Parte 15...Aurora— Eu já estou dançando, obrigada! - retirei suas mãos de minha cintura de modo educado.— Estou vendo, mas queria poder conversar com você - ele tocou meu cabelo com o dedo — É muito bonita, Aurora.— Muito obrigada!Eu nunca me interessei por outros porque nenhum deles era Domenico. Olhei para o local onde estava sentada, mas não consegui ver se ele estava lá.— Olha, ela tem namorado, viu! - uma das garotas disse, pulando ao nosso lado.— É mesmo? - ergueu as mãos — Se for, então me desculpe, não quis ser ousado.— Não... - dei de ombro e sorri — Não tenho namorado... É só um amigo que me convidou para conhecer o lugar.Bom, de certa forma isso era verdade. Apesar de eu estar irritada, não foi isso que ele disse aos outros, tanto hoje pela manhã como agora?— Entendo. Mas é amigo da zona de amigo ou amigo da zona que pode ser outra coisa?Eu ri achando graça do modo de separar. Desse jeito eu nunca ouvi.— Bom, sendo bem honesta... - abri os braços — Eu não sei ma
Parte 16...AuroraEu fiquei em choque, cobrindo a boca com as mãos, vendo o coitado do Cláudio cair para trás, por cima das outras pessoas e se chocar contra o chão, com uma cara de dor.Não pensei que isso pudesse acontecer. Pra mim tudo ocorreu muito rápido e ao mesmo em câmera lenta. Não sei realmente, me senti perdida diante daquele comportamento.Eu nunca tinha visto Domenico ser agressivo com ninguém. No máximo uma bronca em algum funcionário que não fazia o que ele mandava da forma correta, mas agredir mesmo, nunca vi.O pior é que isso foi tudo culpa minha. Eu provoquei essa reação. Me abaixei ao lado de Cláudio, ainda atordoado pelo soco e tentei ajudá-lo a levantar, mas Domenico lhe deu um chute na barriga e ele gritou se encolhendo.— Pelo amor de Deus, para com isso! - eu gritei desesperada.Não adiantou nada. Domenico se jogou em cima dele e começou a desferir mais socos. Eu gritei de novo, em agonia porque sabia que era tudo culpa minha. Me senti muito mal com aquilo. N
Parte 17...AuroraO olhar dele era pesado, irritado. Seu queixo estava travado, ele apertava os dentes, contendo a irritação. Era a primeira vez que eu o via dessa forma, deixando sair seu lado mafioso sem máscaras. Nunca me senti tão pequena quanto agora. Deu tudo errado.O elevador abriu e ele pegou a chave da porta. Eu entrei na frente dele andando rápido para o quarto. Queria muito sair dali e ir embora. Não podia mais ficar ao lado dele.Domenico foi para o barzinho que tem na sala e ouvi quando abriu uma garrafa. Eu só queria pegar minhas coisas e ir embora. Eu não deixava muito mesmo. Algumas roupas, escova de dentes, cremes, xampu. Dava pra levar tu
Parte 18...AuroraNão queria mais segurar o que estava sentindo. Era a hora de deixar sair e terminar tudo de vez. Não foi como planejei, mas seria agora.— Eu sei que o acordo foi ideia minha, que não era exigido fidelidade de nenhuma parte... Mas eu cortei todos, eu não queria ficar com mais ninguém... Porque nenhum deles era você - engoli meu choro — Nem mesmo um beijo - ergui o dedo — Um beijo simples, eu nunca dei em outra boca que não fosse a sua. - ele parecia espantado — As coisas foram acontecendo, não planejei isso - encolhi os ombros.Ele levantou e tent
Parte 19...DomenicoO que eu faço agora? Me sinto um imbecil deixando que ela vá embora, mas não consigo ter uma reação diferente. Me sinto travado. Não esperava por essa.Andei pelo quarto, ainda espantado com o que tinha acontecido aqui. A noite começou tão bem, estava tudo normal entre nós. Quer dizer, até eu quase matar aquele cara na boate. Mas isso não é motivo pra ela me dar o fora. Será que eu a assustei demais deixando minha raiva sair?Não, não pode ser isso. O acordo, foi isso. Ela disse que se apaixonou e não estava no n
Parte 1...Aurora Deluca - Nove anos de idadeEu me assustei e abri os olhos depressa, olhando de um lado para outro na escuridão do meu quarto. Só a luz do banheiro iluminava um pouco com a porta aberta. Sentei. Ouvi um barulho e depois entendi que era um choro. Meu coração deu uma batida forte. Eu sabia de quem era o choro.Era minha mãe. De novo.E isso só significava uma coisa. Meu pai estava em casa. E aos nove anos, eu já não me sentia feliz quando ele chegava.Eu amo meu pai, mas ele não é uma pessoa fácil. Ou boa. Tenho medo dele, sempre tive. Ele não gosta de mim e eu sinto isso. Eu sei que tenho só nove anos, mas minha mãe sempre me diz que sou muito esperta e inteligente.E por isso eu sei que ele não gosta de mim. Não sei porque, não me lembro de ter feito algo errado. Sou uma menina obediente, estudo e gosto de ajudar mamãe.Me assustei de novo quando ouvi um som alto, parecendo uma queda. Pulei da cama, as mãos cruzadas em meu peito e andei devagar ate a porta do quarto
Parte 2...Aurora— Minha filha querida.Me virei e vi minha mãe, ao lado de um homem todo de branco. Acho que era um médico. Ele se aproximou de mim e pegou uma lanterninha fina, abrindo meus olhos e quase me deixando cega com aquela luz.— Como ela está, doutor? - minha mãe ficou ao meu lado.— As pupilas estão bem e os exames não mostram nada mais grave - ele suspirou parecendo aborrecido — Mas a senhora sabe que a polícia vai questionar o ocorrido. Sua filha está muito machucada.A cara que minha mãe fez foi de nervosismo. Eu a conheço. — Sim, eu sei - ela tentou dar um pequeno sorriso e olhou pra mim — É que minha Aurora é muito danada e não fica quieta - segurou meu braço — Foi mais um susto grande que ela nos deu, não foi, meu amor?Eu entendi que ela queria que eu mentisse. Apertou meu braço de leve, só com um toque. Eu concordei com a cabeça e ainda assim, o médico me olhou de um jeito desconfiado.— Nós temos alguns cães na casa - ela contou, meio sem jeito — E Aurora estav
Parte 3...Aurora— Me promete que você não vai contar o que houve pra ninguém, filha - ela me pedia com uma certa tristeza na voz — De forma alguma seu tio Pietro pode saber disso... Ele vai... Mandar seu pai embora - ela sentou na cama ao meu lado — E... Ele vai nos matar, você entende, não é querida? Seu pai vai nos matar se isso sair de casa... - ela engoliu pesado.O que eu poderia dizer? Meu coração está apertado e dói mais do que os machucados em meu corpo. Minha mãe está com medo, eu vejo e sinto isso. Eu também estou. Eu só tenho nove anos, o que posso fazer?Eu posso ser nova, mas eu sei que isso é errado e que minha mãe não deveria pedir isso pra mim. Mas ela pediu.— Está bem, mamãe... - respondi com tristeza e já chorando. A abracei — Eu não vou contar pra ninguém, eu prometo.— Nem mesmo para a Diana, me promete? Ela pode contar ao pai.Diana é a minha melhor amiga. Ela é filha mais nova de meu tio Pietro e a gente sempre se deu muito bem. Nascemos quase no mesmo dia e n