Celine Depois de uma curta viagem de carro, chegamos na cobertura dos pais do Renê. O dia estava ensolarado e o céu azul claro refletia a alegria que sentíamos. A portaria com uma entrada imponente. Um grande portão de aço inoxidável com detalhes em madeira nobre foi aberto, após o acesso ao interfone com reconhecimento facial. A grande garagem possui piso de pedra e iluminação de led. Havia quatro vagas disponíveis exclusivamente para a cobertura, sendo que uma delas estava ocupada por uma Mercedes dos pais do Renê. De longe avistei o jardim com um paisagismo luxuoso. Palmeiras, flores exóticas e iluminação embutida. Gostei de cada detalhe do lugar. Após sairmos do elevador seguimos por um lindo hall de entrada, com pé direito duplo e lustre de cristal. Paramos em frente a porta da cobertura, que agora seria nossa nova casa.- O que está achando do lugar? Sorriu para mim enquanto acessava a fechadura eletrônica para entrarmos.- Aqui é maravilhoso! Estou amando tudo.- Eu tinh
Dora Na penumbra vibrante da boate, onde as luzes dançavam como estrelas em um céu noturno, meu corpo acompanhava o ritmo da música em movimentos sensuais, enquanto eu me apresentava em um dos muitos pequenos palcos altos posicionados em pontos estratégicos da casa. Eu vestia um lindo bodysuit prata, todo trabalhado em cristais, que refletia as luzes do ambiente. Uma sandália alta de tiras finas amarradas em minhas pernas compunha o look. Eu estava incrivelmente maquiada enquanto vários homens me observavam. Do local em que eu estava avistei a figura do Victor que se sentou em uma das mesas. Seu semblante era de desânimo. Um contraste com a habitual ostentação de sua presença. O ambiente pulsava com músicas e risadas, mas ele não demonstrava estar interessado. Conclui meu número com um sorriso luminoso e a energia contagiante. Observei quando um garçom se aproximou da sua mesa colocando uma garrafa de Macallan. Quando meus olhos encontraram os de Victor, percebi que algo difer
- Esse homem é perigoso Renê, tome cuidado. Ontem ele eu o vi circulando pelo hospital, mas em momento algum veio falar comigo. Quando eu o vi caminhando lado a lado com Romero, senti que algo não estava certo.- Fique tranquilo Dr. Fagundes, aceitarei minha demissão sem contestar. No momento não estou nem cabeça para o trabalho. Minhas prioridades mudaram.- Nosso hospital só tem a perder com a saída de um profissional renomado como você. Seu tom era de lamento.Nos cumprimentamos e eu saí dali diretamente para o departamento de recursos humanos. Após os trâmites do meu desligamento, segui para o meu carro, com a Celine ocupando todos os meus pensamentos. Como daria a notícia para ela, sem que ela se sentisse culpada. Eu me sentia sim injustiçado, mas a minha prioridade sempre será ela. Eu amo a minha profissão e sempre fiz com muito amor e responsabilidade. Mas devido aos últimos acontecimentos eu não tinha cabeça para trabalhar. - Renê? Que história é essa de você ser demitido? Es
Renê Depois dos últimos acontecimentos de ontem, quero tirar a Celine do país o mais rápido possível. Não estou fugindo do pai dela, por mim bateremos de frente. Mas tenho testemunhado o quanto o pai, com seu comportamento controlador, abala o psicológico da minha princesa. Hoje demos início aos trâmites do seu novo passaporte, agora precisamos aguardar alguns dias até que esteja pronto. Após isso voaremos para São Francisco o quanto antes. Uma mudança de ambiente e de cenário é tudo que precisamos neste momento. Enquanto eu dirigia o carro pelas ruas da cidade, a observava com o seu semblante distante e abatido. O trânsito estava intenso e caótico, pessoas caminhando pelas ruas, sons e ruídos ao nosso redor. Mas Celine estava alheia a tudo. Nem percebeu quando acariciei os seus cabelos. Seus pensamentos foram interrompidos quando seu celular tocou. Ela o retirou da bolsa enquanto me olhava de forma apreensiva. Ao atender a chamada me avisou que era seu primo Victor, pedi que c
Renê O clima de volta para a cobertura havia mudado drasticamente. Eu e a Celine conversávamos e sorriamos, enquanto comentavamos sobre as caras e bocas que a Dora fez ao descobrir toda a verdade. Celine não deixou de me contar o quanto o primo é vaidoso e que deve estar para morrer por ter hematomas no rosto novamente. Enquanto o carro deslizava pelo asfalto quente da cidade de Brasília, a Celine detalhava os vários deslizes nas roupas de Dora. Eu como homem não havia me atentado. Com o calor e o clima seco que estamos, Dora vestia um vestido curto preto, com uma espécie de capa na mesma cor, que ia até os pés, além de um par de meias calças pretas com o salto alto. Num calor infernal que estamos imagino que ela devia estar derretendo dentro daquela roupa. Descemos do carro ainda sorrindo enquanto acessamos o elevador em direção a cobertura. Aproveitei para pedir um almoço para nós mesmo com os protestos de Celine, que queria preparar algo em casa. Mas já era tarde e não havia n
Victor Alguns dias haviam se passado, mas a minha raiva ainda é palpável. Não consigo apagar a lembrança do impacto do soco no meu rosto, e o hematoma ainda está aqui me causando irritação todos os dias. Mas o que realmente me consome é a minha indignação. Quem aquele doutorzinho pensa que é? Pela segunda vez ele me agrediu. Me levantei de punhos cerrados e com os olhos ardendo em fúria. Lancei meu copo com whisky contra a parede do quarto do hotel. “Como ele se atreveu?” Ele feriu meu orgulho e me sinto frustrado com isso.– Que barulho foi esse? Quebrou outro copo Victor? Dora me olhou levantando uma sobrancelha.– Quebro quantos copos eu quiser! Meu tom saiu seco e sem o mínimo de paciência.– Você deveria ter me contado desde o ínicio quem era a sua prima. Ela me humilhou dentro daquela cafeteria e você não me defendeu. O que mais você está escondendo? Sua voz misturava desconforto e intriga.– Novamente essa conversa Dora? Você não acha que já chegou a hora de encerrar esse as
Celine Estava sentada no confortável sofá da sala, enquanto a luz suave da tarde filtrava-se pelas cortinas do apartamento. O ambiente era de tranquilidade, mas minha mente estava um turbilhão. Alguns dias já haviam se passado desde que o meu pai perdeu os contratos importantes. Mas o silêncio que envolvia a situação me deixava inquieta. Desde então meu primo não havia me procurado e nem houve uma nova ligação do meu pai. Meu coração estava pesado, algo de errado pairava no ar. Aproveitei que o Renê havia ido encontrar com o Richard, que havia saído de casa após os trâmites do divórcio. Ele ainda permaneceu alguns dias na casa até que a Bárbara tivesse se recuperado totalmente. Estava morando em um flat de sua propriedade próximo ao hospital. A dona Nice sempre me mantém informada de tudo. Me disse que provavelmente a Bárbara venderá a casa, pois não haveria sentido que ela permanecesse numa propriedade tão grande e que tem um custo elevado para manter. O Renê já havia comentado
Renê Cheguei ao flat do Richard. A tarde estava abafada. Estacionei o carro na vaga designada e subi até o andar que ele morava. O elevador deslizou suavemente até o décimo segundo andar. Bati levemente na porta e após alguns instantes ouvi passos apressados do outro lado. Richard abriu a porta com um sorriso no rosto. Achei que o encontraria triste e abatido, mas o cenário era bem diferente.– Renê! Que bom que veio, entre! Ele gesticulou, fazendo espaço para que eu entrasse. O apartamento era elegante, com uma decoração moderna e minimalista, mas havia um toque pessoal nos detalhes que Richard escolheu.– Como você está, Richard? Me acomodei no sofá enquanto ele buscava uma bebida no bar, num canto da sala.– Não tão mal, considerando as circunstâncias. Quer algo para beber? Tenho um ótimo vinho tinto.– Acenei com a cabeça enquanto Richard colocava seu copo de whisky sobre a mesa de centro da sala e caminhava para a cozinha em busca do vinho, o acompanhei e acabamos nos sent