida, além de estudar e ser independente, foi que minha mãe me amasse e me tratasse bem.- O que está se passando nessa cabecinha linda? Eu posso ouvir as engrenagens girando aí dentro. – Flávio me abraçou por trás. Eu estava de pé na sacada do quarto olhando para as estrelas no céu como se elas tivessem a resposta.- Só pensando sobre essa herança que o meu avô deixou. – Falei.- Quer conversar? – Flávio me virou e encarou os meus olhos.- Eu fico me perguntando se o único interesse da minha mãe em mim é por esse dinheiro. – Suspirei e o Flávio me pegou no colo, indo se sentar comigo na poltrona do quarto.- Por que você diz isso?- Porque ela não me deixa em paz, mas ela
“Manuela”Entre a visita do pai do Flávio no sábado e o almoço de domingo na casa do Alessandro e da Catarina, acabei não ligando para o meu irmão, mas eu queria saber logo do Camilo o que estava acontecendo. Aproveitei a minha hora de almoço para fazer isso.- Oi, Manuzinha! Como você está minha irmã? – Camilo me atendeu com o mesmo tom carinhoso de sempre. Não importava o que ele estivesse fazendo, ou como estava o seu humor, ele sempre me atendia assim.- Estou bem. E o meu irmão preferido, como está? – Ele riu, desde criança eu dizia que ele era o meu irmão preferido e ele dizia que adorava isso. Mas ele realmente era o preferido.- Estou bem. Com tanta saudade de você que vou te visitar no fim da semana. Posso me hospedar na sua casa? – Achei estranho, pois eu passei um ano nessa cidade e ele não podia vir me ver, agora, poucos dias depois de me fazer uma visita ele já faria outra.- Você e a Olívia sempre podem ficar em minha casa. Eu fico feliz que você venha me ver, mas tem al
“Manuela”O resto da semana passou como um borrão, eu andava preocupada com o que o meu irmão tinha para me dizer, ele chegaria hoje e me explicaria tudo, mas eu já tinha decidido o que fazer e meu irmão teria que aceitar. Quando o número do meu pai piscou na tela do celular eu não pude deixar de sorrir.- Pai... – Atendi com alegria.- Filha! Querida, seu irmão me contou que você anda preocupada. – No momento, era o meu pai quem parecia preocupado.- Vocês estão mudando as coisas aí e eu fui pega de surpresa.- Não se preocupe, querida, confie no Camilo, ele sempre vai cuidar de você e te proteger. – Disso eu sabia, o Camilo se colocaria na frente de um trem por mim.- Eu confio nele. Você também virá hoje?- Não, o Camilo vai passar uns dias aí e eu tenho que ficar na empresa. Manu, tome cuidado, a Rita está totalmente fora de controle.- Eu estou com medo da minha mãe, pai.- Eu sei, filha, mas coloquei uma pessoa de confiança para vigiá-la, assim saberemos se ela sair da cidade. S