Capítulo 7
Gustavo e Viviane saíram da sala privada, um à frente e outro atrás.

Assim que deixaram o espaço, Gustavo apertou o delicado pescoço de Viviane.

- Não pense que pode fazer o que quiser só porque meu avô te favorece!

As palavras saíram entredentes, enquanto Viviane lutava para respirar. No entanto, o sorriso em seu rosto permanecia.

Com dificuldade, ela articulou:

- Então é melhor você desistir da ideia de trocar um casamento por um rim. Fale claramente com o nosso avô. Caso contrário, não posso garantir o que direi na próxima vez.

Gustavo tremeu de raiva.

A Viviane diante dele não era mais a submissa de antes. Parecia uma mulher completamente diferente.

A mão que a segurava pelo pescoço apertou ainda mais.

Ele a advertiu uma última vez:

- Não tente nenhuma artimanha, o noivado não será desfeito! Seu rim só pode ir para Débora!

Então, virou-se e saiu.

Viviane olhou para suas costas determinadas e sentiu uma confusão repentina. Não entendia por que, oito anos atrás, se apaixonou por Gustavo.

Sem se aprofundar nesses pensamentos, ela virou-se para perguntar a um funcionário sobre o paradeiro do tio de Gustavo e avistou Ricardo ao longe.

Ele estava sob uma luz tênue, impossível de discernir sua expressão.

Vestindo um terno impecavelmente cortado, sua presença imponente lembrava a de um soberano.

- O que você está fazendo aqui? - Questionou Viviane, franzindo a testa.

Hotel Bay era o hotel mais exclusivo da Cidade B, frequentado apenas pela família Barros.

Ricardo não respondeu à pergunta de Viviane. Em vez disso, observou-a com olhos pesados.

- Gustavo é o seu noivo?

No início, ele não estava certo, mas uma única palavra do avô sobre Gustavo fez com que ele suspeitasse.

Ele pediu ao seu assistente para investigar a identidade de Viviane.

O telefonema que recebeu agora mesmo foi justamente do assistente.

Sabendo agora que Viviane era, de fato, a noiva de Gustavo, Ricardo não pôde deixar de se sentir suspeito em relação a ela.

Viviane não se surpreendeu. Na Cidade B, todos sabiam que ela era a noiva de Gustavo.

Ela admitiu prontamente:

- Sim, e daí?

Assim que as palavras saíram de sua boca, uma mão grande agarrou sua mandíbula.

Viviane foi forçada a levantar a cabeça e olhar para Ricardo.

Os olhos dele estavam fixos nela, afiados como lâminas, como se estivesse escrutinando um criminoso.

No segundo seguinte, Ricardo se inclinou para perto, e o agradável aroma de hortelã invadiu os sentidos de Viviane, dominando seu espaço pessoal.

O cérebro de Viviane estava um completo vazio, ela gaguejou:

- O que aconteceu?

Ricardo permaneceu imóvel, ainda olhando fixamente para Viviane.

Viviane sentia seus membros rígidos, e seu coração batia descontroladamente.

Inclinando ligeiramente o rosto para evitar o forte impacto da bela aparência do homem, ela murmurou:

- Você está me assustando.

A vulnerabilidade na voz de uma jovem fez os olhos de Ricardo se tornarem ainda mais sombrios, e ele apertou ligeiramente com a ponta dos dedos.

As bochechas alvas de Viviane imediatamente mostraram marcas.

Ela respirou fundo e confrontou o olhar de Ricardo:

- O que está acontecendo com você?

Os olhos dela eram como a lua, imaculadamente claros.

Ricardo, perturbado por seu olhar, virou ligeiramente o rosto e perguntou:

- Você sabe quem eu sou?

Viviane respondeu com grande perplexidade:

- Ricardo, ué.

Os olhos de Ricardo se estreitaram, cortantes como lâminas.

No entanto, ele não encontrou vestígios de mentira naqueles olhos profundamente claros.

Ou era coincidência.

Ou essa mulher era uma atriz muito boa.

Irritado, ele soltou Viviane. Embora a ponta dos dedos ainda estivesse quente, seu olhar esfriou gradualmente:

- Amanhã vamos nos divorciar.

- Por quê?

Isso era muito abrupto.

Ricardo ajustou sua gravata e evitou olhar para Viviane:

- Nove horas da manhã, nos encontramos na frente do cartório.

Depois de dizer isso, ele ultrapassou Viviane e caminhou rapidamente.

Viviane o alcançou.

- Você está preocupado com uma retaliação de Gustavo? Fique tranquilo, Gustavo não me ama, ele não vai te incomodar.

O que Gustavo queria era o seu rim.

Ele realmente não se importava se ela se casaria ou não, ou com quem.

Ricardo franziu a testa e acelerou o passo.

Por um momento, ele realmente pensou em não se divorciar!

Ele devia estar louco!

Viviane foi rapidamente deixada para trás por Ricardo.

Olhando na direção em que ele desapareceu, ela se encostou desesperadamente na parede.

Será que trocar um rim por um casamento era o seu destino?

Sua mente estava um caos e ela nem notou a chegada do mordomo.

Só quando o mordomo falou ela reagiu.

O mordomo expressou preocupação:

- Srta. Viviane, está tudo bem?

Viviane estava atordoada.

- Está, por quê?

O mordomo disse:

- O tio de Gustavo voltou, o senhor mandou eu avisar você.

Finalmente podendo encontrar esse misterioso tio, Viviane animou-se e seguiu o mordomo de volta ao quarto privado.

No entanto, não havia sinal do suposto tio nas lendas, e até Gustavo estava ausente.

O velho explicou:

- Eles tiveram um assunto urgente e já saíram. Se você tivesse voltado um segundo mais cedo, teria encontrado o tio de Gustavo.

Viviane perdeu completamente o ânimo, mas para não preocupar o velho, forçou um sorriso e terminou a refeição com ele.

Ao sair do hotel, Viviane se sentiu exausta, desabando no interior do carro, sem ânimo para se mover.

Nesse momento, o telefone de Helena tocou.

Ela disse ansiosamente:

- Amor, vou ter que fazer hora extra essa noite. Você pode levar comida para a minha mãe?

Querendo evitar que Helena percebesse algo errado, Viviane respondeu com entusiasmo:

- Sem problemas.

- Amor, eu te amo muito. Quando receber meu bônus, te levo para jantar.

Conversaram um pouco mais, e então Viviane encerrou a ligação, pedindo ao motorista para mudar o rumo em direção ao hospital.

Chegando à entrada do hospital, ela comprou canja e pequenos bolos, e se dirigiu à ala de internação.

Passando pelo pequeno jardim, Viviane inesperadamente avistou Débora, que estava sendo empurrada em uma cadeira de rodas por uma cuidadora.

Não era porque seus olhos eram bons, mas porque um grande grupo de pessoas estava atendendo a ela: uns servindo chá, outros abanando. À primeira vista, parecia como se uma aristocrata do passado estivesse saindo.

Justo quando Viviane pretendia seguir em frente, sem fazer contato visual, ouviu alguém dizer:

- Srta. Débora, o Sr. Gustavo realmente gosta muito de você. Ele não apenas vem te visitar todos os dias, mas também te envia joias. Que inveja! Além disso, ele contratou uma equipe de mais de dez pessoas só para cuidar de você. Ele realmente te ama.

Débora, notando Viviane, elevou a voz de propósito:

- Gustavo realmente me ama!

Em outros tempos, Viviane teria dado meia-volta e saído, mas hoje, seu ânimo não estava bom.

E a culpada de tudo estava bem na sua frente.

Viviane se virou e se dirigiu até Débora, cujo rosto brilhava e não parecia de modo algum ser o de uma paciente:

- Que coincidência, priminha.

Sem mais delongas, pegou a canja e, sem dar chance para ninguém reagir, a despejou sobre a cabeça de Débora.

- Eu vi uma parede se movendo agora há pouco. Parece que é só o rosto da minha priminha que é realmente espesso.

A canja estava fervendo.

No jardim, um grito ensurdecedor ecoou.

- Ah!
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