(Tauron) Eu queria perguntar se ela estava brincando com a minha cara, mas tinha certeza de que não era o caso. Mesmo assim, estava ficando irritado. Disposto a não causar uma cena e não permitir que o "convidado" ouvisse atrás da porta a nossa discussão, tive que aceitar sua escolha. Entretanto, mesmo com o olhar agradecido que me foi lançado, não consegui ser mais gentil ou me sentir aliviado por aquela ação sua, quando na minha mente estava apenas o plano que ela pretendia começar. Assim que a porta foi fechada atrás das costas dela, eu fecho os olhos com raiva. "Mas que d***os, Esmen!" Eu queria socar algo imediatamente, por isso, meus olhos procuraram um alvo, encontrando um pobre soldado que fingia não notar meu olhar assassino enquanto olhava para a parede. Sua mão balançou levemente sobre o cabo da espada, denunciando seu estado de vigília a mim. "Um novato?" Aquilo não era possível. Eu não havia pedido nenhum novo recrutamento ou tirado alguém do seu posto antigo e des
(Tauron) “Resposta sábia.” “Antes, ele teve medo de mim. Era por sua informação?” Ele parecia determinado a ser alguém no meu reino, mas a desconfiança não poderia me faltar. — Você será testado constantemente! — avisei. Anunciei que o permitiria agir, pois ele teve capacidade de conseguir uma informação valiosa que nem mesmo os meus sabiam. Os presentes tinham rostos espantados na minha direção; até mesmo Ghedal. A revelação de ser praticamente parte do exército mais temido de todo o século os fez recuar diante do meu olhar. Ele estufou o peito e, com orgulho, disse: — Serei muito leal ao último fantasma. Prometo! “Seria seu pai um dos antigos aliados de Tauric?” Eu o investigaria. Se por acaso fosse real, eu o teria como um dos meus. (Esmen) O homem de pé, observando o pátio da janela, era esguio, tinha os cabelos em um tom opaco de cinza, bem aparados em um corte baixo. Vestia roupas claras e longas, onde pude ver apenas a ponta de sandálias de couro em seus calcanhares.
(Esmen) Não havia como negar, ele sabia de muita coisa. Poderia até dizer com certeza que o homem diante de mim teve participação direta nos planos de Vitorian. — Quero respostas! — digo com firmeza. O homem sorriu de modo silencioso, mas tratou de me irritar novamente, justamente com o assunto que já deveria ter começado a dar explicações sobre sua participação. — Sua mãe a ensinou muito bem. — Por acaso está me fazendo perder meu tempo? Busca algo com isso? Seu filho, por exemplo? — Ele ficou sério imediatamente, então caminhou até mim, ficando próximo à cadeira que havia perto da pequena mesa. — Sente-se! Temos muito o que conversar! — disse ele. De má vontade, aceitei suas palavras, mas não antes de ele se afastar para sentar-se na cama, de frente para mim, mantendo uma distância segura. — Do que quer falar primeiro? — Vitorian. — E posso saber o motivo de ele ser sua primeira escolha? — mostrou curiosidade. — Foi a partir dele que tudo começou. — Resumo minha resposta
(Rinam) O sorriso no rosto de quem pensava que seus planos teriam êxito era evidente e, pessoalmente, me causava repulsa. “Se eu negar mais uma vez a sua proposta, posso não ter boas relações futuras com esse reino.” Recordei como ele compartilhava abertamente suas ambições com a maior parte dos reinos quando todos se juntavam. “Não há escolha. Apenas uma se faz a correta.” Era crucial que eu saísse daquele reino com uma boa influência; caso contrário, meus esforços não serviriam para nada. — Se a escolhida não for muito jovem. — Tento transmitir naturalidade. Vitorian agradou-se imediatamente por minhas palavras, por isso respondeu em seguida: — Você pode escolher quem desejar! — Isso não seria trabalhoso? Ter que tomar seu tempo em uma busca selecionada? — Sorrio com perspicácia. — Não. De modo algum, meu caro. — Parou para pensar por um segundo. Então, armou-se de uma ideia imediatamente. — Tenho as primeiras opções aqui! — Acenou para o cômodo adjacente. Apertei os olho
(Esmen) O frio intenso parecia querer despedaçar o teto velho, feito de telhas de barro sobre nossas cabeças, pois vinha acompanhado de um vento forte, capaz de arrepiar qualquer corpo mal vestido. Busquei minha mãe pela pequena casa e a encontrei perto do fogão a lenha, onde havia uma panela completamente cheia de sopa, em sua última fase, quase pronta para ser servida. Seu corpo magro, como o meu, envolto em roupas surradas e finas, era aquecido pelo calor do fogo, ao qual ela se mantinha próxima, mexendo na sopa. O único casaco de pele quentinho que possuíamos estava sobre meus ombros. Eu o daria a ela quando se sentasse à pequena mesa junto comigo. Por hora, me aferrava a ele como se fosse a salvação da minha vida. Com o capuz cobrindo meus cabelos castanhos escuros, ainda sentia minhas bochechas queimando. O frio intenso passava pelas fissuras na madeira desgastada da porta estreita, soprando diretamente no meu rosto. Deixei apenas os olhos verdes, como esmeraldas, de fora
(Esmen) Não recuei. Havia mais soldados de todos os lados, e eu ainda tinha esperança de que ele estivesse errado sobre a paternidade. Quando se aproximou o suficiente, ele me dirigiu a palavra: — Você é minha filha. Abri a boca para contestar, mas soube pelo seu olhar reprovador que não era tudo o que ele tinha a dizer. — E será preparada para casar com o rei Tauron, hoje à noite. Meus olhos saltaram. Agora não havia permissão ou tradição alguma que me fizesse ficar calada. — Como? — Você, Esmen, será a mulher do rei Tauron. — Ele não parou de me fitar. Parecia estar vendo minha mãe em mim; seu olhar pesava como uma tonelada, trazendo algo como frustração e satisfação ao mesmo tempo. Provavelmente por me vender como mercadoria para alguém. — Eu não... — me interrompeu com um erguer de mão, que chegou perto demais do meu rosto frio. Diferente de mim, que tinha roupas surradas e finas, como um vestido longo verde desbotado, sapatos gastos e apenas os cabelos alinhad
(Esmen) — Por que ele fez isso? — perguntei, enquanto ajustavam o corpete do vestido, apertando minha cintura fina. — Sua majestade? — Sim — encarei cada uma delas. A maioria fingia não ouvir a conversa com a colega enquanto trabalhava. — Dizem que foi um erro. Apenas isso. Aquilo não poderia ser verdade, mas elas não sabiam. "Como alguém mata outro e chama isso de erro?" — Apenas um erro? — encarei a mulher que havia falado. Ela baixou os olhos por alguns segundos, fingindo estar alisando o tecido do vestido. Alguém sempre sabia mais do que deixava transparecer, e rumores sempre corriam com pedaços maiores de verdade. Estavam dispostas a me manter no escuro, mesmo sabendo que jogavam "sua alteza" diretamente na boca do leão. "Não vão me tratar bem nesse novo reino." "Antes, nem sequer me tratavam como uma delas. Agora, estou aqui para servir de moeda de troca, mas não tenho importância para ninguém. Estou apenas salvando suas cabeças." Estava decidido. Na primei
(Esmen)Repousando a mão sobre minha barriga, fiz cara de desconforto. Não havia comido nada mesmo.— Não comi nada hoje. — Fiz cara triste.— Minha barriga dói por falta de um desjejum. Como posso ser apresentada para o rei Tauron tão fraca? E se não aguentar a viagem?Nesse momento, um deles, depois de novamente trocar olhares, me perguntou se queria algo em especial.— Apenas me mostrem a cozinha. — A desconfiança não os deixou.— Serei rápida. Não quero passar vergonha diante do rei vizinho. — Fiz minha melhor cara de timidez, ciente de não ter o rosto completamente visto por causa do véu de rendas floradas.— Vamos mostrar... — Fiz uma jogada de mão descartando a possibilidade.— Não precisa, apenas me mostrem o caminho.— Não podemos. A vossa alteza irá fugir. — Disse um deles.— Eu irei comer. Como posso fugir de barriga vazia? — Encarei ambos.Um franziu o cenho, e, trocando olhares novamente, me apontaram a direção:— É por ali. — Lancei uma cara de satisfação na direção dele