(Esmen)Passaram-se alguns dias… Eu não havia visto Tauron ou Ernest. As minhas refeições agora eram trazidas por outra pessoa, essa, apenas deixava o desjejum sobre a mesinha e saía. Com pouco tempo, retornava para pegar as louças. Não levantava os olhos ou dizia uma palavra sequer. Estava pensando que ele realmente tinha me deixado sem ninguém. Seria um novo castigo apenas por uma mordida na mão? Ele havia dito que não faria mal ao meu corpo, mas poderia fazer aquilo facilmente, me punindo, como sempre.“Isso era besteira.”Quando os meus pulsos já estavam curados, deixando apenas as marcas do que um dia aconteceu; como pequenos pontos de marcação ao seu redor. Parecia uma nova pulseira esquisita.Presa em meu estupor, fui trazida para a realidade com o barulho alto da porta do quarto sendo aberta às pressas e passos apressados adentrando meu triste e silencioso ambiente. A loira finalmente rompeu pelo quarto.— Alteza...Mostrou-me levemente um sorriso. Ela me olhou nos olhos enqua
(Esmen)Depois de pôr sandálias altas, pude sair do quarto, pela primeira vez.Um corredor estreito pela quantidade de guardas de pé perto das paredes pareciam quadros pendurados, sem balançar ou alterar a expressão que carregavam nos rostos, todos se mostravam indiferentes.O corredor foi crescendo à medida que avançava, os guardas nos seguiam, com suas botas pesadas.Ernest me contava sobre cada detalhe até mesmo das paredes, querendo ressaltar que a história era parte de cada pedra sustentando o castelo.— O antigo rei foi o terceiro soberano deste castelo e dessas terras… — continuou seu relato que ela interrompia a cada dois minutos para falar sobre outra direção tomada.Então colocou sua infância no meio. Me sentia obsoleta com sua narração, seu passado era difícil, assim como o meu havia sido. Ela estava tão distraída que parecia ter apagado por completo a existência dos soldados atrás de nós.Encurralada, era como me sentia. Aos poucos a voz de Ernest se misturava com os meus
(Esmen)Era certo? Ficar perto dele depois de tudo? Mas de quem eu ficaria?"Certamente não conheço ninguém no seu meio."— Gideon! — ele chamou alguém, enquanto me encarava de perto.Um homem vestido de trajes nobres se aproximou. Ele tinha cerca de um metro e setenta e sete, cabelos castanhos, esbelto e de aparência mais velha que eu, talvez uns seis anos de diferença, provavelmente da mesma idade que o rei.— Majestade! — ele se inclinou levemente, com os olhos fixos no rei.— Você sabe quem é Esmen. Então será o encarregado por ela a partir de hoje! — o homem acenou.Seus olhos castanhos me fizeram questionar se já o tinha visto em algum lugar, o que era impossível."São seus olhos ou…?" A realidade quis me atingir, mas a confusão nublava minha mente."Todos me conhecem, mas eu não faço ideia de quem sejam."Era como estar no campo de batalha sem saber quem era o inimigo, porque certamente havia caído lá, no calor da batalha."Devo ficar atenta."Eu tinha o espiado apenas um pouco
(Esmen)Como eu deveria agir? Ele estava respirando o mesmo ar que eu. Tão próximo que podia sentir o seu cheiro, o perfume nas suas roupas e seu hálito no meu rosto.Eu não queria ousar levantar os olhos, sentia que qualquer descuido poderia me aproximar demais de seus lábios. Mas, da forma que nos encontrávamos, parecia uma noiva gentil e submissa à distância."O que eu devo fazer?"O homem continuava narrando cada movimento, me fazendo sentir desconforto. Éramos o centro de todas as atenções, então por que necessitava ter essa criatura falando sobre nós?— Para mim, Esmen. Olhe para mim! — seu tom não foi exatamente autoritário, parecia algo diferente, mais leve que uma agressão, nada rude, mais firme, algo como… dominação.O fitei, agora olhando em seus olhos e não na altura do seu peitoral."Por que estamos tão próximos?" Podia sentir minhas mãos esquentando mais dentro das luvas, uma no seu ombro e outra sobre sua mão.Tauron apertou levemente meus dedos e a região atrás da minh
(Esmen)Se não fosse um reino sempre gelado, eu estaria suando agora, pois no fundo, sabia que não tinha escapatória para a vida toda. Poderia até ter aquela noite, pois ele dificilmente iria me procurar.Tauron e eu pareciamos como fogo e água, não combinava-mos em nada, também não havia chances dele sentir algum tipo de desejo por mim.Ruborizei com o pensamento intrusivo, dando um pequeno salto quando ouvi palavras sussurradas próximas demais:— Leu isso em algum lugar também? Porque eu espero não precisar ensinar tudo.Me sentia como um gato assustado, com todos os pelos para cima, prestes a correr para longe, mas sem a mesma agilidade de um. Seus olhos traziam uma certa maldade; um sorriso quase imperceptível puxou os cantos de seus lábios. "No que ele está pensando?" Estremeci com as possibilidades.Tauron apertou minha mão, com aquele mesmo olhar rápido, antes de dividir sua atenção entre mim e os outros convidados. "Nem pensar!" Eu procuraria alguma forma de me manter longe de
(Esmen)Imediatamente virei naquela direção, deixando a imagem de Tauron para trás e encontrando Gideon, em vez disso.— Não se assuste, minha rainha! — disse com um sorriso maldoso.Eu estava vendo coisas? Ou o fato de ele ser irmão da infortunada Belle o fazia vestir roupas de um trapaceiro?— Todos já estão partindo; por que ainda continua me vigiando? — questionei, apertando meus dedos entre os demais.— Esse é o melhor momento para uma fuga, não acha? Se colocar no meio de estranhos.Suas palavras eram estranhas. Estaria ele me impedindo de verdade ou me ajudando?Olhei para a saída, estava cheia de pessoas despreocupadas. Com cautela, voltei-me para Gideon. "Certamente é uma armadilha."Tentando permanecer indiferente, despachei a péssima ideia. Eu seria uma rainha aos olhos de todos, mas quem me deu o título ainda poderia me matar ou punir facilmente. Era seu direito.— Não se preocupe! Não serei caçada hoje.A resposta dele em meio a uma expressão entediada foi ainda mais estr
(Esmen)Apertei os olhos, incapaz de acreditar que estava sendo dispensada. Por um lado, estava aliviada, por outro, incomodada."Quão estranho seria, o marido, mesmo odiando a mulher, tê-la apenas para si, sem pensar em se aproveitar?"Aquela dúvida parecia uma pulga atrás da orelha, de tão insistente.— Concordar com? — Me vi errando. Com certeza, ele sentiu que eu o estava irritando de propósito.— Você! Não atrapalha o meu sono ou a minha passagem aqui dentro, e eu não sou obrigado a topar com você em outro lugar a não ser nesse cômodo e dividindo as coisas que aqui estão. Certo?Ele parecia tão resiliente. Eu deveria me sentir lisonjeada por sua falta de malícia e desejo?Mas por que parecia que faltava algo? Uma emoção, aventura, adrenalina, um pouco de medo e desconforto?Estava vivendo há tanto tempo em alerta por ele, que agora, sem aquele sentimento, me sentia desestabilizada.— Mas e a cama? — pareci procurar um defeito.— Dividimos, assim como o guarda-roupas. O resto não
(Esmen)Naquele instante, recordei-me de Gideon, pois seria ele a ser chamado, caso não fosse Tauron ou uma das empregadas.“A esta altura, todas as mulheres estão dormindo.”— As mulheres desse castelo dormem o mais rápido possível. Não se pode confiar nos soldados perto delas. — um arrepio correu por minha espinha, o estômago embrulhou em queimação.“Ele vai falar de Gideon…” me apressei a aceitar sua oferta de paz momentânea, aceitando-o para tal tarefa.— Se puder me ajudar… — quase tremi a voz com tanta pressa.— Não prefere os soldados? Ou...— Não! Faça! — Se estivéssemos frente a frente, ele notaria minha expressão nervosa. Apesar de imaginar que já tivesse percebido algo, por causa do meu comportamento.Quando ele começou a puxar cada ponta, projetei a invenção de Ernest na minha mente.“Farei laços. Assim, a expectativa do rei vai aumentar. Assim como a ansiedade na princesa.” Cruzei meus braços com o pensamento coagido pela própria dona.“Um péssimo cupido. Não sabe ver a d