(Tauron)Um corte na coxa, ele grunhiu. Um abaixo do joelho, ele tropeçou, outro no ombro, e mão. — Pensei que poderia ser misericordioso hoje. — Digo diante dos seus olhos nublados de agonia.Esse sangraria por um tempo curto. Coloquei a espada na mão esquerda, com a ponta virada para o chão, apoiei meu corpo nela, tirando com a outra a faca do ombro.Apertei os dentes sentindo a carne rasgar novamente e o sangue jorrar. “Odeio indivíduos covardes.” Fiquei tão irritado que com a mesma faca me aproximei do homem. — Devolvo-lhe sua faca. — cravei no seu peito. “Morra com ela.”— Agora poderá levá-la consigo.Ele caiu; me abaixei para tirar minha adaga, vendo seus olhos perderem o brilho. Bufei com a dor do ombro. “Isso é tão irritante.”Segui em frente, limpando a pequena arma nas minhas roupas. Mantive a espada na mão esquerda, pesando um pouco pelo ombro. Agora eu não pouparia ninguém…(Esmen)Havia se passado horas, e quando chegou o momento do desjejum novamente, Ernest foi qu
(Tauron)Meu ombro maltratado, depois da viagem, ainda doía, e não havia uma adaga cravada nele dia e noite. Imaginei como parecia dez vezes pior a sua situação.— Não se mexa! — disse, tentando não soar ameaçador.Esmem parecia um animal em cativeiro. Eu não queria assustá-la, não naquele dia. Tinha tido tempo para pensar e acreditava que ela permanecer com alguém que não ama, pelo resto da vida, sendo limitada ao castelo, era castigo o suficiente por carregar o sangue dele. Não iria mais machucá-la fisicamente.Fiz a mesma coisa com a outra mão, puxando as mangas para cima, mantendo o horror da minha maldade à minha própria vista.“Eu fui desumano.” Estava me sentindo com o espírito inquieto agora. — Não me machuque! — ela pediu novamente, tão chorosa quanto da primeira vez.Não podia mentir e dizer que não iria machucá-la, pois, pelo estado em que se encontrava, nada seria mais doloroso do que tirar aquelas armas. Mas deixá-las ali não era uma opção.Analisei os pontos de encontro
(Esmen)Um gosto terrível descia pela minha garganta, me fazendo tossir. Mal havia tentado, senti a mão de alguém sobre minha boca, forçando minha tentativa de aliviar a laringe a ser inútil.Tentei me levantar, mas fui impedida; algo estava me segurando.“Estou presa?”Lapsos de memória começaram a surgir aos poucos, mas tudo que lembrava era basicamente Tauron.Abri os olhos e imediatamente encontrei os azuis quase brancos, com seus cabelos negros e belo rosto acima de mim.Meus globos oculares cresceram, e eu quis imediatamente me afastar.“O que está acontecendo?”Não tive oportunidade. Ele me prendeu de volta à cama com seriedade.— Onde pensa que vai? — ele me analisou.Tentei murmurar para que ele se afastasse, mas sua mão ainda impedia minha boca de abrir.“Meu Deus, o que ele me deu enquanto eu apaguei? Veneno?” Debati-me, fazendo-o apertar minha nuca com certa força.— Para, Esmen!“Não, não. Que covarde!” Eu queria gritar por ajuda.Ele sequer tentou me matar acordada; esta
(Esmen)“Preciso de comida.” Concluí o óbvio.Me empenhei em saborear a comida, que desta vez estava muito boa. Não era sopa, era algo como cordeiro assado. Sabia disso porque minha mãe havia me preparado uma vez, sacrificando nosso único animalzinho.“Pelo menos não é mais ele aqui”, pensei no pobre animal que cuidei com zelo, até o dia de sua morte.[Antes…]Estávamos indo ao mercado com nada além de algumas verduras colhidas no campo atrás de nossa pequena tenda.Até que, ficando para trás, ouvi um barulho estranho. Curiosa, espiei atrás das árvores e encontrei uma ovelha dando à luz seu primeiro filhote.— Esmen! Esmen, onde você se meteu? — ouvi minha mãe gritando.Corri até lá com minha bolsa cheia de mercadorias.— Eu ouvi algo estranho e fui verificar… — minha mãe, de olhos esbugalhados, me puxou para perto como se eu fosse uma criança.— Não pode fazer isso! E se fosse uma armadilha? Uma jogada para te atrair? Você cairia tão fácil. — Seu temperamento mudou rapidamente, me de
(Esmen)Passaram-se alguns dias… Eu não havia visto Tauron ou Ernest. As minhas refeições agora eram trazidas por outra pessoa, essa, apenas deixava o desjejum sobre a mesinha e saía. Com pouco tempo, retornava para pegar as louças. Não levantava os olhos ou dizia uma palavra sequer. Estava pensando que ele realmente tinha me deixado sem ninguém. Seria um novo castigo apenas por uma mordida na mão? Ele havia dito que não faria mal ao meu corpo, mas poderia fazer aquilo facilmente, me punindo, como sempre.“Isso era besteira.”Quando os meus pulsos já estavam curados, deixando apenas as marcas do que um dia aconteceu; como pequenos pontos de marcação ao seu redor. Parecia uma nova pulseira esquisita.Presa em meu estupor, fui trazida para a realidade com o barulho alto da porta do quarto sendo aberta às pressas e passos apressados adentrando meu triste e silencioso ambiente. A loira finalmente rompeu pelo quarto.— Alteza...Mostrou-me levemente um sorriso. Ela me olhou nos olhos enqua
(Esmen)Depois de pôr sandálias altas, pude sair do quarto, pela primeira vez.Um corredor estreito pela quantidade de guardas de pé perto das paredes pareciam quadros pendurados, sem balançar ou alterar a expressão que carregavam nos rostos, todos se mostravam indiferentes.O corredor foi crescendo à medida que avançava, os guardas nos seguiam, com suas botas pesadas.Ernest me contava sobre cada detalhe até mesmo das paredes, querendo ressaltar que a história era parte de cada pedra sustentando o castelo.— O antigo rei foi o terceiro soberano deste castelo e dessas terras… — continuou seu relato que ela interrompia a cada dois minutos para falar sobre outra direção tomada.Então colocou sua infância no meio. Me sentia obsoleta com sua narração, seu passado era difícil, assim como o meu havia sido. Ela estava tão distraída que parecia ter apagado por completo a existência dos soldados atrás de nós.Encurralada, era como me sentia. Aos poucos a voz de Ernest se misturava com os meus
(Esmen)Era certo? Ficar perto dele depois de tudo? Mas de quem eu ficaria?"Certamente não conheço ninguém no seu meio."— Gideon! — ele chamou alguém, enquanto me encarava de perto.Um homem vestido de trajes nobres se aproximou. Ele tinha cerca de um metro e setenta e sete, cabelos castanhos, esbelto e de aparência mais velha que eu, talvez uns seis anos de diferença, provavelmente da mesma idade que o rei.— Majestade! — ele se inclinou levemente, com os olhos fixos no rei.— Você sabe quem é Esmen. Então será o encarregado por ela a partir de hoje! — o homem acenou.Seus olhos castanhos me fizeram questionar se já o tinha visto em algum lugar, o que era impossível."São seus olhos ou…?" A realidade quis me atingir, mas a confusão nublava minha mente."Todos me conhecem, mas eu não faço ideia de quem sejam."Era como estar no campo de batalha sem saber quem era o inimigo, porque certamente havia caído lá, no calor da batalha."Devo ficar atenta."Eu tinha o espiado apenas um pouco
(Esmen)Como eu deveria agir? Ele estava respirando o mesmo ar que eu. Tão próximo que podia sentir o seu cheiro, o perfume nas suas roupas e seu hálito no meu rosto.Eu não queria ousar levantar os olhos, sentia que qualquer descuido poderia me aproximar demais de seus lábios. Mas, da forma que nos encontrávamos, parecia uma noiva gentil e submissa à distância."O que eu devo fazer?"O homem continuava narrando cada movimento, me fazendo sentir desconforto. Éramos o centro de todas as atenções, então por que necessitava ter essa criatura falando sobre nós?— Para mim, Esmen. Olhe para mim! — seu tom não foi exatamente autoritário, parecia algo diferente, mais leve que uma agressão, nada rude, mais firme, algo como… dominação.O fitei, agora olhando em seus olhos e não na altura do seu peitoral."Por que estamos tão próximos?" Podia sentir minhas mãos esquentando mais dentro das luvas, uma no seu ombro e outra sobre sua mão.Tauron apertou levemente meus dedos e a região atrás da minh