[Aviso de conteúdo: Este capítulo traz descrições sensíveis de agressão, física e mental. Leia com cuidado.](Esmen)Meus pais não se amavam; eu nem sequer conhecia meu pai, até ele me sequestrar. Minha mãe não tinha ninguém, apenas eu.“Mãe… Como estará?”— Serei eu a vesti-la, não serei? — a loira parou no centro do quarto, agora tinha a atenção em mim.Como não podia me prender ao futuro assustador, tentei me prender à Ernest e suas crenças românticas.— No dia do casamento? — minha garganta fechou com a última palavra.— Sim. A alteza tem muitas opções aqui! — ela caminhou até o grande guarda-roupa.Eu duvidava que ela encontrasse algo, mas qual foi a minha surpresa quando ela abriu as portas do móvel.— Esses são os meus preferidos… — começou a tagarelar.“Quando isso apareceu aí? Eu sequer saí do quarto.”Alguém entrava no recinto quando eu estava dormindo?Como Ernest sabia daqueles trajes antes de mim? Com o tempo, ela percebeu o meu desconforto, principalmente pelo fato de eu
(Esmen)— Sabe o que está causando essa bela sensação de dor? — Ele me viu cerrar os dentes com os olhos verdes turvos. Meus dedos apertavam sua manga grossa, cobrindo seu próprio pulso.Eu não queria chorar, não queria abrir a boca, mas ele me forçou a dar-lhe uma resposta:— Não quer saber? — Cravei minhas unhas em cada um de seus pulsos. Ato desesperado que não seria sequer sentido; seu traje era grosso.Tive que acenar que sim, que queria saber o que era aquilo.— São agulhas. Pequenas agulhas que desprendem das peças bonitas assim que o fecho encontra seu semelhante. Eu vi nos seus frios olhos azuis a satisfação de me ver com dor.Abaixo daquilo, saíam linhas finas de sangue. Parecia que ele queria me matar, causando perda de sangue excessiva se continuasse apertando aquilo nos meus ossos.— Não é um presente bonito? Eu diria, especial, até.— Pare! — Minha súplica saiu de repente.Não conseguia pensar em nada a não ser a dor que me afligia.Ele me encarou firmemente.— Quer que
(Tauron)— Ele não as expulsou do castelo… — Pensei.— Não. Suponho que seu nome seja Muler, algo assim. Me refiro à mãe da princesa. Dizem que ela fugiu grávida; não deveria ser descoberta a gestação. — Disse Ghedal.Encarei o meu capitão de guarda.— Muler sentiu que a vida da filha estava ameaçada vivendo com ele.Ghedal concordou com minhas palavras.— Era apenas isso? — Perguntou logo mais.Ele acenou em silêncio.— Certo. Pode ir! — Ele se retira com um curvar breve.Quando a porta se fecha, alcanço a gaveta da mesa mediana. Retiro o caderno de capa de couro, junto com a caneta e tinteiro pequeno.Abrindo seu fecho pequeno, anoto, depois da última página escrita, as informações novas, assim como os meus pensamentos.Quando a última gota de tinta riscou a página, enquanto depositava a caneta sobre a mesa, recordei seus olhos verdes esmeralda carregados. Suas palavras cortaram minha mente.“Você não vai apagar sua dor com a minha.” Parecia sincera.“Quer me tirar a alma? Para quê?
(Esmen)— Oh! É verdade?! — Ela mal colocou a bandeja perto da outra e veio correndo me analisar.Assustada com seu repentino avanço, retrocedi um pouco, tocando no caderno encontrado no dia anterior, do qual não me recordava mais.— O rei veio pessoalmente deixar sua janta? Ouvi dizer que ele pediu aquela sopa em especial para a alteza. Ela é deliciosa. — Ficou ao meu lado, de pé, enquanto eu estava sentada na ponta da cama.“Deliciosa? Eu não pude apreciar nada além da dor.” Um pensamento irônico, qual Ernest não merecia ouvir.— Que lindas! — Se inclinou para olhar de perto o meu tormento em forma de joias.Puxei as mãos com cuidado, causando estranheza nela.— Oh! Desculpe!— Tudo bem. São peças… — Pensei em uma desculpa cabível.— Jóias de requinte? Eu fui intrometida, perdão!— Não se trata disso. Seu rei é muito preciso em mostrar seus desejos em forma de presentes especiais para mim. — Ernest jamais entenderia.O sorriso bonito dela mostrou a ilusão amorosa passando por sua me
(Tauron)Um corte na coxa, ele grunhiu. Um abaixo do joelho, ele tropeçou, outro no ombro, e mão. — Pensei que poderia ser misericordioso hoje. — Digo diante dos seus olhos nublados de agonia.Esse sangraria por um tempo curto. Coloquei a espada na mão esquerda, com a ponta virada para o chão, apoiei meu corpo nela, tirando com a outra a faca do ombro.Apertei os dentes sentindo a carne rasgar novamente e o sangue jorrar. “Odeio indivíduos covardes.” Fiquei tão irritado que com a mesma faca me aproximei do homem. — Devolvo-lhe sua faca. — cravei no seu peito. “Morra com ela.”— Agora poderá levá-la consigo.Ele caiu; me abaixei para tirar minha adaga, vendo seus olhos perderem o brilho. Bufei com a dor do ombro. “Isso é tão irritante.”Segui em frente, limpando a pequena arma nas minhas roupas. Mantive a espada na mão esquerda, pesando um pouco pelo ombro. Agora eu não pouparia ninguém…(Esmen)Havia se passado horas, e quando chegou o momento do desjejum novamente, Ernest foi qu
(Tauron)Meu ombro maltratado, depois da viagem, ainda doía, e não havia uma adaga cravada nele dia e noite. Imaginei como parecia dez vezes pior a sua situação.— Não se mexa! — disse, tentando não soar ameaçador.Esmem parecia um animal em cativeiro. Eu não queria assustá-la, não naquele dia. Tinha tido tempo para pensar e acreditava que ela permanecer com alguém que não ama, pelo resto da vida, sendo limitada ao castelo, era castigo o suficiente por carregar o sangue dele. Não iria mais machucá-la fisicamente.Fiz a mesma coisa com a outra mão, puxando as mangas para cima, mantendo o horror da minha maldade à minha própria vista.“Eu fui desumano.” Estava me sentindo com o espírito inquieto agora. — Não me machuque! — ela pediu novamente, tão chorosa quanto da primeira vez.Não podia mentir e dizer que não iria machucá-la, pois, pelo estado em que se encontrava, nada seria mais doloroso do que tirar aquelas armas. Mas deixá-las ali não era uma opção.Analisei os pontos de encontro
(Esmen)Um gosto terrível descia pela minha garganta, me fazendo tossir. Mal havia tentado, senti a mão de alguém sobre minha boca, forçando minha tentativa de aliviar a laringe a ser inútil.Tentei me levantar, mas fui impedida; algo estava me segurando.“Estou presa?”Lapsos de memória começaram a surgir aos poucos, mas tudo que lembrava era basicamente Tauron.Abri os olhos e imediatamente encontrei os azuis quase brancos, com seus cabelos negros e belo rosto acima de mim.Meus globos oculares cresceram, e eu quis imediatamente me afastar.“O que está acontecendo?”Não tive oportunidade. Ele me prendeu de volta à cama com seriedade.— Onde pensa que vai? — ele me analisou.Tentei murmurar para que ele se afastasse, mas sua mão ainda impedia minha boca de abrir.“Meu Deus, o que ele me deu enquanto eu apaguei? Veneno?” Debati-me, fazendo-o apertar minha nuca com certa força.— Para, Esmen!“Não, não. Que covarde!” Eu queria gritar por ajuda.Ele sequer tentou me matar acordada; esta
(Esmen)“Preciso de comida.” Concluí o óbvio.Me empenhei em saborear a comida, que desta vez estava muito boa. Não era sopa, era algo como cordeiro assado. Sabia disso porque minha mãe havia me preparado uma vez, sacrificando nosso único animalzinho.“Pelo menos não é mais ele aqui”, pensei no pobre animal que cuidei com zelo, até o dia de sua morte.[Antes…]Estávamos indo ao mercado com nada além de algumas verduras colhidas no campo atrás de nossa pequena tenda.Até que, ficando para trás, ouvi um barulho estranho. Curiosa, espiei atrás das árvores e encontrei uma ovelha dando à luz seu primeiro filhote.— Esmen! Esmen, onde você se meteu? — ouvi minha mãe gritando.Corri até lá com minha bolsa cheia de mercadorias.— Eu ouvi algo estranho e fui verificar… — minha mãe, de olhos esbugalhados, me puxou para perto como se eu fosse uma criança.— Não pode fazer isso! E se fosse uma armadilha? Uma jogada para te atrair? Você cairia tão fácil. — Seu temperamento mudou rapidamente, me de