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Capítulo 6 A filha de Vitorian

(Tauron)

Era sinal de que Vitorian não queria sua fuga, não era uma encenação para chamar minha atenção.

Então o verme também obriga outras pessoas, até mesmo a sua filha, a fazer as coisas que ele não quer. Tudo para manter sua própria cabeça em cima do pescoço.

“Eu sabia sobre o medo dele com relação a mim, mas não queria que fosse um covarde tão patético.” Enojei-me.

Seus olhos pousaram em mim, verdes, como as folhas das árvores, que se não fosse a neve as cobrindo desde o topo, estariam da mesma cor, tendo o mesmo brilho.

Vir a ilusão passar nos seus olhos, ela acreditou que eu era a esperança chegando para salvá-la. Mas não estava trazendo brilho, eu estava trazendo as trevas para sua vida. Não importava quem ela era, apenas de quem ela era filha e o que ele tinha feito para mim.

Ela não imaginou quem estava à sua frente, o desespero nublava sua mente.

Eu faria Vitorian pagar através dela, e se não fosse o suficiente, iria voltar atrás dele, seria o seu carrasco pessoalmente.

Ciente de que ela viria ao meu encontro por acreditar ter a esperança a sua frente, ser o que tanto desejava. Eu a deixei agarrar minhas roupas.

Seus verdes esperançosos fitaram os meus azuis, quando não encontrou neles o aquecimento que esperava, pelo contrário encontrou o frio de todo o inverno que eu trazia dentro de mim, ela deixou suas mãos caírem.

Não era seu pai, não mentiria. Então disse apenas a verdade, uma vantagem de tê-la em minhas mãos era não precisar olhar para a cara de Vitorian.

Mas diferente dele, eu era alguém de princípios, mesmo que a pessoa em questão, não merecesse sequer estar viva.

Mandaria alguém para avisar que já tinha recebido o meu presente, obrigando assim, seus soldados a voltarem de mãos vazias, e não pegar o que era meu.

Queria poder ver na cara dele a encenação, se queria mesmo a filha, como ele tratava como moeda de troca por sua cabeça, se gostava dela a ponto de fazer a minha vingança valer a pena.

Mas duvidava que isso aconteceria, já que ela estava fugindo, assim como ele nunca amou a mulher que o deixou, provavelmente, a mãe da princesa fugitiva. Eu sabia de parte da história.

A garota desabou em meus braços, seu corpo estava gélido, seus olhos perderam o foco rapidamente, se fechando com facilidade.

Suspirei com irritação. Tive que colocá-la em meus braços, carregando-a de volta para a minha tropa.

Mas ela não teria esse privilégio o tempo inteiro, eu a queria ver rastejar, e não ficar nos meus braços.

Quem eu teria ali já tinha ido, e seu pai foi o responsável por tirá-la de mim.

“Você irá pagar por tudo que ele me fez!”

Não esperei pelo inimigo. Logo encontrei com meu aliado, o mandando de encontro com o pai daquela que carregava. Vitorian teria apenas o breve recado como compensação.

“Recebi o presente. Agradeço por torná-lo mais fácil.”

Não eram palavras verdadeiras aquelas que mandava por meu subordinado, era apenas o indicativo de calmaria por um tempo.

Quando cheguei na carruagem, a coloquei dentro, a frente de onde ficaria sentado. Ela não se moveu, o corpo ainda fraco.

Chateado tive de cobri-la com minha capa, apenas para não ficar doente, caso contrário, teria mais trabalho com ela. Cuidar dela não era meu objetivo. Mas se ela morresse tão cedo seria um desperdício. Não era sua morte o meu desejo, eu a queria sofrendo dia e noite ao meu lado, pelo resto da vida, apenas para compensar a falta de alguém que deveria está ao meu lado agora.

Eu tinha certeza de que ela seria um peso morto, porém, estava disposto a permanecer com a mesma, fazendo da sua vida cada dia mais infeliz.

(Esmen)

O barulho de xícaras tocava os meus ouvidos. Parecia que uma bandeja cheia delas estava sobre a minha cabeça. Pelo menos o aroma era extremamente bom. Consegui identificar o barulho de uma colher pousando sobre um pires antes de abrir meus olhos, sentindo a temperatura diferente.

Diante de mim se revelou um cômodo majestoso, carregado de peças de alta qualidade, assim como os móveis.

Tudo estava em vermelho, cortinas grandes na frente da majestosa janela. Um tecido quentinho da mesma cor sobre o meu corpo. Uma cama macia abaixo de mim.

Castiçais em cada canto do quarto, além de uma cruzeta deitada sobre minha cabeça, ficando suspensa por cordas, com quatro velas nele.

Parecia ser noite. Então minha atenção foi atraída por uma mulher próximo à cama, ela me estendia uma xícara sobre um pires.

— Ainda bem que acordou, Alteza. Trouxe-lhe um chá para aquecer um pouco mais.

Não conheci o ambiente, muito menos a mulher, suas roupas eram diferentes daquelas do reino do meu pai. Eram roupas mais confortáveis e mais bonitas.

Ela vestia traje azul, longo, de mangas compridas, tecido de algodão. Os sapatos baixos nos pés pareciam veludo, além de uma touca baixa sobre os cabelos; cobrindo apenas metade dos cabelos e as pontas, deixando a raiz à mostra.

Ela tinha os cabelos claros, devia ter por volta de vinte anos, um pouco mais velha que eu.

Pousei meus olhos na xícara vazia com desconfiança.

“Eles seriam capazes de me envenenar tão prontamente?”

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