-Seus filhos fizeram um acordo comigo- isso chamou sua atenção, ela era boa em saber quando algo ruim estava a caminho. -É incrível o que o desespero pode fazer- sua voz era lenta. Ela não queria outro ataque. Tinha de escolher as palavras com tato. A omega respirou fundo. -A libertação de ti e da tua alcateia, em troca de ti- sublinhou a última frase. Nebraska balançou a cabeça. Ela não podia acreditar no que tinha acabado de acontecer. Hades estava a tentar ser diplomático, algo que não lhe assentava bem, dizer as coisas à frente era mais fácil para ele. -Resumindo. Você é minha agora,- ele concluiu, olhando para ela, sem querer nenhuma surpresa. Nebraska não moveu um músculo. Ela sabia que não podia ser assim tão fácil. A sua manada livre, os seus filhos a salvo, sem nada em troca? Ela era jovem, mas não iludida o suficiente para saber que tudo tinha que ser pago. -O que é que queres de mim? -Lutar contra ele não era uma opção quando os seus filhos estavam apenas a algumas p
Nebraska sentiu o beta se aproximando dela e, por reflexo, recuou o máximo que suas pernas doloridas permitiram. A silhueta não era tão grande como a do alfa, mas era maior do que a de qualquer um dos seus filhos. Siran observou a loba deitada no chão, de guarda. Tinha de admitir que eram poucos os que lhe faziam frente. A sua posição de beta não tinha surgido de um dia para o outro e não se solidificava por gosto. Ela conhecia a sua reação nos outros e recebia repreensões de Hades por isso. Ele aproximou-se da ómega e inclinou-se, pondo um braço à volta dela e o outro debaixo das pernas, carregando-a. Nebraska ficou imóvel e rígida. De perto agora, o cheiro do lobo dominante era pungente e ela não fez nada para escondê-lo, exigindo que seu corpo se submetesse a ele. O beta não disse nada, nem sequer olhou para ela. Com elas nos braços, virou-se e dirigiu-se a uma porta que abriu com um pontapé. A cor branca e uniforme do local, juntamente com o vapor que lhe fazia estremecer a pe
Nebraska tentou focar a silhueta do prato de pedaços de carne e frutas de dar água na boca com desconfiança. Se havia uma coisa que ela tinha aprendido nos seus anos de cativeiro, era não aceitar comida a não ser que soubesse de onde vinha. Nem uma, nem duas vezes, a sua comida tinha sido drogada para a pôr no cio e forçá-la a ter crias. Como se costuma dizer, à terceira vez era de vez, e depois da segunda vez ela recusou-se a comer. Foi então que vieram as dolorosas injecções, que lhe deixaram marcas no pescoço. Quando Rudoc queria alguma coisa, era difícil não a conseguir. Vamos ter de o cortar,- a voz de Sara atrás dela tirou-a dos seus pensamentos. -O quê? -Temos de o cortar, o teu cabelo está tão emaranhado que não há maneira de o pentear. Faz o que quiseres,- disse-lhe Nebraska, sem se importar. Ela sempre o usou um pouco comprido, e não ia ficar deprimida só porque o tinha cortado, tinha coisas mais importantes em que pensar. Sentiu a loba sair do quarto e regressar passa
Hades levou o pulso à boca e lambeu o sangue da sua própria dentada, que já estava a fechar. Ele sorriu com a sensação que percorria cada fibra muscular. O pequeno corpo que lhe assentava na perfeição, bebendo do seu ser, diretamente da veia que pulsava freneticamente, era mais do que ele imaginava. Desceu pelas costas brancas, massajando cada nó que encontrava, assim como as pequenas cicatrizes que ainda se recusavam a desaparecer. Com a outra, acariciou-lhe o joelho e subiu pelo comprimento da coxa, até pousar na pele macia das nádegas e apertá-la mais contra si, numa tentativa de aliviar o desejo cru que começava a emanar. Ouviu-a rosnar com o ato, mas o lobo não reparou. Abandonando a carícia nas costas dela, ele continuou a pressionar-lhe o rosto para baixo quando ela estava prestes a afastar-se. Ela ainda tinha que beber um pouco mais de sangue. Nebraska estremeceu e arquejou. A cabeça dela estava uma confusão e, agora que se sentia mais forte, queria afastar-se, mas a mão qu
Siran vestiu a camisa, consciente de que o dia ainda era jovem e que ainda tinha coisas para fazer, mas ia-se embora satisfeito, deixando a sua loba com um sorriso radiante na cama, embrulhada nos lençóis e deliciando-se com a sua figura semi-vestida. -Não te preocupes com a pressa, Hades está bem entretido com a sua nova aquisição. Fazia muito tempo que eu não o via tão motivado- ela comentou com uma risada. Siran escovou o cabelo louro para trás, deixando-o na bela e imaculada cascata até à nuca, que Sara adorava despentear só para o provocar. -Não me podias falar daquela loba, ainda me lembro daquele dia, quando ela o atacou- perguntou irritado. Não conseguia esquecer o fatídico incidente, a memória do seu alfa e amigo ensanguentado torturava-o sempre que o assunto da antiga rainha vinha à baila. -Tão rancorosa como sempre. Ela não tinha controlo sobre si própria,- Sara defendeu-a. Sara, não vamos falar sobre isso, não quero passar o resto do dia de mau humor- avisou-a com um
Nebraska estava a dar pequenos passos, agora capaz de se apoiar nos joelhos sem que eles se dobrassem, mas ainda lhe doíam e ela escondia isso de Noa e Alan, que estavam a fazer o seu melhor para a ajudar a recuperar o mais rapidamente possível. No outro extremo da sala, Nicholas estava sentado com uns papéis que olhava de cima a baixo, com dados da sua antiga alcateia e que agora pertenciam a Hades; estar de lado não fazia parte da sua personalidade e ele tinha pedido ao alfa que pelo menos o deixasse organizar os registos da sua família mais próxima. -Ma, tem cuidado, não te apresses, estás a ir bem,- Noa segurou-a com um braço à volta da cintura, observando todos os seus movimentos. -Até parece que sou a filhinha dela se continuas a falar assim- brincou a loba pela primeira vez em anos. A ligação instintiva entre a mãe e o filhote era mais forte do que qualquer separação, e a prova disso era a aceitação por parte dos filhos do facto de ela ter acabado de aparecer nas suas vid
-Hades caminhou lentamente, com as mãos nos bolsos das calças, alguns metros à frente da loba. Nebraska tinha insistido em caminhar sozinha. Ela tinha-lhe dito, largando-lhe os braços, que se eles continuassem a ajudá-la com tudo, ela não seria capaz de se levantar sozinha; que apreciava a ajuda deles, mas que precisava de o fazer. Ela era uma loba determinada, com um espírito forte. Cada vez mais se apercebia de que cumpria os requisitos. Ainda era cedo e ela não podia deixar-se cativar, depois de mais de 600 anos de firme convicção, o reinado da alcateia de prata não era, nem seria, de qualquer um. A ómega deu um passo em frente do outro, medindo a força, a distância, a respiração. Demasiados anos tinham-lhe cobrado o seu preço, ela precisava de voltar a treinar e recuperar as suas forças o mais depressa possível. Seguiu Hades, que se mantinha a uma distância segura, mas ainda assim atento a ela. A parede era o seu melhor apoio, mas, quando se esgotou ao chegar às escadas, as co
Até o próprio Hades ficou impressionado com a sua ação. O rugido na sua garganta não era um simples aviso. Não, não era o facto de ele lhe estar a tocar, havia algo mais que ele não sabia de momento e que o incomodava ao ponto de cerrar os dentes. O lobo castanho largou as mãos de Nebraska e levantou-se cautelosamente. Não gostou do olhar intenso e prateado do alfa, que parecia querer mover-se a qualquer momento e rasgar-lhe a garganta em dois. Sorriu com malícia e voltou a sua atenção para a loba quando soube que não ia ser atacado. Minha rainha, venha, todos ficarão muito felizes em vê-la- ele estava prestes a pegar no braço dela, mas parou no ar. Hades tinha pousado na anca de Nebraska e estava novamente a avisá-la com o olhar para manter a distância. A ómega, por seu lado, sentia o ambiente tenso e a razão era ela. Ela gostava de se manter discreta e ter dois machos a discutir sobre a sua pessoa no meio deixava-a desconfortável, e de uma forma má. -Liam- usou um tom sério e a