Ricardo, com um rosto sério, a empurrou para o assento do passageiro e fechou a porta. Viviane se encolheu de medo e lançou um olhar furtivo ao rosto carrancudo de Ricardo, sem entender. A pessoa que deveria estar com raiva era ela. Então, por que Ricardo parecia ainda mais irritado? No segundo seguinte, Ricardo ligou o carro abruptamente e o veículo disparou como uma flecha solta do arco. Viviane quase foi arremessada para fora; ela agarrou-se firmemente ao apoio de mão, sua voz distorcida pelo vento:- O que você está tentando fazer?Ricardo parecia não ter ouvido sua pergunta e pisou fundo no acelerador, seus olhos escuros como os de uma fera na noite, fixos à frente. Imediatamente, o Audi comum tornou-se como uma enxurrada de água que escapava, correndo desenfreadamente pelas ruas silenciosas. Viviane estava pálida e só conseguiu se segurar no apoio de mão, usando toda a sua força. Ela questionou em alto e bom som, mas era inútil; o estrondoso som do vento abriu sua enorme bo
Viviane se divertiu com a suposição de Helena.- Você tem lido romances demais, minha amiga. Ele é apenas alguém que eu conheci casualmente, sem qualquer ligação com a família Barros. A única conexão é que ele trabalha no Grupo Barros.- Ah. - Helena ficou visivelmente desapontada. - Então, ele é subordinado de Gustavo. Isso não facilita para Gustavo te incomodar no futuro?Os olhos de Viviane escureceram um pouco:- Acredito que não. Gustavo deve me deixar em paz agora, principalmente por causa de David e o fato de eu já estar casada.Helena se sentiu um pouco aliviada, mas ainda assim estava indignada com Gustavo:- Eu diria que você deveria ter dado um soco nele. Ele não sabe o quanto você queria se casar com ele...Viviane a interrompeu suavemente:- Isso é passado, Helena. Daqui para frente, Gustavo e eu seguiremos nossos próprios caminhos, sem interferência um no outro.- E o noivado? David já sabe disso? Se ele descobrir, ficará devastado.O semblante de Viviane se fechou novame
Meia hora depois, Viviane entrou no carro arranjado por David e dirigiu-se ao Hotel Bay. Ao chegar à porta da suíte, soube pelo mordomo que à noite teria uma reunião de família.- Gustavo também está aqui? - Perguntou Viviane, sem nenhum desejo de encontrá-lo agora.O mordomo interpretou mal e respondeu sorrindo:- Fique tranquila, Srta. Viviane, Gustavo chegará em breve.Viviane ficou sem palavras."Será que ainda dá tempo de ir embora?"A porta atrás dela já estava aberta.Sem opção, Viviane tomou a iniciativa de cumprimentar:- Avô.Ao ver Viviane, o velho senhor abriu um sorriso tão grande que suas rugas se alisaram.- Viviane, você chegou, venha, venha, sente-se ao meu lado.Viviane se sentou ao lado do velho senhor e notou que todos ainda não tinham começado a comer. Provavelmente estavam esperando alguém importante. Como se lesse seus pensamentos, David falou sorrindo:- A noite é principalmente para celebrar o retorno do tio de Gustavo ao país.Embora Ricardo tivesse pedido par
Gustavo e Viviane saíram da sala privada, um à frente e outro atrás. Assim que deixaram o espaço, Gustavo apertou o delicado pescoço de Viviane. - Não pense que pode fazer o que quiser só porque meu avô te favorece!As palavras saíram entredentes, enquanto Viviane lutava para respirar. No entanto, o sorriso em seu rosto permanecia. Com dificuldade, ela articulou: - Então é melhor você desistir da ideia de trocar um casamento por um rim. Fale claramente com o nosso avô. Caso contrário, não posso garantir o que direi na próxima vez.Gustavo tremeu de raiva. A Viviane diante dele não era mais a submissa de antes. Parecia uma mulher completamente diferente. A mão que a segurava pelo pescoço apertou ainda mais. Ele a advertiu uma última vez: - Não tente nenhuma artimanha, o noivado não será desfeito! Seu rim só pode ir para Débora!Então, virou-se e saiu. Viviane olhou para suas costas determinadas e sentiu uma confusão repentina. Não entendia por que, oito anos atrás, se apaixonou
As outras pessoas finalmente reagiram, empurrando Viviane de forma desastrosa e limpando Débora. No entanto, o couro cabeludo de Débora ainda doía como se estivesse se rasgando, e as lágrimas caíam no chão.O cuidador, vendo a situação, questionou Viviane com raiva:- Quem você pensa que é? Sabe com quem está mexendo?Viviane respondeu friamente:- Sou a noiva que ainda não desfeita de Gustavo.O ambiente todo ficou chocado. O olhar que todos tinham para Débora começou a mudar.Débora, que havia acabado de se acalmar, entrou em pânico novamente, explicando apressadamente:- O noivado de vocês foi combinado quando eram crianças, não há base emocional nele. Eu e Gustavo é que nos amamos de verdade. Você pode me devolver Gustavo?Todos lançaram olhares de desprezo a Viviane. Viviane apenas sorriu sarcasticamente.Que atriz a sua prima era!Com as mãos cruzadas, ela rebateu calmamente:- Se ambos estão apaixonados, por que Gustavo não fala com o avô para romper o noivado? Ele não estaria
Júlio estava a uma certa distância da mesa de operação, incapaz de ver claramente o rosto da jovem deitada sobre ela. Ao ouvir as palavras de Gustavo, ele acenou levemente com a cabeça. Sendo um dos especialistas mais renomados do mundo em nefrologia, essa cirurgia era brincadeira de criança para ele. O único motivo pelo qual ele retornou do exterior para realizar a operação era por consideração a Ricardo.- Então eu vou indo, deixo tudo nas suas mãos.Gustavo trocou algumas palavras de cortesia com Júlio antes de se virar e sair....Nesse momento, fora do cartório de registro civil.Assim que Ricardo saiu do carro, atraiu uma multidão de olhares. Ele não vestia roupas de grife nem dirigia um carro de luxo, mas seu carisma e aparência distinta, complementados por seu rosto atraente e físico perfeito, tornavam impossível não notá-lo. Indiferente ao alarde, ele ficou parado na entrada do cartório, olhou para o pulso, revelando os músculos bem definidos do antebraço.Já eram 9h10 e Vivia
- Doutor. - O médico responsável por Débora fez um sinal discreto para ela antes de se dirigir a Júlio. - Esta pequena cirurgia não exige realmente a sua intervenção pessoal.Júlio desviou o olhar, sem lembrar onde tinha visto Viviane antes.Todas as mulheres bonitas pareciam ser iguais.Talvez ele estivesse pensando demais.Ele olhou para o médico responsável.Desde a noite anterior, quando haviam discutido o caso, o médico insistia que ele mesmo realizasse a cirurgia.Ao ver tal entusiasmo, Júlio concordou:- Tudo bem.Aliviado com a concordância, o médico deu um suspiro longo e falou para o anestesista:- Aplique a anestesia agora.O anestesista pegou a seringa e injetou o líquido no braço de Viviane.Viviane observou o líquido entrar lentamente em seu corpo e murmurou com fraqueza:- Me solte, me solte...À medida que o líquido se esgotava, as pálpebras de Viviane se tornavam cada vez mais pesadas.Em sua mente, flashes de várias pessoas passavam.Seus pais, Gustavo, amigos, mas ca
Apenas um olhar foi suficiente para fazer os seguranças tremerem de medo.- Segundo andar, sala 208.Tendo obtido as informações que queria, Ricardo levantou a perna e esmagou o pager com um chute. Girou e subiu as escadas.Os olhares se cruzaram entre as pessoas que observavam o aparelho despedaçado no chão. Ninguém ousava se mexer.Nem mesmo quando Ricardo entrou no elevador ousaram usar seus próprios pagers para chamar reforço.O elevador chegou rapidamente ao segundo andar.Assim que Ricardo saiu, seus olhos capturaram imediatamente a luz vermelha acesa do lado de fora da sala de cirurgia 208. Aquele vermelho ofuscante era como uma lâmina cortando uma ferida, perfurando diretamente o coração de Ricardo.Ele apertou os punhos até estalarem.Ao chegar à porta, ergueu a mão e a golpeou. A porta de madeira sólida foi rompida como se fosse papel.Todos dentro da sala de cirurgia se assustaram e olharam em direção à entrada.E lá estava ele, Ricardo, com os olhos vermelhos como sangue