“Heitor”Saí da casa do Alessandro e fui pra casa da Hebe, mas tudo o que eu conseguia pensar era na Samantha com o Miguel. Eu estava ficando louco já. Quando cheguei minha irmã veio me abraçar e era nítido o quanto estava magoada com o Reinaldo, dessa vez ela abriu os olhos, pena que teve que ser tão doloroso pra ela.Começamos a conversar e eu fui contando tudo o que tinha descoberto no Clube Social, dos assédios, possíveis denúncias que o Reinaldo enfrentaria, do que ele fez com a Sam, do que eu fiz com a Sam e que o Reinaldo estava rondando a Sam.No fim das contas, eu estava deitado no sofá da minha irmã, com a cabeça no colo dela, chorando como um bebê e me arrependendo de ser um idiota impulsivo que age primeiro e pensa depois. Minha irmã me aconselhou a lutar pela Sam e a implorar o perdão dela e pra que eu não perdesse tempo. Até meu cunhado, que geralmente só escuta, dessa vez me chamou a atenção e deu conselhos.Mas o Enzo, foi outra coisa. Ele adora a Samantha e se pudesse
“Samantha”Meu coração estava quebrado em milhões de pedaços. Não foi só uma traição, foram várias. E foi mais, ele não confiou em mim. Ele preferiu acreditar numa mentira do que vir falar comigo. Ele nem teve coragem pra terminar comigo, só ficou com outra e me deixou de lado. Isso não se faz!Quando fechei a porta, escorreguei por ela e sentei ali no chão e chorei alto com o rosto em minhas mãos. Perdi a noção do tempo, não sei por quanto tempo eu fiquei ali no chão chorando, mas parecia que minhas lágrimas não tinham fim, como se as comportas de uma represa tivessem sido abertas e não pudessem ser mais fechadas e a dor ia me inundando.Eu soluçava, estava sentindo uma dor lancinante no meu peito, estava começando a ter dificuldade para respirar e não conseguia parar de chorar. A campainha do meu apartamento soou e eu não me ergui para olhar, soou de novo e eu permaneci estática só chorando e sentindo dor. Até que ouvi uma voz chamar e ameaçar chamar os bombeiros para derrubarem a po
“Heitor”Saí da casa da Samantha sabendo que ela precisava das amigas e que não as chamaria. Então liguei pra Melissa e contei tudo, nem precisei pedir, Melissa garantiu que acionaria as garotas e iriam todas pra lá. Mas antes ela me fez um belo sermão, frisando o quanto eu sou idiota e vacilão. Eu não escutava essa palavra há anos, mas foi exatamente isso que ela disse e tinha razão.Meus medos, inseguranças e toda a porcaria que meu pai representa em minha vida tinham me ferrado. Havia uma grande chance da Samantha nunca me perdoar. Mas eu tinha que continuar tentando.Não demorou muito e o Patrício, o Nando e o Rick invadiram a minha casa. Contaram que as garotas passariam a noite com a Sam e assim como ela precisava das amigas, eles também estavam ali para me apoiar e me trazer de volta pra realidade. Conversamos e enchemos a cara.Quando consegui chegar ao escritório no outro dia já passavam das dez da manhã e a ressaca estava acabando comigo. A Julia só balançou a cabeça, vendo
“Heitor”Eu precisava de aliados, mas não sabia a quem recorrer, porém, quando vi o Enzo ali na maior conversinha com a Melissa eu tive uma idéia. Eu ia mimar o meu sobrinho e convencê-lo a me ajudar. Esse era o plano. E como ele era um falastrão, ele me contaria tudo o que soubesse e pelo visto ele sabia muita coisa.- Enzo, você vai almoçar comigo? – Perguntei ao meu sobrinho que sorriu.- Com certeza eu vou. – Enzo respondeu.- Ótimo, então vamos. – Chamei.- Esteja no escritório às quatorze horas, Martinez. Não sou obrigada a ficar te esperando! – Melissa advertiu.- Está bem, Melissa. – Saí chutando o ar como um adolescente emburrado.O Enzo adorava filé com fritas, então eu o levei no restaurante que servia os melhores cortes de carne da cidade.- Tio, hoje você arrebentou! Adorei esse lugar. – Enzo falou todo empolgado.- Que bom, sei que você gosta de filé com fritas, por isso te trouxe aqui. – Falei sorrindo pra ele.- Isso é por que eu sou o seu sobrinho preferido ou por que
“Heitor”Voltei para o escritório e mandei o Enzo pro shopping com o meu cartão, para que ele comprasse tudo o que eu precisava e o presentinho para minha sobrinha. Eu me arrependeria de entregar meu cartão pra ele depois, mas eu precisava da ajuda do garoto.Às quatro e meia eu disse a Melissa que estava com muita dor de cabeça e implorei pra ela me liberar pra ir pra casa e muito a contra gosto ela me liberou. É até engraçado eu, o dono da empresa, pedir permissão para sair mais cedo, mas eu não queria me indispor com ela.Desci correndo e o Enzo já me esperava com o motorista na portaria do prédio, nós iríamos buscar a Clarinha no balé. Quando ela saiu do estúdio de dança já olhou desconfiada me vendo parado ali.- Tio, eu não vou fazer nada pra você! O Enzo vive se metendo em confusão por sua causa! – A menina já falou antes de me cumprimentar. O que acontece com essa molecada de hoje?- Clarinha, o tio só está com saudade! – Falei com a voz mansa dando um beijinho nela. – E eu fi
“Samantha”Depois da noite com as meninas eu estava me sentindo melhor. Conversei com a Catarina pela manhã e o Miguel já tinha confirmado o cinema comigo mais tarde.Meu telefone soou em cima da mesa e quando atendi era da recepção, me informando que a Clara, sobrinha do Heitor, estava lá para me ver. Achei estranho e liberei a entrada dela. Catarina estava na minha mesa quando o elevador se abriu e lá de dentro saiu aquela menina linda, vestida com roupa de balé, de cabelinhos loiros presos em um coque com franjinha e imensos olhos verdes como os da mãe e do tio.- Tia Sam! Eu estou com saudade de você! – Clarinha veio a mim com movimentos leves e graciosos.- Meu amor, mas eu também estou com saudade de você! – A abracei e depois que nos soltamos falei: - Deixa eu ver, você está linda de bailarina!- Obrigada, tia! Eu estava na aula e passei por aqui antes de ir pra casa. – Clara respondeu toda fofa.- Vem, deixa eu te apresentar minha amiga Catarina. Ela é a namorada do Alessandro
“Enzo”Enquanto meu tio e eu esperávamos no carro a Clara fazer a entrega pra tia Sam, resolvi já ligar pra Luna, a convidei para o cinema e ela topou de cara. Aí falei pra ela convidar a irmã pra ir com a gente. A irmã da Luna tinha uns vinte e um anos e já estava na faculdade de odontologia, era a pessoa mais simpática do mundo e não ficava de frescura porque era mais velha. E hoje eu precisava dela. Luna falou que ia ver se ela queria ir.Foi um golpe de sorte eu ver a notificação da mensagem da tia Sam no celular da Mel quando ela tinha saído da sala, falando em qual cinema e qual filme ela iria assistir com o tal Miguel.Assim que desliguei o telefone a Clara entrou no carro e entregou o bilhete da tia Sam para o tio Heitor.- O tio Alessandro, o tio Patrício e o tio Rick me viram lá. Dá um jeito deles não falarem para os meus pais e faz isso rápido, porque o tio Patrício é bocudo que nem o Enzo. – Clara já foi falando.- Tá ficando folgada, hein, irmãzinha! – Reclamei com ela.-
“Samantha”Achei tão estranho encontrar o Enzo ali no shopping e pra ver o mesmo filme que a gente. Se o Heitor estivesse junto eu diria que era armação, mas o Enzo estava com a namorada e a irmã dela. Só que o curioso é que a irmã da namorada dele conhece o Miguel e ele quase teve um treco quando a viu. Onde será que eu estou me metendo de novo? É melhor eu me informar.No fim das contas, gostei bem de passar aquele tempo em grupo. As meninas são muito simpáticas, a Ivy é muito engraçada e muito comunicativa, então não ficou esquisito eu estar ali com um cara e o sobrinho do meu ex namorado. Mas tinha algo rolando.Enzo insistiu pelo material de matemática que eu tinha oferecido vários dias atrás, quando fomos tomar um café. Aí o Miguel foi embora e os garotos subiram.- Enzo, aqui os materiais. – Busquei os livros e apostilas no quarto e entreguei pra ele. – Agora me conta, que coincidência foi essa hoje?- Foi muito legal, né, tia?! A gente se encontrar assim, do nada. Isso é que é