“Heitor”Peguei o celular da Samantha e olhei para ela, vendo o quanto estava assustada. Atendi, sem falar nada, mas coloquei no viva voz. Logo a voz ecoou pelo quarto.- Samanthinhaaaa! Uhuuu! Adivinha quem é? – Uma alta gargalhada bizarra se seguiu. – Samanthinha, não vai falar comigo? Está tão emocionada assim?- Como conseguiu meu número, Rômulo? – Samantha falou tentando controlar o nervosismo.- Ah! Você não sabe? – Ele riu mais uma vez. – Quem me deu seu número foi aquela insuportável da Manuela.- Foi, você? Seu cretino babaca! – Samantha se alterou.- É, eu peguei o celular dela emprestado hoje. – Ele falava cinicamente. – Pena que meu funcionário não conseguiu enfiar a faca nela como eu mandei.- Você é um monstro, Rômulo. – Samantha lutava para não chorar.- Samanthinha, isso é só pra te lembrar que não adianta tentar fugir de mim. Você é minha, Samantha! E eu vou te pegar de volta. – Rômulo tinha a voz carregada de raiva.- Você é louco! – Samantha estava começando a perde
“Heitor”Eu estava muito frustrado por não ter solucionado ainda o problema que o Reinaldo é e tampouco o problema do Rômulo, que não deixa a Sam em paz. Eu parecia derrotado naquela cadeira da delegacia. O delegado Bonfim se sentou ao meu lado com um semblante de quem se solidarizava com o meu infortúnio. Ele tinha novidades, isso dava um sopro de ânimo em mim.- Quais as novidades, meu delegado? – Flávio perguntou começando a se animar.- Bem, comecemos pelos policiais que estão vigiando o Rômulo. O Rômulo não saiu do prédio para onde foi desde que saiu da cadeia. Como você já sabe, descobrimos que ele está no apartamento da mulher que o visitava enquanto esteve preso, uma amante com certeza. – Enquanto o Bonfim falava eu me lembrei da caixa da loja onde a Sam trabalhou, poderia ser ela.- Qual o nome dessa mulher, Bonfim? Ele tinha uma amante na loja onde a Sam trabalhou. – Expliquei.- Sim, nós interrogamos essa moça, Cibele, se não me engano. – Bonfim fechou os olhos se lembrando
“Heitor”Da delegacia fui direto para o trabalho da Samantha, eu a levaria para almoçar e contaria logo o que estava acontecendo. Quando cheguei o Patrício estava na mesa da Samantha e já foi fazendo piada como sempre.- Sua empresa está falindo, Heitor? – Patrício olhou divertido pra mim.- De onde tirou isso, Patrício? Minha empresa vai muito bem, obrigado! – Falei sem humor, eu estava estressado desde a delegacia.- Mas você agora vive aqui, parece até que quer pedir um emprego. – Patrício riu e eu revirei os olhos, ele estava se divertindo as minhas custas.- Você é um chato, Patrício! – Reclamei.- E você está muito mal humorado para ficar perto do meu novo sobrinho. – Patrício não tirava aquele sorrisinho debochado do rosto e a Samantha ria com ele.- Com a manhã que eu tive na delegacia, meu caro, até você ficaria estressado. – Comentei, puxando a cadeira pra me sentar.- O que está acontecendo, Heitor? – Patrício ficou sério.- Muita coisa. Vim buscar a Sam pra almoçar e conta
“Nicole”Mas o Reinaldo é um idiota mesmo! A gente tinha um plano, por que ele não pode seguir o plano? E quem é essa doida que está batendo nele como se ele fosse um boneco de pano? Droga, os seguranças! É melhor eu ir lá e salvar o donzelo. Arranquei o carro, parei em frente onde ele estava e buzinei, o idiota conseguiu se soltar daquela doida e entrou no carro.- Acelera, Nicole! Acelera, que essa maluca não foi vacinada! – Reinaldo estava ofegante, descabelado e com o Nariz quebrado. Eu não me agüentei e comecei a rir.- Cara, quem é essa maluca? – Eu não me agüentava de rir.- Essa é a Melissa Lascuran, filha de um ricaço e assessora do seu queridinho Heitor.- Filha de um ricaço brigando como se tivesse cumprido pena? Quando a gente acha que já viu de tudo... Ela te deu uma bela surra. – Ri da cara de desgosto dele se olhando no espelhinho do quebra sol do carro.- Essa vadia quebrou o meu nariz! Anda, me leva pra um hospital. Um mais afastado, que é pra passar despercebido.- P
“Samantha”Mais uma semana passou voando. As meninas e eu já estávamos com tudo pronto para o casamento e no fim de semana seguinte seria minha despedida de solteira. Érica e Emília estavam muito empolgadas com isso.Heitor havia me avisado mais cedo que chegaria mais tarde em casa, pois o Patrício organizou um jogo de pôquer de última hora. Eu pensei em ir jantar com a minha mãe e o Joaquim, há dias eu não os via. Pensando nisso, quase na hora de sair do escritório peguei o telefone para ligar, mas antes que eu apertasse o botão para fazer a chamada, o mensageiro da empresa parou em minha mesa e me entregou um cartão com uma rosa vermelha.Isso só podia ser coisa do Heitor, sorri pensando nisso. Abri o cartão e tinha uma mensagem digitada:“Minha deusa, estou com saudade. Me encontre no Hotel Savoy, quarto 1575, às dezenove horas. Tenho uma surpresa pra você.”Ah, meu lindo sabia que eu adorava uma surpresa. Qual será a extravagância que ele preparou agora? As surpresas do Heitor era
“Heitor”O Patrício marcou o pôquer na casa do Rick, queria animá-lo, pois desde que a Taís viajou o Rick andava muito cabisbaixo. Foi só por causa do Rick que eu aceitei vir, não poderia deixar na mão um amigo que sempre me ajudava. Mas eu não pretendia demorar, estava inquieto e louco para chegar em casa e ver a Samantha.Estávamos no meio de uma partida, eu não conseguia me concentrar, tinha algo me incomodando e eu nem sabia o que era. O Enzo estava me ligando e isso era enervante, as duas primeiras ligações eu deixei ir para a caixa de mensagens, mas na terceira eu me preocupei de que o garoto tivesse se metido em algum problema.- O que foi, Enzo? – Respondi ríspido.- Oi, tio. Eu estou bem, obrigado por perguntar. E você, como vai? – Enzo era sarcástico assim sempre que eu o atendia mal humorado.- O que você quer, garoto? Pela sua voz está tudo bem.- É, está. Mas eu fiquei curioso com uma coisa.- Enzo, aprenda a ir direto ao ponto, não enrola. – Passei a mão na testa sentind
“Heitor”Após examinar a Samantha o Molina lhe deu um remédio para que ela relaxasse, de acordo com ele, ela dormiria até o dia seguinte. Deixei a porta do quarto aberta e o Canela deitado aos pés da cama a vigiando e desci para falar com os outros.- Como ela está, filho? – Minha mãe correu em minha direção.- Muito abalada, mãe. O Álvaro deu um remédio e ela dormiu, ele disse que ela vai dormir até amanhã. – Respondi e minha mãe colocou a mão no meu rosto.- E você, como está? – A preocupação estava nos olhos da minha mãe.- Não sei te dizer. Tem uma mistura de sentimentos dentro de mim e nenhum deles é bom. – Falei a verdade, eu me sentia cansado, exaurido, mas eu queria matar o Reinaldo.- Calma, cara, esse merda está preso e não vai sair tão cedo da cadeia. – Flávio colocou a mão em meu ombro.- Obrigado, Flávio, se não fosse você eu não teria chegado a tempo. – Agradeci por ele ser um lunático e dirigir como se quisesse se matar.- Nada a agradecer. – Ele sorriu. – Mas eu precis
“Samantha”Abri os olhos e o quarto estava escuro, o que era estranho, pois eu estava me sentindo descansada, como se tivesse dormido por horas. A bem da verdade, eu gostaria de dormir por uma semana e quando acordasse saber que o terror que vivenciei ontem não passou de um pesadelo. Mas não era assim, infelizmente foi real.Quando fecho os meus olhos, chego a sentir a gastura pelo toque das mãos do Reinaldo em mim. No fundo da mina garganta o nó que se formou com o medo do ataque daquele monstro, ainda não se desfez por completo. Por mais que eu não quisesse imaginar, eu sabia bem o que teria acontecido comigo se o Heitor não tivesse chegado. Eu nem sei como ele chegou, como me encontrou. A única coisa que sei é que ele chegou em tempo e evitou o pior, ele me salvou.Me encolhi na cama vendo seu lado vazio. Puxei seu travesseiro contra o meu corpo e o abracei sentindo o seu cheiro. Por que ele não está aqui? Será que depois de ver o pai dele me agarrando não vai mais conseguir ficar