Isabela e Lilian já estavam impacientes de tanto esperar. As duas trocavam olhares de descontentamento, observando a movimentação no salão. Jaqueline e Valentino ainda estavam no andar de cima, sem dar sinal de descer. Jaqueline, no entanto, estava em outro mundo. Ela havia dito que estava esperando Valentino, mas, na verdade, após mexer um pouco no celular, o cansaço do dia finalmente a venceu e ela acabou adormecendo. Seus olhos pesaram após deslizar pela tela, e ela quase se viu mergulhada em um sono.Quando ela abriu a porta e espiou lá embaixo, viu que o salão ainda estava cheio de convidados, com apenas alguns grupos dispersos saindo. Depois de um dia inteiro lidando com várias questões, Jaqueline mal teve tempo para descansar. Finalmente conseguiu encontrar Leonardo para conversar, mas ele logo foi chamado para atender os convidados, que ainda eram muitos e não podiam ser negligenciados.Jaqueline deixou o irmão ir e ficou no quarto sozinha. Ao fechar a porta, o barulho do and
- Quem é você? Quem deixou você entrar? - Jaqueline esfregou os olhos, tentando focar sua visão no vulto à sua frente. O quarto estava tão escuro que era impossível distinguir a pessoa claramente. Seu coração começou a bater mais rápido, a adrenalina correndo em suas veias, como se estivesse diante de um intruso.Valentino riu baixinho, achando a situação divertida e ao mesmo tempo frustrante. Com uma voz suave, ele disse: - Jaque, sou eu. Desculpe por te fazer esperar tanto.Jaqueline, parecendo uma coelhinha assustada, relaxou ao reconhecer a voz dele. - Você chegou... Eu pensei que fosse outra pessoa... - Ela murmurou, sua voz carregada de alívio e sonolência.Recém-desperta e ainda sonolenta, Jaqueline se agarrou ao pescoço de Valentino e se aninhou no ombro dele, fechando os olhos novamente. O calor do peito de Valentino a fez se sentir ainda mais segura e confortável. Ela se aconchegou mais, sentindo a batida constante do coração dele contra seu rosto.- Jaque... - Valentino mu
Isabela nunca imaginou que Valentino falaria com ela dessa maneira tão fria e distante. Mesmo quando ele anunciou que queria cortar relações, Isabela não ficou tão chocada, pois sempre pensou que ele estava apenas de birra, brincando como fazia na infância. Imaginava que, em breve, Valentino voltaria para casa, arrependido e carente do calor familiar.Mas ele permaneceu no País C, recusando-se a voltar ao trabalho e para casa. Não importava quantas vezes Isabela ligasse, Valentino sempre respondia friamente que estava ocupado e, antes que ela pudesse argumentar, desligava apressadamente. Cada chamada terminada abruptamente era uma punhalada no coração de Isabela, intensificando sua dor e frustração.Como mãe, Isabela se sentia impotente, incapaz de demonstrar seu amor e preocupação pelo filho que tanto amava. Mas quem era o responsável por esse distanciamento doloroso? Na mente de Isabela, nunca houve dúvida de que Jaqueline era a única culpada. Ela se recusava a acreditar que suas pró
Jaqueline queria dizer algo, mas antes que pudesse articular uma palavra, Lilian puxou Isabela de repente, e, a contragosto, elas saíram da sala. O olhar de Lilian era tão acusador que, para quem não soubesse do contexto, poderia parecer que Jaqueline era a agressora, uma figura fria e implacável.Um sentimento de sufoco tomou conta de Jaqueline, como se uma mão invisível apertasse seu coração. Ela não sabia o que dizer, sentindo-se paralisada pela injustiça. Afinal, era Isabela quem estava causando problemas, mas por que parecia que ela era que estava errada? A inversão de culpa a deixava perplexa e frustrada.Valentino, sempre atento às mudanças na expressão de Jaqueline, percebeu seu abatimento e apertou com carinho sua mão, tentando transmitir segurança e amor através daquele simples gesto. - Jaque, não se preocupe. Isso não é culpa sua. Foi minha mãe quem trouxe a Lilian aqui para criar confusão. - Disse ele com uma voz suave, tentando acalmar seu espírito perturbado.Valentino n
No coração de Jaqueline, Valentino era quase como um deus. Ele não apenas fundou o Grupo Lopes, mas a ergueu com suas próprias mãos, construindo um império tão grandioso que nem mesmo a realeza do País C podia igualar. Jaqueline admirava muito essa capacidade, e por isso, o considerava muito acima dos outros, quase inalcançável.Não era só ela, muitas pessoas viam Valentino como uma figura quase divina. Ele já havia sido entrevistado por diversos jornais e programas de TV de economia, e sua aura de calma e autoconfiança era algo inimitável, uma característica que parecia inata. Apesar de ter apenas vinte e poucos anos, muitos o descreviam como um jovem com a sabedoria e a serenidade de um ancião, uma qualidade rara para alguém que recém começava sua carreira. Seu olhar penetrante, sempre calculista, e a maneira firme como conduzia suas negociações, encantavam e intimidavam todos ao seu redor.Quando Jaqueline conheceu Valentino, ela também sentiu essa distância quase mítica. Parecia
No entanto, Jaqueline não sabia que Valentino também estava preocupado com o futuro deles. Ele estava certo de seu amor por Jaqueline e sabia que ela também o amava, mas havia uma tensão sutil entre eles, uma sombra invisível que ele não conseguia identificar claramente.Talvez fosse a visita inesperada de sua mãe daquele dia que agravou essa sensação. Ele não sabia se deveria agradecer ou repreender sua mãe teimosa. O fato era que essa bomba-relógio entre ele e Jaqueline estava destinada a explodir mais cedo ou mais tarde, e talvez fosse melhor que explodisse logo para que pudessem lidar com as consequências de uma vez por todas. A incerteza corroía sua mente como um ácido, lentamente desgastando suas certezas.A única coisa boa era que sua mãe escolheu o momento oportuno para aparecer. Aquele dia era o último dia do Festival de Degustação de Vinhos. Se tivesse sido alguns dias antes, quando o festival estava no auge e a cidade estava cheia de gente, Valentino não teria conseguido con
Jaqueline sempre acreditou que o amor entre ela e Valentino era inabalável, mas não esperava que uma única situação fosse suficiente para quase fazê-la desmoronar. As palavras de Isabela ecoavam em sua mente, trazendo consigo um peso que ela não sabia como suportar.- Eu não sei como expressar o que sinto. - Murmurou Jaqueline, com tristeza, como se cada palavra fosse uma luta para sair.Aquela sensação de cansaço, Jaqueline não conseguia descrever em palavras. Era um cansaço que ia além do físico, uma exaustão que vinha da alma, como se estivesse carregando o peso do mundo em seus ombros frágeis.No escuro, Valentino tocou suavemente o rosto de Jaqueline e percebeu algo úmido em sua pele. Eram lágrimas dela. Sentindo uma dor profunda no coração, ele imediatamente começou a secar as lágrimas de Jaqueline, seus dedos tremendo levemente ao tocar sua pele delicada.- Jaque, o que está acontecendo? Foi por causa da minha mãe e da Lilian que você está tão perturbada? - Perguntou ele, sua m
- Tino, você já fez muito por mim e isso me deixa muito feliz. Na verdade, você não precisava fazer tanto assim. É só que estou me sentindo sobrecarregada. - Confessou Jaqueline, suavemente.Só de pensar no olhar de Lilian, Jaqueline se sentia incapaz de dormir. O olhar acusador de Lilian, sempre carregado de reprovação, parecia segui-la para onde quer que fosse, um espectro constante de julgamento. Embora fosse uma pessoa de espírito livre, alguém que sempre tentou não se importar com as pressões externas, desde que começou a namorar Valentino, essa pressão invisível começou a pesar sobre ela. A cada passo, ela sentia os olhos do mundo voltados para si, esperando por qualquer deslize.Além disso, ela carregava o fardo de ser a princesa da realeza do País C. O título, que deveria ser uma bênção, muitas vezes parecia uma maldição, uma corrente invisível que restringia sua liberdade. Agora, parecia que, onde quer que fosse, estava exposta aos holofotes e câmeras. Tudo o que dizia ou faz