— Você questiona demais! Deveria ter se questionado assim antes de abrir suas pernas para o meu irmão.As palavras caem como uma bomba, uma explosão que destrói qualquer vestígio de confiança que ela pudesse ter em mim. Ela fica vermelha, o rosto se tornando um reflexo de sua ira. Eu vejo a frustração em seus olhos, e de repente me dou conta de que só piorei as coisas. Eu sou incapaz de ver o que ela realmente precisa, de perceber os limites entre nós.Ela se vira para sair, mas algo dentro de mim a puxa de volta. Eu avanço em sua direção, meu corpo tenso, e a seguro pelo braço. Ela tenta se livrar da minha mão, mas meus dedos se fecham como garras, incapazes de soltá-la.— Isabela.— Me solta! — ela grita, sua voz agora cheia de desespero. Eu vejo o medo, a raiva e a frustração se misturando, mas não consigo deixar de segui-la, de manter essa proximidade que me consome.Eu respiro de forma irregular, a tensão em meu corpo quase me quebrando. Mas não posso permitir que ela me fuja. El
RaedOlho meu reflexo no espelho e solto um longo suspiro, tentando dissipar a tensão acumulada no meu peito. O dia lá fora está magnífico. O sol das oito horas cobre o mar da Ligúria com tons dourados, deixando um brilho suave nas águas calmas e cristalinas. Tudo parece tão sereno, tão perfeito — um contraste gritante com a tempestade que agita meu interior.Como será meu dia com Isabella hoje?Essa pergunta martela em minha mente enquanto ajeito minha postura diante do espelho. Ela continuará lutando, resistindo a tudo que tento oferecer? Ou, quem sabe, hoje seja o dia em que ela finalmente ceda, pelo menos um pouco, permitindo que eu me aproxime de verdade?A noite foi longa e inquieta. Rolei de um lado para o outro na cama, consumido por pensamentos. Em certo momento, considerei abrir meu coração, confessar meus sentimentos. Mas a ideia logo se dissipou. Revelar o que sinto agora seria um erro. Ela poderia interpretar tudo de forma equivocada — talvez pensasse que nunca a consider
IsabellaAllah! Eu pareço uma colegial nervosa. Nem acredito que, no fundo, me arrumei para ele. Meu reflexo no espelho confirma o que tento negar para mim mesma: o vestido cor de vinho, justo nas curvas certas, não foi uma escolha despretensiosa. Dou uma última checada no visual, ajeitando o tecido que molda minha silhueta.Raed sempre foi diferente dos outros homens da sua cultura. Ele não segue os costumes rígidos que seu pai, o sheik Youssef, considera sagrados. Já o vi bebendo socialmente, para o desgosto evidente do pai, e essa rebeldia velada dele nunca deixou de me intrigar. Quando vestidos como este, de cores vivas e cortes ousados, chegaram às minhas mãos, não me surpreendi tanto. Mas, ainda assim, não consigo evitar a curiosidade: quem os escolheu? Raed? Alguma outra mulher que já ocupou um lugar em sua vida?Por mais que eu tente me convencer do contrário, sei que tenho meus encantos. Não sou o tipo que atrai olhares por onde passa, mas meus atributos — os seios firmes, o
Por um momento, fico sem palavras. Minha mente trava enquanto luto para organizar os pensamentos que ele desordenou. Ele quer momentos felizes... Mas como posso esquecer o que realmente somos? Ele é, no fundo, meu carcereiro, independentemente da forma como tenta suavizar isso. Sim, ele é atencioso, tenta tornar meu cativeiro dourado, mas ainda é uma prisão.Meu corpo, no entanto, parece ignorar as circunstâncias. Meu coração troveja dentro do peito, como se não entendesse que esse homem não deveria ter qualquer poder sobre mim. As mãos de Raed continuam em mim, deslizando com uma leveza perigosa pelas minhas costas e ombros, enviando choques elétricos pela minha pele.Será que ele percebe o quanto me atrai? E, se não percebesse, será que pensou nisso quando decidiu me manter ao seu lado?Busco força em meio à confusão que sinto e finalmente falo, com uma firmeza que soa mais determinada do que realmente é:— O que você espera que eu diga? Que agradeça por transformar minha gaiola em
— Vem. — Ele diz suavemente. — Vamos ver os corais. Se você está impressionada com os peixes, precisa ver o colorido intenso dos corais.Seguindo suas palavras, mergulhamos nos corredores iluminados por aquários gigantescos. Cada ambiente parece mais encantador que o anterior, e, aos poucos, deixo minhas reservas se dissiparem. O brilho vibrante dos corais, o movimento gracioso das águas-vivas e a dança das raias criam um espetáculo que é ao mesmo tempo hipnotizante e tranquilizador.Percebo, então, o porquê de Raed ter me trazido aqui. O contato com a criação, com a natureza em sua forma mais pura e mágica, nos conecta com algo maior. É impossível não sentir um senso de paz e humildade diante disso tudo.Conforme os momentos correm, descubro-me relaxada ao lado de Raed, algo que não imaginei que fosse acontecer. Ele parece diferente aqui, mais humano, mais acessível. Talvez, de alguma forma, ele também esteja se deixando levar pela magia deste lugar.E, por um breve instante, permito
Não sei se me sinto aliviada por estar em casa, mas algo ficou suspenso nas entrelinhas, algo que agora me perturba profundamente.O caminho de volta foi tenso. Assim que chegamos, me desvencilho dele e corro para o meu quarto, tentando recuperar o controle das minhas emoções. Mas não demora muito: a porta se abre de supetão, e eu ofego.Raed está ali, parado, sua expressão ardente me desarma por completo.— O que você está fazendo? — Minha voz sai trêmula.Ele avança, e eu fico estática diante daquela energia que parece me prender no lugar.— Cansei de ser o cordeiro — diz, com uma intensidade que desconheço. — Cansei de fazer tudo certo e, mesmo assim, ser visto como o lobo. Se é para ser o lobo, então serei. E não vou mais controlar o que sinto!Eu pisco, surpresa. Quem é esse homem?— Não lute contra isso, Isabella — sua voz é grave, quase rude, mas carregada de emoção. — Eu sei que você está lutando. Mas não adianta. Você não é um sacrifício.Minhas palavras morrem antes de alcan
Relutante, abro os olhos e vejo os dele fixos nos meus. A conexão é profunda, quase avassaladora. O ritmo aumenta, e a cada movimento sinto o desejo se acumulando, até que finalmente me rende ao clímax.Sinto o corpo de Raed estremecer contra o meu, e um urro rouco de satisfação escapa de sua garganta enquanto ele também alcança seu ápice. Ofegante, ele se deita sobre mim, nossos corpos unidos pelo calor e pelo suor.Por um instante, ficamos assim, nossas respirações pesadas preenchendo o silêncio do quarto. Aos poucos, ele ergue o corpo e se apoia nos braços, me observando com uma intensidade que me faz corar. Seu cabelo está bagunçado, o que só o torna ainda mais irresistível.— E agora? Ainda acha que isso foi um sacrifício? — ele pergunta, com um sorriso provocador.Estou sem palavras, confusa com a avalanche de emoções.— Eu... — gaguejo, incapaz de formular uma resposta coerente.Ele ri suavemente, inclinando-se para beijar o canto da minha boca.— Vamos, habibi. Hora do banho.
Assinto para ele e, depois de um novo beijo na boca, o vejo sair do quarto.Allah! Está tudo diferente entre nós. E acredito que isso se deve à intimidade que acabamos de compartilhar.Mas preciso lembrar: essa situação está longe de ser convencional. Ele está comigo por causa desse filho.O que me confunde é a intensidade com que tudo aconteceu. A paixão nos olhos dele, a admiração que parecia genuína... Foi tudo real? Ou uma ilusão?Não sei o que pensar.Allah! Preciso de tempo. Talvez apenas o tempo consiga me ajudar a decifrar esse homem.Mas tempo é o que não me falta.De repente, memórias de nossas conversas invadem minha mente, fazendo meu coração acelerar:"— Mas e seus sentimentos? Como é amar alguém? — Eu perguntei.— Allah! Você acha que eu acredito nisso? — Raed respondeu."Essas palavras ecoam como uma sombra no fundo da minha consciência. O que ele realmente pensa sobre mim?Um homem árabe é muito preconceituoso, penso, com um nó na garganta. Fui do irmão dele, e agora s