Ser o alfa de uma grande alcateia, um marido atento e um pai, os três a tempo inteiro, era um pouco difícil. Especialmente para Hades, que se deitava na cama, todas as noites, depois de fazer todas as suas tarefas e adormecia profundamente abraçado à sua mulher. E, mesmo assim, não a perdia de vista, para o caso de ela precisar de alguma coisa ou ter pesadelos. Resultado... a sua vida agitada estava a cobrar o seu preço, mas ele adorava. Havia dias em que as olheiras adornavam o seu belo rosto e Nebraska era chamada por Siran para o obrigar a dormir, e ela tinha uma forma especial de o fazer cumprir as suas ordens. More não se queixava. Um dia normal na vida de Hades era acordar de manhã e despertar a sua mulher, enchendo-lhe o corpo de beijos. Da testa aos pés. Fazia-o suavemente, com devoção, com amor e expressando todo o seu amor, apesar de estarem juntos há muito tempo. Nunca se aborrecia. E assim que Nebraska abria os olhos, dependendo do humor de ambos, faziam sexo matinal des
Apesar de ter tido seis gravidezes, cinco das quais bem sucedidas, Nebraska não se adaptou à atenção excessiva que estava a receber na sua nova manada. Era muito stressante para ela. E ela queria dizer isso no bom e no mau sentido. Desde o momento em que acordou, Hades controlava todos os seus movimentos, e ela até teve de rosnar para que ele a deixasse ir à casa de banho sozinha. A intimidade era algo que estava a perder lentamente, e ela gostava de ter o seu espaço. E não era que ela não gostasse da atenção, era só que era tanta que ela estava a ficar sobrecarregada. E não era só por causa de Hades, até Sara estava lá todas as manhãs para a atender, pentear o cabelo, ajudá-la a vestir-se e assim por diante. Nebraska, toda a sua vida, dependeu de si própria, por isso ter alguém a fazer isso era muito estranho e desconfortável. Por isso, acabava sempre por fugir para qualquer lado da manada, só para respirar. Hades tinha sempre muito trabalho para fazer. Havia dias em que nem seque
Hades, alfa da Alcateia de Prata, não podia acreditar no que via. Dois dos filhos do seu maior inimigo estavam ajoelhados perante ele; implorando-lhe para derrubar ninguém menos que o seu pai. Isso sim era uma piada de muito mau gosto. Ele não era um homem tacanho, mas gostaria de dar uma boa lição naqueles dois cachorrinhos que se atreviam a gozar com ele. Ou talvez fosse apenas uma manobra do pai para se apoderar do seu poder. Ele era conhecido por ser gentil com os filhotes, mas não com aqueles que tentavam manipulá-lo. De momento, ele alinhava no jogo. Ninguém sabia onde isso poderia levar. -E qual é o objetivo de me vires perguntar uma coisa dessas? -Sentado no trono do grande salão, impunha respeito como o magnata que era. Os presentes sentiam-se desconfortáveis com a situação, mas não faziam nada sem uma ordem dele. Os dois mais novos baixam o olhar para evitar o do líder, símbolo de total submissão, embora as mãos do que parecia ser o mais velho se fechem sobre os joelhos,
O calor era sufocante. A garganta doía-lhe ao engolir de sede, não se lembrava da última vez que o precioso líquido tinha passado por ela. Os grilhões roçavam na pele gretada dos seus pulsos e tornozelos, fazendo tremer todo o seu corpo. As chicotadas no seu abdómen multiplicavam-se a cada segundo, tirando-lhe o fôlego. A sua barriga, que tinha crescido nos últimos quatro meses, guardando nela o seu próximo cachorrinho, estava agora a perder dimensão por detrás de uma poça de sangue debaixo das suas pernas. Ela não se importava, talvez fosse melhor assim, o seu corpo estava tão fraco que interromper uma gravidez seria impossível. Se ao menos tudo desaparecesse. -O que é que ela tinha feito para merecer isto?- pensava ela em desespero. *** -Achas que eles estão a mentir? -Hades recostou-se na sua cadeira de veludo vermelho, olhando com indiferença para Siran, o seu beta. -Pareciam desesperados, mas podem ser muito bons actores, pode-se esperar qualquer coisa- foi cauteloso no seu
Dias antes Noa olhava por cima do ombro enquanto corria pelo corredor, desconfiada do seu perseguidor. Os seus pulmões apertavam e ardiam por ar, enquanto o seu cabelo castanho lhe cobria os olhos. Ele dobrou a esquina, desviando-se de uma mesa, quando o cheiro do seu inimigo estava atrás dele. A sua cabeça estava num turbilhão enquanto pensava num plano. Sentiu-o tão perto, mas onde, não estava nas suas costas. Não podia deixar-se apanhar, não agora. Uma figura mais alta atravessou o caminho. Noa parou no seu caminho e retesou os músculos. Tinha de fugir, tinha de... -Noa, seu bastardo, quando eu te apanhar, vais ver o que te vou fazer- Alan rosnou com fúria. Um sorriso de raiva saiu da boca do irmão mais velho, que ainda vestia a camisa manchada por algum líquido viscoso, resultado de uma brincadeira. -Isso se me apanhares- provocou o mais novo. Alan franziu o sobrolho, sabendo que, por mais depressa que corresse, nunca apanharia o irmão, mas admite-o, nunca. Um guarda, qu
Os cachorros engoliram quando foram descobertos e uma leve camada de suor cobriu os seus corpos, mas ficaram tranquilos quando sentiram o cheiro do seu irmão mais velho nas suas costas. Nico- Alan virou-se e fez uma careta desconfortável, -estávamos só a dar um passeio. Vamos voltar para os nossos quartos para nos mudarmos para o jantar- explicou ele, nervoso. O lobo de cabelo castanho, como eles, mas preso numa longa trança ao longo das suas costas largas, olhou na direção do corredor que terminava no escritório do pai. -Ouviste o que ele disse? -perguntou com o sobrolho franzido. Noa ergueu as mãos em sinal de rendição e dúvida. -Não sei do que estás a falar- se havia uma coisa que Nicholas nunca fazia, era ficar chateado, ai de quem estivesse por perto quando isso acontecesse. O lobo mais velho voltou a sua atenção para eles, o seu tom de voz seco e sério. -Vocês os dois. Venham comigo- não houve resposta às suas palavras. As duas crias seguiram o irmão, obedientemente. Ele
Alan e Noa corriam o mais depressa que as suas pernas os podiam levar. Alan arrastava o irmão pela floresta, desviando-se das árvores com dificuldade no terreno pantanoso depois da chuva. Tinham cometido o pior erro das suas vidas. Tinham pensado que todos os irmãos estavam juntos nesta causa, para salvar a mãe das garras do alfa. Que ilusão! A traição dói, e ainda mais quando é a primeira vez. Ainda não tinham saído do choque de ver as circunstâncias da antiga rainha quando, de regresso aos seus aposentos, viram o irmão mais velho e primogénito dos cinco, Rodrigo. Tal como o pai, ignorava-os a maior parte do tempo, como lhe tinha sido ensinado. Era tão leal ao seu alfa que era nojento vê-lo, mas não deixava de ser seu irmão e filho daquela loba. Naquela noite as coisas tinham-se descontrolado, dizer ao lobo que sabiam onde estava a mãe tinha sido um erro. Eles não tinham terminado a frase e ele deixara-os com a palavra na boca, desaparecendo pelo corredor, ignorando-os como de cost
A porta abriu-se, deixando entrar uma luz ténue, que desapareceu com a mesma rapidez. Ela levantou a cabeça com tanto esforço que abrir os olhos foi uma proeza. A imagem que tinha diante de si era tão repugnante que se sentiu ainda mais nauseada do que já estava. As suas garras começaram a quebrar a pele dos seus dedos enquanto as suas presas cresciam. Ela soltou um rugido, usando toda a sua força para alcançar o recém-chegado e rasgar-lhe a garganta. O seu corpo começou a transformar-se, no entanto, os grilhões ferrugentos à volta dos seus pulsos e tornozelos cortaram a circulação e romperam a pele. A dor percorreu-lhe o corpo como braças de fogo, caindo de joelhos e arquejando fracamente. Um sorriso triunfante cruzou os lábios do alfa enquanto ele se ajoelhava à frente dela e afastava o cabelo sujo do seu rosto abatido. -Quantas vezes é que já repetimos isto, minha linda rainha? -Ele limpou uma gota de sangue que lhe manchava a face, depois levantou a mão e bateu-lhe com um baque