(Esmen) — Acho que deveríamos voltar. — Quebrou o silêncio que pouco se instalou, com a voz rouca. Ficando na ponta dos pés, deslizei uma mão para cima de seu ombro esquerdo, enquanto a outra procurou apoio na estante atrás de mim. “Ou será neste momento ou nunca será.” Alcancei seus lábios, devagar, apreciando a maciez da carne. Tauron me permitiu explorar cada canto deles por poucos minutos, então correspondeu de forma mais intensa, me empurrando contra a estante. Eu poderia morrer sem ar agora, que ainda assim estaria feliz, pois aquilo era a minha resposta, era uma declaração de que eu havia conseguido um lugar em seu coração. Dando-me um momento para respirar, Tauron tinha os olhos fixos em mim, captando cada nuance da minha expressão. Evitei desviar o olhar, preferindo ficar presa naquele azul intenso que parecia sondar sua alma. “Eu estava mesmo a ponto de tocar nas nuvens?” Seus beijos nunca foram ruins, mas dessa vez, ele conseguiu superar qualquer um dos anteriores.
(Esmen) Os olhos de Tauron estavam cravados em mim, profundos e determinados. Não era só desejo, era algo mais, algo que ele queria que eu entendesse sem precisar dizer. “Não era mesmo minha intenção sair de seus braços. É o melhor lugar para se estar.” Não havia como sair; meu corpo também não obedeceria minha mente se eu quisesse. Estávamos quase obcecados um pelo outro. Antes que pudesse falar, seus lábios tomaram os meus de novo, dessa vez com mais urgência. Meu corpo reagiu no mesmo instante, sentindo seus ombros, enquanto ele insistia em me puxar mais para si. O mundo ao redor desapareceu. Havia apenas ele, seus toques e a intensidade daquele momento. Quando sua boca seguiu para o meu pescoço, senti um arrepio percorrer minha pele. Era como se cada movimento dele fosse calculado, mas ao mesmo tempo incontrolável por sua respiração ofegante soprando em minha audição. — Tauron… — chamei, tentando recuperar o fôlego, porém ele não parou. Seus lábios continuavam a traçar meu p
(Himal) Distraído com meu trabalho, não percebi que estava sendo observado de perto. Tudo que enchia o ar ao redor era o som seco da marreta batendo contra a lâmina em seus retoques finais. Mais algumas batidas e, então, ela era levada para a água, ainda fria pelo tempo meio nevado. Borbulhas subiam na água com o som de fervura das partículas de ar revestidas de calor. Algo chamou minha atenção de repente. Ao levantar os olhos, encontrei uma linda mulher loira concentrada no meu trabalho, observando de perto como a lâmina era movida abaixo da água. Com um sobressalto por ser pego de surpresa, puxei a lâmina com muita rapidez, fazendo-a cair na neve. — Merda! — praguejei, arrumando a luva quase danificada na mão. — Você se machucou? — Ernest já estava na minha frente, muito perto da vasilha funda com água morna pela condição da lâmina que estava dentro dela. — Não, tudo bem! Mas se afaste! — pedi com cautela. No entanto, Ernest apertou os olhos, confusa, dando um passo para trás
(Tauron) Ela poderia não saber o peso das minhas palavras, mas eu as sentia, sentia como se uma carga estivesse sido tirada de mim, como se finalmente os meus pulmões fraturados pudessem respirar normalmente. “Meu sopro de vida.” Eu estava apaixonado por Esmen há muito tempo, negar não faria diferença e ainda sim não pretendia viver em negação se era maravilhoso estar com ela. Agora, sentados diante de uma mesa gigante, separados pela distância entre cada prato que espalhava-se sobre a mesa. Me via ansioso por ficar perto dela, a observando intensamente, enquanto ela não parecia abalada com a situação. Esmen fazia sua refeição calmamente, elevando os cílios na minha direção para que pudesse vislumbrar seu olhar por algumas vezes. Eu não queria intimidá-la com tamanha análise, porém, estava o impelindo agora mesmo, uma vez mais, sem me conter. Ela me deslumbrava de um modo totalmente novo, inconscientemente. Tudo estava tranquilo, até Ghedal aparecer. Capturei o lenço ao lado
(Tauron) Eu queria perguntar se ela estava brincando com a minha cara, mas tinha certeza de que não era o caso. Mesmo assim, estava ficando irritado. Disposto a não causar uma cena e não permitir que o "convidado" ouvisse atrás da porta a nossa discussão, tive que aceitar sua escolha. Entretanto, mesmo com o olhar agradecido que me foi lançado, não consegui ser mais gentil ou me sentir aliviado por aquela ação sua, quando na minha mente estava apenas o plano que ela pretendia começar. Assim que a porta foi fechada atrás das costas dela, eu fecho os olhos com raiva. "Mas que d***os, Esmen!" Eu queria socar algo imediatamente, por isso, meus olhos procuraram um alvo, encontrando um pobre soldado que fingia não notar meu olhar assassino enquanto olhava para a parede. Sua mão balançou levemente sobre o cabo da espada, denunciando seu estado de vigília a mim. "Um novato?" Aquilo não era possível. Eu não havia pedido nenhum novo recrutamento ou tirado alguém do seu posto antigo e des
(Tauron) “Resposta sábia.” “Antes, ele teve medo de mim. Era por sua informação?” Ele parecia determinado a ser alguém no meu reino, mas a desconfiança não poderia me faltar. — Você será testado constantemente! — avisei. Anunciei que o permitiria agir, pois ele teve capacidade de conseguir uma informação valiosa que nem mesmo os meus sabiam. Os presentes tinham rostos espantados na minha direção; até mesmo Ghedal. A revelação de ser praticamente parte do exército mais temido de todo o século os fez recuar diante do meu olhar. Ele estufou o peito e, com orgulho, disse: — Serei muito leal ao último fantasma. Prometo! “Seria seu pai um dos antigos aliados de Tauric?” Eu o investigaria. Se por acaso fosse real, eu o teria como um dos meus. (Esmen) O homem de pé, observando o pátio da janela, era esguio, tinha os cabelos em um tom opaco de cinza, bem aparados em um corte baixo. Vestia roupas claras e longas, onde pude ver apenas a ponta de sandálias de couro em seus calcanhares.
(Esmen) O frio intenso parecia querer despedaçar o teto velho, feito de telhas de barro sobre nossas cabeças, pois vinha acompanhado de um vento forte, capaz de arrepiar qualquer corpo mal vestido. Busquei minha mãe pela pequena casa e a encontrei perto do fogão a lenha, onde havia uma panela completamente cheia de sopa, em sua última fase, quase pronta para ser servida. Seu corpo magro, como o meu, envolto em roupas surradas e finas, era aquecido pelo calor do fogo, ao qual ela se mantinha próxima, mexendo na sopa. O único casaco de pele quentinho que possuíamos estava sobre meus ombros. Eu o daria a ela quando se sentasse à pequena mesa junto comigo. Por hora, me aferrava a ele como se fosse a salvação da minha vida. Com o capuz cobrindo meus cabelos castanhos escuros, ainda sentia minhas bochechas queimando. O frio intenso passava pelas fissuras na madeira desgastada da porta estreita, soprando diretamente no meu rosto. Deixei apenas os olhos verdes, como esmeraldas, de fora
(Esmen) Não recuei. Havia mais soldados de todos os lados, e eu ainda tinha esperança de que ele estivesse errado sobre a paternidade. Quando se aproximou o suficiente, ele me dirigiu a palavra: — Você é minha filha. Abri a boca para contestar, mas soube pelo seu olhar reprovador que não era tudo o que ele tinha a dizer. — E será preparada para casar com o rei Tauron, hoje à noite. Meus olhos saltaram. Agora não havia permissão ou tradição alguma que me fizesse ficar calada. — Como? — Você, Esmen, será a mulher do rei Tauron. — Ele não parou de me fitar. Parecia estar vendo minha mãe em mim; seu olhar pesava como uma tonelada, trazendo algo como frustração e satisfação ao mesmo tempo. Provavelmente por me vender como mercadoria para alguém. — Eu não... — me interrompeu com um erguer de mão, que chegou perto demais do meu rosto frio. Diferente de mim, que tinha roupas surradas e finas, como um vestido longo verde desbotado, sapatos gastos e apenas os cabelos alinhad