Minha mãe rapidamente começou a organizar os preparativos para o casamento.

Assim que voltei do hospital para casa e estava prestes a tirar os sapatos, ela me enviou mais de dez opções de cerimônia para eu escolher.

Enquanto olhava os planos no celular, um turbilhão de emoções me tomou. Eu sinceramente não queria fazer nenhuma escolha. Foi então que minha mãe me ligou diretamente.

— Blair, minha querida, uma pessoa que realmente quisesse se casar com você jamais teria enrolado por tantos anos. Todo mundo sabe que ele só queria se tornar líder do grupo usando você. Você merece algo melhor. Mas nunca é tarde para acordar. O casamento com a Alcateia Lua Prateada já está acertado, e eu já escolhi os detalhes da cerimônia para você.

— O casamento será daqui a três dias. Vá arrumando suas coisas com calma, não precisa se apressar.

O tom dela era calmo e direto, como o de uma comandante em meio a uma batalha.

Então era assim que tudo parecia para os outros? Uma verdade óbvia, escancarada.

E eu ali, presa às promessas vazias de Carl.

— Mãe, escolha o que achar melhor. Eu gosto de todas essas opções. Só que prefiro um casamento simples.

Foi nesse momento que Carl, meu companheiro, se aproximou sem que eu percebesse. Ao ouvir a palavra “casamento”, ele perguntou imediatamente:

— Casamento? Que casamento?

Ele segurou minha cintura, tentando se aproximar e ouvir melhor a conversa, mas rapidamente guardei o celular.

Ele até tentou pegá-lo da minha mão, mas, no instante seguinte, seu telefone tocou.

A noite estava tão silenciosa que pude ouvir claramente a voz feminina do outro lado da linha, suplicando em tom frágil:

— Carl, acabei de sair da empresa e acho que alguém está me seguindo! Será que foi enviado por uma empresa rival? O que eu faço? Estou com medo! Dei uma volta pelo estacionamento, mas não consegui despistá-lo!

O sangue de lobo de Carl pareceu se inflamar no mesmo instante. Seus olhos brilharam com preocupação e raiva.

— Não tenha medo! Procure um lugar seguro. Estou indo agora mesmo.

Ele desligou o telefone, e qualquer vestígio da conversa sobre casamento se desfez em sua mente.

Mais uma vez, sem hesitar, ele me deixou sozinha e correu para a escuridão da noite para salvar sua secretária.

Mas ele ignorou um detalhe: nesta alcateia, onde o dinheiro dita as regras, foi a fortuna dos meus pais que o tornou possível para ele se tornar Alfa.

Assim que ele saiu, liguei para minha tia, Amanda, que cuidava de mim na Alcateia Floresta Lunar, para me despedir.

Meus pais haviam deixado a alcateia há mais de dez anos para tocar os negócios em outra cidade. Desde então, eu vivi sob os cuidados da minha tia.

Carl morava na casa ao lado, e foi assim que nos conhecemos.

Depois, minha tia encontrou seu companheiro, casou-se e se mudou, vendendo a casa. Para não atrapalhar sua nova vida, acabei ficando temporariamente na casa de Carl.

E esse “temporário” acabou durando dez anos.

Quando Amanda soube do casamento, não conseguiu esconder a surpresa:

— Casamento? Com Carl? Ah, que bom! Depois de dez anos juntos, já era hora de oficializar!

Mordi os lábios e corrigi sua suposição.

— Não, é um casamento arranjado. Eu nem conheço a outra pessoa.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos. Então, perguntou calmamente:

— Você já pensou bem? Carl é seu companheiro. Eu sempre achei que ele gostava de você, só não entendo por que ainda não se casaram. Quer que eu fale com ele?

Soltei uma risada leve:

— Não precisa, tia. Carl nunca me marcou. Pedi tantas vezes e sempre fui rejeitada. Antes, eu ainda tinha esperança. Mas agora entendi que, se ele nunca quis me marcar nem se casar comigo, é porque nunca me viu como sua verdadeira companheira. Já tenho 24 anos. Se eu não encerrar isso agora, minha juventude vai simplesmente passar.

Minha tia ficou em silêncio por um instante e depois suspirou:

— Então eu te apoio. Não importa a sua escolha, sempre estarei ao seu lado.

Após desligar a ligação, comecei a contagem regressiva de três dias.

Seria o começo da minha nova vida. E minha despedida do passado.

No dia seguinte, pedi para minha mãe me enviar algumas bolsas de grife, modelos difíceis de encontrar. Era minha forma de agradecer a Amanda por todos esses anos de cuidado e também uma maneira de me despedir dela.

Quando a noite caiu, a entrega finalmente chegou. Estava pronta para deixar a Alcateia Floresta Lunar.

Dei as instruções ao motorista para levar os pacotes até a casa da minha tia. Mas o que eu não esperava era encontrar Carl na saída do prédio.